História Um Amor Escondido - Seguindo ao Nunca

Dias se passaram desde que fizeram aquilo.Raramente se falavam,como se tivessem feito errado,ou coisa do tipo.Se encaravam,e aqueles sorrisos que agradavam um ao outro já não apareciam em seus jovens rostos.As pessoas se questionavam:
-Porque raios vocês brigaram?
Nunca havia resposta.Um silêncio se espalhava,como um apocalipse zumbi.Os dias se passavam,e parecia que já não suportavam ficar naquela mordomia que o destino os presenteou,depois de tanto esforço para conseguirem,finalmente,ter relações.
Quando ele vai voltar a falar?,pergunta constante de Ítalo.Na cabeça de Mateus,a pergunta era exatamente a mesma.
Por mais que não se falassem,Ítalo sempre esperava a chegada de Mateus.Sempre ficava minimamente feliz ao ver seu corpo surgir em frente a porta.Era como se amasse odiá-lo.Mas por que odiava-o?
Sem dúvida,eles queriam se falar.Transparecia em suas faces que estavam mais loucos que nunca para que pudessem se falar,e finalmente se beijarem.
Mas por que não faziam isso?O que os impedia?Haviam brigado sem sequer haver motivo?Não,isso é impossível.
Mais dias se passavam,e mais noites perdidas em pensamento iam junto.Será que,de fato,havia surgido uma raiva repentina?
Até que Ítalo pensou que devia agir.Não suportava mais ficar nesse silêncio,sem saber por que.Necessitava da verdade mais que nunca.
Ao chegar na escola,Ítalo nem percebeu que havia derrubado seu amigo.Estava tão imaginativo que não parecia prestar atenção no que ocorria ao mundo.
Se sentou,e como sempre,voltou a focar na porta.Chegue.
Chegue logo.
O tempo se passava,e pela primeira vez na vida,Mateus não aparecia na porta.Itálo começava a ficar frustrado e preocupado,mas resistiu.A professora ainda não chegaria.
Dez minutos...Onde é que você está???
Vinte minutos...Por favor....Apareça...
Vinte e cinco minutos.O tempo havia se esgotado.Os portões da escola se fechariam naquele exato momento.Ítalo ficou tão magoado que sentiu vontade de chorar.Ou morrer.
Quando a última esperança já havia desaparecido,a professora apareceu,acompanhada de Mateus.Algo estava errado.Mas o que estava acontecendo?
Ambos entraram na sala e ficaram em frente da turma.A professora deu um passo adiante e disse:
-Alunos,Mateus irá sair da escola hoje.Ele decidiu isso após contratempos da família e outros psicólogicos e agora irá sair.Com todo o respeito,exijo que todos dêem "Adeus" a ele.
Ítalo sentiu seu coração escurecer.Por favor não...
Não conseguia viver com isso.Permitia que todos da sala fossem embora,mas Mateus não.
De súbito,Ítalo se levantou e se dirigiu a Mateus.Foi o primeiro a se despedir.
Ao se aproximar,disse:
-Espero que se dê bem.Na nova escola.Parabéns.Adeus.
Se afastou.Assustou a si mesmo depois de sentir lágrimas,que foram limpas quase tão rapidamente quanto apareceram.
Estava morrendo por dentro.Mas não havia nada que se podia fazer.
A professora,após ver que todos se despediram,disse:
-Bem,permaneçam aqui.Vou levar ele de volta para a mãe.
Saíram juntos da sala,professora e Mateus.
Ítalo ainda se sentia morrendo aos poucos.Afinal,dor é a pior doença.Ela mata mais tristemente que qualquer outra.
Ítalo viu os dois saindo e não se suportou.Se levantou e foi em direção aos dois.Chegou bem perto e...
-Professora,preciso falar com o Mateus.Em particular.
A professora surpresa,disse:
-E o que é tão especial ao ponto de eu não poder ouvir?
-Apenas deixe-me falar com ele.
A professora,sem insistir,saiu em direção à sala,novamente.
Mateus,que parecia ligeiramente feliz,corou.
Ítalo finalmente disse:
-Não faça isso,por favor.Você sabe que te amo...
Mateus calou Ítalo,com um beijo.
-Não se preocupe.Vou falar pros meus pais que consigo ficar aqui.Não se preocupe,eu nunca irei te abandonar.
Ítalo pôde chorar.Abraçou Mateus com tamanha força que ouviu um leve gemido de dor.
-Nunca me abandone.Só isso que lhe peço.Por favor.Não me abandone.
Mateus,que não parecia nada emocionado,se soltou de Ítalo e disse:
-Claro.
Mateus se retirou,e Ítalo aproveitou que estava do lado de fora para lavar seu rosto.Não queria que vissem seu rosto pós-choro.
Depois de voltar,a professora perguntou:
-Ele já se foi?
Ítalo respondeu:
-Ele se foi,mas já volta.