Capítulo 4
Engoli em seco, totalmente tenso com aqueles braços em volta que pareciam forte o suficiente para me esmagar facilmente. Nem mesmo conseguia sair dali pois sua força era maior que a minha e ele me segurava firmemente.
— Não acho seguro brincar de saltar de lugares altos.— finalmente falou algo. Mas logo senti meu sangue ferver, acordando dos meus pensamentos.
— Eu não estava brincando de saltar da porra da um lugar alto! Não sou um idiota!— esbravejei.— Foi aquele mago bastardo que me mandou para uma queda livre!
Assim que falei, me arrependi. Porra, não era para falar do mago… se o Jeon for tirar a limpo com ele, serei descoberto!
Sinto um arrepio percorrer meu corpo. Morrerei se ele descobrir que estava o espionando.
Terei o mesmo fim que aqueles humanos de antes…
— Taehyung fez isso?— indagou e depois olhou para o homem ao seu lado, que apenas permanecia calado, como se buscasse uma resposta para sua pergunta.
— Não sei o que se passa na cabeça dele.— respondeu simplista, dando de ombros.
Parece que esse mago era uma incógnita até mesmo para eles. Realmente percebi que ele era um louco.
Como esse maldito trás um mago louco para trabalhar em seu território? Ele só podia ser louco também.
O Jeon suspirou e voltou a olhar para mim.
Ao encontrar seus olhos, percebi que não estavam do mesmo jeito daquela noite que matou aqueles homens. Seus olhos negros não estavam sinistros, nem assustadores, eram apenas intensos e misteriosos.
Maldito humano. Por mais que o odeie, não poderia negar que ele era muito bonito, principalmente olhando tão de perto como estava agora.
— Sinto muito por isso. Taehyung costuma agir como quer e isso pode causar incômodo aos outros. Irei puni-lo mais tarde.
Fiquei muito assustado. Puni-lo? Como ele fez com aqueles caras? Calma, isso não é um pouco demais para uma simples travessura? Talvez deva pará-lo…
Até parece que vou pará-lo! É bom que se foda mesmo aquele mago idiota!
— Tanto faz.— virei o rosto, cruzando os braços.— Vocês humanos que se resolvam, mas saiba que irei matá-lo também.
Ele, então, me deixou muito surpreso ao soltar um pequeno sorriso. Sério, fiquei tão surpreso, mais tão surpreso. Acho que foi a coisa mais surpreendente da minha vida. E acho que não foi apenas eu que me senti assim. O homem ao lado de Jungkook também demonstrou uma expressão atônita.
Nunca o vi nem mudar de expressão e agora ele estava sorrindo!
Isso realmente devia ser muito surpreendente.
O sorriso dele era muito diferente de seus olhos sombrios e sua aura perigosa. Aquele sorriso era muito inocente e… fofo?
Logo arregalei os olhos com meus pensamentos e balancei a cabeça, tentando afastá-lo. Impossível! Um humano nunca seria fofo! Eles são apenas detestáveis!
— Não sei qual é a graça!— falei, nervoso.— E me ponha logo no chão!
— Ah, sim. Desculpa.— e assim me colocou no chão, voltando a sua expressão neutra de antes.
— Não me toque novamente!— disse firme, me afastando de si.
— Claro…— respondeu incerto. Parecia confuso.
Não tive muito tempo para continuar prestando atenção no Jeon, pois logo uma certa pessoa muito irritante surgiu do nada, utilizando magia. O maldito mago resolveu dar as caras.
— Haha, isso foi muito divertido!— gargalhava muito feliz.— Jungkook, amei ele. Que bom que você o trouxe!
Me enchi de raiva. Essa mago só podia estar brincando… eu não sou a porra de um brinquedinho que ele ganhou!
— Pare, Taehyung. Eu não trouxe Jimin para você ficar brincando com ele.
Olhei surpreso para o Jeon. De novo com essas atitudes contraditórias. Defendendo um escravo… nunca vi algo assim, ninguém nunca me defendeu. Simplesmente não conseguia entender. Porque ele fazia isso? Qual era sua intenção?
Não sei, só sei de uma coisa…
Você não vai me enganar, humano!
— Chato…— o tal de Taehyung respondeu emburrado. Ele então direcionou seu olhar para mim, logo voltando a sorrir.— Tudo bem, não irei brincar mais. Então vamos tomar um chá da tarde juntos, Jiminie?
Jiminie?! Esse maldito…
Até parece que iria para algo desagradável como um chá da tarde com esse idiota!
[…]
Foi o que pensei, mas acabei por estar nessa situação desagradável. Gostaria de saber como acabou assim?…
Nesse momento, estávamos em uma mesa no meio do jardim em uma parte coberta por uma pérgola de madeira, enquanto alguns servos serviam doces e chás, mas de forma assustada e até surpresos.
Acho que a situação era surpreendente mesmo. Afinal, tinha um Ulin, o duque sanguinário e o mago louco sentado juntos.
Até mesmo eu estava achando que delirava.
Mas sério como parei aqui?
Bom, era muito simples a resposta. Obviamente não viria por conta própria, então Taehyung me paralisou com magia e Jungkook me trouxe pendurado sobre seu ombro.
Só de lembrar, sentia o ódio me dominar. Queria matá-los aqui mesmo.
— Qual é o problema, Jiminie? Porque não come nada? Aqui, diga “Ah”...— sorridente, Taehyung oferecia o bolo em que comia, estendendo o garfo em minha direção, quase sujando meu rosto com o glacê.
Será que consigo ser rápido o suficiente para roubar essa garfo e acertar sua garganta antes que ele consiga usar magia?
— Uma porra que vou dizer “Ah”!— disse e bati em sua mão, derrubando o garfo junto com o pedaço do doce.
Isso foi o suficiente para os servos pararem o que faziam para me olharem assustados. Eu fiz algo tão sério assim? Se bem que qualquer coisa que eu fizesse esses paspalhos ficavam com medo.
Taehyung olhou para o chão, onde estava seu garfo depois me olhou seriamente. Por um momento achei que tinha o irritado, mas ele logo começou a gargalhar.
— Sério, Jungkookie! Me dá ele! Ele é tão divertido!— falava entre a risada.
Logo senti meu sangue circular rapidamente. Tão irritante…
Olhei para o maldito Jeon e ele comia tranquilamente seu pedaço de bolo. Parecia que ninguém mais existia. Como ele podia ser assim? Se vai agir assim, para quê veio?
Isso me fez ficar pensativo. Jeon Jungkook era muito estranho. Tinha um lado sombrio e sinistro, mas na maior parte do tempo parecia apenas existir, sem pensar em nada. Como agora, estava com seu olhar desinteressado e possuía olheiras cansadas.
Não sabia o que esperar dele…
Ele era uma grande incógnita.
— Ele é meu, Taehyung.— disse simplista, sem nem direcionar seu olhar ao mago.
Isso já foi o suficiente para fazer Taehyung fechar sua expressão e bufar. Parecia muito decepcionado.
Hmph! Ele podia falar isso, mas eu não sou de ninguém! Principalmente quando eu matar esse duque maldito…
— Mas é realmente impressionante…— Inicia, olhando para o Jeon com um sorriso de lado.— Porque alguém tão ocupado como você, Jungkook, viria tomar um chá conosco? Que eu saiba, você nem gosta tanto de doces…
Também me perguntava isso. Olhei curioso para o homem inexpressivo.
Ele simplesmente respondeu por mim que eu iria vir para esse chá e por conta própria resolveu me trazer, permanecendo aqui também.
Qual era sua intenção com tudo isso?
— Só queria garantir que Jimin tivesse um momento saudável dessa vez.— falou, tomando o conteúdo de sua xícara.
Fiquei surpreso, lembrando do jantar que tivemos antes. Ele até se desculpou falando algo assim, de não ter sido saudável. Não acredito que foi pensando nisso que ele me trouxe, forçadamente, para cá.
Isso aqui claramente não estava sendo saudável para a minha saúde mental. Onde tomar chá com dois loucos era saudável?
— Hmm…— Taehyung sorriu com segundas intenções, apoiando seu queixo em suas mãos.— Você sabia que nosso pequeno gatinho ali estava tentado te espionar?
Na mesma hora fiquei em choque e olhei assustado para o mago. Esse maldito me entregou!
Olhei para o Jeon, sentindo seu olhar em mim, e logo engoli em seco. Seria agora que ele me mataria?
Rapidamente, levantei e assumi postura ofensiva. Não posso morrer! Mesmo que eu saiba que ele é mais forte, tenho que reagir!
— Eu já sabia disso.— disse tranquilamente, pegando o guardanapo de pano e limpando sua boca ao terminar de comer.
Sua simples resposta me deixou boquiaberto. Ele sabia?!
— Então porque não fez nada?— perguntou surpreso também. Então até para Taehyung isso era surpreendente.
— Porque não me importo.— levantou-se, direcionando seu olhar para mim.— Você pode me seguir o quanto quiser e pode me perguntar qualquer coisa. Não tenho intenções de esconder nada de você.
Assim virou-se e foi embora sendo seguido por Hoseok que ficou calado o tempo inteiro, deixando todos os outros surpresos no local.
— Quem é você, Park Jimin?— Taehyung me questionou ainda desacreditado.
Enquanto eu apenas fiquei perdido em meus pensamentos.
Porque? Porque ele era assim comigo?
Eu sou um Ulin, então porque?
[…]
Depois de tudo o que aconteceu durante o dia, resolvi apenas por ficar no meu quarto a noite. Fiquei muito pensativo sobre Jeon e como ele me tratava, mas não chegava a resposta alguma.
Ele ainda não havia tentado extrair meu sangue. Também não tentou arrancar meus olhos. Não me fez comer suas refeições para ver se tinha veneno. Também não me mantém preso. Além disso, nunca olhou para o meu corpo de uma forma maliciosa.
Jeon Jungkook nunca me tratou como um escravo, mesmo eu sendo um. Não que eu esteja reclamando, não quero voltar para aquele tipo de vida nunca mais. Mas, no mínimo, esse seu comportamento é muito estranho.
Suspirei frustrado. Não adianta pensar demais nisso. Não vou descobrir as intenções daquele louco assim. Então simplesmente decidi por parar de pensar no assunto e me concentrar em achar a cozinha.
Antes estava em meu quarto, mas por causa da sede resolvi vir a cozinha beber água antes de dormir, já que claramente esqueceram de levar o líquido ao meu quarto.
No entanto, no caminho para o local, naquele corredor escuro que possuía apenas a iluminação da lua através das janelas, sem qualquer pessoa circulando. Encontrei uma única pessoa que se destacava bastante.
Possuía uma presença sombria, chegando a deixar o ambiente mais gélido. Seus olhos pareciam tão profundos na escuridão, chegando a parecer perdidos nela. Mas o que mais assustava eram suas vestes ensangüentadas, chegando ao ponto de deixar gotas de sangue cair sobre o chão.
Toda aquela cena me deixou paralisado. Porque Jeon Jungkook estava daquela forma?
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