Toshi quando dá por si está nas ruas de Edo.
Um longo suspiro escapou pelos seus lábios, nada de bom acontece quando se deixa as crianças de Yorozuya trazerem brinquedos para a sua casa de chá. Num momento estás a falar com uma das Gueixas e noutro um objeto bate nele, assim do nada ele está ali. Uma parte de si tem certeza que ouviu Gin gritar o seu nome para se desviar, já que este compreendia e respeitava as suas regras no seu espaço.
Sem saber ao certo o que está a acontecer ao seu redor, já que Gintama é muito estranho para ele conseguir adivinhar o que a porra do objeto que lhe atingiu fazia, Toshi começou a caminhar pelas ruas. Se ele não estivesse enganado, a sua casa de chá não era longe, mas as ruas pareciam um pouco estranhas a seu ver, então a ligeira dúvida fica em si.
Os seus cabelos longos negros amarrados num rabo de cavalo balançam, um dos braços dele descansa ao peito apoiado no seu Kimono negro que possui detalhes brancos pelas pontas de uma forma elegante, o outro braço está com atenção ao seu Kiseru, ao qual leva aos seus lábios e dá uma longa tragada e a sua cintura está enfeixada com longas tiras brancas. Libertando fumo para o ar e observando os arredores, sempre calmo, com postura e movimentos elegantes.
— Onde está a minha casa de chá? — Resmungou levando o seu Kiseru mais uma vez à boca. O mundo o odeia, só pode. Dizer que ele estava a ficar com uma dor de cabeça era um eufemismo.
Quando ele chega ao lugar onde deveria estar a sua casa de chá, ela não está lá, no seu lugar está um café normal, como se o seu precioso estabelecimento nunca tivesse existido.
Parando para pensar com mais calma ele tenta analisar as coisas, as ruas estão ligeiramente diferentes, depois de ele abrir a sua casa de chá as lojas circundantes tornaram-se um pouco mais refinadas para tentarem competir com ele, mas aqui nada disso estava presente. No entanto ele estava em Edo, na mesma rua onde deveria estar o seu estabelecimento.
Só duas opções lhe vêm à cabeça:
1) Ele está numa daquelas fanfics de viagem no tempo;
2) Ele está numa dimensão paralela à dele (que também é uma fanfic).
E ok, talvez é a coisa mais estranha que lhe aconteceu, mas já lhe aconteceu coisas muito estranhas. O que ele precisa de fazer é manter a calma e tentar resolver o problema, em Gintama nada parece ter prazo de validade para além da sua maionese, ou seja, ele não voltará a onde deveria estar se não fizer nada, já que isto de certeza que não é um Quirk.
Porém, certamente isto foi obra do objeto misterioso que lhe acertou. Assim sendo, a opção de viagem no tempo é ridícula, o objeto era pequeno demais para ser um microondas. A única opção que sobra é que ele está num universo paralelo e sem o objeto com ele o mais provável é que tenha que ser Yorozuya a resolver o problema da sua dimensão.
Bem, que seja.
Ele só espera que Gin não mate nenhum dos seus filhos, Kagura é uma menina adorável e Shinpachi é um bom ajudante.
Chegando à conclusão que ele não pode andar pelas ruas indefinidamente e desarmado, sem nem saber como é o seu eu desta dimensão, ele faz o que o mais sensato. Procurar um local que vai compreender a loucura de viagem entre mundos paralelos.
Como Toshi sabe que não vai ter sorte em encontrar o Rick, ele vai para a segunda melhor opção.
— Só espero que o escritório esteja no mesmo sítio. — Assim, em passos leves, ele caminha pelas ruas de Edo, que não conhece assim tão bem, e tenta encontrar Yorozuya.
Provavelmente o único local insano o suficiente para acreditar na história dele. E talvez eles possam encontrar o seu eu desta dimensão. Ele está curioso. Conhecendo-se provavelmente ele vai ter um ataque cardíaco quando vir outro de si. Ou talvez não, quem sabe?
Toshi anda pelas ruas com destreza, evitando que qualquer um da Shinsengumi o veja, mais por hábito do que outra coisa, Sougo tem tendência a tentar matá-lo se ele tiver fora do seu estabelecimento, para preservar a sua vida, todos os homens de preto devem ser evitados. Pelo menos a Shinsengumi não tinham nomes de bebidas alcoólicas, isso seria estranho.
Os seus olhos se deparam com o prédio que ele procura e ele não consegue evitar o olhar afeiçoado. Gin, apesar de preguiçoso, realmente gosta da Yorozuya, então isso meio que o deixa com um certo calor no peito. Levando o Kiseru aos lábios, faltando poucos passos para chegar ao escritório, os pensamentos o inundam. Será que Gin e o ele deste universo se conhecem? Será que eles se dão bem? Será que o eu dele já disse os seus sentimentos pelo Gin deste universo?
Por que ele tem certeza de uma coisa: Não importa onde, quando ou como, ele sempre acabaria por se apaixonar com Gin.
Ao subir as escadas e ficar de cara com a porta, respira fundo antes de tocar à campainha.
— Pode entrar! — As três vozes cantaram em uníssono. Sendo que duas delas são totalmente desinteressadas e uma meio atrapalhada, provavelmente Shinpachi estava a tentar arrumar um pouco as coisas para o local não parecer tão mal para o cliente, que era ele neste caso.
Com pena do garoto, ele entra devagar, para este até poder chegar à cozinha e colocar a água do chá a aquecer. Quando ouve finalmente Shinpachi se sentar no sofá, com um sorriso pequeno, ele entra na sala.
— Desculpem pela interrupção. — A fumaça escapa dos seus lábios enquanto ele move o Kiseru de forma lenta para olhar os ocupantes. — Eu tenho um serviço.
Os três olham para ele com os olhos arregalados e com a boca no chão, Gin acompanha os seus movimentos com atenção, especialmente quando passa por Sadaharu e faz um carinho sem ser mordido. Sem mais delongas, ele se senta no sofá de frente para os três.
— Por favor, eu sei que isto é um anime clássico, mas já não estamos no princípio de 2000, essas expressões são muito exageradas para 2019.
— Ei! Todo o anime da JUMP tem os seus shounen com expressões exageradas, Oogushi-kun! — Gritou Gin fazendo uma face de desprezo apontando-lhe o dedo. A sua testa se enruga, Gin tem a mania de dar apelidos a todos, mas nunca fez isso com ele.
Bem, ao que parece eles não são próximos.
É uma pena.
— Boa observação, Tanaka-kun. — Respondeu dando um sorriso que faria Sensei ter inveja, a forma como Gin reage é o suficiente para Toshi perceber que Gin já entendeu um pouco da situação.
— Hijikata-san! Logo você! Nós vamos ser processados, nós já não aguentamos mais processos Hijikata-san! — Lamentou Shinpachi correndo para a cozinha para preparar o chá.
— Não te preocupes, isto é uma fic. Podes referir até a Marvel e não ser processado. — Levando o Kiseru aos lábios apreciando o movimento delicado e em como o Gin observa de forma perturbada este mesmo. É divertido mexer com este Gin, o seu já aprendeu a disfarçar quando o observa.
É meio adorável ver da forma mais crua o quanto Gin gosta de gestos mais delicados.
— Tu não és o Oogushi-kun. — Afirmou Gin fazendo Kagura olhar para ele de forma estranha, até agora a garota parece que está a observar um jogo entre a Karasuno e Aoba Johsai.
— Ding-ding-ding. Tanaka-kun. Mais um nível para chegar aos 50.000! Quer apostar ou ficar por aqui? — Questionou ironicamente, arrancando um sorriso de canto de Gin, este estreita os olhos na sua direção.
— Eu sempre fui um apostador. — Oh, é fofo que ele pense que isso resulta com ele.
— Tu és um clone, aru?
— Boa aposta, líder. — Gin arregala os olhos com o apelido, afinal para além dele a única pessoa que o usa é Zura, talvez aqui ele não use esse apelido, talvez ele não conheça Zura, já que ele nem está próximo de Gin. — Mas desces-te três níveis, deverias ter usado um joker. Vamos à próxima pergunta? — Ele pisca o olho para os dois, e talvez ele esteja a exagerar, normalmente ele não é assim tão atrevido, mas este Gin não sabe lidar com ele…
… E ver o ligeiro corado no seu rosto é sempre adorável.
— Ok, ok, chega de jogos. — Suspirou Gin se recostando no sofá enfiando o dedo no nariz, o que fez Toshi franzir o rosto, Gin tinha se livrado desse hábito durante a adolescência, ele fez questão disso, é triste ver que ninguém fez o mesmo. — Quem és?
O Kiseru é levado aos lábios, Shinpachi voltou com o chá e sem mais demoras pegou a chávena com as duas mãos, porém os seus instintos lhe disseram para discretamente cheirar o chá tentativamente antes de o beber, certos hábitos da guerra são difíceis de morrer. Gin parece reparar nisso, porém só o brilho muito discreto de curiosidade passou naqueles olhos mortos.
— Ao que parece, eu sou como se fosse o Peter Parker. O Ultimate Spiderman. Uma versão de Toushioru Hijikata de outro universo, só que melhor. — Os três pareciam demasiado chocados para falar, antes que o choque passasse, o que certamente aconteceria, ele continuou a falar. — Esta manhã estava no meu estabelecimento, uma casa de chá, muito obrigado por perguntarem, quando um objeto do trio Yorozuya me atingiu. Como não foi uma cabine telefônica azul, tenho a certeza que não viajei no tempo. Algumas coisas são diferentes, mas não tanto ao ponto de estar no futuro muito menos no passado. — O Kiseru balança por entre os seus dedos, Gin parece um pouco distraído depois com o ato. — E os únicos doidos que certamente iriam acreditar em mim seriam vocês, Yorozuya.
Os três encolheram os ombros. — Verdade.
— Queres ajuda para voltar? — Shinpachi perguntou solenemente, Toshi deu-lhe um sorriso gentil que pareceu o deixar muito em choque. Wow, o seu eu daqui deve ter deixado uma impressão muito horrível se nem sorrir ele é capaz.
— Impossível.
— Calma! Nós não podemos acolher mais ninguém! Já temos duas bocas que comem por dez! Gin-san não tem dinheiro nem para a JUMP desta semana! — Reclamou Gin e ao fundo ele já ouvia Shinpachi entrar em pânico.
Suspirando alto e passa a mão pelo seu rabo de cavalo, como um tique nervoso, ele não quer ficar eternamente aqui, obviamente. As coisas entre ele e Gin finalmente voltaram a ficar bem depois de tanto tempo e ele não está disposto a abdicar disso, ele gosta deste Gin, mas o seu Gin sempre será o seu…
… Ele tem a promessa no dedo mindinho para provar.
— Obviamente que não vou ficar eternamente, mas não posso voltar por conta própria, pois o objeto misterioso está do outro lado. — A fumaça enche o ar. — Tenho a certeza que daqui a algumas horas voltarei. Se Gin não começar a correr como uma galinha sem cabeça de um lado para o outro e se os seus filhos não forem assassinados por ele no processo.
Kagura olha para ele desconfiado. — Tu também tens um Gin-chan?
— Não! Eu tenho um Gin-chan, tu tens um Tanaka-kun! — Respondeu Toshi com uma face sábia que fez Kagura refletir por momentos.
— Oy! Não lhe ensines coisas estranhas, Hijikata-san! — Gritou Shinpachi. — Gin-chan ainda é Gin-chan, Kagura-chan. Não confundas. — Tentou dizer calmamente, porém a menina olhou para ele em desagrado.
— Não fales como eu fosse um bebé, Megane! — E chutou-o.
Pelo menos isso era normal.
— Tu disseste que era um serviço certo? — Toshi concordou com desinteresse. — A quem eu devo cobrar se depois vai desaparecer? — Perguntou seriamente com intensidade, fazendo qualquer personagem interrogador das séries de policiais ficarem com vergonha. Será que ele já participou em alguma série do CSI? Ele sinceramente prefere Criminal Minds, mas a qualidade decaiu tanto nos últimos tempos, tal como aconteceu com Castle.
— Cobra do meu eu daqui. Os Hijikatas têm que estar unidos. — Com desinteresse ele encolhe os ombros e continua a fumar como se nada fosse.
O Gin olha para ele como se ele fosse algum tipo de Deus, o que é estranho, pois Buda e Jesus também têm problemas como pagar o aluguer da casa. Como se ele fosse desaparecer do nada agarrou a sua mão e olhou com adoração e intensidade exagerada, ele até se ajoelhou à sua frente como se fosse Hamilton e ele a Eliza.
— Por favor, fica.
Antes que pudesse impedir um riso escapa dos seus lábios, tornando-se numa gargalhada contida pela costas da mão que não está a ser agarrada por Gin. Os olhos de Gintoki se arregalam ao olhar a sua face e ele meio que não consegue evitar o olhar carinhoso demais que ele lança que Gin.
Sem conseguir evitar ele fecha o punho e bate na cabeça de Gin suavemente, Sensei normalmente usava força o suficiente para partir um crânio, porém intenção é que conta. Gin olha para o chão com os olhos arregalados, até que levanta a face e olha o sorriso de Toshi, tão semelhante ao do Sensei.
Por puro instinto, Gin leva a mão onde Toshi lhe bateu, como se tentasse entender o que realmente acabou de acontecer.
— Yare, yare. — Solta suavemente. — Tanaka-kun, és mais parecido com o meu Gin-chan do que eu pensava.
Quebrando a atmosfera, Kagura senta-se ao lado dele, foi estranho, Kagura que ele conhece é mais desconfiada e infantil, porém esta parece ser muito movida pela curiosidade e ele é algo totalmente novo vindo de outro mundo, literalmente.
Ele não culpa a mais nova, é bom aproveitar a infância. A Sakura não teve tanto tempo para a aproveitar, mas vendo bem, ela tinha um monte de gente para a ajudar. Se ele tivesse um Yue, ele também faria o que ela fez. Oh, agora que ele está a pensar, talvez ele tenha algum fetiche por pessoa de cabelo de prata! Interessante...
— Fala mais sobre o teu universo! Estamos todos lá? Gin ainda tem a perm? Megane ainda é um par de óculos que usa um humano? Eu sou mais alta? O sádico está morto?
As perguntas continuam a vir de forma descomunal, Gin parece se afastar dele para se sentar no sofá novamente e Shinpachi não fez nenhum movimento para a parar, ou seja, os dois estão curiosos e estão a se aproveitar da inocência da garota!
Opah, esta frase parece um pouco errada...
— E se eu contasse uma história em vez? É uma história muito popular de lá. Posso até posso fazer a voz misteriosa do mercador do Aladdin. — Deu um sorriso de canto vendo os olhos de Kagura brilharem com a perspectiva.
— Ele está a fazer referências da Disney! Estamos acabados! — Gritou Shinpachi.
— Isto é uma fic, Patsuan! Uma fic! — Respondeu Gin, mais para tentar se confortar do que a Shinpachi.
Aproveitando o momento, Toshi dá uma longa tragada.
— Muitos anos antes da Guerra chegar, dois garotos se conheceram. Um viva nas ruas. O outra era filho de uma prostituta conhecida da aldeia. — Kagura parecia encantada com o início da história, ele sabia como hipnotizar bem aquela garota, especialmente com a narrativa exagerada dele. Shinpachi parecia interessado. Mas Gin… Gin parecia saber o que ele estava a dizer. — O rato de rua entrava em muitas batalhas e magoava muita gente. O filho da prostituta foi amado pela mãe, porém aos olhos dos outros, ele sempre seria uma desgraça. — O cheiro a tabaco enche o quarto. — Os dois foram desprezados, mas foi isso que os uniu.
— Os Humanos são burros.
— Muito burros. — Concordou Toshi. — Se algum dia morrermos por causa de um sistema de julgamento superior, não vou ficar admirado.
Respirando fundo ele olhou nos olhos de Gin e sorriu ligeiramente, ele devia muito a Gin. — Eles tornaram-se grandes amigos. Mas um dia a prostituta morreu e o filho dela foi levado para longe, pois ele era filho bastardo de um fazendeiro rico, que morrera recentemente também, mas quando o seu filho mais velho ficou a conhecer da existência do seu irmão, ele o adotou imediatamente.
— E o amigo? — Questionou Gin rapidamente.
— Eles se encontraram de novo. — O Kiseru foi levado ao lábio e dali não saiu mais. — O irmão mais velho permitiu que o seu irmãozinho visse. Eles estavam bem. Até ao incidente.
Dramaticamente, como num anime de terror clássico como Another, ela engoliu o seco. — Que incidente?
Toshi deu-lhe um olhar intenso, para entrar no ambiente que Kagura estava a criar, criar ambiente era divertido mesmo quando não era necessário. — Uns bandidos atacaram a fazenda e cortaram os olhos do irmão mais velho, para se defender, o filho bastardo pegou numa das lâminas. — A emoção escorregou da sua voz. — Antes que percebesse tinha matado todos os bandidos.
— Então, ele foi um herói? — Questionou Shinpachi.
— Nem todos vêem a mesma situação com os mesmos olhos. — Respondeu Gin cortando rapidamente a pergunta de Shinpachi.
— Sim, os adultos podem ser cruéis. Eles olharam a criança como um monstro e o irmão mais velho em recuperação não pode fazer nada para impedir a negligência.
— O amigo… — Soltou Gin.
— O amigo foi o seu salvador. — Os seus olhos voltam a ter foco e com um sentimento para além do carinho ele fita intensamente Gin. — Quando o bastardo contou o que estava acontecer ele sugeriu fugirem juntos. Eles não têm nada nas costas, simplesmente uma lâmina para os proteger, que futuramente se tornaram duas. — Gin permanecia com o mesmo olhar, aquele olhar de peixe morto igual ao do Nemo quando tenta fugir do aquário. — Mas eles estavam juntas, tinham alguém que poderia colocar um sorriso no rosto. Isso era o bastante para eles.
Um silêncio pesado se formou no ambiente, ele estava a chegar na parte que ele não sabia como iria falar. É sempre um assunto delicado, na sua dimensão ele está lá para Gin, mas aqui, ele ainda nem viu o seu eu e ao que parece ele não é nenhum anfitrião do Host Club da Academia Ouran.
— Um dia eles encontraram um homem, ele estendeu a mão para os dois. Partir daquele dias as coisas não foram mais as mesmas. Os dois amigos fizeram uma promessa, um tornar-se-ia Hokage e o outro o Rei dos Piratas, juntos foram em muitas jornadas e ficaram presos em jogos online, derrotando inimigos com Kamehameha e fogo azul, porque no futuro o rato de rua descobre que é filho de Satã! Fim! — Shinpachi olha para ele sem acreditar já Kagura limpa a lágrima que está no seu canto do olho.
— Que história linda!
Toshi sorri secretamente, uma pequena inclinação no canto dos lábios, ele não deu muitos detalhes, mas a sua história de infância com Gin não era a mais bonita, existia sangue demais nas mãos de duas crianças, porém era a sua história, se ela leva-se ao seu presente com Gin, ela era perfeita. No entanto, era bom ouvir isso da boca das outras pessoas.
Gin e Toshi evitam falar sobre aqueles tempos, existe pouco orgulho da parte deles em suas ações, por isso é que Gin tenta dar o melhor que consegue para Shinpachi e Kagura, por mais que diga que não se importa. Na realidade, o seu Gin vê as duas crianças como uma pequena família que ele não teve oportunidade de ter.
Do nada, Gin bate palmas chamando a atenção de todos. — Ok, ok, vamos. — Levantou-se dirigindo-se à porta. — Eu vou levar o Peter Parker para o Peter B. Parker e vocês dois vão fazer o trabalho que tínhamos para hoje!
— Não é justo, aru! Por quê tu vais te divertir e nós temos que entregar a carta de uma criança à polícia!
Shinpachi suspira profundamente. — Não é uma criança. É o KID.
Kagura olha para o adolescente de óculos com ar trocista. — Oh, Megane. És tão burro que nem sabes o significado de kid?
Enquanto a discussão desenrolava, Gin colocou o dedo no ouvido com face de peixe morto e continuou a andar em direção à porta, sem se preocupar com a conversa agressiva entre as crianças. — Vamos.
Ignorando os gritos que protestavam atrás deles, ambos saíram numa caminhada lenta pelas ruas de Edo, muitas vezes Toshi fazia alguns desvios estranhos para evitar a Shinsengumi, porém sempre mantendo o caminho que Gin estava a traçar. Chegou a uma altura que este ficou desconfiado com as ações.
— Oy, oy… Não me digas que és um terrorista no teu mundo. — Lamentou este sem sequer colocar um olhar sobre ele.
— Estou demasiado ocupado com a minha casa de chá para isso. No entanto, existe um pirralho da Shinsengumi que é incrivelmente esforçado em tentar me matar. É adorável, até certo ponto. — O Kiseru é levado aos lábios, sempre mantendo a sua postura perfeita e braço a descansar ao peito, tal como Gin fazia.
— Uma pena, estamos a ir para a sede deles.
Num momento ele se engasga. — Merda, o meu eu daqui aceitou a posição de Vice-Comandante?
Gin arqueia a sobrancelha para ele. — Não aceitaste?
— Porque deveria? O governo é corrupto. É demasiado trabalho se nem conseguimos proteger as pessoas. — Deu de ombros olhando o horizonte. E eu estou cansado de lutar.
— Por isso é que não tens a tua espada...
— Eu diria que durante dez anos não peguei nela. — Gin parece tenso ao seu lado. — Mas estamos em Edo. — Encolheu os ombros. — É uma cidade complicada.
O silêncio se estabelece entre eles, ele sabia que Gin pediu às crianças para irem fazer o outro trabalho porque queria ficar a sós com ele, porém este não parece encontrar o momento certo para falar o que deseja. Toshi não é um sádico, por isso custa-lhe ver o homem que ama, mesmo que fosse de outra dimensão, em tal estado.
— Podes perguntar. Eu não levo a mal.
Gin para no meio da rua, porém Toshi continua a caminhar sem se importar.
— Sensei…
— Está morto.
Gin anda em passos lentos até ele dando uma risada seca. — Acho que certas coisas não mudam.
— Sim… — Concordou silenciosamente. — Como eu sou?
— Menos bonito.
Soltando uma pequena risada Toshi concorda. — Vendo como Shinpachi ficou chocado quando sorri, já tinha chegado a essa conclusão. Mas, diz-me, como eu sou?
— … Sério. — Resmungou entre dentes. — Viciado em maionese. Chato. Resmungão. Dono da verdade.
— Yare, yare, Tanaka-kun, és um tsundere? — Perguntou Toshi sorrindo sarcasticamente, fazendo Gin dar uma careta na sua direção.
— Não, Não, não e não. Nem pensar.
— Vá lá, admite. — A fumaça vai contra o rosto de Gin. — Sou só eu, vou embora tarda nada. — Um pequeno sorriso maroto escorrega dos seus lábios. — Podes dizer que gostas dele.
— Nop. Não estou a ouvir. Lálálálálá. — Gin tapou os ouvidos e começou a cantar em alto e bom som.
— É uma pena. — Encolheu os ombros. — Tenho a certeza que ele gosta de ti.
— O quê!? — Gritou chocado.
— Certas coisas não mudam. — O rosto de Gin estava muito engraçado, o vermelho no rosto e os olhos arregalados ficam-lhe bem.
Eles estavam a poucos metros da sede da Shinsengumi, quando Gin coloca a mão no seu ombro com o objetivo de parar, porém sente uma enorme concavidade por debaixo da sua mão, retirando ela de lá como se tivesse a pegar fogo. Toshi não dá indícios de estar incomodado com a situação, na realidade parece que qualquer emoção escapou do seu rosto.
Gin luta contra a situação silenciosamente, no entanto Toshi também não faz nada impedir que esta se desenrole de outra forma. Os dois esperam que o outro diga algo, porém a espera é enorme, fazendo Toshi agir.
— Sim, Tanaka-kun?
— Nada. — Ele dá passos em frente, falando com as pessoas do portão que o deixam passar com poucas palavras.
As pessoas continuam a chamar Gin de “Danna”, tal como fazem na dimensão dele. É bom ver que realmente tem coisas que não mudaram, porém uma das coisas que ele gostaria que não tivesse mudado é o fato nojento dos hábitos de infância de Gin estarem tão presentes. Eles são nojentos demais. Quando chegar a casa ele vai ter a certeza que obriga Gin a desinfetar as suas mãos só pelas dúvidas.
As pessoas do quartel o olham com confusão, porém não é por isso que Toshi muda a sua postura. Ele mantém a cabeça erguida, os seus passos são decididos e firmes, o seu rabo de cavalo balança levemente a cada movimento, e tudo isto vem uma graça que ele adquiriu e treinou ao longo dos anos.
Pelo menos ninguém pareceu chocado quanto ao facto dele fumar, apesar de estranharem o Kiseru.
— Oogushi-kun, tenho uma encomenda para ti. — Falou em alto e bom som Gin antes de entrar pela sala sem mais cerimônias.
Dentro desta sala está um homem de cabelos curtos que fuma um cigarro grosseiramente, as bolsas por debaixo dos olhos são muito escuras e a pilha de papéis que este trata é muito alta. Agora, esta é a prova na sua frente que ele tomou a decisão certa em não aceitar o trabalho.
Quando o seu outro eu coloca os olhos em cima de si, ele parece que vai ter um ataque cardíaco, o que em parte é engraçado, mas Deuses e Cavaleiros, a sua boca não pode ficar fechada.
— Eu pareço uma merda. Quando foi a última vez que dormiste, Oogushi-kun? — Questionou Toshi se aproximando rapidamente do seu outro eu embalando o rosto por entre as suas mãos. — Que olheiras… Estás a querer morrer de cansaço? É uma morte muito lenta e dolorosa, mais vale deixares o pirralho te acertar com uma bomba em vez disso. Eu sou um masoquista aqui? — Ele se afasta deste e se senta ao seu lado. — Yare, yare, eu sabia que o trabalho de Vice-Comandante seria uma bosta, mas sério que Kondou te deixou com toda a papelada? Deverias ser mais rígido com aquele gorila.
No fundo ele conseguia ouvir Gin a tentar conter as risadas, sinceramente a face de Oogushi-kun parecia muito cômica neste momento.
— Estou drogado?
— Essa é uma boa hipótese, mas tu ainda não começaste a dizer Banana Fish, então acho que não. — O Kiseru foi até aos seus lábios. — Eu sou tu, Oogushi-kun, mas de um universo paralelo que uma autora de fanfic, sem nada melhor para fazer, criou. Pedi aos Yorozuya para cuidarem de mim até os Yorozuya do meu universo virem-me buscar. — Fez uma pausa para fumaça escapar dos seus lábios. — A conta fica para ti, é claro.
— Oy!
— Ajuda o teu outro eu em dificuldades, Oogushi-kun. — Lamentou num tom irônico.
— Esse não é o meu nome. — Resmungou se sentando frente a frente com Toshi.
— Mas o Tanaka-kun. — Apontou para Gin que se vinha sentar de lado, para observar a conversa como se fosse um jogo de ténis. Ele obviamente que era o Roger Federer. — Chamou-te Oogushi-kun, e como nós dois temos o mesmo nome, assim é mais fácil de distinguir. — oshi senta-se melhor, vendo que todos estavam se preparando para alguma conversa estranha, as suas pernas e costas estão perfeitamente colocadas, assim ele se inclina no tatami com respeito para o seu outro eu e se levanta com um pequeno sorriso no rosto, um sorriso que se baseou na memória de Sensei. — No meu mundo, os meus amigos mais próximos chamam-me de Toshi, por favor não façam isso. Estou bem com Toushirou.
Oogushi-kun leva um cigarro à boca. — Parece que eu sou desagradável nesse mundo.
Toshi não resiste ao riso, ele não estava ofendido, ele sabe que é desagradável, a sua personalidade mudou muito ao longo do tempo e estando a trabalhar constantemente na sua casa de chá, ele procurou referências na sua vida para conseguir lidar com as pessoas, os sorrisos passivo-agressivos de Sensei foram a sua melhor opção. Talvez ele seja um pouco chato, mas a autora sabe muitas referências para ele usar, possivelmente isso torne o seu personagem um pouco mais divertido.
— Oogushi-kun, posso fazer uma questão um tanto pessoal? — Toshi perguntou, como se o anterior sorriso nunca tivesse existido, levando o Kiseru aos lábios, este objeto faz os olhos de Oogushi-kun se arregalaram.
Tendo a garganta seca e focada no objeto este concorda simplesmente com a cabeça.
— Enquanto a mãe estava viva, tinhas algum amigo? — Questionou Toshi calmamente, enquanto espera que a resposta do Vice-Comandante.
Este pareceu pensativo por momentos e igualmente tenso por tentar desenterrar memórias daquele tempo. — Acho que sim…? — Respondeu com alguma incerteza, Gin parece congelar ao seu lado. — Não me lembro muito bem, depois da morte da mãe o meu irmão veio buscar-me e os empregados não me permitiram sair da fazenda dizendo que daria má fama à família. Na altura eu não tive coragem de pedir ao meu irmão. — Oogushi-kun parecia realmente estar a se debater para relembrar das daquelas memórias.
— Yare, yare, acho que foi aí que as coisas ficaram diferentes.
— Como?
Toshi prende o Kiseru nos lábios e finge nas nas suas mãos têm uma fita métrica. — Quando Dipper estraga as coisas na barraca de jogos com Wendy pela primeira vez, mesmo com uma pequena mudança ele sempre obtinha o mesmo resultado, porém só quando ele faz a mudança “certa” é que ele conseguiu obter um resultado diferente, no entanto essa mudança influenciou o seu envolvente também. Na nossa vida, a mudança “certa” para mudar tudo era o encontro com esse amigo, porém tenho a certeza que existiram outros momentos chave ao longo do tempo.
— E o que mudou? — Questionou com curiosidade.
— Oogushi-kun! Não mordas mais do que consegues mastigar! Pede algo mais simples, como a bolsa do Doraemon! Talvez ela tenha a Jyuunen Bazooka, isso sim seria útil. — Sugeriu Toshi pegando o Kiseru. — Este é o teu lar, não te preocupes com o que poderia ter sido se fosse diferente. — Ele fechou os olhos por momentos suspirando. — Só deixa o cabelo crescer, ninguém vai-te criticar por isso. A menos que tenhas deixado de gostar.
Fazendo uma careta de desagrado, passou bruscamente a mão pelos cabelos negros, que ele notou que era uma versão do seu tique nervoso. — Vou pensar nisso. — Ele vai para pegar outro cigarro.
Toshi estende o Kiseru para a sua versão.
Este olha o objeto por alguns minutos, minutos que pareceram horas, até que ele agarra o Kiseru com as mãos trêmulas. Ele só o olha nas suas mãos, com tanto cuidado como se ele fosse de cristal, Toshi não consegue evitar a afeição que sente pelo seu eu naquele momento. Madeira avermelhada, metal dourado que perdeu ligeiramente a cor com o tempo, com detalhes florais e exóticos, que para complementar existe uma faixa vermelha transbordando elegância.
A sua mãe foi uma pessoa importante para ele, por ela morrer tão cedo, ele não tem muitas memórias com ela, porém sendo ela uma Oiran parece que ninguém quer ouvir o quanto brilhante ela era e por muito tempo ele manteve esse sentimento de admiração dentro dele.
— Como…?
— Umas coisas levaram a outras e eu consegui o recuperar. — Respondeu com calma. — Eu tenho uma casa de chá. — Hijikata o olha nos olhos com intensidade. — Tenho algumas Gueixas que gostam de trabalhar lá, muitas Maikos costumam aparecer para treinar. E eu faço a maioria das cerimônias do chá.
O aperto sobre o Kiseru aumenta ligeiramente, o suficiente para pegar e o levar aos lábios uma vez. Apreciando cada toque e movimento por aquela tragada, por momentos Toshi consegue ver a sua mãe neste.
Assim, ele entrega o Kiseru para Toshi.
— Obrigada.
— Nós Hijikatas temos que estar unidos, por isso é que vais pagar a minha conta, Oogushi-kun!
Suspirando como se o mundo fosse acabar, Oogushi-kun dá um pequeno sorriso, pelo canto do olho ele consegue ver o quanto a expressão de Gin suavizou com aquele discreto sorriso gentil.
“Yare, yare, Tanaka-kun… Já não tem mais volta para ti.” Pensou ele, porém Oogushi-kun, parecia nem reparar a forma como Tanaka-kun o olhava.
— Deverias comprar um. — Sugeriu Gin se intrometendo.
O Vice-Comandante bufou acendendo um cigarro. — Talvez.
Do nada um portal verde abre-se no meio da sala, Gin e Hijikata se levantam e se colocam em modo de batalha, o que Toshi acha um pouco triste, já que era óbvio que a solução do problema que a autora iria arranjar seria usar a arma de portais do Rick. Afinal, a procrastinação da autora em pensar na solução do problema do plot é grande demais.
Sendo assim, Toshi permanece sentado enquanto uma pessoa atravessa o portal com uma espada de madeira na mão, Oogushi-kun e Tanaka-kun olham a pessoa com os olhos arregalados. Tanaka-kun é o primeiro a baixar a sua própria espada de madeira, Oogushi-kun simplesmente a baixa por mero reflexo.
Gin não é diferente de Tanaka-kun em questão de aparência, talvez ele tivesse algum esforço para tentar domar os cabelos, mas não era algo que realmente fizesse diferença.
— Oy. Toshi, não estamos no futuro, né? Eu sei que a autora foi preguiçosa demais para encontrar outra solução para além de um crossover com Rick and Morty, mas a arma que usei é realmente para universos paralelos, né? Não estou a ser trolado, por favor diz que não estou a ser trolado. — Gin olha Toshi quase em desespero, assim ele se levanta e com a ponta do dedo baixa a espada de madeira.
— Sim, estamos num universo paralelo, idiota. Para de fazer tanto drama. — Revirou os olhos sentindo a sua dor de cabeça voltar.
— Mas Toshi, o teu cabelo está comprido novamente, eu não quero que o cortes curto outra vez. — Lamentou ele como uma criança.
— Sim, sim,... — O Kiseru é levado aos lábios e de seguida ele joga a fumaça toda no rosto dele. — Reclama o quanto quiseres aqui, quando chegarmos ao nosso universo, vais pagar.
— Quê? Toshi? O que eu fiz?!
Dando-lhe um olhar mortal ele bate com o punho na cabeça dele com tanta força que este se encolhe no chão como um prego. Gin do outro lado da sala parece que viu um fantasma. — O que eu falei sobre objetos misteriosos no meu estabelecimento?
— Não foi culpa de Gin-san! Eu não sabia que eles tinham encontrado aquilo na rua! — Lamentou mais uma vez, se levantando ignorando totalmente o galo que se formava na cabeça. — Desculpa, Toshi! Eu não queria!
Suspirando, ele dá costas para o seu Gin, escondendo o sorriso carinhoso que se formava no rosto. Ele olhou para as duas figuras que o observavam, Tanaka-kun estava novamente com o dedo no nariz e Oogushi-kun estava a acender um cigarro como se tudo fosse normal.
— Obrigada por cuidarem de mim Oogushi-kun e Tanaka-kun. — Curvou-se ligeiramente, fazendo com que os seus cabelos caíssem sobre o ombro.
— Oy! Não chames o meu outro eu com outro nome! Pensava que tínhamos uma boa relação entre nós! — Contrariou Gin infantilmente.
— Ele foi o primeiro a chamar-me de Oogushi-kun. E assim é mais simples de distinguir.
— Oh! — Soltou com os olhos de peixe morto. — Então, o meu outro eu é o Tanaka-kun e o teu outro eu é o Oogushi-kun. — Ele colocou a mão no queixo pensativamente. — Mas Tanaka parece nome de velho, porque não Shikamaru?
— Uma referência com demasiada inteligência. — Respondeu dando de ombros.
— Toshi, eu sei que estás ainda chateado com Gin-san, mas não sejas malvado, estás a magoar os meus sentimentos. — Do nada ele desvia o olhar para o seu próprio eu. — Tanaka-kun, para de colocar o dedo no nariz. Já não tens 15.
— Não reclames, tu só largaste o hábito porque eu e Sensei insistimos muito. — Toshi suspira, pois não quer fazer mais estragos ao fazer uma cena na frente dos outros pegando a espada de madeira para bater Gin.
Ele vira-se para o portal, dando um passo em direção a este, porém é interrompido. — Toushirou. — Tanaka-kun chamou, se aproximando dele em passos largos. Gin parece desconfiado, tal como sempre fica quando alguém se aproxima demais de Toshi, porém este fica estático por momentos a olhar Toshi. Hesitantemente, Tanaka-kun pegou na sua mão e a colocou na sua cabeça. Os olhos de Gin e Toshi se arregalam.
Toshi bate com força na sua cabeça, Tanaka-kun se encolhe com a força usada, porém esta não se parece nada com a força utilizada com Gin. A mão de Toshi está trêmula, Tanaka-kun olha para Toshi e vê os olhos azuis profundos aguados, porém ele dá aquele sorriso igual ao Sensei.
— Yare, yare… Gintoki, já não és uma criança. — Tanaka-kun congela com o tom de voz, a forma de falar, a preocupação genuína, é como se fosse alguém que o conheceu tempo todo, mas que nunca viu.
Tanaka-kun e Gin trocam olhares, como se fosse uma conversa silenciosa. Por cima do ombro de Tanaka-kun, Gin vê Oogushi-kun observar a cena com um pequeno sorriso nos lábios. Quando este se apercebe que Gin está a o observar, Oogushi-kun desvia a face, porém Gin vê como a ponta das orelhas ficam adoravelmente coradas.
Assim, Tanaka-kun se afasta, parando ao lado de Oogushi-kun, ambos silenciosos com a situação. Os viajantes de mundos se viram para o portal se aproximando dele.
— Ei. — Gin pega o seu pulso, fazendo Toshi olhar para ele. — Está tudo bem? — Questionou com preocupação genuína na voz, esta quase que parecia um sussurro e era tão suave e doce que fazia o seu coração bater como se ele fosse um adolescente num anime colegial shoujo.
— Sim. — Ele sorri e Toshi sabe que não é igual aos outros que ele ofereceu durante o dia, pois é um sorriso que ele só consegue dar a Gin.
E isso, como de todas as outras vezes, faz Gin entrelaçar os dedos da sua mão, ele consegue sentir o fio de cabelo no dedo mindinho deste tão igual da sua própria mão, e se aproximar do seu rosto, para no final beijar a sua testa delicadamente. Gin descansa a sua testa na dele olhando nos seus olhos com ternura.
— Estava preocupado.
— Eu sei.
— Oh, estás a interpretar Han-Solo agora, não tem problema, eu fico lindo num vestido. — Murmurou Gin brincalhão sem se afastar dele fazendo o rir, Gin tem aquele sorriso terno no rosto que só oferece para ele.
Sem resistir mais ele beija os lábios do seu amado num gesto rápido, mas ainda docemente, Gin retribui instintivamente ao toque. Do canto do olho ele vê o cigarro de Hijikata cair no chão da sua boca estar aberta em choque tal como a se Tanaka-kun.
Quando se afastam, ambos dão uma última olhada em ambos, ele vê o seu Gin dar um sorriso de merda a Tanaka-kun, provavelmente o provocando, porém ele próprio dá um sorriso flertante a Oogushi-kun que o faz desviar a cara de tão envergonhado que fica.
O seu outro eu é mesmo um tsundere.
— Vamos para casa. — Puxou Gin pela sua mão, Toshi segue sem hesitar, porém antes de partir ele sorri para os dois.
— Oh! Oogushi-kun e Tanaka-kun! — Ambos olham confusos para ele. — Vocês deveriam falar sobre os vossos sentimentos e depois fazer sexo. Não necessariamente nessa ordem. — O rosto de ambos pareceu entrar em combustão.
Antes que o circo pegasse fogo eles atravessam o portal, Gin ao lado dele está a rir escandalosamente. Eles estão de volta à sua casa de chá, porém sem ninguém lá dentro, provavelmente quando desapareceu Yorozuya decidiu fechar o local antes que mais algum desastre acontecesse.
Pelo menos uma coisa fizeram em condições.
— Por que fizeste aquilo?
Sem preocupações, com o Kiseru na boca, ele encolhe os ombros. — Certas pessoas precisam de um empurram.
Dois pares de braços o abraçam por de trás, fazendo os parecer aqueles casais lamechas que eles realmente são, mas não tanto quanto Wangxian, ele acha sinceramente que ninguém pode lhes tirar esse título. Gin pousa o seu rosto na dobra do seu pescoço e Toshi se apoia no tronco de Gin buscando mais contato deste.
— Felizmente já não estamos nessa fase. — E beijou-lhe ali mesmo.
Toshi calcou-lhe o pé o afastando com este aos gritos.
— Não penses que eu me esqueci. Tu vais sofrer Sakata Gintoki.
— Mas Toshi!
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