— DIA 1 —
Era um dia anormalmente frio para a primavera, mas isso não era ruim, Todoroki sempre gostou do frio.
Desceu do trem, junto de mais algumas dezenas de pessoas, e partiu a passadas largas até a agência, onde deveria estar em exatamente vinte e um minutos.
Não era longe da estação, mas como o caminho lhe era desconhecido, se permitiu prestar atenção aos detalhes: um gato laranja admirava a rua da janela de um apartamento, uma árvore dava seus primeiros sinais de vida após o rigoroso inverno, anunciando flores rosadas, uma senhora saía de uma cafeteria com um pacote de rosquinhas em mãos e, por fim, a cafeteria.
Era simples e muito estreita, parecia quase espremida entre uma loja de calçados e um conjunto residencial. Era pintada de um bege sem graça, mas possuía um letreiro caprichoso próximo à porta, destacando os preços de diferentes produtos.
Lembrou-se então que não havia tomado café da manhã naquele dia, preocupado em se apressar para pegar o trem correto. Como um lembrete tardio, seu estômago remexeu, infeliz.
Conferiu o relógio, confirmando que possuía ainda dezessete minutos para chegar em sua agência. Relaxou os ombros e rumou para a cafeteria.
Abriu a porta e ouviu a típica e irritante sineta soar, indicando um novo cliente. De imediato, uma menina surgiu, devia ter aproximadamente a sua idade e, se pudesse ser descrita por uma única palavra, essa seria "comum". Tudo em seu rosto era extremamente normal, desde seus cabelos escuros até o nariz levemente achatado.
O sorriso que abriu, porém, era enorme e convidativo.
— Bom dia — ela cumprimentou, muito feliz —, do que gostaria?
— Um café, bem quente e sem açúcar, por favor — pediu o jovem, se apoiando suavemente no balcão. Lançou um olhar rápido para os bolos e tortas na vitrine, porém acreditava estar cedo demais para algo tão doce.
— Vai querer leite? — a atendente questionou gentilmente. Todoroki apenas sacudiu a cabeça negativamente — Chantilly?
— Não. Só o café mesmo — respondeu, talvez mais seco do que o planejado, uma vez que a garota comprimiu os lábios e desviou o olhar.
Ela era rápida, o que Todoroki apreciou, menos um um minuto depois ela lhe entregou o café em um copo grosso, que lhe impediria de queimar a mão.
O jovem não esperou que a moça lhe dissesse o preço, deixou sobre o balcão o valor do café e uma pequena gorjeta, e saiu para a rua fria. Sem grandes expectativas, levou o copo de café muito quente até os lábios e arregalou os olhos levemente.
— Puta merda — deixou escapar, olhando admirado para o copo.
Aquele era o melhor café que já havia tomado em sua vida.
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