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História Um Futuro Brilhante- She-Ra e as Princesas do Poder - Capítulo 3-A Briga


Escrita por: Grumpy_Cat

Notas do Autor


Oieee! Tudo bom? Bem, eu espero que sim.
Eu quero pedir desculpas por só enviar o capítulo agora, nada saiu como o esperado ontem...
Mas não vou te enrolar, juro! Só queria avisar, caso você queira saber, que seguindo meus planos atuais a fanfic teria entre 7 e 8 capítulos, mas eu estava querendo saber: você acha melhor se eu dividir ela em partes ainda menores para ela durar mais? Ou do jeito que tá está bom?

Capítulo 3 - Capítulo 3-A Briga


Fanfic / Fanfiction Um Futuro Brilhante- She-Ra e as Princesas do Poder - Capítulo 3-A Briga

Ela puxou Catra para si num abraço, apertando-a contra seu peito de uma forma acolhedora, enquanto envolvia seus braços ao redor da felina.
Para Catra tudo estava acontecendo rápido demais. Ela ficou dura como pedra. Eram muitas emoções e tudo estava borrado, era como se ela estivesse cercada de escuridão. Ela não sabia o que fazer. Seu primeiro instinto era não deixar ninguém chegar perto dela, ninguém vê-la daquele jeito, mas quando Adora à abraçou, ela não conseguiu se segurar. Ela se soltou completamente, deixou Adora te abraçar, ainda sem retribuir. Ela não conseguia fazer nada naquele momento, nem mover um músculo. Lágrimas quentes começaram cair e não paravam de chegar. Ela afundou no peito de Adora, procurando conforto e seguraça.
–O que foi? Catra, o que aconteceu?– Ela podia sentir a preocupação e desespero na voz de Adora.
Mas ela não realmente ouvia. Estava mais ocupada afundada em suas próprias emoções.
–Meu deus, Adora, você se foi… Você se foi e eu que causei isso!–Ela disse, desesperada, com voz de choro, mais para si do que para a princesa.– Me desculpa...me desculpa... Eu não queria fazer aquilo, eu juro. Me desculpa– Ela repetia de novo e de novo, sua voz fraquejando, por causa do choro. Adora estava assustada com o desespero na voz de sua namorada e com o tanto que ela tremia. Catra estava agindo como se ela tivesse morrido na sua frente. Lágrimas escorriam sem parar enquanto a felina finalmente envolvia seus braços nas costas de Adora, retribuindo seu abraço e apertando-a como se ela fosse escapar se não o fizesse, como se para ter certeza de que Adora realmente estava ali. Ela apertou a loira tão forte que suas unhas rasgaram a roupa dela e fizeram um corte em suas costas, mas naquele momento a princesa não se importava com a dor, só queria confortar sua namorada.
Adora à abraçou mais forte, lhe assegurando de que estava segura e de que estava tudo bem.
–Eu não queria...– Ela falou, sua voz muito trêmula e entre soluços. Seu corpo também tremia todo.
Adora odiava com todas as suas forças ver Catra assim. Ela não sabia o que falar, o que fazer. Só queria que ela se sentisse melhor.
–Ei...Está tudo bem, está tudo bem. Eu estou aqui agora. Já acabou. Eu não vou à lugar nenhum, okay? Estou aqui.– Ela repetia bem baixinho enquanto passava a mão delicadamente no cabelo curto de Catra, tentando acalmar ela. As pernas da felina estavam cedendo, então Adora bem lentamente se abaixou junto com ela  até elas se sentarem no chão.

E elas ficaram ali por um bom tempo, Catra completamente envolvida nos braços de Adora, na segurança que ela finalmente tinha de volta, se acalmando de seu ataque de pânico. Era uma das piores sensações,  o que ela sentia nesse momento, mas ter seu posto seguro ali ajudava muito mais do que ela achava que ajudaria.

Ela finalmente se acalmou o suficiente para elas saírem do banheiro. Elas voltaram para o quarto, ainda abraçadas, se apoiando uma na outra. Adora enfaixou a mão machucada de Catra, que se mantinha em silêncio, agora que tinha percebido onde realmente estava e o que era real. Ela se sentia envergonhada. Exposta. Era uma sensação horrível mas, no momento, o medo e o susto superaram sua vergonha.
Para ajudar as duas a voltarem a dormir, Adora contou histórias que ela se lembrava de quando as duas eram pequenas. Essa é a última coisa que ela se lembra de ter feito.
Ela acordou somente horas mais tarde, pela manhã, e a primeira coisa que viu quando abriu os olhos foi um rosto à centímetros do seu, com os olhos bem abertos, como se estivesse esperando ela acordar, com um animal ao seu lado, também perto demais de Adora, fazendo a mesma coisa.
–AAAAAHHH– Ela quase pulou da cama, de susto.
–Ei, Adora– Catra falou com um sorriso no rosto, agora se afastando, junto com Melog, um pouco da face se Adora, que se acalmou um pouco quando percebeu que era só sua "namorada-gato" e a gata espacial dela lhe assustando.
–Por que você sempre tem que fazer isso?– Ela falou com a mão no peito, coração batendo mais rápido por causa do susto anterior, um tom um pouco irritado, mas não realmente.
Como resposta, Catra deu de ombros e falou com um sorriso brincalhão:
–É divertido.
Melog concordou lambendo o rosto de Adora, que fez uma cara de nojo. Isso meio que acordou ela, e a primeira coisa que ela se lembrou foi da noite passada e do machucado de Catra. Agora parecia até que tinha sido só um sonho. Catra agia como se nada tivesse acontecido, mas as olheiras debaixo de seus olhos provavam o contrário.
–Como você está?Deixa eu ver sua mão.– Ela falou do assunto do nada, já pegando na mão da gata.
–O que? Me solta!– Catra falou, tentando puxar sua mão, mas Adora conseguiu segurar.
–Eu estou preocupada! Ainda está doendo?
–Não, tá ótimo. Não é nada, Adora. Agora solta minha mão e deixa isso pra lá, por favor– A gatinha falou, agora rabugenta. A última coisa que ela queria era falar disso.

Adora soltou, mas ficou irritada. Num piscar de olhos, a Catra que não se expressava estava de volta.

Que maravilha.

Ela ironizou em seu pensamento.

As duas se arrumaram e desceram para tomar café. Melog saiu para caçar seu próprio café da manhã.

Bow estava esperando por elas na mesa, como de costume. Ele sempre tomava café no palácio às quintas.

-Ah, oi! Eu estava esperando por vocês… - Ele disse assim que avistou as duas e indicou para que elas se sentassem- Como foi a noite? Dormiram bem?- Ele perguntou enquanto as duas se sentavam.
–Na verdade...– Adora começou, mas sentiu um chute de Catra por baixo da mesa. Claro que ela não queria falar disso! O que havia de bom em conversar sobre seus sentimentos, certo?
Adora pensou, novamente sendo sarcástica.
–Foi muito boa!– Ela disse fazendo um sorriso forçado, apesar de seus pensamentos.
Bow sorriu. Ele então notou a mão enfaixada de Catra.
–Meu deus! Catra, o que aconteceu? Sua mão está toda enfaixada. Você não entrou numa briga à noite de novo, certo?– ele disse um pouco preocupado e desconfiado.
Catra nem fez questão de negar. Ela tentou mudar de assunto antes que Adora começasse a despejar todos os seus problemas para o mundo:
–Hã...Cadê a Brilhante?
Ela nem precisou de resposta. A rainha passou por ali, com um andar rápido, roubou alguns pães doces e falou apressada, com a boca cheia algo que eles entenderam(dificilmente) como:
–Desculpa gente, não posso tomar café com vocês, eu tenho algumas reuniões agora. Mas eu volto bem a tempo de entrar na nave, juro!
E foi embora tão rápido quanto entrou.
Todos ficaram em silêncio por alguns segundos. Bow ficou um pouco triste, se esqueceu completamente do que estava falando. Era claro para Catra e Adora que ele sabia um pouco mais do que elas sobre tudo isso, mas no momento elas estavam mais preocupadas com a situação da amiga. Ela não parecia muito bem.
–Sou só eu ou ela parece um pouco...
–Sobrecarregada?– Bow falou por cima de Catra, que estava começando a ficar um pouco preocupada com isso.
Ele viu o rosto preocupado de suas amigas.
–É...Eu sei. Todo esse trabalho de reconstruir Bright Moon, organizar celebrações, escutar as reclamações do povo e ainda participar de todos os eventos está acabando com ela.
Adora não conseguia parar de encarar o lugar onde Glimmer antes estava. Sua amiga precisava de um descanso.
–Por que você não contou para a gente? Podíamos ajudar com algo!
–Eu queria muito, mas ela me proibiu. Você sabe, com tudo aquilo de "eu sou sua rainha, blá blá, blá...."
–Argh, odeio quando ela faz isso– Adora murmurou para si, se lembrando da última vez que isso aconteceu...
–Ela disse que não queria incomodar vocês com mais coisas...
As duas ficaram tristes. Elas queriam que Glimmer soubesse que podia contar com elas, que podia pedir ajuda... Elas olharam para Bow, que estava silencioso de repente, como se imerso em seus próprios pensamentos.
–Quer saber? Vocês estão certas!– Bow quebrou o silêncio se levantando da mesa bruscamente e batendo com os punhos nela. Adora e Catra levaram um susto, tanto que os pelos de Catra se eriçaram, junto com sua cauda.
–A gente não falou nada– Adora murmurou, mas Bow não parecia estar ouvindo. Ele continuou por cima da fala dela:
–A gente precisa dar um descanso para ela! Eu tenho um plano.– Ele disse, arredando as comidas para a ponta da mesa e colocando uma estratégia pronta e bem formada, com desenhinhos pequenos de cada um dos três fazendo suas partes para atingir o objetivo.
–De onde veio isso? A gente acabou de falar sobre fazer alguma coisa, como pode--- Catra falou, mas pelo visto Bow ainda estava no mundo da lua. Ele passou por cima dela:
–Então, o objetivo é ir para aquelas grutas de vapor na praia de Mystacor, onde vamos relaxar.– Ele apontou para um desenho dos quatro na praia.
–Esses somos nós?– Adora falou, se levantando para ver melhor, maravilhada com a fofura do desenho dos quatro. Catra também se levantou para ver.
–Eu sei, muito fofos, né?!– Bow falou, com o mesmo rosto de fofura que Adora.
Catra cruzou os braços, rabugenta. Ela não queria ser fofa.
–Caham-Ele limpou a garganta- continuando...– Voltou a focar no plano.
–Hã, Bow?– Adora tentou interrompê-lo para falar, mas ele não pareceu ter escutado.
–Para chegarmos ali– Ele apontou para o desenho deles na praia– precisamos pegar e cancelar as tarefas de Glimmer. Só que ela não vai deixar a gente fazer isso– Ele apontou para um desenho de uma mini Glimmer fofa e zangada– então precisamos ter cuidado.
–O plano é o seguinte: Catra vai distrair os guardas com seu charme– Ele falou mostrando um desenho da mini Catra fofa jogando charme nos mini guardas fofos– Enquanto eu e Adora entramos no---
–Bow!–Adora falou um pouco mais alto, para que ele finalmente conseguisse sair do transe de seu plano. Ela finalmente atraiu a tenção do arqueiro.
–O plano parece ótimo, mas eu e a Catra temos uma coisa de meditação com Perfuma hoje, e você sabe que não se pode furar com ela...

Bow murchou, triste.
–O que? Nãão!– Catra disse lamentando, enquanto se sentava e derretia na cadeira–A gente não pode faltar nisso daí não? Eu tenho certeza de que Perfuma não iria se importar.
Adora nem disse nada. Ela simplesmente cruzou os braços e lhe deu um olhar repreendedor. Catra fez uma cara emburrada.

E então voltou a falar com o arqueiro:

–Mas você e Glimmer deviam ir nas grutas sem a gente, vocês merecem isso– Ela lhe deu um sorriso terno.
Ele sorriu de volta, agradecido.
–Tá, então!– Catra desistiu, irritada. –Sabe... isso é culpa sua!
Adora simplesmente revirou os olhos. Nem se incomodou em discutir.
Dava para sentir o clima ruim entre as duas de longe, e Bow precisava falar sobre isso:
–Vocês estão bem? Parece que vocês estão um pouco tensas e---
Estamos ótimas, Bow!– As duas falaram ao mesmo tempo e Bow se encolheu com a grosseria.
–Que saber? Eu vou arrumar as malas para a viagem para que a gente tenha tudo o que precisar antes da Perfuma chegar porque, pelo visto, eu sou a única pessoa responsável nesse relacionamento!– Ela falou em voz alta enquanto saía da sala do banquete. Catra à seguiu até o quarto para tirar satisfação, enquanto Bow ficou ali, tentando processar toda a explosão que acabou de acontecer na sua frente.

Adora arrumava a mala no quarto enquanto Catra resmungava. Elas já estavam quase prontas, a mala era a única coisa que faltava. 

Para evitar um indidente como o aquele envolvendo Bow, naquele dia mais cedo, Catra pegou um par velho de luvas que tinha e o usou para cobrir o machucado em sua mão. Ninguém iria perguntar nada assim.

Adora não gostou nem um pouco disso. Ela sabia o porquê de Catra estar fazendo isso, e não acjava certo. Nenhuma delas estava conseguindo lidar com a outra muito bem, e Catra não tinha Melog para ajudá-la a se expressar. A gatinha tinha saído para passear e na hora da viagem esperaria as duas na nave, que ficava numa estação perto do castelo agora, graças à Entrapta, que construiu um lugar de pouso para ela.
–Vai me ignorar agora?– Catra falou, irritada, ainda resmungando e tentando arrumar briga.
Até aí, Adora tinha conseguido manter a calma, não ser afetada pelas brincadeirinhas e comentários sem noção, mas nesse momento ela surtou:
–Não, Catra. Não vou te ignorar. Sabe por quê? Porque eu não sou tão INFANTIL à ponto de ignorar completamente alguma coisa só para evitar falar sobre MEUS sentimentos!
–AH, AGORA É SOBRE SENTIMENTOS? TUDO TEM QUE TER A VER COM ISSO, NÃO É?! NÃO TEM UMA COI---
Uma batida na porta interrompeu a briga das duas:
–Oi gente! É a Perfuma! Eu vim buscar vocês para a meditação– Ela disse atrás da porta.
Adora olhou para Catra de forma repreendedora, forçou um sorriso e abriu a porta.
–Oi, Perfuma!
–Ai, que aura ruim que está esse quarto!– Perfuma disse, já entrando.
Catra olhou para ela cética. Quartos não emanavam energias ou auras.
–Que bom que já estamos saindo daqui.– A Princesa das Flores falou, já puxando as duas para fora, em direção à porta de entrada.
–Venham, eu vou mostrar à vocês o lugar perfeito de meditação! É nele que eu faço minhas meditações matinais. É lindo, vocês têm que ver...– Ela começou a falar sem parar sobre o lugar, enquanto levava as duas para fora do castelo.
Enquanto isso, Bow já tinha conseguido esconder a lista e cancelar as tarefas da rainha. Agora só faltava avisar isso para ela. Ele entrou na sala de reunião onde ela conversava com seus guardas.
–Com licencinha, vou ter que roubar a rainha de vocês!– Ele disse, entrando na sala e já puxando Glimmer para fora de lá.
–Espera, O que---Bow, o que você está fazendo?
–Eu estou te dando algumas horas de folga antes da viagem.– Ele falou, enquanto levava ela para os corredores.

Ah.

Agora Glimmer entendeu sobre o que era aquilo. Ela o parou.
–Bow, isso é lindo, mas eu tenho um milhão de coisas para fazer!
–Na verdade, graças ao melhor namorado do mundo, não tem não.
–Como assim? E as estratégias caso algo aconteça? A organização das cerimônias? Atualização da "Horde"?
–Tudo feito! Não se preocupe. Agora nós vamos relaxar– Ele disse sorrindo. A verdade é que nada tinha sido feito. Ainda. Ele estava mais preocupado com a saúde da rainha do que em realmente resolver os problemas naquele momento.
Ele simplesmente falou à todos que a rainha não poderia comparecer em nenhuma dessas reuniões ou organizações, porque ela tinha um compromisso. Depois ele descobriria o resto, com Catra e Adora.
–Mas como? É impossível você ter---
–Ah, vamos... Isso não importa– Bow a interrompeu, calmo– o importante é que agora você tem um tempinho livre, não?
A rainha cedeu. Ela relaxou ombros.
–Certo. Mas só alguns minutinhos, temos que sair em uma hora.
Bow abriu um sorriso maior ainda.
–Ótimo! Para a praia de Mystacor!– Ele disse, encostando no ombro de Glimmer e apontando para o nada.

-Mystacor? Sério?- A Rainha falou, com os olhos brilhando. Ela amava Mystacor. Bow confirmou acenando com a cabeça. Ela abriu um grande sorriso.
–Para a praia de Mystacor!– Ela repetiu, segurando a mão do arqueiro teleportando os dois para lá.

Enquanto isso, Catra e Adora finalmente tinham chegado ao lugar de meditação de perfuma. Era realmente muito calmo, cheio de paz. A luz do sol iluminava todo o lugar, de um jeito aconchegante. Era completamente silencioso, só podia-se ouvir o som de pássaros e das árvores.
–E aqui estamos! É aqui que venho para minha meditação matinal. Geralmente Scorpia faz comigo mas---
–Scorpia também vai fazer a meditação?– Catra perguntou, um pouco nervosa. Já era difícil relaxar estando com tanta raiva de Adora, mas agora também tinha que lidar com o clima estranho com Scorpia?
–Na verdade, estou só de passagem hoje.– Scorpia apareceu bem na hora. Ela estava com seu sorriso de sempre.
Adora estava confusa, tentando processar tudo. Scorpia abraçou Perfuma e lhe deu um selinho, depois abraçou Adora, e deu um aceno de mão de longe para Catra, com um sorrisinho. Catra acenou de volta, com um sorriso meio triste.
–Eu adoraria fazer companhia, mas combinei com Swift Wind e Frosta que eu iria passear com eles.
–Espera, Swift Wind está com vocês? Estou tentando falar com ele, mas ele está me ignorando. Acho que está com raiva de alguma coisa que eu fiz–Adora falou, sem ter a mínima ideia do que poderia ser.
–Você não sabe o porquê?
Adora fez que não.
–Eu não acho que ele admitiria isso pra você, mas provavelmente deve ser porque...–Scorpia quase deixou escapar um segredo, mas se segurou no último momento.
– “Deve ser porque...”?– Adora estava morrendo para saber a resposta.
Scorpia ignorou completamente a pergunta.
–Bem, foi muito bom falar com vocês, mas não posso me atrasar–Ela disse tentando mudar de assunto, dando um beijo na testa de Perfuma, e se preparando para sair.
—Frosta falou que tinha algo muito importante para me contar. Um segredo muito grande que...– Ela se explicou enquanto saía, mas parou no meio da frase.
–Que eu não vou contar pra vocês.... porque é um segredo!– ela se repreendeu.
–Eu tenho que ir, se eu não estiver lá quando Frosta chegar, ela me mata! Tchau!– E ela foi embora antes que qualquer outra coisa pudesse ser dita.

Isso fez Catra se lembrar se sua história com Frosta. Acontece que pedir desculpas para uma criança cabeça-quente de 11 anos é... estranho. A história foi, na verdade bem engraçada. Catra não conseguia fazer Frosta perdoá-la de jeito nenhum, até que um dia ela jurou de dedinho para a princesa que nunca mais iria fazer nada de ruim. Agora Frosta confia nela com sua vida.
Crianças, hein?!
Ela pensou sorrindo, se lembrando disso. Foi muito bom para ela que Frosta à perdoou porque, para ser sincera, ela era a única princesa de quem Catra realmente tinha medo. Não que ela fosse admitir isso para alguém, é claro. Esse segredo ela guardaria até a tumba.
–Bem, podemos começar?– Perfuma falou, quebrando a linha de pensamentos da gata.
Adora se ajeitou em pé. Ao contrário da gatinha, ela não tinha feito isso antes, não fazia a mínima ideia do que iriam fazer.
E então Perfuma começou:
–A meditação serve para nos ajudar a lidar com o caos da vida. É muito importante para manter o equilíbrio e nos conectarmos com nós mesmos. Catra, sei que já passamos por essa fase, mas como Adora nunca meditou vou explicar tudo passo a passo.
–Ótimo! Já começou atrapalhando.– Ela falou baixo para Adora, que estava à seu lado. A princesa ignorou.
Perfuma conseguia sentir a tensão entre as duas, e isso estava começando a afetar ela um pouco, mas ela tentou seu máximo deixar para lá.
–Vamos nos sentar aqui na grama, de coluna ereta, nos sentando sobre nossas pernas, do modo mais confortável para cada uma de nós. Deixem as mãos livres e inclinem o queixo para baixo– Perfuma disse, com uma voz relaxante e fazendo como falou.
Catra se sentou, começando a ficar um pouco mais calma com a voz dela, mas ainda não estava relaxada o suficiente para esquecer de seu problema com Adora.
Adora também não ia tão bem. Ela tirou seu "casaco" vermelho e o colocou ao seu lado, se sentando.
Depois que as três se acomodaram a princesa das flores continuou, relaxada:
–Agora vamos fechar nossos olhos e tentar nos concentrar na nossa respiração, esquecer de todo o resto ao redor. Pense que cada vez que você solta o ar é como se estivesse tirando um peso de seus ombros.
–Inspire... Expire– Ela repetia, calmamente.
Catra já havia feito isso algumas vezes antes e, por mais que ela nunca fosse admitir, ajudava ela. Ela odiava ir para as sessões, mas adorava estar nelas, se é que isso faz sentido.
Ela começou a ficar consciente de sua respiração, se esquecendo de todo o resto, como Perfuma disse.
–Tente visualizar seu lugar feliz...– Perfuma continuou.
Adora já não estava tendo tanta sorte. Ela não conseguia se concentrar de jeito nenhum, e ela realmente, realmente estava tentando. Ela abriu os olhos um pouco, espiou Catra, ao seu lado. Ela parecia tão bem. Parecia tão fácil para ela.

Era irritante.
Adora tentou mais. Ela tentou focar só na sua respiração, e ficou muito frustrada quando percebeu que isso estava funcionando para todo mundo, menos para ela. Ela inspirou e expirou com vigor, de um modo mais audível. Mas não parecia estar ajudando muito. Aliás...
–Dá pra você calar a boca?– Catra falou, de repente, quebrando o que restava do silêncio calmo. Aquela respiração carregada impedia ela de se concentrar e isso estava acabando com ela.
–Oi?– Adora abriu os olhos. Falou com um tom indignado.
–Sua respiração de trator está atrapalhando! Não dá pra eu relaxar assim!– Catra abriu os olhos e saiu da postura, desistindo de voltar ao estado relaxado.
Adora ficou mais indignada ainda. Também saiu de sua postura.
–Não é problema meu se você não consegue se concentrar.
–EU?
Perfuma, até o momento estava só suplicando para que as duas pudessem resolver seus problemas sozinhas e voltar com a sessão, mas percebeu que isso não seria possível. A situação estava muito tensa.
Para Bow e Glimmer, por outro lado, tudo estava muito relaxante. Eles tinham acabado de entrar nas grutas de vapor, na praia de Mystacor.
–Então...onde estão Catra e Adora? Elas vêm?– Glimmer falou, curiosa.
–Elas têm alguma meditação com a Perfuma então, na verdade, tudo isso é só nosso.
–O que?– A rainha se ajeitou na gruta, voltando a ficar preocupada.
–Quanto tempo dura isso? Você sabe gente não pode se atrasar.– ela disse, se levantando.
–Relaxa, eu já meditei com Perfuma uma vez. Essas sessões duram, no máximo, 30 minutos. Não se preocupa– Ele disse, puxando ela de volta para a "piscina" quente.
Ela se sentou novamente, mas não parecia muito convencida.
–Ei... Você precisa relaxar. Está tudo bem.
Ela deu um suspiro e soltou os ombros, tentando relaxar:
–Eu sei... eu sei. Vou tentar.
Eles ficaram alguns segundos calados, olhando para a vista à sua frente. A rainha relaxou novamente.
–Bow... Obrigada.– Glimmer disse, se aconchegando em Bow, na água.
Ele lhe deu um sorriso. Ela lhe deu um beijo de agradecimento. Era bom estar com ele… Eles tinham tido muito pouco tempo juntos.
O tempo na gruta passou e, enquanto isso, o lugar calmo e silencioso de Perfuma já não estava tão calmo e silencioso assim. A briga de Catra e Adora tinha escalado rapidamente, e à esse ponto já estavam as duas em pé, gritando uma para a outra o mais alto possível. Perfuma também estava em pé, olhando aterrorizada para a situação. Ela tinha sido boba de pensar que essa briga das duas poderia ser resolvida à tempo da sessão. Nem a própria meditação poderia consertar isso. Era profundo demais.
–... EU SÓ QUERIA DEIXAR ISSO PARA LÁ!
–NÃO SE PODE DEIXAR TUDO PARA LÁ, CATRA! ALGUMAS VEZES É PRECISO FALAR DOS SEUS SENTIMENTOS P---
–NÃO É PRECISO NADA! E VOCÊ FICA AI ME JUL---
–CHEGA!– Perfuma interrompeu as duas, chamando a atenção delas. As duas ficaram em silêncio. Claramente ela estava um pouco alterada. Bem, ela não teve sua meditação matinal e teve que absorver toda essa energia ruim que as outras duas esatavam emanando, então fazia sentido.
–Não tem como vocês duas fazerem nada, do jeito que estão. – Ela disse, com um tom e postura desapontada com as duas.
Elas se sentiram envergonhadas.
–Vocês necessitam de uma sessão de terapia, agora!– Perfuma disse, alternando sua voz, com firmeza. Ela respirou fundo em seguida, tentando manter a postura, e começou a mudar completamente o ambiente onde elas estavam. Ela cresceu plantas formando um sofá, que por incrível que pareça, se mostrava ser bem confortável, e uma cadeira para ela se sentar. Gerânios, lavandas e lírios-da-paz cresceram e floresceram no solo, trazendo um aroma acalmante. Tudo isso em questão de segundos.
–Terapia?– Catra perguntou. Adora se perguntava a mesma coisa.
–Sim. Terapia de casal, especificamente. Vocês precisam conversar sobre o que realmente está incomodando vocês, e já!– Perfuma explicou, impaciente, mas tentando manter a calma. Ela precisava resolver isso logo para finalmente poder meditar, senão iria ficar louca. Ela guiou Catra e Adora até o sofá, com as duas bem confusas. Adora pegou seu casaco e o colocou novamente, e assim se lembrou:
–Espera, temos que sair para a viagem em 15 minutos! Não tem como fazer isso agora. Glimmer vai nos matar se nos atrasarmos! – Ela falou, se levantando logo após se sentar.
–O que não tem como fazer, Adora, é vocês irem na viagem do jeito que estão! Com essa aura escura que vocês estão emanando vocês vão simplesmente deixar as pessoas ao seu redor mal-humoradas se saírem daqui. Além do mais, vocês só vão se atrasar um pouco. Tenho certeza que Glimmer vai entender. Vou pedir para algum guarda avisá-la.

Bem...
–O QUE?– Glimmer se levantou bruscamente, ficando completamente tensa em questão de segundos.
–AH, NÃO MESMO!– Ela disse, agora já fora da "piscina", com raiva de tudo e todos, por terem passado a perna nela. Bow estava atrás dela quando ela o puxou brutamente e teletransportou os dois para onde Perfuma, Catra e Adora estavam.
Ao chegar lá, ela entrou em um pouco de conflito consigo mesma. Estava com raiva, mas ao mesmo tempo o lugar era tão calmante... Ela não sabia o que sentir.
Voltou a si.
–Perfuma! O que--- Ela começou a dizer, estressada e preocupada, mas parou ao ver Catra e Adora num sofá de folhas, as duas sem entender nada. Perfuma notou o que ela e Bow agora olhavam, também confusos.
–O que...– Bow apontou para as duas sentadas no sofá.
–Terapia de casal. Elas tem algo muito importante para resolver. Não tem como irem na viagem de vocês desse jeito!
–Seja o que for, vai ter que esperar... a gente não pod---
–Por favor! Eu prometo que vai demorar só um pouquinho, e assim que a gente acabar eu te aviso na hora! Elas realmente não podem sair assim.– Perfuma à interrompeu, ainda tentando conter seu estresse. Ela então apontou para as duas crianças no sofá, que se olhavam emburradas. Glimmer olhou, perplexa com a situação.
–Perfuma, eu---
–Glimmer, elas precisam resolver isso. Agora.– A princesa falou num tom mais firme e impaciente, perdendo a postura por alguns segundos.
Até a rainha tinha medo disso. Ela cedeu:.
–Tudo bem. Mas assim que vocês acabarem---
–Te aviso na hora!– Ela à cortou de novo, querendo que a rainha saísse dali logo, para que ela finalmente pudesse ajudar suas amigas e depois fazer sua tão querida meditação.
–Vamos, Bow– Glimmer disse, claramente com raiva dele, enquanto pegava ele pelo braço e teletransportava os dois de volta à praia.
Assim que Bow e Glimmer saíram a princesa das flores olhou para Catra e Adora e deu um suspiro enquanto se sentava na poltrona de frente para o sofá onde as duas estavam, sabendo que teria muito trabalho a fazer antes de poder ter um momento para relaxar.
–Vamos começar.– Ela disse, esperando que alguma das duas falasse algo. Quando percebeu que nenhuma delas iria conversar, decidiu timar iniciativa:
–Então, Adora, quer me contar o que está acontecendo?– Ela falou séria, com a maior calma do mundo. Adora respirou fundo, tentando se acalmar e ser civilizada.
–Bem, acontece que ontem a Catra---
–Não– Catra a interrompeu baixinho, para que só Adora pudesse lhe ouvir, tentando impedi-la de falar sobre seus problemas.
Adora a olhou com cara feia e ignorou sua palavra.
–Ontem– Ela recomeçou–A Catra teve problemas sérios à noite, coisas que precisam ser conversadas e resolvidas, mas ela se recusa a falar sobre isso. Finge que nada aconteceu.
–Hmm...– Perfuma tomava notas mentais. Agia igualzinho uma terapeuta– Catra, porque você está evitando o assunto?

A gatinha cruzou os braços. Sua cauda balançava. Ela estava incomodada.
–Foi um incidente pequeno. Não teve importância, e eu só queria deixar para lá e não falar mais disso.
–E por que isso?– Perfuma levantou a questão.
–Porque...– Não sabia o que responder– Porque eu não quero relembrar de uma coisa boba que já passou, oras. Não quero falar dos meus sentimentos.
–Claro...– Adora falou, com deboche e sarcasmo.
–O que? São meus sentimentos! Eu posso fazer o que eu quiser!– Catra disse, acionando suas defesas .
Adora olhava com um sorriso de quem estava certa e isso estava deixando Catra louca.
–O QUE FOI? POR QUE VOCÊ INSISTE TANTO NISSO?– Catra explodiu, raivosa.

–Eu só quero ajudar!
–EU NÃO QUERO SUA AJUDA!– Catra rebateu.
–BEM, VOCÊ CLARAMENTE PRECISOU DELA ONTEM– Adora gritou, levantando do sofá.

–NÓS NÃO VAMOS FALAR DE ONTEM À NOITE!– CATRA EXPLODIU, SE LEVANTANDO DO SOFÁ
Adora desistiu. Ela deu um sorriso como se não se importasse, como se fosse a pessoa superior e civilizada, mas dava para ver raiva borbulhando dentro de si.
–Quer saber? Tudo bem. Não vamos falar sobre o assunto. Se você não quer falar, então não vamos falar.– E se calou, com seu clássico sorriso esnobe, agora infestado de raiva.

Ah, ainda temos um loongo caminho pela frente.
Perfuma pensou, frustrada.

Enquanto isso, Glimmer e Bow tinham acabado de voltar para a praia, Glimmer não parecia nem um pouco feliz.
–Ótimo! Muito obrigada, Bow!– Ela falou, sarcasticamente.
–Eu? O que eu tenho a ver com isso?
–Para começar, se você não tivesse me feito perder tempo com essa estúpida gruta e tudo isso de relaxar, eu teria percebido que tínhamos que sair 30 minutos atrás e teria impedido Perfuma de começar toda aquela bobagem com as meninas
Ele ofegou, indignado:
–Eu não acredito que você está colocando a culpa disso em mim!
–Eu não estou "colocando" nada!
E então Bow finalmente surtou. Ele guardava um pouco de mágoa já fazia um tempo, mas a preocupação com a saúde de Glimmer era maior do que sua raiva, então ele sempre deixava pra lá. Mas dessa vez...
–Quer saber? Eu cansei! Você SEMPRE faz isso! Você se frustra com alguma coisa e desconta logo em cima de mim!
Glimmer ficou um pouco chocada, perdeu sua postura. Ela realmente não esperava nada disso. Bow raramente perdia a paciência.
–Durante esses meses eu venho te dizendo de novo e de novo para descansar um pouco, para deixar eu, Catra e Adora te ajudarmos, mas você continua repetindo que não, que você tem que fazer isso sozinha, porque–e ele disse essa parte imitando a Glimmer debochadamente, fazendo sinal de aspas com as mãos-–“você é a Rainha e essa é sua responsabilidade.” Pois é, mas EU estou em um relacionamento com a Rainha, okay? E é MINHA responsabilidade cuidar dela, assim como é a dela cuidar de mim!

Glimmer estava sem palavras. Morrendo de raiva, mas sem palavras.
-AINDA ASSIM, você continua me afastando dessa parte da sua vida, como se eu não fosse importante o suficiente para fazer parte dela! E quando eu FINALMENTE consigo te ajudar, te dou um pouco de descanso, VOCÊ JOGA A CULPA DE UMA BRIGA ESTÚPIDA DA CATRA E DA ADORA EM MIM?
Ele despejou muita coisa de uma vez. Nem ele mesmo esperava falar tanto. É possível que nem ele sabia que isso tudo estava guardado dentro dele há tanto tempo. Glimmer ficou em estado de choque enquanto ele dizia tudo isso, mas tudo o que ela entendeu desse discurso foi a falta de respeito que ele tem com quem ela é e o que ela faz. Ela voltou à sua postura anterior, raiva borbulhando dentro de si. Ela começou com deboche:
–VOCÊ QUER QUE EU TE AGRADEÇA, ENTÃO?! VOCÊ SIMPLESMENTE DECIDIU: "AH, DO QUE IMPORTA O QUE MINHA NAMORADA ME DISSE, NÃO É MESMO?" E FOI COMPLETAMENTE CONTRA MINHA VONTADE, INTERFERINDO COM MEU TRABALHO E ATRASANDO TODO O GRUPO– A rainha gritou, enraivecida.
Agora os dois estavam até vermelhos de raiva. Eles não haviam tido uma briga grande assim desde... bem, nunca. E não era nem um pouco divertido. A discussão só ia piorando.

Catra e Adora, por outro lado, mesmo que com muita raiva uma da outra, estavam até que calmas, comparadas à esses dois. Elas estavam dando o tratamento de silêncio uma à outra.
–Catra?– Perfuma tentou incentivar ela a falar. Silêncio.- Adora?- Nem uma palavra-Vamos... Ninguém quer falar nada? Não tem como resolver isso ser ter uma conversa de coração.– Ela falou, tentando "consolar" as duas.

–Ha! Se é isso que você quer, já pode desistir. Claramente a Catra não quer conversar sobre nada!
–Eu quero conversar! Só não quero falar daquilo. Por que tem que ser tão importante?– A gata falou, incomodada.
–PORQUE VOCÊ SE MACHUCOU, CATRA! OLHA PRA SUA MÃO!– Adora quebrou um silêncio, apontando para a luva onde ficava o machucado dela, com raiva, mas preocupada.
Perfuma ficou um pouco chocada com o grito repentino depois de todo aquele silêncio, mas viu que as coisas estavam começando a ir à algum lugar. Ela sabia que não iria saber a história toda "daquela noite" das duas, mas não precisava. Ela só queria que as duas conseguissem estar na mesma página e resolver seus problemas, e “aquela noite” delas era só a ponta do iceberg.
Catra olhou para a sua mão e a fechou, se ressentindo dos acontecimentos da noite passada.
Adora respirou fundo, tentando se acalmar. Ela estava aflita.
–Como nós podemos fazer isso funcionar, hein? Se você não consegue se abrir comigo? Se a gente vai simplesmente voltar a agir como antes?

Ah, mas é claro! Porque pra você é fácil, né Adora?! Não foi você que foi abandonada pela melhor amiga.

Catra pensou. E depois se pronunciou:
–BEM, ADORA, TALVEZ NÃO SEJA TÃO FÁCIL ASSIM PARA TODO MUNDO, JÁ PENSOU NISSO? PRINCIPALMENTE SE A PESSOA PARA QUEM VOCÊ ESTÁ SE ABRINDO JÁ TE DEIXOU UMA VEZ, E PODE MUITO BEM TE DEIXAR DE NOVO NUM PISCAR DE OLHOS!– Catra disse com raiva, sua voz fraquejando e lágrimas se formando nos olhos, mas ela tentava com toda sua força impedir elas de descerem. Essas memórias do passado voltaram com tudo.
–Fica meio difícil confiar em alguém depois disso, sabe?– Ela continuou, limpando suas lágrimas antes que elas pudessem cair, agora com ressentida por ter se lembrado de tudo aquilo.
Adora estava em choque. Catra nunca lhe tinha dito isso tão abertamente assim. Mas isso não apagava sua raiva. Ela não era a única que tinha errado.
–PELO MENOS EU NÃO TENTEI MATAR NINGUÉM POR CAUSA DISSO, NÃO ACHA?
Golpe pesado. Adora se arrependeu no momento em que essas palavras saíram de sua boca.
–VOCÊ NÃO FAZ A MÍNIMA IDEIA DO QUE EU PASSEI! EU VIVO COM ISSO À TODO MOMENTO DO MEU DIA! EU PASSO CADA SEGUNDO ME LEMBRANDO DE TUDO DE HORRÍVEL QUE FIZ, TENDO OS PIORES PESADELOS, RELEMBRANDO DOS PIORES TRAUMAS, ME PERGUNTANDO O QUE TERIA ACONTECIDO SE FOSSE DIFERENTE!– Catra falou, cansada de esconder seus fardos. Ela continuou, agora falando mais para si, de um jeito um pouco debochado, como se rindo da cruel realidade:
–E se, quando pequenas, Shadow Weaver tivesse me escolhido como favorita? E se eu tivesse escolhido ir com você quando você me deixou? E se eu tivesse me declarado antes? E se... E se durante o fim da guerra eu não me agarrasse nas nossas memórias de quando éramos menores? E se eu não tivesse feito a "uma coisa boa na minha vida?" E se eu tivesse escolhido desistir, em vez de voltar para casa?

Perfuma só observava. As duas finalmente estavam chegando ao fundo disso. Os problemas estavam sendo apontados. Já era meio caminho andado. Agora só faltava resolvê-los.
Catra levantou a cabeça, uma raiva diferente, que não dava espaço há um bom tempo, tinha voltado junto com o dizer dessas memórias.
–Mas você não entenderia, não é? Porque nada disso aconteceu. Porque você não passou pelo que eu passei. Porque você foi a perfeitinha. Você foi a favorita. VOCÊ que me traiu e fugiu.

Teve uma coisa, uma coisa, que ela disse que fez o sangue de Adora ferver como nunca antes.
–Perfeitinha? Você queria ter ficado com esse título?– Adora falou com um tom debochado. E continuou –Porque ele acabou comigo. Eu passei E AINDA PASSO minha vida tendo que ser “a perfeitinha”. Tendo uma necessidade de consertar as coisas, mesmo que não sejam meus problemas. Eu passei por um inferno, tive todo o meu senso de certo e errado desmentido. Eu tive que fugir. Eu lutei contra quem antes eu lutava ao lado. Eu descobri que fui criada para causar o mal, a guerra. Nasci com meu destino já decidido, sem saber o que fazer quando ele fosse cumprido ou mesmo se eu realmente queria cumpri-lo. Tudo o que eu acreditava que era correto era uma mentira. Nunca me achei digna o suficiente para ser amada. Quase perdi as pessoas que eu amava milhares de vezes... Mas o pior, o pior foi que eu passei por tudo isso sem a minha melhor amiga, que, em vez de me dar suporte…–Adora falou com desgosto, mas não conseguiu terminar.

Catra deu um sorriso debochado, incrédula.
–Sabe como foi tudo aquilo pra mim, Adora?– Catra respondeu, notando o quão abstraída da verdade Adora estava.
–Imagine que, em toda sua vida, ninguém gostou de você, ninguém se importou com você, ninguém te achou capaz de nada, todos te deixavam. Todos exceto uma garotinha. Ela gostava de você. Ela se importava com você. Ela acreditava em você. Vocês iam dominar o mundo juntas. Até que um dia ela simplesmente... sumiu. Foi embora. Te deixou assim como os outros, sem nenhum motivo aparente, sem nenhuma explicação.
Tudo o que ela te falou para justificar era que as coisas estavam erradas e ela iria mudar de lado agora. Ah, e para piorar mais ainda, nessa única noite fora ela já tinha encontrado duas pessoas para te substituir. E ela escolheu eles em vez de você. Como você ficaria, hein, Adora? O que você faria?– Catra disse, se levantando para olhar diretamente nos olhos de Adora. Seus olhos estavam marejados, mas nenhuma lágrima escapava.
Adora ficou sem reação.


Notas Finais


Uuuuhh, esse foi divertido de escrever. Adoro uma boa briga kkkkk.
Foi bem grande também, né?! Espero não ter te cansado. 😅
E me diga, você prefere os capítulos grandes assim ou prefere que eu divida em partes menores?

Bem, pelo visto só te vejo segunda, agora. Até lá!


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