História Ultraviolence - Capítulo XII - O susto

     Arabella

Eu nunca havia pensado em suicídio. Quando olhei aquele fragmento pontudo, tentei negar minha verdadeira vontade. Erick me destruiu. Me quebrou de todas as maneiras possíveis. Não escolhi isso, nunca quis isso.

Eu não serei hipócrita em dizer que não sinto mais nada por ele, porém, a mágoa e a tristeza me consomem completamente. O amor foi minha grande ruína.

Eu não mereço passar por tudo isso, meu filho ou filha não merece. As lágrimas invadem meu rosto rapidamente enquanto acaricio minha barriga. Penso se não é um menino ou uma menina, vacilo. Não posso vacilar, não posso. Olho fixamente para o fragmento em minha mão antes de realmente fazer. No começo, a dor e a ardência são inexplicáveis. Meu corpo treme e tombo minha cabeça para trás. Ficarei livre, finalmente, livre de Erick, livre da dor.

Sinto ele chutar pela última vez e choro mais, enquanto meu corpo já começa amolecer.

- Você nunca sofrerá. Será livre eternamente, meu anjo. Eu te amo, amei desde o início.

(...)

Eu acordava e voltava. Sentia meu corpo mole e flutuando. Eu estava morrendo. Ouvi vozes cochichando e apaguei novamente. Abri meus olhos. Não havia morrido ainda.

- Pegue mais panos. Ela está meio acordada, traga os remédios.

Engulo vários líquidos que são colocados em minha boca. Apago novamente.

Quando acordo, ainda me sinto fraca. Estou viva. O bebê. Erick. Tento levantar, mas uma enfermeira me impede.

- Majestade, a senhora está muito fraca. Vou trazer uma sopa para comer, tudo bem? Precisa se alimentar.

Quando ela volta, me dá a sopa e me ajuda a beber um copo de água.

- Há quanto tempo estou aqui?

- Uma semana, majestade. Ficará em observação por muitos dias ainda. Perdeu muito sangue.

- Eu perdi meu bebê?

- Incrivelmente não. Todos pensamos que teria um aborto, mas ele é um guerreiro. - meu olhos se inundam. Fui tola, fui egoísta. - Agora descanse.

Eu durmo novamente e acordo com o barulho da porta. Erick. Ele vai me matar!

- O que você quer? - minha voz sai baixa.

- Como pôde fazer isso? Como teve coragem? - sua expressão era de ódio.

- Erick, me desculpa, me desculpa! - não consegui segurar o choro. - Eu só não aguento mais! Não aguento mais tanta dor, isso está acabando comigo! Você acabou comigo! - meu choro era frenético, eu apenas deixei vir. - Eu sinto muito, fui egoísta com ele, mas eu não aguentava mais a dor, a humilhação! Não aguento mais você! Por que quer me destruir? Por que? Me perdoe por ter beijado Luke, só pare com tudo isso. Faça parar. - coloco as mãos na cabeça.

- Quando eu encontrá-lo, farei questão que você assista a morte dele. Se você contar para qualquer pessoa sobre Alice, Arabella... Eu não terei piedade. A partir de agora você vive em minha função, entendeu? Você será minha para sempre. Diga qualquer coisa, faça algo suspeito e farei muito pior.

- Tudo bem, Erick. Eu só quero ficar perto do meu filho. Não o tire de mim, por favor!

Narradora

Demorou cerca de um mês para a rainha se recuperar. Ela não dormia mais e quando dormia, acordava aos berros. Estava com seis meses de gestação e Erick a monitorava o tempo todo. Bella detestava isso, quando ele estava perto sempre era tenso.

Ela conversava com a barriga quando o rei apareceu.

- Se você for uma menininha eu iria adorar! - riu sozinha. - Mas seu pai, eu não sei... Eu tenho medo. Ui! Você só fica agitado assim com Erick.

- É por minha causa sim. - ela pula de susto.

- Erick. - se levanta rápido e cambaleia. - Não me assuste assim.

- Eu apenas entrei no meu quarto. - deu ênfase no "meu".

- É claro. Tudo bem.

Arabella estava muito submissa a ele.

- Viajaremos de manhã, Planejam uma rebelião, querem atacar o castelo daqui a uns dias. Não posso deixar que nada aconteça conosco.

- É sério ?

- Sim.

- Oh, meu Deus! - colocou a mão na barriga.

- Não se preocupe. Tudo dará certo. - Erick chega perto e toca sua barriga. Bella treme. - Eu o amo, Arabella. Nunca o faria mal algum. - a garota apenas concordou com a cabeça. - Descanse.

- Não durmo direito há muito tempo.

- Por que não me contou?

- Você anda ocupado. - ele a encarou.

Mesmo depois de tudo, ela ainda gostava dele.

- O que eu disse sobre de contar tudo ?

- Desculpa! Me desculpa. Não queria te incomodar, você brigaria comigo. - seus olhos umideceram.

- Tudo bem. Me conte tudo a partir de agora, certo? - ela concordou. - Annie está arrumando suas coisas. Vá dormir.

- Tudo bem.

Arabella estava com medo, mas foi descansar. Erick entrou no quarto dela pela madrugada, o sono dela era agitado. De repente, gritos saíram da boca da menina.

- Arabella! Arabella! - ela acordou e começou a chorar. - Está tudo bem, estou aqui.

- Não me deixe sozinha, Erick.

O rei acalmou sua rainha. Ela não demorou muito para dormir.

Quando acordaram, partiram rapidamente às escondidas. O destino seria uma casinha bem no meio do nada. Demoraram horas para chegar lá.

- É bem aconchegante. - Bella disse. - Nosso filho vai nascer aqui?

- Não sei, creio que não. Essa situação será resolvida rapidamente.

- Isso tem algo relacionado a John ?

- Sim. E a Luke. - Bella ficou tensa. - Aquele traidor.

- Erick, eu sinto muito. Eu cometi um erro. Luke sempre foi um bom amigo, cuidou de mim, mas ele se apaixonou. Não é culpa dele, entende? Você me fez muito mal durante todo esse tempo, mas... - começou um choro silencioso - Eu sei que te amo. Me perdoe.

- Um dia, Arabella. - Erick foi para o quarto.

A rainha iniciou um choro ali mesmo. Ele nunca a amaria. Ela sentia falta de Luke, de Henry. Foi burra, perdeu tudo.

A casa tinha cerca de 15 empregados. Era simples comparada ao castelo, mas era incrível. Arabella estava gostando de lá. Erick recebia visitas quase diárias de seus conselheiros. A rainha apenas observava de longe, evitava contato. Os empregados ainda a olhavam diferente, ainda achavam que ela tinha surtado. Era vigiada o tempo todo.

O sexto mês passou rápido. Arabella levantou cedo, já estava sozinha na cama. Ela tomou um banho demorado, se arrumou e foi tomar um banho de sol no jardim. Andava pelo gramado, observava as flores, as árvores, o céu, tudo. Reparou nos muros da propriedade, que eram altos. Estava tranquila, segura, as coisas estavam calmas, finalmente. Erick se mantia perto, mas eu mesmo tempo longe. A rainha estava mais tranquila.

Bella observou algo em um dos arbustos e foi se aproximando, até perceber que era alguém.

- Está tudo bem? - ela perguntou.

O homem veio correndo em direção a rainha com uma faca. Ela correu e gritou por ajuda, via a morte na sua frente. A barriga doeu e ela caiu. Ele veio em sua direção com a faca, até ser derrubado por guardas e ser morto.

Bella permanecia em choque no chão. Começou a chorar e logo vieram ajudá-la.

- Majestade, está bem ? Vou levá-la para dentro.

Ainda estava imersa no choque do que acabara de acontecer. O rei veio apressado até ela.

- Sente ela aqui. Arabella, você está bem? Se feriu ?

- Eu pensei que ele fosse me matar! - chorava.

- Eu quero saber como ele conseguiu passar por esses muros! Dobrem a segurança!

- Sim, majestade. - o guarda saiu rápido.

- Está com alguma dor? - ela fez que não. - Vem aqui. - a abraçou. - Isso não irá acontecer novamente, me desculpe.

- Eu tenho tanto medo de acontecer algo com ele, Erick!

   - Não irá acontecer. Ficará tudo bem.