Imaginem a seguinte cena, o seu filho volta da casa da sua mãe ou sogra e na hora de dormir começa a chorar horrores e a vomitar, o que vocês fariam?! Ficariam desesperados não é mesmo?! Foi isso o que aconteceu com Ukitake Juushiro e Unohana Retsu naquela madrugada.
Após o susto de Kyto, o casal foi buscar o menino na casa da família de Juushiro e notaram que o menino estava bem tristonho e sonolento, algo incomum em Sora que apesar de tímido, gostava de brincar. Eles o levaram para casa e Ukitake se prontificou em dar um banho no menino e ficar com ele, afinal não tinha mais nada para fazer em sua Bantai mesmo.
Quando foi por volta das 20:00, o casal pediu para Kyone e Senatarou ficarem com o menino que dormia enquanto iam trabalhar em suas bantais com a condição de não brigarem. E pela primeira vez na vida eles não brigaram, ficaram arrumando as coisas e preparando um chá bem gostoso para quando os capitães regressarem para casa depois de uma noite trabalhada.
Quando foi por volta das 23:30 da noite, Sora acordou chorando muito e os dois subordinados foram ver o que estava acontecendo com o menino, ao adentrarem o lindo quarto pintado por Hinamori, eles se depararam com o menino com uma expressão de quem estava com dor e rapidamente Kyone o pegou no colo e começou a conversar com o filho de seu taichou.
-Sora-kun o que houve?!
-Dodói... - disse constantemente o menino chorando muito.
-Kyone vou chamar alguém para nos ajudar...
-Faça isso enquanto eu dou um banho nele... Ele está febril...
Enquanto Kyone tirava as roupinhas suadas e dava um banho em Sora procurando vestígios de algum machucado ou alergia, mas não encontrou nada. Senatarou correu até a casa do capitão Kyouraku e quase derrubou a casa para os acordar, Shunsui e Nanao ao saberem o que estava acontecendo com o afilhado, vestiram os mantos e foram às pressas até a casa do casal verem o que de fato acontecia. Assim que chegaram ao local, encontraram Sora vomitando muito e Kyone desesperada tentando acalmar o menino que chorava, suspirando e tentando não pensar no vômito, Nanao se aproximou e pegou o afilhado no colo e o cobriu com um cobertor.
-Kyouraku taichou... Ise-san... Eu sinto muito... Eu juro que eu...
-Ninguém está te culpando Kyone e você ter cortado um pouco da febre dele já foi de grande ajuda... - disse Nanao compreensiva com a amiga.
-Como isso aconteceu? - perguntou Kyouraku se aproximando de Sora e da esposa.
-Ele começou a chorar muito e achamos isso bem estranho, geralmente quando o Sora-kun acorda ele fica brincando com os ursinhos dele ou sai do quarto... - começou Kyone e Senatarou continuou.
-A Kyone perguntou o que ele tinha e ele disse somente dodói e teve febre... Não demos nada de estranho para ele...
-Desculpas por termos importunado... - disse Kyone.
-Fizeram bem em nos chamar... Façamos o seguinte, iremos levar o Sora para o Yon Bantai enquanto vocês limpam essa bagunça toda e descansam... Não se preocupe que iremos falar com o Shirou.
Enquanto Nanao ia levando Sora para a Quarta Divisão, Shunsui foi para a Décima Terceira contar o que aconteceu ao amigo. Este ao saber o que estava acontecendo, saiu às pressas com o melhor amigo em direção ao Yon Bantai, chegaram em tempo recorde e ninguém ousou cruzar seus caminhos, eles pareciam trens balas. Eles adentraram o escritório da capitã e encontraram a senhora Ling, mãe de Juushiro juntamente com suas irmãs Nova e Sayumi. Retsu estava séria enquanto pedia para os dois homens se sentarem perto de Nanao.
-Mãe... Nova... Sayumi o que fazem aqui?!
-Filho...
-A mamãe têm algo para contar... - disse Nova séria.
-Nova-chan! - repreendeu Sayumi. - Ela não fêz por mal!
-Mamãe fale logo ou eu irei contar. - disse Nova novamente ignorando os chiliques da irmã.
-Filho... Retsu... Eu sou a culpada do meu netinho tão lindo está nesse estado...
-NANI?! COMO ASSIM MÃE?!
-Eu fiz ele comer todos os doces que você gostava e não segui a dieta que vocês tinham deixado porque eu achei muito rigorosa... Então eu acabei dando doces e comidas pesadas...
-Kami do céu... Mamãe se eu te dei uma lista do que o Sora podia ou não comer é porque eu amo meu filho e queria evitar isso! Ele têm 3 anos e meio e não 7 anos!
-Não fiz por mal Juushiro! Eu só queria ver o meu neto forte e saudável e não comendo papinhas e tendo hora para comer!
-Ling-san acho louvável a sua preocupação e ter vindo nos contar o que de fato aconteceu... - começou Retsu e depois de um tempo ficou séria. -Mas o que a senhora fez causou um dano na saúde do Sora... Se eu fiz aquela lista foi justamente por eu ser a médica responsável pela saúde e bem-estar de milhares de pessoas e sabia o que era bom para o meu filho comer.
-Está insinuando que eu não sei o que é bom para os meus filhos e netos Retsu?!
-Não estou insinuando nada. Estou apenas lhe dizendo que nenhuma criança ou pessoa é igual a outra! Sora não é igual ao Shiva, são crianças da mesma idade mas com bastante diferença!
-Mãe... Olha eu não sei o que deu na senhora em achar que meu filho era fraco porque ele nunca foi... Mas só dessa vez eu te imploro que nos entenda, nós somos os pais dele e sabemos o que é melhor para o Sora... Agora meu filho está tendo uma lavagem no estômago e vai ficar dois dias em observação... Você pensou naquela hora e se esqueceu das consequências mamãe... A dor de um filho se torna dos seus pais... Se coloca no meu lugar que vivo constantemente internado... Agora se coloca no lugar da Retsu que é médica e teve que salvar o filho e não o marido!
-Eu sinto muito meu filho... Eu não sabia...
-Tudo bem... Eu sinto muito pelas minhas palavras também mamãe... Agora se me derem licença irei ver como está o meu filho...
Juushiro foi até o quarto em que seu filho estava e adentrou o mesmo, se deparando com seu filho dormindo e Isane terminando de o examinar. Ele sorriu fraco e sentou-se ao lado do leito do seu filho, segurando aquela mãozinha gorducha que tanto gostava de explorar e fazer carinho nos pais, aah como ele queria trocar de lugar com o seu filho nesse momento, não suportava aquele semblante triste do filho, adorava vê-lo sorrir porque isso lhe enchia de alegria. Inerte em seus pensamentos, ele não notou a entrada do melhor amigo que se sentou na poltrona ao seu lado e olhava o afilhado naquele estado, a verdade é que compartilhava dos mesmos sentimentos que o amigo, se ele não tivesse tão atarefado durante o dia todo, quem sabe ele teria ficado com Sora e evitado tudo isso, era verdade que ele se sentia culpado por tudo o que estava acontecendo.
-Shun... Eu... Eu trocaria de lugar com o Sora... Dói demais vê-lo assim...
-E eu trocaria de lugar com você... Só para lhe poupar de tanta dor...
-Aah meu irmão... O que eu mais quero nesse mundo é ver o meu filho bem... - Juushiro suspirou. - Eu sei que é difícil para você falar disso, mas se fôsse com Shura eu faria o mesmo que você e a Nanao-san fizeram por mim e pela Retsu...
-Shirou eu penso em como seria se Shura estivesse aqui conosco... Sinto que isso faria tão bem para mim e para Nanao-chan... Sinto que seríamos mais felizes... Eu fracassei com Shura mas não irei fracassar com meus sobrinhos e com o meu filho.
Nanao e Retsu que ouviam toda a conversa, se emocionaram com aquelas declarações, principalmente Nanao que não sabia o que seu marido sentia. Elas adentraram o quarto e ambos olharam surpresos para as mulheres que juraram amar e proteger, com um sorriso meio sem jeito, a mais nova se aproximou do leito do menino e deu um beijo na testa de Sora e afagou os cabelos prateados do afilhado.
-Shura seria amado por todos... Mas não podemos mudar e nem pensar em como seria se ele estivesse aqui porque ele não está! - disse Nanao séria antes de suspirar cansada. - Você não fracassou como pai ou marido... O que aconteceu foi uma fatalidade que não estava em nosso controle... Então por favor... Não fale que é sua culpa...
-Ôôh meu amor não quis lhe deixar mal ou triste... - disse Shunsui enquanto se aproximava da esposa e a abraçava. - Eu só cansei de ser sempre forte e quis abrir meu coração para o meu irmão... Me perdoa...
-Shun não estou brava ou triste com o assunto... Só que você nunca me contou o que sentia... Com licença mas vou para casa estou exausta e suas cunhadas com Hasaki-san irão nos visitar amanhã e eu não sei você mas...
-Eu entendi... Vocês precisam dormir...
-Dormir?! Acho que é a minha última opção....
-Mas...
-Tenho que ir na Academia Shinigami...
-Outro dia você vai...
-Shunsui eu amo a sua mãe mas não estou nenhum pouco afim de ter que ouvir como era o desempenho do seu pai na cama! Tenha santa dó chega a ser traumatizante!
-Minha mãe fala isso?!
-De alguém você tinha que puxar algumas coisas não acha?!
-Ise-san isso também já ocorreu comigo... Mas foi a avó do Shirou quem falava... E o pior durante as horas do chá...
-Retsu têm razão... Minha mãe era inconveniente... - disse Ling entrando com as filhas. - Mas estavam falando de outra criança... Qual seria?
Juushiro olhou para o casal e depois para a mãe meio sem jeito, não sabia como contar isso, mas respirou fundo e apenas deu de ombros, era Shunsui quem deveria contar e foi o que o amigo fêz. Ao término da história, Sayumi toda afobada fêz questão de culpar Nanao pelo ocorrido dizendo que ela foi imprudente, aquilo foi o estopim para a jovem Kyouraku perder a paciência e a cabeça enquanto segurava as lágrimas, mas foi inútil, pois a medida que ela falava, as lágrimas desciam e cada palavra era um tapa na cara de Sayumi.
-Você acha realmente que eu queria a morte do meu filho?! Você acha que eu queria ceifar a vida do meu bebê?! Você realmente acha que eu fui uma péssima mãe?! Então se coloque no meu maldito lugar por um momento! Eu amei o meu filho com todo o meu ser e com todo o meu coração! Shura era uma parte minha e de Shunsui! Era o meu bebê que mesmo que não planejado, era amado! Eu sofro constantemente em saber que eu nunca mais irei ver meu filho porque a única vez que eu o vi ele estava morto! Morto! E não há um dia que eu não me culpe pelo o que aconteceu! Então não me venha com sermões sobre como é ser mãe ou esposa! Se você fosse tão boa assim, teria evitado o que aconteceu ao Sora.
Nanao saiu do quarto transtornada e chorando muito, oras ela não precisava de lição de moral vindo de uma desequilibrada que algum dia teve uma paixonite infantil pelo seu marido. Nova apenas pediu desculpas para o homem que, depois de olhar sério para Sayumi saiu do quarto em busca da esposa, mas antes disse as mesmas palavras que Juushiro havia dito para Ling.
-A dor de um filho se torna a dor de seus pais Sayumi.
Sayumi recebeu um olhar severo de Juushiro que, não tardou em dar um sermão na irmã mais nova. O que diabos ela tinha na cabeça ao falar aquilo para Ise-san?!
-Sayumi o que diabos... Kami do céu! Você acha mesmo que eles não sofreram?! Sei que gosta muito do Shun mas você desrespeitou não só a esposa dele como à ele também. O que irei dizer ao meu melhor amigo?!
-Eu... Eu não pensei nas consequências...
-Realmente não pensou... Olha vão para casa e depois quando a poeira abaixar eu falo com vocês...
Assim que as mulheres se foram, o casal voltou as suas atenções para Sora que dormia sereno e aparentava uma melhora. Graças a Kami que o menino estava melhorando, tinham medo do quadro agravar e recompensariam Kyone e Senatarou mais tarde quando o pequeno estivesse melhor.
***************
Dois dias depois Sora estava ótimo e não parava de explorar o quarto, achava divertido tudo aquilo e muito mágico também. Como ele já estava melhor e por ser um dia de folga do casal, eles resolveram ir visitar os padrinhos nas dependências do Hachi Bantai, assim que chegaram foram avisados que o casal estava treinando entre si e correram lá para ver. Sora assistia pela primeira vez o treino e se encantou com os movimentos da madrinha, graciosos e letais, muito diferentes do padrinho que eram mais brutos e firmes. O treino acabou em um empate e quando o casal estava se recompondo, principalmente Nanao com uma barriga imperceptível de 5 meses, tiveram uma gostosa surpresa, Sora saiu correndo até os padrinhos gritando todo risonho e sendo pego no ar pelo capitão em um abraço de urso que o menino tanto gostava.
-Sora! Olha para você! Deu um susto danado na gente!
-Tinho eu vi ludo!
-Viu mesmo?! Que saudades que eu estava de você garotão!
-Sora saudades.
Shunsui deu um beijo estalado no menino para depois dá-lo para Nanao que fêz questão de o encher de beijos e de afagos, causando um ronrono no menino que não tardou em colocar os bracinhos em volta do pescoço da madrinha e esconder o rostinho no pescoço alvo com cheirinho de flores, ele gostava dos perfumes da mãe e da madrinha, eram doces e reconfortantes.
-Você nos deu um susto enorme meu lindo... Nunca mais nos assuste está bem?
-Aham...
-Shun eu sinto muito pelo o que a Sayumi disse para vocês... Não irei defendê-la porque o que ela disse foi muito cruel... Espero que isso não abale a nossa amizade...
-Yare bonitão somos amigos há pelo menos 2.580 anos senão mais... Não se preocupe com isso...
-Como não?! Olha Shun eu...
-Você não tem motivos para se preocupar Shirou... Nanao-chan já perdoou a Sayumi-chan então fica tranquilo.
-Ise-san não acho aconselhável treinar de forma tão intensa... - repreendeu amigavelmente Retsu.
-Mas não fomos intensos dessa vez... Estou preocupada a barriga nem cresceu tanto...
-Não se preocupe que isso é normal... Eu também passo por isso...
-PASSA?! RETSU VOCÊ ESTÁ?!
-Sim estou...
Sora saiu do colo da madrinha e foi até a mãe, uma vez que todos estavam sentados no jardim e fez algo tão fofo que, emocionou à todos. Ele abraçou a barriga da mãe e além de dar um beijo estalado, disse algo fofo, típico de Sora dizer, causando lágrimas nos papais corujas.
-Ti Amu zinho... Sora plotege...
-Parabéns bonitão...- disse Kyouraku rindo e dando um forte abraço além de um tapa nas costas do mesmo que ficou sem ar. - Muito lento Shirou.
-Agora você vai ver só...
Ambos os melhores amigos foram correndo brincar de lutinha, causando risadas em Sora e em suas esposas que estavam constrangidas, mas dando risadas. Sora foi correndo brincar com o pai e com o padrinho de caçar borboletas, enquanto as duas gestantes repousavam um pouco, afinal mereciam. Tatsufasa apareceu para perguntar à Nanao se precisavam de mais alguma coisa e a resposta foi que se eles não se importassem, ela gostaria que eles ficassem para um chá da tarde. Sora se acabou de tanto brincar, explorar e correr, na hora de comer ele devorou a tigela de mirtilos todinha sozinha e ainda bebeu duas chuquinhas de suco de laranja bem fresquinhas e, para completar com chave de ouro, arrotou bem alto, fazendo todos rirem enquanto ele escondia o rosto corado de vergonha.
Era finalzinho de tarde quando regressaram para casa, estavam cansados e depois de um bom banho, Retsu foi preparar uma janta leve e colorida, enquanto que Juushiro olhava o filho brincar com seus ursinhos na varanda. Dando um sorriso, o velho homem sábio e gentil, sentou-se no futon e decidiu ensinar o esperto filho a jogar um jogo que ele nunca mais jogou após a morte de seu tenente.
-Sora... Vêm cá com o oto-san..
Sora todo alegre depois de um longo dia, correu para os braços do pai que o pegou no colo e o ensinou a jogar com toda a calma e paciência do mundo Shōgi. É claro que de início ele foi relutante, mas logo se interessou e pegou o jeito e gosto pela coisa, Retsu que assistia tudo de longe ria com gosto da cena, pai e filho jogando um jogo de estratégia milenar e se divertindo muito.
Após jantarem, Sora fez questão de pegar um livro e ler do jeitinho dele para o irmãozinho que ele nem conhecia ainda. Ele gostava da idéia de ter um priminho e um irmãozinho, lhe parecia divertido ter alguém para proteger e de imediato quis dormir com os pais alegando que iria proteger o seu irmão mais novo dos monstros e dos roncos do papai.
Sora não é desse mundo... Ele é o Pequeno Príncipe que cativa à todos que o conhece...
Continuaaa***
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