História Um amor imprevisto: De Hogwarts para a vida - Apaixonada por um Malfoy

Pov. Narrador

- Que bom que finalmente entendeu que não dava mais pra postergar isso, né?! Hermione Granger! – Falou um Harry com a voz de repreensão. Os dois estavam sentados na varandinha da torre, um ao lado do outro, observando o horizonte. Hermione chorava, enquanto tinha a cabeça deitada no ombro do amigo. Ela havia acabado de contar tudo para Harry. Sua aproximação com Draco, como que, sem ela mesma saber quando, passou a pensar no loiro, sentir falta dele. E como que pensar nos planos de um futuro com Rony estava deixando-a angustiada. Do clima que rolou entre eles na mansão. Dos ciúmes dela. E por fim, do que Malfoy havia acabado de falar.

- Ah, Harry... Eu sei disso... Sei que devia ter conversado com você antes... dividido isso. Mas simplesmente estava com medo.

- Hermione Granger, com medo. Quem diria. – Ele completou. E ela riu pelo nariz. Harry a puxou para ficar de frente para ele e pegou em sua mão. - Mi, agora eu quero que você ouça tudo o que eu quero te falar, de cabeça e coração abertos. Promete?

- Prometo!

- Eu sei que você ama o Rony. Eu sei que vocês planejaram uma vida juntos. Eu sei que você já tem planejado os próprios 10 anos da sua vida. Mas a vida não é assim. Olha os meus pais, eles tinham tudo planejado, mas mesmo assim, a vida veio e mudou tudo. A gente não controla as ações do outro, muito menos as consequências dessas ações na nossa vida.

- Mas a gente pode minimizar os efeitos...

- Podemos, podemos... Podemos minimizar os efeitos, evitar conflitos, mediar situações. Mas a vida não é um tribunal onde a gente lida com fatos com frieza e imparcialidade. A vida é emoção, é sentimento, é coração. Mi, a vida é muito mais que palavras de um livro que já está escrito, com princípio, meio e fim determinados. Cada escolha que a gente faz, de comprar pão doce ou pão de sal na padaria de manhã, até se vamos cursar Direito ou Artes Plásticas, interferem no desenrolar da nossa história. E isso que torna a vida interessante, instigante e... viva! Por mais redundante que seja! Você se apaixonou pelo Rony, e foi ótimo e te fez feliz. E fez a ele feliz, mas claramente essa não é mais a realidade para você. Como falei, acho que você ainda ama o Rony. E vai amar sempre. Mas como amiga, pela história de vocês, pelo carinho que um tem com o outro, por sua relação com todos da toca. E isso nunca vai mudar. O que você sente pelo Draco, eu não sei dizer. Mas me parece que você está apaixonada por ele. Perdidamente apaixonada.

- Harry.... – Hermione falou, chorosa.

- Eu sei! Sei que é difícil de aceitar. Pra mim também foi. Como acha que eu me senti quando me vi apaixonado pela irmã do meu melhor amigo?

- Eu sei como se sentiu...

- Você sabe o que eu consegui dizer em palavras. Mas foi um conflito muito maior... Como o que eu sei que deve estar sentindo agora. Mas Mi, você precisa ser honesta. Por você, pelo Draco e principalmente pelo Rony, que a ama e nunca fez nada a não ser querer o seu bem.

- Como eu posso fazer isso? Terminar com ele, não ter o que planejamos. Isso vai acabar com ele.

- Sim, vai! Vai destruí-lo. Mas não pra sempre. Hermione, nós só temos 18 anos. Somos muito novos, é inocência achar que vamos casar e ser felizes para sempre com nosso primeiro amor. Claro, a gente sonha! – Harry completou, antes de Hermione se pronunciar sobre essa fala do garoto. – Eu quero isso com a Gina... Mas hoje, o Harry de hoje, ter certeza disso. Como a Gina de hoje, também tem. Mas daqui 10 anos, quando estivermos mais maduros, ela pode mudar de ideia. Como eu também posso. O importante nisso tudo, é como vamos tratar o outro. Como vamos lidar com a situação. Se vamos ser honestos, se vamos ser justos, se vamos ser cautelosos, se vamos ser empáticos. Não acho que você tem que chegar no Rony e falar: “olha, não te amo mais, acabou, tchau”. Mas que devia falar como se sente e que não tem certeza do futuro. Abrir a possibilidade de diálogo, ouvir o que ele tem a dizer.

- Eu não sei se ele vai ter algo a me dizer....

- Ele tem, Mi. O Rony sabe que você tá estranha. Ele percebeu, ele reclamou. Ele está te sentindo distante, mas tem te dado espaço, porque vê que é o que você precisa. Por isso, você tem que ser honesta com ele.

- Harry... Eu nem sei o que dizer...

- Você não tem que me dizer nada, tem só que pensar, refletir e ser sincera com você mesma. Enquanto negar que seus sentimentos mudaram... Enquanto não aceitar o que pra mim, você já sabe que sente, você só vai trazer sofrimento para as pessoas que se importam com você.

- Você devia fazer psicologia, não direito! – A castanha falou, dando um riso sem graça. Harry riu e abriu os braços para a garota.

- Vem cá, me da um abraço. Você ainda precisa chorar mais!

Hermione se aninhou no amigo e deixou as lágrimas escorrerem. Ela teria muito o que refletir, mas ia começar pelo ponto principal: aceitar o que sentia. Ela gostava de Draco. Mais do que isso, definitivamente, estava apaixonada por um Malfoy.

Foi uma semana difícil. Muitas coisas estavam em sua cabeça. Mas ao menos já tinha aceitado que estava apaixonada por Draco e que iria conversar com Rony. Precisa apenas se acalmar, não agir pelo impulso. Pensar como conversaria com Rony e pensar como se comportaria com Draco. Ele tinha dito aquelas palavras, mas não fora exatamente uma declaração. Ela não sabia o que o garoto estava pensando, sentindo, de fato, por ela. Estava com o coração apertado. Tinha os compromissos da escola e da monitoria, então, não conseguiu evitar contato com Malfoy e com Rony. Mas foi evasiva, principalmente com o loiro. Quando Draco tentava conversar com Hermione sobre o ocorrido naquele dia, ela se esquivava do assunto. O que era uma semana, viraram duas, três. Quando percebeu, estavam a duas semanas para acabar as aulas. Vieram as provas finais de Hogwarts, e com isso a desculpa perfeita para Hermione ficar mais tempo sozinha e pensar em como agiria. Mas se ela estava bem com esse tempo para ruminar seus sentimentos, Draco já estava impaciente com a garota. Assim, um dia de aula da castanha com o Sonserino, o garoto se sentou ao lado da garota, para evitar que ela fugisse dele.

- A gente precisa conversar. – Ele falou, baixinho.

- Eu não quero conversar com você agora. – Ela respondeu, evitando olhar o garoto.

- Granger, você não pode fugir de mim pra sempre. Temos compromissos juntos, eventualmente vamos ter que conversar.

- Draco, por favor, eu... – Hermione começou a dizer, mas foram interrompidos pela professora McGonagall que os chamava para a diretoria.

- Esse assunto ainda não acabou, Hermione. – O loiro falou, enquanto juntava suas coisas e saía de sala, sendo seguido por Hermione.

Na diretoria, os dois alunos foram surpreendidos por Dumbledore e McGonagall com um convite para ambos serem os oradores na formatura. Após um belo discurso dos dois professores sobre a responsabilidade e bom trabalho dos dois como equipe, ultrapassando as diferenças que ambos tinham quando crianças, os mais velhos fizeram o convite. Os dois alunos ficaram não apenas surpresos, como honrados. Era uma grande responsabilidade e atribuída somente aos melhores alunos. Assim, os dois jovens aceitaram o convite. Quando estavam saindo da sala, já no corredor, Draco voltou a falar com Hermione.

- Está vendo? Você não pode fugir de mim!

- Draco....

- A gente precisa terminar os relatórios da monitoria e agora temos um discurso pra fazer. Quando podemos encontrar? – O garoto estava decido. Hemrione suspirou e finalmente cedeu.

- Amanhã, na sala de estudo da monitoria. A gente encontra lá e termina os relatórios e pensa no discurso.

- E conversa sobre a gente! – Malfoy completou e saiu, sem deixar a castanha rebater seu comentário final.

* * *

- Não acredito que acabamos! – Draco falou, se espreguiçando na cadeira.

- Nem eu! Acho que fizemos um bom trabalho! – Hermione falou, olhando para a folha que continha o discurso que planejavam fazer no dia da formatura. Eles já haviam terminado os relatórios e escrito o discurso, então, agora era a hora da verdade. Hermione sabia que Draco iria trazer o assunto à tona. Ficou pensativa sobre isso, queria ter conversado com Rony antes de falar qualquer coisa com Draco.

- Eu senti sua falta... – O loiro falou baixinho, enquanto juntava suas coisas na mochila. Hermione ficou surpresa ao ouvi-lo. – Não precisa ficar surpresa.

- Desculpe, eu não esperava... – Ela confessou, um pouco tímida.

- Mesmo depois da nossa última conversa? Achei que tinha ficado claro o que... penso.

- Não esperava isso... no geral.. – Falei. - Afinal.. sou eu, Hermione Granger...

- Sim, é você... – Ele respondeu olhando-a nos olhos. Era aquele olhar. Aquele que deixava Hermione hipnotizada. Que a deixa sem fala, sem raciocínio, sem condições de fugir.

- E você é Draco Malfoy... – Ela completou, virada pra ele, mas ainda sentada, engolindo seco.

- Sabe, eu nem sempre te detestei. – Ele falou, calmamente, a olhando.

- Eu sei, você já me disse isso antes.

- Sim... Mas eu não te contei que eu já gostei de você... – Ele falou, dando um sorrisinho tímido.

- Como é? – Hermione perguntou, surpresa. “Quando foi isso?”, ela pensava e demonstrava claramente em sua expressão facial, sua confusão.

- Quando éramos pequenos... Quando entramos em Hogwarts... – Ele falou, colocando um mecha do cabelo de Hermione para trás da orelha.

- Mentira! Você me odiava... – Ela falou, ainda pasma com a revelação.

- Eu tinha que odiar, era minha forma de evitar você, pensar em você...

- Você só pode estar brincando. Merlin, se Harry e Rony escutam isso! – Ela falou sem pensar e observou um Draco fazendo uma careta de reprovação. Mas antes que ele falasse algo, ela completou: - Eles sempre falaram que você gostava de mim... Digo, naquela época... Por que, eu... eu meio que...- Hermione sentiu seu rosto ficar vermelho. “Porque era tão difícil falar sobre isso?”. Ela limpou a garganta e falou: - eu era apaixonadinha por você naquela época.

Ela percebeu como Draco ficou chocado com aquela revelação.

- V-você gostava de mim?

- Sim, eu gostava.

- A gente se gostava então? – Ele falou, como se estivesse ligando os pontos. Hermione sente suas mãos suarem.

- Ao que tudo indica... – Ela responde, baixinho, ainda com os olhos presos nos olhos cinzas de Draco.

- Merda....– Ele falou e estendeu uma de suas mãos até o rosto de Hermione, fazendo um carinho na bochecha da castanha com o polegar. Ela não recuou ao toque, não conseguia. Ela também estava afetada com a revelação. - Como eu não soube disso? – Ele falou, se aproximando sutilmente da garota. Estavam sentados um de frente pro outro. A aproximação fez com que os joelhos se encostassem, criando uma energia entre eles. Hermione sentiu esse coque reverberar em seu corpo. Sem perceber, ela também diminuiu a distância entre eles em alguns centímetros.

- F-foi h-há bastante... tempo... isso... – Ela falou, tentando manter a sanidade, mas estava difícil com Draco a olhando daquela forma, com aquele carinho em seu rosto, com o cheiro do loiro começando a invadir suas narinas.

- Hermione.... Eu...– Draco falou, como um sussurro, se aproximando ainda mais da garota. Seus olhos desceram agora para os lábios de Hermione. Viu ela umedecendo-os levemente, antes de falar.

- Sim? – Ela falou, já sem ter controle de seu próprio corpo. Seus olhos também estavam nos lábios de Draco, observando o formato, a delicadeza, a cor...

- Eu... – Ele falou, ainda mais baixo, já a poucos centímetros dela. Seus joelhos se misturavam. A mão que acariciava o rosto de Hermione, foi lentamente sendo direcionada para os cabelos da castanha.

- Você.... – Ela falou, fechando os olhos, sentindo o toque da mão de Draco se afundar nos cabelos de sua nuca. Abriu os olhos e enxergou um Draco de olhos escurecidos, cheio de paixão. Sentiu seu peito arfar, sua barriga se contorcer. Puxou o ar com necessidade, mas antes que pudesse expirar, sentiu os lábios de Draco se chocarem nos seus. Seu corpo ferveu. Os lábios do garoto se moveram, buscando aprofundar o beijo. Ela não resistiu e abriu sua boca para ele, sendo invadida por uma língua quente, precisa e enlouquecedora. Aquele beijo não era nada parecido com que já tinha experimentado. Era arrebatador. A forma como a língua do garoto ia de encontro com a dela, massageando, mas ao mesmo tempo travando uma batalha, a fazia sentir o corpo derreter. O beijo, como a relação dos dois, era intenso. A mão que estava na nuca de Hermione se aprofundou ainda mais em seu cabelo, puxando-o levemente, ao mesmo tempo que a outra mão de Draco envolvia a cintura da garota, tentando aproxima-la mais, apesar da falta de jeito que estavam devido a posição. Ela deixou escapar um leve gemido ao sentir aquele toque. Aquilo foi um incentivo para Draco, que, sem quebrar o beijo, se levantou, apertando Hermione mais em seu corpo, a levantando junto dele e a beijando com ainda mais vontade. A garota correspondeu ao gesto, levando as mãos aos cabelos de Draco, puxando-o com força, como se descontasse ali, todo o fervilhar que sentia por dentro. A mão de Draco que estava nas costas e cintura de Hermione, a apertava fortemente contra ele, como se caso ele afrouxasse por alguns segundos, ela fosse desaparecer. Eles eram fogo. Eram calor. Eram adrenalina. Eram paixão. As línguas não se soltavam. Os corpos não se soltavam. Pareciam que iam virar um só, só com aquele beijo. Então, o ar se fez preciso e eles encerraram o beijo, com um Malfoy dando selinhos em Hermione e mordendo, levemente, os lábios inferiores da castanha. Suas testas estavam coladas. Suas respirações ofegantes. Seus corpos grudados. Os olhos fechados. Pelo calor que sentiam, ninguém poderia dizer que era inverno lá fora. Ficaram uns segundos assim, inebriados um pelo outro. Até que a ficha de Hermione caiu. Ela se afastou bruscamente de Malfoy, deixando-o confuso.

- O que houve? – Ele perguntou, preocupado, tentando se aproximar dela, mas em vão, pois logo ela falou:

- Não! Não se aproxime! Eu não podia... isso foi errado...Eu... Eu... me desculpe, Malfoy. - E então ela saiu da sala. Deixando Draco pra trás.

Pov. Hermione

Eu não podia ter feito isso. Não daquele jeito, não antes de conversar com Rony. Eu tinha feito tudo errado. Aquilo não estava certo. Eu precisava arrumar minha vida, voltar a ser a Hermione de sempre. Sai daquela sala, correndo, engolindo o choro e rumei para o quarto de Rony. Sabia que ele estaria lá. Quando estava chegando, trombei com Harry saindo do quarto.

- Harry, Rony tá ai? Preciso falar com ele! – Falei, um pouco agitada.

- Ow, Mi, o que houve? Você está tremendo.

- Eu quero conversar com ele. Não posso adiar mais isso.

- Você tem certeza que agora é a melhor hora? Não sei o que houve, mas você parece muito abalada!

- Malfoy me procurou... – Falei, com a voz trêmula.

- E?

- Nos beijamos. – Falei, com os olhos cheios d’água.

- Oh Mi, não chora.... – Harry falou, me abraçando.

- Não era pra ser assim. Eu nunca fiz isso, não sou esse tipo de pessoa.

- Eu sei que não. Eu sei como é honesta, como é justa. – Harry falou, enxugando as lágrimas do meu rosto. – Mas Mi, acho que precisa descansar a cabeça antes de falar com Rony. Vai pro seu quarto, toma um banho, amanhã você conversa com ele.

            Não pude discordar de Harry. Eu estava exausta e sem conseguir pensar direito. Fui pro meu quarto, e logo depois do banho, dormi como uma pedra. No dia seguinte seria sábado, queria acordar meio dia. Mas não foi o que aconteceu, pois fui acordada com Rony, Harry e Neville entrando no meu quarto como dois elefantes.

- Acordem, meninas! Acordem!! – Os dois gritavam, como loucos, enquanto cada um acordava sua respectiva namorada.

- Céus, o que aconteceu?! – Perguntei de forma mal-humorada.

- Passamos, Mi! Nós passamos!

- Que inferno, passamos em que? -  Bufei, enquanto me sentava na cama, olhando o estardalhaço que os meninos faziam.

- No vestibular! Passamos para a universidade e pro curso que queríamos!! – Rony gritou alegremente.

- Passamos?? – Perguntei, em choque. – Passamos mesmo?

- Mi, passamos! Todos nós! A gente vai pra universidade! – Harry falou, animado.

- Eu não acredito!! – Falei, me esquecendo dos meus problemas! – Nós vamos para universidade!!!

            Hogwarts estava agitada por causa do resultado do vestibular. Alguns alunos comemoravam terem obtido nota o suficiente para entrada em seu curso sonhado. Outros choravam por não terem passado. Outros se apoiavam já combinando grupos de estudos para o ano seguinte. Eu e meus amigos caminhávamos para o salão principal compondo o grupo dos felizes. Quando entramos no salão para tomar café, meus olhos foram de encontro com Draco, como se fossemos dois ímãs que se atraem. Seus amigos estavam comemorando, mas ele me olhava com um ar abatido. Eu sabia que não era pelo vestibular. Com certeza ela havia passado. Do contrário, seus amigos não estariam fazendo a festa que estavam fazendo. Eu era a responsável por seu abatimento. Sabia disso. Mas precisava conversar com Rony antes. Ele desviou o olhar antes. Aproveitei a deixa para falar baixinho no ouvido de Rony:

- Será que podemos conversar mais tarde?

- Claro, podemos sim. – Ron falou, com uma expressão preocupada. Passei o resto do dia aflita, ansiando a conversa com Rony, mas quando chegou o fim da tarde, ele falou que não podia, que tinha que resolver umas coisas com Neville. Achei estranho, mas aceitei conversar no dia seguinte. Mas, no dia seguinte, ele me evitou novamente, como se soubesse o que eu tinha pra conversar. Irônico, eu estava provando do meu próprio veneno.

            Dias se passaram nessa espera por Rony, e com os dias, a data da colação. E a data da colação significava estar diante de Draco novamente. E eu queria muito que quando isso acontecesse, eu estivesse livre para ser honesta com ele. Dizer o que eu sentia, o quanto eu havia gostado do beijo que trocamos. De como eu sonhava com mais. Motivada por esse sentimento, peguei Rony andando sozinho pelos jardins da escola e o puxei para uma área reservada, para que pudéssemos conversar sem ser interrompidos.

- Mi, o que está fazendo? – Percebi sua aflição em seu rosto.

- Rony, a gente precisa conversar...

- Hermione, por favor... Não... -  Ele falou, com a voz embargada, já segurando choro. – Eu sei o que você tem a dizer.

            Aqui cortou o meu coração. Senti as lágrimas descendo pelos meus olhos, sem que eu pudesse fazer algo a respeito.

- Me desculpe... Eu, eu não posso mentir pra você...

- O que houve, Mi? Pra você mudar tanto? Eu tinha tanta certeza de que ficaríamos juntos pra sempre... – Ele falou, enquanto chorava.

- Eu... eu não sei explicar... Eu te amo muito, Deus sabe como eu amo. E fui apaixonada por você, mas com o passar do tempo, eu fui percebendo que não era amor de uma mulher para um homem. Era carinho, admiração, amizade, costume... Eu sinto sua falta, todos os dias, mas eu já não sei se é com você que... Eu não tenho mais essa certeza...

- Como pode? Se no início do ano você tinha? – Ele falou, colocando uma mão em meu rosto. A segurei e levei aos meus lábios, dando um casto beijo no dorso da mão de Rony. – Mi, como você pode ter dúvidas, se meu coração tem tanta certeza? – Ele falou e eu senti mais lágrimas descerem. Eu estava quase soluçando. Sabia como estava quebrando uma das pessoas que eu mais amava.

- Eu sinto muito... – Foi tudo o que eu consegui dizer.

- Shiiii... não fica assim... Mi... Não gosto de te ver assim... – Ele tentava em consolar, mas ele também era pura lágrimas. Nos abraçamos e ficamos chorando, um abraçado no outro, sabe-se lá Deus por quanto tempo. Quando finalmente senti que estávamos melhor, me afastei de Ron.

- Eu... eu preciso ir... Preciso de um banho... descansar... E você também... – Falei, percebendo como estava cansada.

- Mi, antes de você ir, posso falar algo?

- Claro, por favor.

- Eu não aceito que vamos terminar. -  Ele falou sério, olhando pra mim. Senti meu corpo gelar. O que ele queria dizer com isso?

- C-como assim? – Perguntei, tentando esconder minha confusão.

- Eu entendo que esteja confusa, e que queira terminar hoje. Mas eu tenho certeza que nosso destino é juntos. Que vamos casar, ter nossos filhos e sermos muito felizes juntos. Eu vou esperar por você... O tempo que for preciso. Eu vou!

- Rony, não faz assim... – Tentei questionar.

- Mi, é minha escolha. Eu acho que vale a pena a espera. Então eu vou. Te prometo que vou. Isso não significa que vou atrapalhar sua vida, não vou te cobrar nada! Mas tenho certeza que um dia vamos ficar juntos.

            Eu não tinha o que dizer. Se ele pensava isso, o que eu poderia dizer naquele momento? Que ele estava enganado? Que isso jamais aconteceria? Eu não podia. Apenas dei um sorriso fraternal e me despedi. Corri para meu quarto. Estava cansada, um caco. Precisava dormir, descansar, ver Netflix e comer chocolate. Achei que no dia seguinte acordaria mais bem-disposta. Ledo engano. Estava pior. Sentia o corpo todo doendo, como se tivesse sido atropelado. Minhas cabeça latejava. Meus olhos estavam duas bolas vermelhas, de tanto que eu chorei. Não queria me levantar, apenas ficar deitada, dormindo. Gina percebeu que eu não estava bem, quando o relógio marcou 13 e eu ainda estava deitada. Ela se sentou na beirada da minha cama, me fazendo um carinho delicado em meus cabelos, me obrigando a olhar para ela.

- Mi, você e meu irmão brigaram?

- Porque você acha isso? – Perguntei, sentindo que as lagrimas estavam começando a se formar novamente.

- Porque você está com a cara de quem passou a noite chorando, ainda não se levantou e, pelo o Harry diz, Rony está do mesmo jeito.

- Eu não sei se quero falar sobre isso... – Falei, puxando a coberta para tampar meus olhos. Eu não queria encarar Gina naquele momento. Ela era irmã de Rony. Como falar pra ela que nós terminamos? Pior, que eu terminei?

- Hermione, deixa de ser infantil, olha pra mim. Anda... – A ruiva falou bem estilo Molly, puxando toda a coberta do meu corpo e voltando a se sentar ao meu lado. – Sou eu, a Gina! Antes de ser irmã de Rony, eu sou sua amiga. Vamos lá, desembuche!

            Respirei fundo. Aquela garota, quando queria, era insistente. Me sentei encostada na cabeceira da cama, olhando para minhas mãos, sentindo algumas lágrimas descerem. Fechei meus olhos e falei:

- Eu terminei com Rony.

            Mas não obtive resposta. Abri os olhos e olhei para Gina. Ela continuava com a mesma expressão amiga. Na verdade, dava pra ver que estava um pouco surpresa, mas não tanto quanto achei que estaria.

- Eu pensei que pudesse ser isso.... – Ela confessou. Senti o bolo em minha garganta piorar e mais lágrimas descerem. – Oh Mi, não fica assim... Vem cá... – Ela falou, me puxando para um abraço. Me permiti chorar mais um pouco, mesmo sabendo que ela me odiaria ao saber o motivo do meu término com Rony. Quando estava mais calma, finalmente, ela me afastou, limpou meu rosto com a manga de sua blusa e voltou a falar: - Porque você não me conta o que aconteceu?

- Eu não quero que você me deteste...

- Porque eu a detestaria? Mi, o que houve?

            Suspirei e então contei tudo para Gina, como havia contado para Harry. Com a diferença que agora se somava ao meu relato meu beijo com Draco e minha conversa com Rony. Quando terminei, Gina continuava calada, me olhando seriamente. Ela ficou por alguns segundos assim, sem dizer nada. Foram segundos dolorosos!

- Eu não sei o que dizer. – Ela finalmente rompeu o silêncio. – Eu sempre estranhei você com meu irmão. Rony é inteligente, mas ele é um ogro perto de você... Mas vocês se amavam tanto, que achei que era uma coisa de opostos...

- Ginny... – Falei chorosa, tentando repreender, em vão, minha amiga.

- É sério, Mi! Eu amo o Rony, assim como amo você. E adoro... adorava... vocês juntos. E sinto muito pelo meu irmão, se você está assim, imagino que ele deve estar mil vezes pior. Mas vocês não eram casados. Não tinham nem mesmo um ano de namoro. E por Deus, você tem apenas 18 anos, nada que você decidir hoje significa que vai ser eterno.

- Harry me disse a mesma coisa... – Falei, rindo pelo nariz.

- Pois ele tem razão. Eu não acho que você agiu errado, talvez na parte do beijo... Mas eu confesso que se fosse eu com Dino e aparecesse a chance de beijar o Harry... Céus, Merlin sabe que eu beijaria!

- Você realmente não está com raiva de mim?

- Ficar com raiva porque você terminou o namoro com o cara que não gosta mais? Faz algum sentido isso? – Ela me perguntou, de forma divertida.

- Mas o cara é o Rony. – Falei, tentando entender Gina e sua calma.

- Gi, eu estou com o coração apertado pensando em Rony. Já estou, enquanto converso com você, elaborando formas de ajudar meu irmão a superá-la. Mas ninguém é obrigado a ficar com quem não ama por causa de obrigações familiares ou sociais.

- Como você e o Harry podem ser tão maduros? – Perguntei, fingindo indignação, mas já me sentindo melhor.

- Da mesma forma que você é... Quantas vezes eu não chorei no seu ombro por causa de Harry e foi você quem me deu todo o apoio preciso?! E quantas vezes eu sei que você falou a coisa certa para Harry?! Você só está fragilizada agora. Está precisando levantar dessa cama, tomar um banho e ir atrás do Malfoy.

- Como é?

- Isso mesmo que a senhorita escutou. Daqui dois dias será sua colação de grau. Da cerimonia, já vamos para nossas casas. Será mais difícil encontrar Draco depois.

- Você acha que eu devo procura-lo? Mesmo depois de ter sumido e sido tão... covarde?

- Mi! Já era pra você estar dependurada na boca dele uma hora dessas!!

            Ri de Gina. Aquela garota sabia como animar qualquer pessoa. Me levantei da cama e fui para o banho. Iria procurar Draco e conversar sobre o beijo, sobre nossos sentimentos, sobre o futuro Não queria que passassem de hoje.