História Um amor imprevisto: De Hogwarts para a vida - Depois da tempestade...

Pov. Narrador

O fim de semana do aniversário de Luna finalmente estava chegando. Todos os detalhes já estavam acertados, os convites devidamente enviados, inclusive o de Krum. Molly já estava preparando um banquete para a excêntrica menina, Arthur já havia montado a tenda, pois a previsão era de chuva para o final de semana. E Gina, bom, a ruiva já havia deixado as duas amigas de cabelos em pé no desespero de escolher as roupas que usaria no dia. Como seria a anfitriã da festa, queria estar bem bonita para receber os convidados. Assim, havia sido uma semana totalmente voltada para a festa que aconteceria no sábado à noite.

Os amigos tinham combinado de irem para A Toca na sexta de tardinha, logo após a última aula do dia, para assim passarem mais tempo juntos. Foram, então, Gina, Harry, Hermione, Rony, Neville e Luna, todos juntos, de trem, até a casa dos ruivos. Na estação de destino, Fred estaria os esperando com a caminhonete que usa para a loja, para assim caberem todos em uma viagem só. Apesar de ser um pouco longe de Hogwarts, mais afastada da parte urbana de Londres, A Toca ficava apenas há 2 horas da cidade britânica. Eles se dividiram no trem, de forma que as três amigas vieram juntas em uma cabine, e os três amigos em outra.

- Eu vou pedir a Luna em namoro amanhã! – Soltou Neville, no meio de uma conversa que nada esbarrava no assunto amor, surpreendendo Harry e Rony.

- Nel! Um pouco aleatória essa sua revelação, mas eu fico muito feliz por você! – Ron disse de forma divertida, rindo para o amigo.

- Ah, com certeza! Imagino há quanto tempo você não deve estar guardando isso dentro de você... – Harry disse, de forma atenciosa.

- Há muito tempo! Mas nunca tinha oportunidade... – Neville falou, dando um sorriso amarelo.

- Neville, a gente divide o dormitório... A gente se vê todo dia! – Rony falou, tirando sarro do amigo.

- É, eu sei, mas é que eu ficava com vergonha de dizer e vocês acharem que estou me precipitando... – Nel confessou.

- Nel, eu pedi a Gina em namoro depois de duas semanas que a gente tinha ficado pela primeira vez... Você e a Luna estão juntos há muito mais tempo que isso. – Harry falou, sorrindo, confortando o amigo.

- Há quanto tempo vocês estão juntos? Eu já via vocês como namorados desde o primeiro dia. – Rony falou, enquanto procurava em sua mochila algum aperitivo para comer, encontrando um pacote de chips aberto.

- Três meses... – Neville falou, um pouco envergonhado.

- Três meses? – Rony gritou, saindo farelo de chips da sua boca. – Poxa Neville, já passou de hora! – Os dois riram da reação de Rony.

- Como você pretende pedi-la? – Harry pergunto, voltando o foco para o futuro pedido de Neville.

- Sua irmã me pediu para leva-la até Londres amanhã durante o dia, para que a decoração da festa seja uma surpresa pra Luna. – Neville começou a contar seu planejamento. - Então, pensei em levá-la a um encontro romântico. Planejei irmos ao Zoológico, fazermos um piquenique lá, na hora do almoço. Fazemos uma horinha, e então, eu pensei em leva-la na casa de um conhecido do meu pai que cria Emas e deixa as pessoas andarem nelas. Pensei em levar Luna para ter essa experiência. Depois, pensei tomarmos um sorvete no centro de Londres, na sorveteria favorita dela. E colocar a aliança de compromisso no sundae que sei que ela vai pedir. O que acham?

- Bom... Parece que você tem tudo sob controle. Eu tenho certeza que Luna vai adorar cada detalhe. – Harry disse de forma amistosa ao amigo.

O resto da curta viagem se passou de forma tranquila. Os amigos começaram a conversar sobre a partida que enfrentariam contra o time de Krum, enquanto as meninas conversavam com Luna sobre a expectativa da garota para a festa. Luna havia perdido a mãe muito nova e não tinha muito contato com sua família. De forma geral, era ela e seu pai, apenas. Então, entrar em Hogwarts e conhecer os Weasleys, Hermione e Harry, para ela, foi uma sorte. Ganhou uma família e amigos que saberia que poderia contar para o resto de sua vida. Assim, ela estava muito feliz com a comemoração. Fazer 18 anos já é um marco na vida de qualquer jovem, mas fazer 18 tendo inúmeros amigos que te respeitam por quem você é, comemorando com você, era ainda mais especial. Então, Luna estava extremamente feliz com a comemoração na Toca.

Quando os seis adolescentes estavam finalmente instalados na Toca, já com os quartos divididos, malas postas e barriga alimentada, Gina teve a ideia de fazerem uma fogueira para esperarem dar meia noite e assim darem os primeiros parabéns do dia para Luna. Fazia bastante frio naquela noite, então os amigos se sentaram no chão envolta da fogueira que George havia acendido para eles. Os irmãos mais velhos de Gina e Rony ficaram por um tempo fazendo companhia ao grupo, mas como abririam a loja no dia seguinte cedo, foram se deitar. Arthur e Molly foram assim que arrumaram as coisas do jantar. “Venha querido, vamos dar liberdade para eles conversarem”, foi o que a afetuosa mãe dos ruivos disse ao marido, enquanto se recolhia para deitar. Assim, a essa altura, estavam apenas os seis amigos conversando no quintal. Gina estava enroscada em Harry, Luna em Neville e Rony estava sentado ao lado de Hermione, próximos, mas não tão próximos como ambos gostariam.

-Será que amanhã vai fazer frio assim? – Rony falou, esfregando uma mão na outra e levantando em direção da fogueira, para tentar se esquentar.

- Eu honestamente espero que não... – Hermione respondeu, imitando os movimentos das mãos de Ron. – Se bem que acho melhor o frio do que a chuva! Olha como o céu está vermelho! – Todos olharam para o céu.

- Eu não me importo se chover, tenho certeza que será divertido de qualquer maneira. E também, papai montou a tenda! A chuva não vai atrapalhar... – Gina respondeu, se aninhando mais em Harry.

- Eu só espero que não afaste os convidados. – Neville disse dando ombros.

- Não vai... As pessoas que realmente importam virão, eu sinto disso. – Luna se pronunciou, de forma doce.

- Eu tenho certeza disso, Luna. – Hermione falou de forma afetuosa. Aprendera a lidar com esse jeitinho voado e esperançoso da amiga.

Neville abraçou Luna, dando um beijo casto em sua testa e disse, mudando de assunto: - Vocês ficaram sabendo sobre os pais do Malfoy?

- Eu li no jornal que estão envolvidos em um escândalo de sonegação de impostos. – Hermione respondeu, com um semblante triste. – Mas não aprofundei sobre o assunto, confesso que estava um pouco entretida em organizar as coisas da festa. – Deu um sorriso amarelo.

- Harry comentou comigo, mas não procurei saber mais a respeito... -  Gina disse dando ombros.

- Eu só li por alto... – Harry falou.

- Eu não estou sabendo de nada! – Ron disparou - O que aconteceu?

- Eu sei o que li, mas também ouvi algumas conversas da minha avó sobre o assunto. – O garoto começou a explicar: - Pelo o que eu entendi, a Malfoy’s Company vem sonegando impostos há mais de 20 anos. Muito antes de Draco nascer. O Estado finalmente descobriu todo esquema, deram uma ordem de prisão ao Lucius e a restituição do valor com juros. Ele ainda não foi preso, mas parece que vai ser em breve, porque além disso, ele não apenas sonegava, como lavava dinheiro.

- Lavagem de dinheiro também? Porque, eles mechem com algo ilegal? – Hermione perguntou chocada.

- Não divulgaram ainda... Mas essa parte não é a pior... – Neville falou, cabisbaixo.

- Tem como piorar? – Gina perguntou, com a voz esganiçada.

- Ah, tem sim! – Neville voltou a comentar. -  Essa parte não saiu nos jornais. Minha avó comentou que Sr. Malfoy forçou a esposa a assinar algumas notas, a colocando no esquema. Pelo que estão comentando, ele chegou a bater na Sra. Malfoy.

- E o Draco? Aquele idiota deixou? – Rony perguntou, irritado com a situação dos Malfoy.

- Não, e parece que o Sr. Malfoy ameaçou matar a mãe dele, caso ele interferisse. – Neville respondeu. – E parece também que ele transferiu alguns bens para o nome de Draco, pra evitar ser taxado e também para preservar alguns de seus bens.

- Como você sabe de tudo isso, Neville, tá trabalhando na rádio pião? – Gina perguntou divertida, tentando quebrar a tensão da conversa, que andava séria demais. Os amigos riram de Gina, mas logo voltaram a atenção ao garoto. Realmente, aquelas eram informações muito especificas.

- Aparentemente minha avó tem tomado chá da tarde com a mãe de Draco. Eu não tenho ideia de onde surgiu essa amizade, mas outro dia a Sra. Malfoy apareceu lá em casa, e eu pode ouvi-las conversando. Eu sei que não é uma coisa muito bonita a ser fazer, mas eu fiquei tão chocado, que não consegui não ouvir a conversa.

- Eu te entendo. Acho que também ficaria ouvindo tudo. – Ron confessou.

- Todos nós... – Hermione falou. – Eu sinto pelo Malfoy, ele não deve estar bem com isso... É muita coisa pra assimilar...

- Outro dia ele estava com os olhos avermelhados na aula, parecendo que tinha chorado. Na hora não dei muita importância, mas pensando agora...deve ter sido por isso. – Ron fez essa observação, mas logo deu de ombros e disse: - Bom, mas no fim, é o Malfoy. Não dá pra confiar até onde ele é inocente nessa história...

- Rony!  - Hermione falou alto, o repreendendo. – Você não pode julgar alguém assim. Nem todo tem uma família afetuosa como a nossa aqui da Toca.

- Nossa? – Ron falou, sentindo um sorriso brotar levemente em seu rosto.

- S-sua! E-eu f-falei sua... – Hermione respondeu, timidamente, sentindo o rosto esquentar.

- Você falou nossa, Mi! – Gina disse, já caindo em gargalhada.

- Tá tudo bem, Mi! Eu também considero os Weasley como minha família. – Harry falou carinhosamente.

- Todos nós consideramos! – Luna falou, sorrindo.

- Ok, ok! Eu confesso, considero a família de vocês, Rony e Gina, como minha. – A garota disse, se rendendo, completou: - Mas isso não é o ponto do que estou dizendo. O fato é que não importa o idiota que o Malfoy tenha sido conosco, e como ele deu provas de que não é um sujeito confiável, essa situação que o Nel falou é muito séria. Ele não deve estar nada bem! Ele sempre teve muito orgulho do nome de sua família, e agora ver seu sobrenome estampado nos jornais, e pior, ter esse tipo de relação familiar dentro de casa. Eu não desejo isso pra ninguém, nem mesmo pra ele. – A garota encerrou, dando um tom de sermão em sua fala. Os amigos foram obrigados a concordarem com ela, inclusive Rony.

- Gente, é impressão minha o frio tá pior? – Gina falou, mudando de assunto, se enroscando ainda mais em Harry.

- Não é impressão não, ta gelando mais. Também, já são quase meia noite. – Ron disse, olhando seu relógio de pulso, e logo voltou a dizer, enquanto se levantava: – Eu vou lá dentro pegar umas cobertas pra gente se esquentar.

- Traz marshmallows! – Gina gritou e todos concordaram, também gritando ao amigo. Neville se levantou e foi ajudar o ruivo a trazer tudo. Alguns minutos depois, os dois reapareceram no quintal. Neville segurando seis espetos e um pacote de marshmallow e Rony três cobertas grandes.

- Só tinha três cobertas sobrando, mamãe já arrumou as camas todas. Não quis atrapalhar o que ela já tinha arrumado. – Ron disse, entregando uma coberta para cada casal. – Se importa de dividir comigo, Mi?

Hermione não pode conter o sorriso e o corar das maçãs do rosto quando disse que não se importava. Neville, assim como Rony, distribuiu os longos palitos e os doces para que cada um espetasse o seu e o queimasse na fogueira. Cada casal recebeu a coberta, passando o tecido pelas costas, ficando cada um com uma ponta, se cobrindo, de forma que seus corpos ficassem bem aninhados. Rony, ao se sentar ao lado de Mione, encorajado de uma ousadia que não sabe de onde veio, em vez de apenas colocar a coberta sobre as pernas de ambos, cobrindo parcialmente os dois, imitou o gesto dos dois casais, trazendo Hermione para bem próximo dele. A garota ficou surpresa pelo ato do ruivo, ficando vermelha como se tivesse comido cinco pimentas malaguetas de uma vez só. Por sorte, a pouca luz da fogueira não foi possível revelar sua vermelhidão. Seguindo o gesto do rapaz, ela se deixou ser aninhada nele, como se fossem verdadeiros namorados. Todos os amigos observavam o casal, ternamente, mas sem dizer nada. Eles sabiam que aquele não era o momento para piadas ou gozações, apenas concordaram silenciosamente que Ron e Hermione precisavam desse espaço, daquele momento.

Rony havia passado o braço esquerdo pelas costas de Hermione, se mantendo abraçado nela. A mão desse braço que a abraçava estava repousada no chão, ao lado do quadril da garota, e a mão do braço direito segurava um lado da coberta e seu espeto, ao mesmo tempo. Hermione, por sua vez, com o braço esquerdo segurava a outra ponta da coberta, e o direito segurava o espeto com o marshmallow apontado para a fogueira. Essa posição os deixava bem próximos. Suas pernas roçavam uma na outra, a cada movimento que faziam. E o corpo de Hermione estava em constante atrito com o de Ron. Mais uma vez Mione agradecia a penumbra da noite, pois o frio havia abandonado seu corpo no momento que sentira o calor de Rony. Sentia um frio na barriga, mas de uma forma gostosa. Sentiu que queria mais contato, então, em toda oportunidade que via, deixava seu braço direito repousar na coxa de Rony.

Os amigos continuavam a conversar normalmente, falando de situações do semestre, atividades que os professores haviam passado. E em todo momento, Rony e Hermione permaneciam juntos, se encostando e sentindo o calor um do outro. Ron se sentia extasiado. Sentir o cheiro de Mione perto dele, o pequeno corpo da garota aninhado ao seu, o fazia querer toma-la em um beijo apaixonado. Estava lutando para prestar a atenção e participar dos assuntos que os amigos falavam. A cada vez que o braço de Hermione encostava em sua perna, ele sentia seu rosto ficar ainda mais quente. Em mais um gesto de coragem, o garoto se afastou de Hermione, deixando de abraça-la, mas apenas para comer o marshmallow que estava na ponta do seu espeto. Logo depois, ele repousou seu palito no chão, tomou delicadamente o de Hermione das mãos da garota, pegando o marshmallow dela e a entregando na boca para comer. A garota, primeiramente ficou surpresa com o afastamento do amigo, achando ruim internamente, mas sem coragem de dizer nada. Depois, ficou corada ao perceber que ele direcionava o doce até sua boca. Sem pensar, ela apenas pegou o doce, deixando seus lábios roçarem levemente nos dedos de Ron. Os dois ficaram vermelhos com o contato. Como estavam perto demais, Rony percebeu que Mione estava mexida com sua atitude. Encorajado pelas maçãs rosadas da amiga, colocou dois marshmallows no espeto de Mi e voltou a abraça-la como estava antes. Ele se inclinou levemente até o rosto de Hermione falou baixinho: - Acho que vai ser mais fácil a gente dividir o espeto.

- Também acho... Senti frio quando você se afastou... – Hermione respondeu, também baixinho, apenas para Rony ouvir.

Os dois sorriram um para o outro e voltaram a prestar a atenção no grupo. Agora que a mão direita de Hermione estava liberada, ela a repousou sobre o joelho esquerdo de Rony. Ron sentiu seu membro pulsar. Aquilo era muito contato. A luz baixa, o frio, as pequenas mãos de Hermione, o calor do corpo dela, seu cheiro, estavam tudo se formando uma combinação perfeita para ele perder o sentido e simplesmente beijá-la, ali, na frente de todos. Sem perceber, passou a olhar a garota com os olhos famintos por ela, sem se importar com mais ninguém. A mão que estava repousada no chão foi em direção a cintura de Hermione. Ele envolveu essa parte do corpo da garota, a trazendo ainda mais perto dele. Hermione olhou surpresa para o amigo e se perdeu nos olhos do rapaz. Ela nunca havia visto Ron daquele jeito. Suas pupilas estavam dilatas, seu olhar era profundo e ele transbordava desejo. Sentiu as mãos do ruivo apertarem ainda mais sua cintura. Não conseguiu desviar o olhar. Sem perceber, cravou as unhas na coxa do rapaz, enquanto sentia sua respiração pesada. Aquilo fora o sinal que Rony precisava. Ela o desejava tanto quanto ele, naquele momento, tinha certeza disso. Sem pensar em nada, se inclinou sobre Mione para beijá-la. Quando estava perto de seus lábios, se assustou com os gritos de Gina:

- OLHA A CONTAGEM, PESSOAL!!

Harry, Neville e Gina começaram a gritar juntos:

- 10...9... 8... 7...

E o clima fora cortado. Com os gritos de Gina e dos demais amigos para a contagem regressiva para meia noite, Hermione se afastara de Rony e este, voltara para frente, voltando a repousar sua mão no chão. Envergonhados demais para se olharem, eles apenas entraram na brincadeira e então, desejaram feliz aniversário para Luna. Pouco tempo depois, os seis amigos apagaram a fogueira para irem dormir. No dia seguinte teriam muitas coisas para colocarem no lugar, então precisavam estar descansados. 

Chegara o dia seguinte. Os jovens se levantaram cedo para arrumar toda a decoração da festa. O dia estava nublado, um pouco abafado. Neville havia saído com Luna logo após o café da manhã para Londres, teriam o encontro romântico planejado pelo garoto. Molly, que já deixara a comida adiantada, estava apenas finalizando o que não podia ser preparado de antes. Ela havia preparado um verdadeiro banquete para o jantar, sem contar as inúmeras quantidades de guloseimas doces e salgadas para os jovens beliscarem ao longo da noite. Gina estava ajudando Hermione a definir onde seria cada parte da festa: as mesas de guloseimas doces, as de salgado, a  pista de dança, a mesa do jantar e onde ficaram as bebidas. Arthur, Rony e Harry, bom, eles estavam responsáveis por carregarem todo o peso. Eles ficaram pra cima e pra baixo carregando mesas, cadeiras, escadas, até tudo finalmente estar no seu devido lugar, parando apenas para um almoço corrido. Já eram mais de cinco da tarde quando os amigos estavam colocando os toques finais da decoração.

A tenda estava linda. Haviam luzinhas dependuradas, formando um enorme corredor brilhante no teto. Os origamis de Hermione e Rony estavam dependurados e também espalhados pela mesa. Em cima de cada prato, estavam um guardanapo e um origami diferente. Estava tudo muito delicado e organizado. Qualquer um que entrasse naquele espaço, perceberia o esforço que a garota teve com Rony para produzir tantas dobraduras. E tão bem feitas. Haviam também diversas fotos de Luna espalhadas pelas mesas, em porta-retratos. Dela com seu pai, sua falecida mãe, seus amigos de Hogwarts. Hermione pensara em todos os detalhes para deixar a amiga feliz. Quando finalmente terminam toda a organização, deixando faltar apenas colocar a comida nas mesas, pois isso fariam apenas na hora da festa, os amigos foram para o quintal descansar e beber uma limonada que Molly havia levado para os jovens. Eles estavam sentados, um do lado do outro, olhando para as árvores que envolviam o quintal da toca.

- Acho que fizemos um ótimo trabalho! Estamos de parabéns! – Disse uma Gina orgulhosa.

- Acho que Luna vai ficar muito feliz! – Hermione disse, levando um gole da limonada na boca. – Nossa, essa limonada que a mãe de vocês faz é única!

- A limonada e todo o resto! Parece que ela coloca magia na comida, nunca vi um tempero igual! – Harry falou divertido, segurando seu copo, já vazio.

- Depois vocês perguntam porque eu tenho um apetite como o meu! – Rony argumentou, rindo. – Com uma mãe dessas... o que vocês esperavam?

Todos riram e concordaram. Gina se aproximou do ouvido de Harry e falou algo. Logo em seguida, o casal se levantou e saiu correndo, brincando um com o outro, em direção à casa.

- Eu fico muito feliz que o Harry e a Gina estejam se dando tão bem – Mione começou a dizer, olhando para frente, enquanto Rony a observava carinhosamente. Eles estavam um do lado do outro.

- Sim, eu também fico... Confesso que no princípio fiquei com um pouco de ciúmes, mas acho que Gina não podia ter arrumado um namorado melhor. Harry é um cara excepcional. – Rony disse, dando de ombros.

- Eu também acho! – Hermione disse, colocando o copo no chão, e se virando parcialmente para ver Rony. - Acho qualquer mulher seria muito sortuda de ter Harry como namorado... Mas ao mesmo tempo, ele também é sortudo por ter Gina. Sua irmã é sensacional.

- É, ela é... -  Rony disse, abaixando o olhar e franzindo a testa. – Na verdade, antes de saber que Gina gostava de Harry, e que ele estava apaixonado por ela, achava que vocês dois iam acabar ficando juntos.

- Eu e Harry? – Hermione falou, surpresa. – De onde diabos você tirou isso?

- Vocês dois são tão inteligentes, as vezes entendem as coisas muito antes de mim... Quando éramos mais novos, eu ficava com muito ciúmes, me sentia um pouco excluído as vezes. – Rony disse, ainda olhando para o chão, brincando de arrancar pedacinhos da grama.

- Rony, isso é ridículo! Primeiro porque eu sempre vi o Harry como um irmão... – Hermione falou, um pouco corada e com a voz ligeiramente afetada. – Segundo, porque você é tão incrível como o Harry! – Rony levantou o olhar e percebeu como ela estava corada.

- Hoje eu sei disso... – Ele respondeu, olhando nos olhos da garota. – Digo, que vocês são como irmãos... Não a parte do ser incrível...

Hermione sorriu, tocou uma das mãos do amigo que ainda arrancavam a grama e continuou:

- Pois deveria saber disso também. Você é sim incrível.

Rony só conseguiu sorrir. Ele abaixou os olhos para as mãos dela, tocando as suas. Quando ia falar algo, ela foi mais rápida, e disse:

- Olha só você, vai arrancar toda a grama da Toca com as mãos? – Os dois riram. Hermione voltou a olhar para frente, soltando as mãos de Rony. Ele também ficou olhando para frente, voltando a contemplar as árvores do quintal. Ficaram em um silencio confortável por alguns segundos, quando Hermione perguntou com uma voz um pouco séria demais:

- Ron, posso te perguntar uma coisa?

Ron virou seu corpo para ela e respondeu:

- Claro, sempre!

- Porque você ficou estranho comigo depois do nosso encontro em Londres? Digo, não e-encontro... Depois do dia que fomos comprar as coisas pra festa... – Disse uma Hermione, um pouco envergonhada, mas olhando firmemente nos olhos azuis do rapaz.

Rony balbuciou, as palavras fugiram de sua boca. Queria falar para Hermione como não gostou do encontro com o búlgaro e como estava se sentindo inseguro. Pensou em dizer que estava apaixonado por ela, mas se sentiu travado. Toda a segurança que transbordava de seu corpo na noite anterior havia ido embora. Tudo que conseguiu dizer foi apenas que se sentiu inseguro com algumas coisas que aconteceram na escola, mas que já ficou para trás. Hermione ficou olhando o amigo, analisando a expressão do ruivo, tentando capitar qualquer sinal que desse alguma explicação maior do que a que ele havia dito. Não obteve sucesso. Frustrada, ela apenas relaxou os ombros, olhou para baixo e disse baixinho, mas suficientemente alto para Ron ouvir:

- Bom, não faça mais isso. Eu senti saudades.

Rony sentiu algo queimar dentro dele ao ouvir as palavras da castanha. Seu coração disparou. Ele também havia sentido saudades. De conversar com ela, de rir junto, de observá-la, de sentir seu cheiro. Então sentiu aquela coragem do dia anterior voltar repentinamente. Aproveitando o sentimento que o invadia, ele levou uma das mãos ao rosto da amiga, levantando-o para fazê-la olhar para ele novamente.  Com o movimento, uma mecha de cabelo de Mione caiu em seu rosto. Delicadamente, Rony colocou a mecha para trás da orelha da moça, mantendo o angelical rosto de Hermione entre suas duas grandes mãos, enquanto dizia que também sentira falta dela. Nenhum dos dois conseguiam pensar, raciocinar ou ao menos mexer. Estavam hipnotizados um pelo outro. As respirações pesadas, as pálpebras começando a pesar, um desejo imenso de finalmente sentirem o gosto um do outro. Uma das mãos de Rony foi até a nuca de Mione, segurando seus cabelos e a aproximando ainda mais dele. A essa altura, ela já estava de olhos fechados, apenas esperando o contato. Ele arfou ao perceber a entrega da amiga. Seus olhos também se fecharam. Seus narizes roçaram um no outro. Suas respirações se misturavam. Ele podia sentir o hálito doce de Hermione, pois ela estava com os lábios semiabertos para ele. Ele se aproximou lentamente, sentindo as fagulhas que o encostar dos narizes estava despertando em seu interior. Seus lábios estavam cada vez mais próximos, iam se encostar. Mas não agora. Não nesse exato momento. Pois, para deixar os dois frustrados e envergonhados, o celular de Hermione tocara escandalosamente, fazendo os dois despertarem do transe e se afastarem bruscamente.

Era Krum.  Mione amaldiçoou o universo internamente. Ron, em um ato movido pela frustração de ter sido interrompido, olhou o visor do telefone e percebeu ser Krum. “Quantas vezes mais seriam interrompidos”, foi o que ele pensou. “E ainda por esse sujeito”, seu cérebro completou. Como clima já havia sido assassinado brutalmente, ela finalmente atendeu a ligação.

- Viktor! – Hermione disse, com a voz um pouco rouca.

- Mi! Tudo bem com você? Espero não estar atrapalhando. - O garoto falou do outro lado da linha.

- Não, de forma alguma. Não atrapalha. – Hermione mentiu. Mas logo percebeu um rosnado baixo de Rony, que levantou e foi andando em direção da Toca. Mione franziu a testa, preocupada.

- Vou conseguir ir hoje!

- Oh, que notícia boa. – Hermione disse um pouco aérea, sem prestar muita atenção, ainda observando Rony se afastar.

- Mas tem um problema, eu to com uns amigos do time aqui em Londres. Eu comentei do aniversário, eles estão querendo ir... Sei que e meio sem noção, então, falei que ai perguntar se não seria um problema. A gente pode levar mais bebidas para completar.

A atenção de Hermione voltou finalmente para a conversa com o amigo:

- Oh, acho que Gina não se importa... Quer dizer... São muitos amigos?

 - São cinco, comigo seremos seis penetras! – Krum disse divertido.

- Deixa de bobagem, eu te convidei. Eu vou ali perguntar a Gina se tem problema e te escrevo respondendo, pode ser? - Hermione respondeu educadamente.

- Claro, minha pequena! Fico no aguardo então! Até mais tarde, Mi! -  Krum se despediu.

- Otimo! Até mais tarde, Krum. – Mione desligou o telefone, se levantou e foi em direção da Toca perguntar Gina a opinião da amiga quanto aos novos convidados.

Gina, como esperado, não se importou com o pedido de Viktor. Para ela, quanto mais gente confraternizando, melhor! Ainda mais que os garotos iriam completar o estoque de bebida. Ela perguntou a Harry e Rony se eles se importavam e o que achavam que Luna e Neville pensariam com esse aumento na lista de convidados.

- Eu gosto do Krum, não me importo dele vir com os amigos dele. – Harry disse dando de ombros. - Até bom que podemos conversar sobre o campeonato. E acho que Nel e Luna também não se importam... Luna é muito tranquila...

- Pra mim tanto faz... Sou indiferente... - Rony disse friamente. A verdade é que estava desconfortável com a presença de Krum. Ele se levantou e caminhou até a cozinha, deixando os amigos para trás. Hermione, Harry e Gin perceberam que Rony não gostou muito da ideia.

- Você tem que controlar o gênio do seu amigo, Harry, ele anda muito de lua ultimamente. – Disse uma Gina divertida, fazendo careta para Harry.

- Eu? Eu não tenho esse poder sobre seu irmão! -  Harry disse rindo da namorada. - Acho que esse poder ta nas mãos de outra pessoa aqui nesse cômodo. – O garoto e a ruiva olharam juntos para Mione.

- Eu?? – Hermione respondeu surpresa. - Eu não tenho esse poder! A gente acabou de conversar sobre isso, mas ele foi evasivo e não me falou do que se tratava. – Hermione falou cabisbaixa, tentando provar que não conseguia entender Rony e nem tirar nada dele.

Gina andou em direção de Hermione, a envolveu em um abraço, deu um beijo em sua testa, dizendo:

- Você vai descobrir na hora certa! Agora vamos subir pra tomar um banho e começarmos a nos arrumar. Logo, logo Luna chega com Nel e a festa começa!