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História Um amor de contrato - O som da música


Escrita por: AndyeGW

Notas do Autor


Olá pessoal! Perdão não ter postado ontem. Foi um dia bem corrido pra mim e fiquei exausta. Não cheguei nem perto do PC. Em contrapartida, teremos capítulo hoje e amanhã.
Acho que, hoje, teremos um momento que todos esperaram.
Uma dica que dou é que, se der, ouçam essa música enquanto leem a parte que será indicada com um * só pra embalar ainda mais >> https://www.youtube.com/watch?v=VdQY7BusJNU

<3 Espero que curtam!

Capítulo 23 - O som da música


Hugo era um bebê tranquilo. Hermione continuava grata por essa grande bênção. Assim como a irmã, a rotina do menino de pouco mais de dez dias era mamar, dormir e sujar as fraldas e esses eram os únicos momentos onde era possível ouvir o choro, alto e forte, do pequeno.

Rony havia dispensado a enfermeira que acompanhava a mulher desde a infecção. Depois de muito conversarem, Hermione conseguiu convencer aquele pai tão preocupado que nada de mal aconteceria com o bebê, considerando que, agora, estava sob a proteção de ambos.

Ele adiou a decisão tanto quanto pode. Sua preocupação, naquele momento, não era com seu filho, pois ele tinha a maior tranquilidade do mundo quando pensava em quem era a sua mãe. Sua preocupação era com ela, com seu esforço, de não conseguir suprir as necessidades que ela viria a ter, de não conseguir ser o pai e companheiro que gostaria de ser naquele momento.

Mesmo assim, acatou. Ela havia superado todas as dificuldades com o nascimento de Rose e ele sabia que nada seria diferente com Hugo. Também havia a confiança e tranquilidade que ela demonstrava em relação a toda a situação. Confiança e tranquilidade em quem ele era como pai. Ela acreditava nele muito mais que ele mesmo.

Para Rose, tudo era novidade, tudo era incrível. Em menos de um ano, isso porque ela não tinha noção de tempo ainda, ela ganhou um pai, uma família e um irmão. Para ela, nada poderia ser mais maravilhoso do que poder chegar em casa, e ela nem se importava se a casa fosse menor, e encontrar sua mãe, seu pai e seu irmão.

Para Rose, não era aquele papel que ela havia recebido em seu aniversário que fazia do tio Rony o seu pai. Em seu coração infantil, e aquele sentimento perduraria por toda a sua vida, o que tornou o tio em pai foi o amor que envolveu os dois. E ela não desejava nada mais do que isso, com exceção do fato de sua mãe ainda não deixá-la brincar com o bebê.

Hermione também havia aberto mão da ajuda oferecida pela mãe, algo que ela estranhou, mas não comentou - a mulher parecia tão arrependida que mesmo Rony havia falado sobre a tal mudança, e da sogra (ao menos era isso o que ela era, até então). Como argumentos, usou o fato de ter conseguido um parto normal e se sentir totalmente bem para cuidar do bebê. 

O outro argumento era o de que tinha o pai do bebê ao seu lado, integralmente, vinte e quatro horas por dia, para auxiliar no que fosse necessário. E esse argumento era o que Rony sempre estava pensando, que ela confiava mais nele do que ele mesmo ou, talvez, fosse uma crítica ao fato de ele ter se desligado do escritório e começado a atuar em home office para estar em casa a todo tempo. Ele acreditava muito mais na segunda alternativa, mas ainda sentia-se estranho por ela confiar nele.

E assim os dias iam se passando. Hermione se ocupava com o bebê e com sua alimentação, afinal apenas ela poderia suprir tal necessidade. Em contrapartida, Rony estava presente em tudo o mais e, com exceção do banho, estava a postos para trocar fraldas, colocar para arrotar, dormir e entreter, sobretudo, Rose.

— E se eu não estiver em casa e você precisar dar banho nele? — Hermione perguntou com ar autoritário, as mãos na cintura.

— Espero você chegar? — perguntou coçando a nuca, Hermione revirando os olhos.

— Olha o seu tamanho, Rony — ela continuou com aquele ar irritado — Não é possível que esteja com medo de pegar no seu filho e lhe dar banho… Pra que a gente passou nove meses naquelas aulas de pais?

— Mas com os bebês de mentira sempre era mais fácil…

— Nunca vai deixar de ser difícil ou de te dar medo se você não tentar… Vamos lá. Não saia daqui. Vou buscar Hugo.

Essa era Hermione Granger, e ele adorava que ela fosse assim. Era por ela, dessa forma, que ele se apaixonava mais a cada dia. Não saberia dizer quando tudo começou, mas sabia que o sentimento que sentia por ela era forte demais para que ele se preocupasse com detalhes.

— Segura o Hugo do mesmo jeito que aprendemos no curso — ela continuou falando. Ele já havia enchido a banheira com água morna quando ela voltou. Seu tom era ameno, tranquilo, gentil — Você tem braços grandes, sua mão é grande também. O segredo é apoiar o corpo do bebê e sustentar seu pescoço e sua cabeça.

Ela posicionou o bebê sobre o braço esquerdo de Rony, considerando que ele era destro. O ajudou a apoiar o bebê e ter firmeza nesse movimento. Com a mão livre, ao lado do homem, o ajudou a molhar o pequeno menininho que, de olhos fechados, parecia cochilar, tamanha a sua tranquilidade para aquele momento.

— Agora você precisa secar — ela continuou assim que terminaram. Quase cochichava. Talvez Hugo realmente estivesse dormindo — Coloca o Hugo perto do teu corpo e seca com cuidado, a pele dele é muito fininha…

— Sim… Sem qualquer proteção…

— Isso… Por isso vamos passar o óleo de bebê… Vamos ajudando até ele se tornar mais resistente…

Ela o observou enquanto ele colocava em prática o aprendizado no curso de pais. Parecia tenso, mas igualmente concentrado para realizar aquela tarefa de forma satisfatória. Ele era incrível e Hermione, todos os dias, se apaixonava por algo dele.

Para Rony, aquela havia sido mais uma emoção em sua vida. O peito estava disparado, ansioso pela responsabilidade de lavar e sustentar o filho em seus braços, em protegê-lo. Aflito por se mostrar bom o suficiente para aquela mulher incrível.

— Foi difícil? — ela perguntou quando Hugo estava bem vestido, penteado e perfumado, relaxado nos braços do pai.

— Não... Até que não... — ele respondeu desatento, encantado olhando aquele pequeno pedaço de si próprio — Obrigado por isso, Hermione... — começou, parecia nervoso, ansioso — Obrigado por me proporcionar tantos momentos mágicos, tanta alegria... Eu nunca vou poder te retribuir...

— Não precisa agradecer, Rony... No final, todos saímos ganhando com essa loucura na qual nos metemos. E o Hugo é o que há de mais incrível no meio de tudo isso...

— Por vezes me peguei agradecendo ao meu pai... A loucura que ele criou me trouxe as melhores sensações da minha vida. Mesmo que um pouco estranho, você, a Rose e o Hugo são o que tenho por família. Se você não tivesse aceitado, tudo teria sido diferente... Sou feliz que tenha sido você... Obrigado por existir em minha vida... Você é maravilhosa...

Hermione seguia com aquelas estranhas sensações. Rony parecia estranho desde o dia das fotos, estava direto e, muitas vezes, ela acreditava que ele insinuava coisas, como agora. Sentia uma ansiedade crescente, o desejo de encostá-lo contra a parede e perguntar sobre o que ele falava quando comentava coisas como aquelas.

Também tinha outras vontades crescentes dentro dela. Nessas outras vontades, o desejo de encostá-lo contra a parede mudava de sentido. Sentia vontade de sentir seus braços envolvê-la também.

Sentia-se ainda mais uma estúpida. Vinha sonhando com o tal “beijo” trocado durante as fotos. Vinha tendo sonhos cada vez mais intensos com o marido. O desejo de estar com ele, ser dele e ter a ele crescendo dentro de si.

Sentia-se também feia, inchada do pós-parto. Parecia que tinha mais peito que qualquer outra parte do corpo. Por vezes sentia-se um verdadeiro restaurante para aquele bebê e, às vezes, imaginava que o ruivo também a via assim. Sofria pensando que ele não sentisse qualquer atração por ela, muito menos agora. Ao fim de tudo, mal imaginava ela sobre os pensamentos do ruivo.

Rony só pensava em uma coisa quando se tratava de Hermione: Queria sentir o verdadeiro sabor de seus lábios, em um beijo de verdade, sentindo seu corpo contra o dele, tendo liberdade para sentir o aroma de seus cabelos sem ser recriminado. 

Queria tê-la em seus braços, por completo, independentemente de como ela estava. O exterior, para ele, desde que a conhecera em suas particularidades, havia deixado de ser o mais importante.

Agora ele havia terminado de ler um novo conto para Rose. A menina, elétrica demais, continuava querendo estar a todo o tempo com o irmãozinho. Dizia que cuidaria dele, mesmo que não pudesse nem mesmo pegá-lo, porque era muito pequenininho.

Seguiu para o quarto de Hugo, Hermione o tinha nos braços, acalentava o pequeno ruivo de olhos azuis que, naquela noite, parecia elétrico demais. Já eram quase dez e ele permanecia de olhos abertos, vidrados em tudo ao seu redor.

— A Rose acabou de dormir — informou à Hermione adentrando no quarto. Os olhos do pequeno, tão idênticos aos seus, buscando de onde vinha o tal som.

— Não estamos tendo a mesma sorte neste quarto — Hermione comentou acalentando o pequeno aos braços — Já comeu, já troquei a fralda, já brinquei… ele está elétrico. Espero que não esteja iniciando o período de troca de horário… Passar a noite em claro não vai ser fácil com outra bebê em casa.

— A gente consegue… — ele falou colocando a mão sobre o ombro dela. Hermione usava uma camisola de amamentação preta, com alças e detalhes lilases. Era bem decotada devido ao corte em v sobre o busto e ele se perdeu momentaneamente com os olhos fixando aquele detalhe.

Agradeceu mentalmente que ela estivesse de costas e não tenha reparado para onde seus olhos famintos e desvirtuados insistiam em olhar. Hermione exalava sensualidade e ele estava sentindo-se enlouquecer.

— Você deve estar exausta — continuou, desviando, ou tentando, do foco — Vá comer algo, tomar um banho, se preferir… Eu fico com ele.

— Você é o melhor companheiro que uma mãe poderia querer. Às vezes penso que teria sido bom ter tido você com a Rose…

— Como assim? — ele a olhou com curiosidade, sem entender bem o teor daquela frase.

— Bem… — ela pareceu nervosa enquanto passava o pequeno para os braços do pai — Teria sido bom se você realmente fosse o pai da Rose. Acredito que teria sido mais fácil passar por tudo se eu tivesse tido esse tipo de apoio...

— Entendo… — comentou sem saber ao certo o que ela quis dizer — Eu não teria abandonado vocês.

— Eu sei que não.

Rony observou Hermione se direcionar até o seu quarto e fechar a porta. Olhou para o filho, azul no azul, olhos tão curiosos quanto os dele.

Firmou o bumbum do pequeno em sua barriga, as perninhas de Hugo dispostas em seu peito e, com uma das mãos, apoiou a cabeça do filho sobre a mão esquerda, a direito sob o tronco.

Olhou fixamente nos olhos do filho. A mão direita indo até o cabelo que começava a tomar toda a extensão da cabeça, muito mais vermelha que antes. 

— O que a sua mãe quer dizer quando diz essas coisas? — perguntou ao pequeno ruivo que o olhava com intensidade, foco — Às vezes eu queria poder saber o que se passa na cabeça dela — o menino ainda o olhava fixamente — Você sabe de alguma coisa? Acho que ela deve ter te falado algo, não é? Lembra daquela conversa que tivemos quando sua mãe ficou dodói? Parece que, a cada dia, eu gosto mais dela. É uma coisa incrível! E nem posso te falar as coisas que tenho pensado sobre ela. Se der, ajuda o papai, tá bem?

O bebê olhava para ele, mesmo que Rony soubesse, graças ao curso de pais, que ele ainda não conseguia focar de fato. Preferia imaginar que estava tendo uma conversa séria de pai para filho e que o menino o ajudaria. 

Deslizou a mão direita sobre aqueles fios tão macios. A cabeça a cada dia mais vermelha, em sintonia com o pai. E ele se via em Hugo. A mãe já havia dito várias vezes que parecia ser Rony recém-nascido. 

A verdade é que Rony, ao contrário do que todos diziam, via muito mais de Hermione do que dele no pequeno. Tinha o nariz fino, idêntico ao de Rose, o mesmo formato das sobrancelhas, dos olhos e lábios. Parecia uma mistura dos dois, tomando os traços físicos da mãe e, em contrapartida, levando seus pontos mais fortes que eram o cabelo vermelho e os olhos azuis.

De repente, sem qualquer aviso prévio, Hugo sorriu. Sabia que isso também era normal, estava aprendendo sobre si próprio aos poucos, mas Rony tomou aquilo como um “sim”. A resposta muda de que ele o ajudaria com a sua mãe.

Trouxe o filho de encontro ao seu corpo, apoiando o seu corpo no dele, a cabeça do pequeno em seu ombro. 

Tirou o celular do bolso e procurou algumas músicas em sua "playlist", colocando-as em seus favoritos. Em seguida, dispôs o celular sobre a cômoda e o fez tocar.

— Agora vamos dormir... A mamãe está cansada e precisa dormir também... Amanhã você conversa com ela, tá bem?

Falava enquanto a mão acariciava a cabeça do filho, junto com as pequenas costas. Não era bom de dança, mas se deixou envolver pelo som de “Ben”, e movia o filho junto com seu corpo. Em pleno século XXI e ainda ouvia as músicas de quando era criança.

Quando Hermione se encaminhou de volta para o quarto do filho, ouviu um som vindo de lá, reconhecendo o instrumental. “On my own”, uma música que ela costumava ouvir na infância, mas que não lembrava quem a cantava.

Caminhou devagar em direção ao quarto, curiosa, o coração palpitando forte e sentiu todo o sangue esquentar em seu corpo quando viu aquela cena, reclinando seu peso sobre o umbral da porta receando não suportar tanta emoção e ternura.

Rony estava de costas para a porta. Vestia um pijama com a mesma estampa do de Rose. Haviam comprado havia duas semanas, poucos dias antes de Hugo nascer. 

O pequeno tinha os olhos fechados e parecia relaxado nos braços do pai que o embalava ao som daquela música.

Hermione sentiu a garganta fechar. Os olhos encheram-se de lágrimas, mas não eram de tristeza. Ela estava feliz, feliz demais por vivenciar aqueles momentos.

Naquele momento, Rony virou-se e seus olhos se encontraram. Ele sentiu um pouco de vergonha, mas logo se recompôs. Ela sorriu, parecia feliz.

Com gestos, ela o indicou que o pequeno havia dormido. Ele se direcionou até o berço e, com todo cuidado possível, colocou o filho deitado sobre as colchas do móvel. 

— Não sabia que você dançava tão bem — Hermione cochichou quando ele se aproximou dela, encostando-se do outro lado da porta, ambos olhando se o pequeno acordaria. 

— Só mostro minhas melhores qualidades para pessoas muito selecionadas — brincou aos cochichos, olhando dela para o filho — Ao menos ele dormiu.

— Não teria como não dormir — ela respondeu — Essa é uma ótima opção. Não teria pensado em música. Parabéns pela iniciativa. Amanhã a noite é sua novamente — sorriu e os olhos se encontraram.

— Será maravilhoso — ele piscou o olho e ela desviou, olhando novamente para Hugo — A experiência de ser pai tem sido a melhor que lembro ter tido em minha vida...

— Que bom! Filhos são bênção quando são queridos.

— Eles são.

— * Cyndi Lauper? — ela perguntou com um sorriso abobalhado quando Time after time começou a tocar.

— Ér... Fiquei perdido na década de oitenta. Gosto dessas músicas...

— Também gosto. Essa tem uma letra bonita.

— Pensei que fosse mais chegada às atualidades...

— Que nada! Adoro uma velharia — ela sorriu e o olhou novamente. Ele também sorria.

De repente, ambos pararam e se perderam na letra da música que os envolvia naquele momento.

"Lying in my bed

I hear the clock tick and think of you

Caught up in circles

Confusion is nothing new"

— Hermione, eu... te agradeço por tudo...

— Não precisa agradecer sobre nada, Rony... Afinal de contas, você tem me ajudado muito sobre tudo...

— Mas você e tudo o que as crianças têm trazido pra mim são preciosidades... Nunca vou me cansar de te agradecer por ter me tornado quem me tornei.

“I can't hear what you've said

Then you said, go slow,

I fall behind

The second hand unwinds”

— Eu fico feliz que a gente tenha conseguido trazer algo de bom pra você...

— Mais do que você imagina... — ele falou e se aproximou de Hermione.

— Você também tem trazido coisas muito boas para nós.

— Me desculpa por ter te envolvido em tantas confusões, mas... se eu parar para pensar, acho que não me arrependo. Sou feliz que tenha sido você...

— Não é uma situação fácil... — Hermione começou parecendo pensativa, olhando para baixo — Só uma mulher bem desesperada seria capaz de fazer isso...

"If you're lost you can look

And you will find me, time after time

If you fall I will catch you

I'll be waiting, time after time”

— Você não é uma mulher desesperada. Nunca foi. Não se imagine assim... — a mão de Rony foi ao queixo de Hermione e fez com que ela o olhasse — Você é incrível. Uma mulher única, capaz de fazer o que for preciso por seus filhos. Você é especial...

"If you're lost you can look

And you will find me, time after time

If you fall I will catch you

I'll be waiting, time after time"

— Obrigada por essas palavras — o sorriso foi pequeno, mas parecia agradecido.

— Não me agradeça. É verdade — ele continuou — Eu... Hermione, eu te admiro demais... Demais mesmo...

Rony aproximou o rosto do dela e Hermione, de olhos arregalados, viu-o se aproximar sem desviar.

A espinha começou a gelar conforme ele se aproximava e a respiração foi totalmente presa quando os lábios se tocaram.

“Time after time

Time after time”


Notas Finais


E ai?????? Curtiram?
As outras músicas que tocaram no capítulo são Ben (The Jackson Five) e On my own (Nikka Costa).


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