História Um Dos Únicos - Yaoi - "Verdade ou Desafio"

O céu estava lindo essa tarde. Me lembro que os pássaros cantavam do lado de fora da minha casa e não haviam nuvens no céu para ofuscar o brilho estonteante do sol. Eu sorri, sentindo a brisa em meu rosto, quando meu celular tocou.

- Ai que susto, praga! - Disse, atendendo. Era meu amigo, Mason. 

- Oi... Eh... Eu tô na casa de um... - Eu pude ouví-lo hesitar. - Conhecido. Você pode vir me buscar? - Ele perguntou. 

- Você tem pernas? - Eu perguntei com minha mais linda cara de tacho. 

- Tenho, ue. - Ele disse, inocente. 

- Então você pode ir sozinho. - Me preparei para desligar e começar a maratonar meu anime favorito, Boku No Hero, quando ele gritou.

- ESPERA! - Sua voz saiu meio aguda. Coloquei o telefone de volta no ouvido. - Eu não sei exatamente como chegar em casa. Quando meus pais começaram a quebrar as coisas em casa eu só corri pela rua até chegar aqui. Não sei o caminho de volta, você conhece essa cidade como a palma da sua mão! - Eu franzi a testa. - Eu te pago duas pizzas de calabresa.

- Tô indo, me manda o endereço. - Eu desliguei e esperei sua mensagem. O que que eu não faço por duas pizzas grandes de calabresa?! 

Ele me mandou a mensagem com a rua e o número e eu peguei minha bicicleta. Eu vivo andando na bicicleta com o Mason na garupa então não era nada novo pra mim levá-lo. 

É uma bicicleta vermelha meio velha mas que ainda é rápida. Cheguei no lugar onde Mason estava. A casa era de um tom neutro, meio verde, meio azul e tinha dois andares pequenos. Mason e um garoto de cabelos verdes que estava com a cara fechada estavam esperando na porta. 

- Até que enfim! - Ele chegou e me deu um abraço. Eu desci da bicicleta, a deixando na calçada e andei até o garoto mal-humorado. 

- E aí? - Eu disse, séria. 

- E aí. - Ele disse, igualmente sério. - Sua namorada? - Ele olhou para Mason, dando de ombros. Eu segurei o riso. 

- Não. - Não aguentei, dando uma risada alta. - Claro que não. - Ele disse, rindo também. 

- Vamo lá, Chiclete. - Eu voltei a olhar a bicicleta, com medo de que alguém a roubasse. 

- Bom, foi legal te conhecer. Eu... - Mason mordeu o lábio inferior. Ele costuma fazer isso quando está pensando. - Eu queria saber se não posso vir aqui amanhã. - O garoto de cabelos verdes pareceu se surpreender. 

- Sério? - Ele franziu a testa, desconfiado. 

- Uhum. - Mason deu seu típico sorriso fofo, o que fez o esverdeado corar quase que imperceptívelmente. Mas eu percebi. Ah, se percebi. 

Dei um sorrisinho de lado.

- Vou deixar os pombinhos se despedirem. - Eu pude ver Mason corar e me olhar com olhos indignados enquanto eu me virava de costas e andava até a bicicleta jogada no chão. 

O de cabelos verdes deu um risinho baixo e voltou a falar com Mason. Minutos depois o avermelhado andou até mim. 

- Você é doida? - Ele se sentou na garupa da bicicleta. Eu ri. - Ele é só meu... Quase-amigo! - Ele franziu a testa. 

- Eu tenho minhas dúvidas. - Eu coloquei força no pé direito pra que pudesse começar a pedalar e mover a bicicleta. Fomos metade do caminho em silêncio. Quando chegamos em frente ao "Nilsinho", o único mercado da rua, ele começou a falar.

- O nome dele é Yago. - Disse, simplista. 

- Sabe se ele tem namorada? - Eu perguntei. 

- Por que, tá interessada? - Ele me olhou maliciosamente. 

- Claro que não. Tô tentando é te desencalhar, isso sim! - Ele me olhou, indignado.

- Vai à merda, Eve. - Eu ri da sua reação. Eu sabia que ele não era Gay, afinal ele nunca namorou um garoto. Mas eu sei que ele já sentiu atração por um, então tecnicamente, nada é impossível. 

- Eu quero as pizzas, viu? - Eu disse, ainda pedalando. Ele assentiu com um "Uhum" enquanto eu ofegava. De repente, um garoto entrou na frente da minha bicicleta, aparentemente correndo de um cachorro e eu desviei com tudo, derrapando e caindo no chão junto com Mason. 

De brinde, o Mason ainda começou a gritar por que o cachorro rosnou pra ele. Eu mereço! Me levantei e andei até o cachorro, rosnando pra ele da forma mais ameaçadora que consegui, e então ele foi embora choramingando. 

Acabou que eu dei um passo pra trás e caí bem em cima da bicicleta. Pude ver uma mão estendida a mim e levantei a cabeça, em direção ao dono. 

Era um garoto mais ou menos da minha idade, de cabelos castanhos. Ele era incrivelmente alto, uns dez, talvez vinte centímetros a mais que eu - claramente exagero mas me deixa -. Eu peguei em sua mão e ele me ajudou a levantar. 

- Me desculpa. Eu não vi vocês! E obrigada por desviar, ou eu teria sido atropelado. - Ele deu um sorriso sem graça, sem mostrar os dentes. - Meu Nome é Levi, prazer. - Ele apertou a mão de Mason e se demorou um pouco na minha. Corei. Caramba, que merda é essa?

- Eu me chamo Mason, e essa é minha amiga, Eve. - Ele sorriu, amigável. Levi retribuiu o sorriso. - Bom, vem Eve, a gente tem que ir. - Mason me arrastou até a Bike e eu dei um tchausinho com a mão para Levi. Ele riu baixinho e retribuiu o gesto.

[...]

Eu deixei o Mason em casa e ele pediu as duas pizzas. Eu comi seis fatias de cada, pra deixar ao menos umas quatro fatias pra família do avermelhado e fui embora. 

Chegando em casa, minha mãe perguntou onde eu estava e eu expliquei o que tinha acontecido, indo direto para meu quarto. Comecei a assistir o meu anime querido. 

No outro dia...

- Aaah! Tabom, eu te levo lá, seu chato. - Mason havia me perturbado para que eu o levasse até a casa do tal Yago hoje. Se continuarem assim eu vou acabar cantando "É o amor" toda vez que eles se encontrarem. 

Peguei minha bike e avisei a minha mãe que ia a casa de um amigo. Esse Yago não é bem meu amigo ainda mas só assim ela deixaria eu ir. Passei na casa de Mason e de lá fomos até a caso do verdinho. 

Chegando lá, ele estava esperando na porta e quase esboçou um sorriso quando chegamos. Eu pude perceber que ele ficou surpreso quando Mason chegou. Talvez não fosse muito acostumado a ter amigos e pessoas com quem conversar ou receber em casa. Me pergunto o porquê. 

Ele desceu da bicicleta e correu até Yago, provavelmente dizendo "Oi".

Eu deixei a bicicleta encostada na parede ao lado da casa dele e entrei, junto dos dois. Fui recebida por uma senhora fofa que atendeu a gente e me olhou com alegria. 

- Olha! Você deve ser a garota de quem o jovem Mason havia falado. - Eu sorri para ela. Ela sorriu de um jeito que fazia seus olhos se fecharem e eu achei isso extremamente fofo. 

- Sim, senhora. Eu sou amiga desse cabeção vermelho aqui. - Pude ouvir ela rir. Mason me deu uma cotovelada leve, o que me fez rir também.  

Todos subimos para o quarto de Yago. Era quase todo em tons de branco, preto e principalmente verde. Eu me sentei na cama, acompanhada de Maison.

- E aí, oque vamos fazer agora? Brincar de boneca? - Eu perguntei, irônica. Yago deu um sorriso mínimo e Mason riu um pouco.

- Que tal brincarmos de verdade ou desafio? Ouvi que essa brincadeira era famosinha aqui no Brasil. É verdade ou desafio ou verdade ou consequência? Eu nunca sei. - Mason sugeriu.

- Tanto faz o nome, bora. - Eu peguei um pente que estava em cima da escrivaninha de Yago e usei como garrafa. Todos nos sentamos no meio do quarto, fazendo um triângulo, já que éramos só nós três. 

- Tá. Como se joga isso? - Yago perguntou. Eu expliquei como funcionava a brincadeira e me parece que os dois entenderam.

Eu girei o pente. Ele foi rápido no chão e parou lentamente em Yago para mim.

- Eh... Verdade ou desafio? - Ele perguntou. Eu sorri.

- Verdade. - Ele não me conhece, consequentemente eu não teria que me preucupar muito com ele. Sorri, convencida.

- É verdade que você já sentiu qualquer tipo de atração pelo Mason? - Gelei. Esse garoto... Ele provavelmente percebeu que não me conhecia, então não poderia me atingir tão fortemente, logo usou o Mason.

- Eu... Eh... - Fiquei meio desorientada. Eu já havia sentido atração pelo Mason, até por que viajei para os Estados Unidos para conhecê-lo pessoalmente, já que apenas nos falávamos pela internet, mas isso havia passado. Suspirei. - Já. - Eu girei o pente, sem olhar para o Mason, que provavelmente olhava pra mim. Eu realmente não quero ver sua reação. 

O pente parou em Mason para Yago. O esverdeado ficou atento. 

- Verdade ou desafio? - Mason o olhou, com um sorriso de canto. Yago pareceu pensar muito bem antes de responder.

- Verdade. - Mason fez um biquinho. 

- É verdade que você vai me falar o motivo de você ter deixado os Estados Unidos? - Ele disse, na esperança de que Yago o dissesse agora.

- Sim. - Ele voltou a girar o pente.

- Pode começar. - Disse Mason, empolgado e com um sorriso no rosto. 

- Eu disse que eu ia, não disse quando. - O esverdeado sorriu. Eu ri baixinho enquanto Mason fazia um bico, emburrado feito um bebê.