Olhe, eu não queria ser um meio-sangue.
Ser um meio sangue é perigoso. É assustador. E eu pude perceber isso no pouquíssimo tempo que descobri ser um.
Quando acordei na enfermaria do acampamento, achei que tudo avia sido um sonho. Mas ai eu percebi que não era um sonho. Era a realidade da minha doce e adorável vida. Meu melhor amigo era um bode...sátiro. E minha mãe avia sido levada pelo minotauro. E ainda tinha a garota loira da enfermaria que descobri se chamar Annabeth que queria saber o que aconteceria no solstício de verão.
E até então a cereja do bolo...
Eu tenho atração por loiros. TARAM.
Deixe-me explicar. No momento que meus olhos pousaram em Annabeth eu senti as famosas borboletas no estômago. Linda, cabelos loiros encaracolados e olhos cinza penetrantes e ar de quem não facilitaria minha vida. E depois eu vi Luke Castellan. Borboletas no estômago !? Puff. Não! Foi quase como se a garota valentona Clarisse e a Nancy Bobofif tivessem me dado um saco ao mesmo tempo no meu pobre estômago.
Olhe a culpa não foi minha okay !? Eu tava suave, até ele vir...com aquele sorriso...aquele maldito sorriso.
***
Quinta-feira a tarde, três dias depois de chegar ao Acampamento Meio-Sangue, tive minha primeira aula de esgrima. Todos do chalé 11 se reuniram na grande arena circular, aonde Luke seria nosso instrutor.
Começamos com estocadas e cutiladas básicas, usando bonecos recheados de palha com armaduras gregas. Acho que fui bem. Pelo menos entendi o que devia fazer e meus reflexos foram bons.
O problema era que eu não conseguia encontrar uma lâmina que se adaptasse às minhas mãos. Eram pesadas demais, leves demais ou compridas demais. Luke fez o melhor que pôde para me ajudar, mas concordou que nenhuma das lâminas de prática parecia funcionar para mim.
Passamos adiante, para duelo em duplas. Luke anunciou que seria meu parceiro, já que era minha primeira vez.
- Boa sorte novato. - Disse um dos campistas. - Luke é o melhor espadachim dos últimos trezentos anos.
- Talvez ele pegue leve comigo.
O campista riu, desdenhoso.
Luke me mostrou as estocadas, paradas e defesas com escudo do jeito difícil. A cada golpe eu estava um pouco mais surrado e contundido.
- Mantenha a guarda alta. - Dizia ele, e então me atingia com força nas costelas usando a parte chata da lâmina. - Não, não tanto assim! Ataque! Agora recue!
Quando ele pediu tempo, eu estava empapado de suor. Meu corpo estava dolorido e eu me sentia humilhado.Todos correram para alcançar bebidas e eu vi Luke jogar água na própria cabeça. Me pareceu uma boa ideia e fiz o mesmo.
Na mesma hora me senti melhor. A força percorreu novamente meus braços. A espada não parecia mais tão difícil de manejar.
- Okay, todo mundo em círculo. - Luke ordenou. - Se Percy não se importar, quero fazer uma pequena demonstração.
Incrível, pensei. Vamos todos assistir enquanto Percy é triturado.
Os garotos de Hermes se reuniram em volta. Todos segurando o riso. Imaginei que já deviam ter passado por isso antes e mal podiam esperar para ver Luke me usar de saco de pancadas. Ele disse que iria demonstrar uma técnica para desarmar o oponente. Como girar a lâmina do inimigo usando a parte chata da própria espada para que ele não tenha outra alternativa a não ser deixar a arma cair.
- Isso é difícil. Já usaram isso em mim. Então por favor não riam do Percy. A maioria dos espadachins demora anos para aprender.
Tão atencioso e gentil. Droga de coração acelerado.
Ele demonstrou a técnica em mim em câmera lenta. E eu fazia o possível para não ficar apenas focando nele.
- Agora em tempo real. - Diz ele quando recuperei a espada. E minha dignidade. Só que não. - Pronto Percy ?
- Claro. - NÃO. Mas não diria isso, não passeia mais humilhação. Então apenas assenti com a cabeça.
Luke partiu pra cima de mim. De algum modo, eu o impedi de golpear o cabo da minha espada. Meus sentidos se aguçaram, vi seus ataques chegando. Eu rebati. Dei um passo a frente e tentei meu próprio ataque. Luke o desviou facilmente, mas seu rosto avia mudado. Seus olhos se estreitaram e ele começou a me pressionar com mais força.
A espada voltou a pesar em minha mão e eu sabia que era só questão de segundos até Luke me derrubasse, então pensei : Que se dane!
Tentei a manobra de desarmar.
Se eu queria impressionar ele ? Não. SIM! Mas eu não esperava que fosse funcionar.
Minha lâmina atingiu a base da de Luke e eu a girei, pondo o meu peso em um golpe para baixo.
Plem!
A espada de Luke caiu sobre as pedras diante de vários olhares perplexos. Incluindo o meu. Minha espada estava a dois sentimentos de seu peito. A nossa volta só avia silêncio.
Abaixei a espada e o olhei.
- Sinto muito ? - Seu rosto marcado abriusse em um sorriso.
- Pelos deuses Percy, você sente muito ? Mostre-me aquilo de novo.
E eu só consegui pensar que Luke tinha os cabelos levemente bagunçados pelo vento. A camiseta grudada no corpo pelo suor e a respiração ofegante. Eu podia sentir o cheiro de sua colônia misturada com suor.
Ele exalava confiança.
E eu estava muito ferrado.
Eu não queria tentar de novo. A rápida energia que avia me invadido antes da disputa se fora. Mas Luke insistiu, e eu sedi. No ouve disputa. No momento em que o cabo da espada de Luke atingiu a minha, ela saiu deslizando pelo chão.
Sorte de principiante. Foi o que disse um dos garotos de Hermes, e tenho que concordar.
***
Depois do caça bandeiras eu descubro que sou filho de Poseidon.
Okay, filho de Poseidon !? O que exatamente isso deveria significar ? Mas de uma coisa eu sabia desde de que me disseram que eu era um semideuses. Filho de Afrodite eu não era.
Eu nunca fiquei tão constrangido e corado em toda a minha vida quanto eu fiquei quando todas aquelas pessoas se curvaram pra mim. E no meio delas estava Luke que sorriu e piscou pra mim.
Meus deuses...que vergonha.
Agora eu tenho meu próprio chalé, mas fiquei chateado de ter que sair do chalé 11, estava até acostumado com os sorrisos maliciosos e pegadinhas. Roubar eles não me roubaram...afinal, eu só tinha a roupa do corpo, a caneta/espada e o chifre do minotauro.
- Ei My Lorde. - Diz Luke sentando ao meu lado na fogueira.
- Oi. - Digo meio sem jeito.
- Como se sente sendo o príncipe dos mares ? - Pergunta ele sorrindo.
- Sei lá...como eu deveria me sentir ?
- Não fasso a menor ideia, sou um semideus humilde. Filho de Hermes lembra ? Sem altezisses.
- Bom, ainda sou o mesmo Percy lesado, atrapalho e desajustado.
- Uh, esse Percy parece bom pra mim.
Não sei o que me fez corar mais, o que ele disse. Ou o sorriso malicioso. Talvez os dois.
- Oh...
- Te vejo por ai peixinho. - Luke beijou minha bochecha e voltou pra junto de seus irmãos.
E sorte a minha estar sentado. Porque minhas pernas estavam igual geleia, se tivesse em pé. Eu teria caído de cara no chão.
***
Advinha quem vai na primeira missão ?
Eu.
Estou empolgado ?
Não.
Mas se tem que ser feito. Que seja.
Confesso que estou bastante nervoso. A única coisa que meu deixa mais calmo é que Grover e Annabeth também vão.
Quando estávamos de saída Luke veio correndo até nós.
- Ei. - Ofegou ele. Tão lindo. - Ainda bem que alcancei vocês.
Annabeth corou como sempre aconteceu quando Luke estava por perto. E bom, eu também corei.
- Só queria desejar boa sorte. Disse ele para mim. - E pensei...ahm que sabe, você poderia usar isso.
Ele me entregou os tênis, que pareciam bastante normais. Tinha até cheiro de normais.
- Maia! - Luke diz.
Asas brancas de ave bateram dos calcanhares, deixando-me tão surpreso que os deixei cair. Os tênis bateram as asas no chão até que estas de dobraram e sumiram.
- Impressionante. - Disse Grover.
- Sim, ei Percy. Podemos falar a sós ?
Fiquei super sem graça mas assenti e nos afastamos de Gorver e Annabeth que me fulminava com o olhar.
Eu não sabia o que dizer. Já era bem legal o fato de Luke vir se despedir. Tinha receio de que ele estivesse magoado comigo por ter ganho tanta atenção nos últimos dias. Mas ali estava ele, com um presente mágico...Aquilo me fez corar.
- Ei cara...obrigado.
- Escute, Percy... - Luke parecia sem graça. - Todos esperam muito de você. Então, apenas...mate alguns monstros por mim okay?
E então ele fez a última coisa que eu esperava. Ele segurou meu rosto e me deu um selinho.
***
Luke me beijou, Luke me beijou. LUKE CASTELLAN ME BEIJOU.
Era tudo que passava pela minha cabeça enquanto saímos do acampamento. Eu estava tão confuso. Eu só tinha doze anos e minha vida estava virada de cabeça pra baixo. Eu estava com tanto medo, eu só queria a minha mãe.
- Você está bem Percy ?
- Sim Grover. - Na verdade eu não estava não. Só queria me encolher num canto e chorar como a criança que eu sou.
Eram tantas coisas na cabeça, e ainda tinha Luke. Por que ele me beijou ? Tudo bem foi só um selinho, mas ainda sim...Por que ? Ele era lindo, alto, loiro, confiante. No alge dos seus dezessete anos. E eu...eu era um desajustado que agora tinha fama de ladrão.
Quando tudo isso acabar, eu vou precisar de terapia.
***
Finalmente acabou. Mamãe recuperada, raio mestre devolvido, pai conhecido e...coração despedaçado. Luke era o ladrão, eu não conseguia acreditar. Ele parecia tão gentil, tão amigável e prestativo. Foi uma grande decepção.
Agora aqui estou eu, andando pelas ruas de Manhattan. Quando sinto alguém puxar meu braço.
- Luke. - Meu choque logo vira raiva e volta ser choque. Luke estava...vivo.
- Olá peixinho...
- V-você está vivo.
- É, quando for afogar seu oponente, sertifique-se de que essa pessoa, não saiba nadar. - Ele sorriu com seu tipico sorriso malicioso e chegou mais perto.
- O que você quer Luke ?
- Queria que você se juntasse a mim. Você seria um aliado em potencial Percy.
- Eu nunca faria isso.
- Nunca diga, dessa água não beberei baby. Mas de qualquer forma... - Luke aproximou seu rosto do meu e selou nossos lábios num selinho demorado. Eu não soube como agir, esqueci como me mover e como se respira. - ...A gente se vê por ai...peixinho.
Ele piscou e subiu na multidão de pessoas que andavam apressadas pelas ruas de Manhattan. Me deixando pra trás com o corpo trêmulo e o coração e a cabeça a mil. Eu sabia que não seria a última vez que eu veria Luke. E tinha a sensação que nossa próxima encontro não seria tão amigável. Tal pensando fez meu coração apertar. Não era assim que eu imaginava um amor de verão.
Por que de todas as pessoas eu tinha que ter um amor por Luke Castellan ?
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