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História Último desejo - Incidente


Escrita por: Anybodys_post

Capítulo 3 - Incidente


Fanfic / Fanfiction Último desejo - Incidente

Jooheon POV


Jooheon, ainda sonolento, observou o garoto adormecido ao seu lado, tão encolhido a ponto de disfarçar seu real tamanho. Antes de levantar, ajeitou melhor a coberta sobre o corpo dele, atento para não acordá-lo.

Ele saiu da cama em busca do par de chinelos deixados ao lado da cômoda. Perto dela as mochilas que trouxeram permanecem cheias, denunciando que nenhum dos dois lembrou de organizar as roupas, embora Sra. Chae tivesse esvaziado todas as gavetas do móvel para liberar espaço. O loiro deixou o quarto e encostou a porta antes de seguir adiante. Há um corredor em sua frente e no final dele o quarto da mulher; vazio e com a cama perfeitamente arrumada.

O lado esquerdo possui a entrada do banheiro e próximo a ele, o início das escadas. Jooheon lavou o rosto e aproveitou o momento para esvaziar a bexiga. Na noite anterior o medo o impediu de sair do quarto e por não querer acordar o ruivo em um horário tão tardio, optou por se concentrar a fim de adormecer o mais breve possível.

Em meio às escadas seus ouvidos captaram a presença de barulhos na cozinha. Ele cruzou a sala e se direcionou para o cômodo, impressionado com a quantidade excessiva de quadros em cada parede. Diante à porta, o cheiro de café era diferente, adocicado demais comparado ao gosto peculiar de Hyungwon, que insiste em beber o líquido sem açúcar.

— Você acordou cedo. 

Sobressaiu com a voz repentina ao oeste, Sra. Chae surgiu perto dos armários e só então percebeu a lavanderia escondida naquele canto.

— Meu despertador interno me impede de dormir até tarde. — respondeu ao levar as mãos para frente do corpo.

— Então você é um dos meus. — ela se aproximou, ajeitando a camisa social. — Não preciso perguntar sobre Hyungwon, certo? Acredito que ele esteja dormindo.

— Sim, mas posso chamá-lo caso…

— Não! Não se preocupe. — a mulher interrompeu — Preciso sair daqui a cinco minutos, deixe ele descansar e sente um pouco. Quer café?

Jooheon aceitou, aproximando-se do balcão a fim de sentar em um dos bancos. Próximo a ele há uma cesta repleta de pães, inclusive aqueles que comprou no dia anterior. Sra. Chae depositou uma xícara em sua frente, preenchendo-a em instantes.

 — Obrigado, a senhora já comeu?

Antes de responder, ela puxou um banco e sentou ao seu lado, empurrando a cesta de pães.

— Sim, há dez minutos. — esclareceu — E então? Como estão as coisas agora? Nós não conversamos pessoalmente há muito tempo.

— No trabalho? — arriscou, buscando diminuir a imensidão da pergunta.

— Sim.

— Tudo continua igual, com exceção aos funcionários novos que demorei para acostumar com a presença. — explicou enquanto bebericava o café, bem doce, como havia suposto — Meu chefe também me ajudou com as atualizações dos programas que usamos na empresa, não foi difícil.

— Você é um garoto esperto, não me surpreende. — ela exibiu um sorriso orgulhoso que aumentou seu ego. — E quanto a Hyungwon?

— Sobre o trabalho dele?

— Não, eu quero saber se ele tem cuidado bem de você.

Jooheon riu ao ouvir a pergunta, ela e o filho agem da mesma forma quando querem chegar em um assunto específico.

— Sim, posso afirmar que ele se tornou ainda mais protetor. — brincou, apesar que de certa forma é verdade — Eu agradeço todos os dias por não ter me esquecido dele.

— É tão bom saber disso! Vocês moram longe e o contato virtual não ameniza todas as minhas preocupações.

— Eu considero vocês dois a minha segunda família e apesar dos problemas me sinto grato. — O loiro declarou, buscando ao máximo tranquilizá-la. Ao terminar metade do líquido na xícara, aproveitou para pegar um pão doce da cesta.

— Bom, eu preciso ir antes que a emoção me faça chorar. — ela brincou após se levantar — Coma bem, amanhã precisarei da sua ajuda.

— Minha?

— Sim, será minha folga e preciso ir ao mercado. Hoje pegarei meu carro no conserto porque tive um problema com o motor.

A princípio Jooheon não respondeu e virou o restante do café em sua boca enquanto observa a mulher pegar a bolsa na lavanderia. Apesar da timidez a presença dela é reconfortante, porém algo o incomoda.

— Hyungwon tem me impedido de entrar em um carro desde quando voltei. — resolveu ser sincero.

— Não vamos demorar, deixamos um bilhete caso ele acorde antes.

— Eu aceito. — a decisão provocou uma leveza em seu peito, como se aquela fosse a oportunidade perfeita para provar a si mesmo que superou esse obstáculo em forma de medo.

— Perfeito! — ela sorriu — A chave extra continua na última gaveta do armário, fechem as janelas caso decidam sair.

— Obrigado Sra. Chae, eu vou me lembrar.

Quando se despedirem a mulher cruzou a sala e permitiu a entrada do silêncio após fechar a porta.

Ainda na cozinha, ele decidiu comer outro pão e separar alguns a fim de levar para Hyungwon. Porém, passos ecoaram nas escadas no exato momento que terminou de enfileirá-los sobre a bandeja. O ruivo surgiu na sala ajeitando o cabelo amassado e se aproximou, seus olhos semicerrados apenas demonstram o sono presente.

— Dormiu bem? — conteve a risada ao perguntar.

— Eu poderia dormir o dia todo. — a voz saiu rouca, levemente falha, porém compreensível. Ele pegou uma xícara no armário e voltou para o balcão, logo preenchendo-a com café.

— Podemos continuar em casa e jogar vídeo game. — Jooheon sugeriu ao empurrar a bandeja.

— Hoje quero te levar em um lugar. — ele negou, erguendo a xícara até os lábios. — Minha mãe consegue tirar a essência do café com cinco colheres de açúcar.

— Não exagere, você se acostumou com o sabor amargo. — riu de sua expressão desgostosa — E eu prefiro o dela.

— Se lembre que a diabetes não dorme. — ele brincou, sorrindo por fim.

Enquanto Hyungwon terminava de comer, resolveu repetir a xícara de café com a desculpa de precisar preencher o canto do estômago. Ambos voltaram para o quarto após lavarem a louça e aproveitaram a manhã para organizar as roupas dentro da cômoda.

Eles demoraram cerca de uma hora até o quarto ficar impecável. Através da janela, a brisa refrescante adentrou o cômodo e convenceu facilmente os dois para trocarem de roupa a fim de enfrentar o novo dia.

•••

Hyungwon superou suas expectativas ao levá-lo para um shopping próximo ao terminal que — diferente dos outros — possui a estrutura subterrânea.

— Cara, é genial! — exclamou, sem conter a animação — Não tem como inundar durante a chuva?

O ruivo riu alto, chamando a atenção de uma criança acompanhada dos pais, cerca de vinte metros à frente. Os dois continuaram a descer o túnel principal, decorado por diversos desenhos grafitados, já sendo possível notar a entrada luminosa aos fundos.

— Esse shopping é antigo, então garanto que não vai.

Jooheon ponderou por alguns segundos e quis questionar se já esteve naquele lugar antes, porém teve medo da resposta. Na verdade, o medo se tornou frequente em sua vida mais do que deveria, o impedindo de enfrentar situações específicas.

Hyungwon sempre demonstrou ser digno de confiança e apesar de tê-lo conhecido há cinco anos suas ações e hábitos permanecem idênticos comparado ao início da amizade. O ruivo nunca negou colo a ele, inclusive nos momentos que não teve forças para pedir.

No entanto, há um sentimento desconhecido que invade seu peito durante à noite, estranho a ponto de preocupá-lo. Não é a primeira vez que se depara com o problema e ainda que tenha vontade, uma barreira o impede de comentar sobre ele para o amigo.

— E então? — buscou afastar os pensamentos — O que faremos primeiro?

— Quero te mostrar um lugar.

Hyungwon sorriu ladino ao encará-lo, o típico gesto que o fez agradecer por ter ingerido duas xícaras de café.

O shopping possui dois andares, largos o bastante para serem facilmente comparados a um labirinto. Além das lojas triviais de roupas e sapatos, ambos encontraram estabelecimentos exclusivos, compostos pelos produtos mais diferenciados que um dia teve a honra de conhecer. E um deles se destacou: a loja de discos antigos.

— Eu não acredito que você esperou tanto tempo para me mostrar esse lugar. — A intensidade dos sentimentos de Jooheon é indescritível. Ele carrega uma sacola cheia na mão direita e uma alegria sem tamanho dentro do peito.

— A inauguração dessa loja aconteceu semana passada. — ele justificou, rindo ao observar a maneira possessiva que o loiro olha para a própria compra. — Acredite, eu esperei a oportunidade perfeita para te fazer uma surpresa.

— Eu te perdôo, mas quero um lanche. — brincou, voltando a olhar para frente.

Apesar de ter sido uma brincadeira, eles foram até a praça de alimentação da mesma forma. A alegria tinha sido tanta durante o passeio que se esqueceram de comer e naquele momento o estômago de cada um começou a reclamar.

Diante da fila, um pouco atrás de Hyungwon, ele olhou ao redor. Há uma aglomeração de pessoas em frente a cada estabelecimento e pela primeira vez o tumulto não o incomoda. O fato de ter saído de casa, estar em lugar diferente e acima de tudo ter noção que a perda de dois anos em sua vida não o impediu de criar novas memórias começou a cair sobre sua cabeça naquele exato momento. Talvez o recomeço sempre estivera ali, escondido em meio à relva, aguardando pacientemente para ser encontrado. E nunca será tarde para caminhar até ele.

— Depois do lanche vamos tomar sorvete. — Hyungwon chamou sua atenção e apontou para o leste. — Naquela sorveteria. — reforçou a palavra.

Não conteve a risada ao notar a animação explícita no rosto dele e demorou um curto intervalo de tempo até olhar para o local indicado. A loja se assemelha a um parque infantil por causa das decorações coloridas, há uma fila pequena em frente ao balcão e os dois atendentes parecem que ingeriram quantidades absurdas de açúcar ao analisar o tamanho do sorriso de cada um. Por fim, ele se interessou nos sabores anunciados e até mesmo percebeu que um deles era inspirado em super-heróis. No entanto, antes de comentar ao outro, uma forte dor atingiu sua cabeça e o obrigou a fechar os olhos.

— Há brindes para aqueles que comprarem o tema do dia e aposto que você vai querer o de hoje. — Hyungwon continuou a falar por não ter percebido a situação.

A dor trouxe consigo uma sequência de imagens; cores misturadas, tigelas de vidro e uma pessoa levemente borrada. Era Hyungwon, sentado em sua frente com um sorriso no rosto. Em sua bochecha há uma pequena mancha azul de sorvete.

— Hyung... — chamou baixo, agarrando o ombro alheio quando a cena dissipou.

— O que houve? — ele se assustou com o toque repentino e a preocupação não demorou muito até transparecer em seu rosto. — Ei! Calma, calma!

O loiro teve a cintura pressionada e foi levado para fora da fila. Outra onda de dor surgiu e pela segunda vez a cena anterior se tornou presente. Porém, diferente de antes, pôde notar o próprio corpo em frente ao ruivo, ouviu a si mesmo rir e erguer a mão até o rosto magro para limpar a mancha com o polegar, deixando um aperto na região.

— Fale comigo, por favor. — Hyungwon, o real, destruiu a lembrança como se ela fosse uma nuvem se espalhando pelo ar. — Precisamos ir ao hospital, vou ligar para minha mãe.

— Não, calma. — tentou se afastar, porém o outro não permitiu. Aos poucos a dor começou a diminuir.

— Me diga o local da dor, por favor eu não posso…

— Hyungwon, calma! — ele o interrompeu — Está passando, mas não me aperte assim.

No mesmo instante a pressão em sua cintura amenizou e o permitiu que se afastasse o suficiente para ficarem um de frente para o outro.

— Foi uma memória, eu acho. — emendou.

— O quê? Como assim uma memória? Vamos ao hospital e precisamos ir agora. — o ruivo tentou levá-lo, porém não permitiu.

— Wonnie. — optou pelo apelido a fim de chamar a atenção dele. — Já passou, vamos sentar um pouco. Caso volte, nós iremos.

Ele ponderou antes de responder, o encarando de uma forma tão profunda como se pudesse enxergar através de seus olhos. Envergonhado, Jooheon desviou o olhar.

— Onde dói?

— Minha cabeça. Mas a dor é mínima, está indo embora.

— E nós também iremos, vamos para casa. — ele afirmou, desta vez segurando sua mão.

— Não precisamos. — respondeu entristecido — Nem ao menos fomos ao cinema. Podemos ver um filme, comer e sair.

— Honey, não. — ele interviu — Minha prioridade agora é você, em casa, de preferência enrolado na coberta. Voltaremos outro dia, eu prometo.

Jooheon não conteve a risada ao ouvir aquela proposta, mesmo sabendo que era verdadeira.

— Nem uma casquinha antes?

— Nem uma casquinha antes.

•••

Era início da noite, a temperatura havia caído de forma repentina e Hyungwon passou o caminho inteiro questionando se tudo continuava bem.

Ao chegarem em casa, Sra. Chae aguardava os dois em meio a um cochilo no sofá da sala. Ela se desculpou pelo cansaço não a permitir de aproveitar o resto da noite ao lado deles, entretanto prometeu recompensar no dia seguinte. Jooheon gesticulou para o amigo não citar sobre o incidente, desejando apenas que a mulher descansasse.

Após subirem em direção ao quarto, ambos separaram pijamas mais grossos a fim de impedir que o frio continuasse a judiar dos seus corpos. Jooheon adentrou o banheiro primeiro, com uma toalha felpuda nas costas e a mente sobrecarregada de pensamentos. À medida que a água aquece a pele, a cena reproduzida em loop da memória recuperada se torna surreal a ponto de parecer um roteiro de filme. No entanto, o bom pressentimento o impede de perder as esperanças e o amigo é o único capaz de confirmar a veracidade daquela informação.

Abandonou o banheiro transbordando à ansiedade e sobressaiu ao ver as duas camas feitas, cobertas pelo edredom xadrez. Hyungwon — sentado na beirada de uma delas — permaneceu imóvel ao vê-lo, em suas mãos há um prato com dois lanches e um enorme copo de plástico.

— A aparência não é idêntica aos lanches do shopping, porém posso afirmar que são mais saudáveis. 

— Você é rápido, não precisava se preocupar. — aproximou ainda surpreso. — E sua mãe?

— Ela me ajudou e decidiu ir dormir.

— E não quis comer?

— Não, ela jantou um pouco antes de chegarmos.

— Obrigado, Wonnie. — sorriu ao encará-lo. Sra. Chae, mesmo cansada, se dispôs a ajudar e ele espera poder retribuir o carinho o quanto antes. — Eu só preciso levar a toalha para a lavanderia e volto para comermos.

— Eu levo! — o ruivo interrompeu, depositando o prato na cama para se levantar — Coma, sei que está com fome. — finalizou antes de erguer o copo em sua frente.

— Aconteceu alguma coisa? — decidiu questioná-lo, confuso pela mudança repentina.

— Não. — Hyungwon sorriu, pegou a toalha e lhe entregou o copo.

— Eu te conheço. — insistiu — Se for referente ao ocorrido de mais cedo, não se preocupe. Eu me sinto bem, é sério.

A frase parece tê-lo atingido, seu pulmão consumiu uma grande quantidade de ar antes de soltá-lo em forma de suspiro.

— Você me assustou, Honey. — a resposta veio acompanhada por um semblante sério, porém sincero. — Sei que está bem, mas quero me certificar que sua noite termine calma.

Não conteve o sorriso e caso estivesse com as mãos livres o abraçaria. Hyungwon, diferente dele, não tem costume de se expressar com palavras, embora seus gestos sejam suficientes para demonstrar com clareza seus sentimentos. Ele é calmo, cuidadoso e não desiste dos próprios objetivos, apesar dos obstáculos.

— Tudo bem. — aceitou, ainda sorrindo — Mas seja rápido, você também precisa tomar um banho e se aquecer.

O loiro não precisou pedir duas vezes e não conteve a risada ao observar o garoto sair correndo para fora do quarto. Ao retomar a atenção para o copo em sua mão, bebericou o refrigerante enquanto desvia o olhar para as duas camas unidas. Ele não possui palavras para agradecê-lo, não por ter preparado um lanche e permitido que tomasse banho primeiro, mas por continuar ao seu lado, amando-o apesar do mau humor e crises de carência.

Jooheon colocou o copo no chão ao lado da cama e tomou cuidado com o prato à medida que se acomoda sob o edredom. Ele optou por aguardar o amigo, não se importando caso o lanche esfrie. E como previsto, Hyungwon não demorou no banheiro, trazendo consigo o perfume do sabonete líquido preferido de sua mãe.

Eles comeram em silêncio e compartilharam o refrigerante, reproduzindo apenas alguns resmungos de satisfação. Naquele momento descobriu que não havia perdido nada ao irem embora e até mesmo se arrisca dizer que o lanche industrializado não chega aos pés da comida caseira feita por quem ama.

Com o estômago cheio e dentes escovados, eles depositaram a louça vazia sobre a cômoda, por preguiça de descerem as escadas. Jooheon se dispôs a fechar a porta e pressionar o interruptor, permitindo que o quarto seja iluminado apenas pela luz da lua.

O cansaço atingiu os corpos, mas nenhum dos dois desejou dormir. Embora Hyungwon possuísse uma cama inteira, ele continua a se encolher antes de puxar a coberta sobre os ombros.

— Sono? — a voz dele saiu como um sussurro.

— Consigo dormir caso me concentre e você?

— Eu também. — a iluminação, apesar de mínima, ainda permite enxergar o sorriso esboçado em seu rosto. — Amanhã minha mãe estará de folga, precisamos descansar porque o dia será cheio.

— Não vejo a hora! — foi sincero. — O cansaço deve tê-la atingido em cheio.

— Concordo. 

O silêncio invadiu o local, porém o ruivo não demorou a cortá-lo:

— Você não me contou sua lembrança.

— Sei que você vai rir.

Hyungwon o surpreendeu ao soltar uma risada instantânea.

— Eu ainda não contei e você já começou.

— Não é isso. — mentiu — Na verdade é, me desculpa. Agora conte!

— Eu te vi com o rosto sujo de sorvete azul. — deu uma pausa, envergonhado ao se lembrar do resto. — Apenas isso.

— Só? — a voz alheia evidenciou o desânimo — Eu estava bonito?

Jooheon o empurrou e recebeu um resmungo exagerado. 

— Não me lembro da sua roupa, mas tenho o pressentimento que era a mesma sorveteria que você me mostrou. Nós já fomos lá?

A resposta demorou a surgir, permitindo que o silêncio mesclasse à ansiedade.

— Por favor, não diga que é uma lembrança de quatro ou cinco anos. — suplicou ao sentir o desânimo envenená-lo por dentro. 

— Não, Honey. Eu te levei naquele shopping um ano e meio antes do seu acidente e… — Hyungwon não terminou a frase.

— E o quê?

— Foi divertido, era a inauguração da sorveteria.

— Me conte mais.

— Não me lembro muito bem, foi um dia igual a hoje e nós aproveitamos bastante.

Jooheon soltou um suspiro frustrado, embora estivesse feliz por ter recuperado uma memória queria ter mais detalhes sobre ela e o amigo parecia não querer colaborar.

— Eu sei o que está pensando. — o ruivo chamou sua atenção — Essa lembrança possui cerca de dois anos se juntarmos aos meses após sua saída do hospital. Eu não me lembro de tudo, por favor não me culpe.

— Eu sei, Wonnie. — o loiro se entristeceu de imediato por sua mente ter gerado um pensamento tão egoísta, não era culpa dele quando o esquecimento também faz parte do dia a dia. — Me desculpe, eu…

— Tudo bem. — ele interrompeu, virando o corpo a fim de repousar as costas no colchão. — Vem aqui. — pediu, abrindo os braços.

Jooheon não pensou duas vezes antes de se aconchegar ali, sentindo a coberta ser ajeitada e logo após um braço repousar em suas costas.

— Não se desculpe, essa frustração é normal. — ele continuou — Apesar da dor, você teve sua primeira vitória hoje. Quando voltarmos para casa talvez seja uma boa ideia marcar alguns exames.

— Obrigado por cuidar de mim. — declarou ao fechar os olhos, a calmaria retomou ao seu peito e junto à ela o sono também se tornou presente.

— Cuidamos um do outro, Honey. Agora descanse, amanhã será um novo dia.



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