1. Spirit Fanfics >
  2. Um gato chamado Kim Taehyung >
  3. Capítulo Cinco

História Um gato chamado Kim Taehyung - Capítulo Cinco


Escrita por: mnephilim

Notas do Autor


AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA FINALMENTE!!!!!

Gente, me desculpa, sério. Quando eu vi já tinha dois meses que não atualizava hauahsuas como passou tão rápido???? eu sinto muito por todos que tiveram que esperar até agora, mas olha olha, eu trouxe um capitulo gigantão pra vcs, legal né?

Não vou prolongar muito, vcs devem estar ansiosos por isso

Então boa leitura!

Capítulo 5 - Capítulo Cinco


Fanfic / Fanfiction Um gato chamado Kim Taehyung - Capítulo Cinco

As coisas estavam indo... bem? Hoseok achava que poderia classificar dessa forma a relação entre ele e Taehyung, desde que haviam se passado alguns dias da conversa que tiveram e o hibrido passara a lhe tratar com mais suavidade.

Não que ele tivesse aberto o coração para si, e lhe posto como seu melhor amigo do mundo, mas ele já não se importava em levar Hoseok até sua casa, ou em deixá-lo se acomodar ao seu lado na mesa da cantina. E, para o Jung, isso já era o suficiente, por enquanto.

Ele tinha a companhia de Taehyung, podia ficar perto sem parecer estranho, e até mesmo tocá-lo as vezes. Conseguia contar nos dedos quantas vezes tivera coragem e o fizera, mas era tão agradável poder sentir sua pele em contato com alguma parte de Taehyung, que ele não se importava realmente se foram poucas vezes por um curto espaço de tempo. O que realmente lhe satisfazia era poder se aproximar, mesmo que fosse comendo pelas beiradas e recolhendo cada migalhinha de atenção.

Jungkook, seu amigo mais próximo dentro daquele colégio, acabou percebendo todo aquele interesse, e vivia lhe alertando que deveria parar de ser tão submisso as coisas que Taehyung fazia. Hoseok sabia que ele só estava com ciúmes, já que antes do garoto-gato, era Jungkook que recebia toda sua atenção e carinho, e que não era bem assim que as coisas estavam sendo. Claro, parecia uma relação unilateral para quem visse de longe, no entanto, o Jung preferia pensar que Taehyung era fechado demais para demonstrar mais, então ele teria de fazê-lo por dois. Estava feliz conseguindo o que queria, ainda que estivesse demorando mais que o esperado.

Sinceramente, Hoseok não entendia todo esse incomodo do amigo com o hibrido. O questionara sobre isso uma vez, e Jungkook lhe jurou que não era por preconceito ou coisa do tipo. Ele não se importava se Taehyung era um hibrido ou outra coisa, mas também não lhe dissera o real motivo, então Hoseok deduziu que fosse ciúmes de amigo. Mesmo que Jungkook vivesse rodeado de pessoas, por fazer parte do time de basquete, Hoseok sabia que era o único amigo que realmente se importava com ele ali dentro, tirando Yoongi, o capitão do time. Um carinha bem recluso, exceto quando se tratava de Jungkook, que apesar de menor que a maioria dos garotos não se deixava abater por nada e ainda era o melhor em tudo que fazia, inclusive o basquete.

E enquanto ouvia Jungkook tagarelar sem parar ao seu lado mais uma vez sobre como Taehyung era um cara estranho e que se aproximar dele não era recomendável – o que o fazia querer soca-lo um pouco – Hoseok procurava com olhos agitados pela cabeleira castanha com orelhas fofas em meio aos alunos. Era inevitável. Um costume que ganhou desde a chegada do hibrido ao colégio, difícil de perder. Até quando não tinha intenção, acabava por procura-lo na multidão de adolescentes bobos.

Desistiu ao constatar que ele provavelmente já estava em sala, ou fora de seu alcance. Ou talvez ele estivesse dentro de algum banheiro.

— Eu vou ao banheiro. – Hoseok informou a Jungkook, que revirou os olhos ao notar que o amigo não prestara atenção em nada do que dissera.

O Jung seguiu até seu destino, sem realmente saber o que dizer ao seu alvo quando o achasse. Só queria vê-lo, e conversar uma bobagem qualquer, e com sorte, ouvir a voz de Taehyung soando meio desinteressada e rouca. Mas só dele se preocupar em responder, ainda que não se importasse de verdade, já valia muito para Hoseok.

Entrou, segurando seus livros com firmeza rente ao corpo, ansioso por encontrar o Kim ali, porém tudo o que achou foi o nada. Só dois alunos aleatórios usando os mictórios, e outro lavando as mãos.

Pegou o celular, vendo que não daria tempo de procurar em outro lugar antes que o sinal de início das aulas soasse. Decidiu, que passaria uma água no rosto antes de ir embora, estava fazendo um calor incomum para um início de primavera.

Imerso em pensamentos de como faria Taehyung se abrir ainda mais consigo, Hoseok não percebeu a aproximação dos outros dois meninos, cada um se colocando de um lado. Só quando o garoto que lavava as mãos saíra do banheiro, deixando-o a sós com aqueles dois, que ele percebeu que era observado de um jeito esquisito.

Achou que não fosse nada, apenas coisa da sua cabeça cheia de pensamentos bobos, porém, quando se virou e tentou seguir para fora, um deles lhe barrou. Aquilo sim era bem estranho. Hoseok tentou novamente, notando que o outro menino ia até a porta, encostando-se nela, para evitar que fosse aberta.

O Jung respirou fundo, nunca, em toda sua vida acadêmica, teve problemas com aquele tipo de gente, ninguém nunca o olhou torto ou insinuo algum tipo de agressão – parte por ser invisível e parte por ser amigo de Jungkook. Então teria que ter muita calma para lidar com aquela novidade repentina.

— Você pode me dar licença, por favor? – Talvez ser educado ajudasse. Aquele valentão enorme veria que Hoseok não era adepto a violência e o deixaria em paz.

Não poderia estar mais enganado.

— Sabe o que eu acho interessante? – Perguntou o monte de músculos ao cara que barrava a porta. Como alguém conseguia ser tão grande e forte estando no ensino médio? Hoseok não conseguia nem carregar seu cachorro no colo por muito tempo sem cansar. Ele não esperou resposta. – Eu nunca tinha notado você por aqui. Alguém como você, eu certamente deveria saber que existia.

Hoseok não estava entendo o que acontecia ali, além do fato de que talvez acabasse com o nariz quebrado no final. O que aquele garoto dizia não fazia sentido, onde ele queria chegar com um papo estranho daquele?

— Foi uma surpresa e tanto descobrir que você, logo você, um ninguém, é amigo do Jeon e namora uma aberração como aquele cara. Como é o nome dele mesmo, Jiyeong? – Hoseok ainda não entendia, então ele também passou a prestar atenção na resposta que o outro daria. Afinal, ele não tinha namorado.

— Taeyang, eu acho. – Respondeu displicente, como se não se importasse.

Foi então que o Jung voltou a sentir a mesma queimação que sentira quando viu Taehyung ser agredido pela primeira vez. A sensação começava em seu estômago e se espalhava por todo seu corpo, serrou o punho para conter a vontade de surtar bem ali.

Só de ouvir a palavra aberração ligada a Taehyung sua cabeça pesava de irritação. Não era um cara de pavio curto, sempre fora muito bem controlado e civilizado. Um cara tranquilo. Mas sempre que ouvia alguém dizer coisas daquele tipo de Taehyung sentia-se dormente de raiva.

— Eu não sei do que vocês estão falando, mas não chamem o Taehyung dessa maneira, não é educado. E sai da minha frente, eu quero passar. – O tom de Hoseok era seco, ainda que tentasse se controlar, ele não queria confusão. Seus pais lhe matariam se chegasse em casa com alguma parte do corpo fora de ordem, com certeza ficaria de castigo por ter feito baderna.

O garoto o olhou com graça, rindo e fazendo o tal Jiyeong rir também.

— Olha só, cara, ele tá defendendo o namoradinho. – Riu mais. Hoseok franziu o cenho, enquanto o garoto se recompunha.  – Não, mas agora falando sério, como você consegue? Quero dizer; pense comigo, ele é um bicho, não é? Você realmente não sente nojo daquelas orelhas estranhas e aquele ...rabo? – Cuspiu a palavra, aproximando-se um passo de Hoseok, que se afastou o mesmo tanto, apertando os livros contra o corpo.

— Cara, só de pensar eu sinto arrepios. – Jiyeong proferiu, e então erguendo as sobrancelhas como se tivesse descoberto algo. – Já sei porque ele não se importa, você tem um fetiche naquilo, né? Eca, cara, até pra perversão tem limite. – Os dois riram, e Hoseok sentiu-se pequeno de repente.

O garoto que lhe intimidava voltou atenção para si.

— É isso, não é? Você é a droga de um pervertido.  – A forma como ele lhe olhava dava-lhe arrepios. Ele ergueu a mão, e Hoseok se esquivou, evitando o toque. – Aposto que que coloca aquilo em você, não é? Você é tão nojento quanto ele.

— Não fale coisas assim, ou...

— Ou o quê? – Ele riu. Hoseok pensou que nunca odiara tanto uma frase como essa. – O que você vai fazer? Chamar o seu namorado? Eu acabo com os dois.

Tudo aconteceu muito rápido. Hoseok não gostava de ser encurralado e nem intimidado. Sua irmã mais velha, por sempre ter sido o menor da turma quando criança, o ensinou que jamais deveria deixar garotos maiores lhe intimidar. E, bom, em casos como aquele, fora instruído a enfrentar de igual, então já era tarde quando, por conta da pressão e da raiva, notou que havia socado com toda a sua força o nariz daquele idiota.

Aquilo o fez se sentir bem por alguns instantes, ainda que sua mão doesse um pouco, mas, após absorver que realmente tinha levado um soco, o garoto o fitou com tanto ódio, que fez Hoseok reprimir qualquer sombra de sorriso que fosse. Ele avançou, o Jung tentou correr, porém Jiyeogn já o esperava. Foi segurado com força, e só deu tempo de sentir a dor lhe tirar de órbita por alguns segundos antes da porta se aberta e um Jungkook muito puto afastar os dois agressores para longe de Hoseok.

Se perguntassem a ele, o Jung não saberia explicar como tudo aconteceu após o soco que levara, só que num instante ele estava tentando se apoiar na pia, e deixando seu material ir ao chão e no outro sentia Jungkook lhe acolher, segurando seu rosto com cuidado, lhe olhando com cautela. Ele dizia alguma coisa, mas a dor de ter o nariz acertado duas vezes era muito, ainda mais ele que jamais havia sofrido algo nem perto de parecido.

Hoseok aos poucos foi recobrando os sentidos, notando o rosto todo latejar e o sangue escorrer por sua pele. Jungkook ainda lhe perguntava coisas, mas ele não conseguiu se focar nisso, só em como odiava dor e os concelhos de sua irmã. Passou a mão levemente por onde sentiu algo escorrendo, em seguida vendo o sangue banhar seus dedos, o fazendo se desesperar um pouco.

— Você ficou maluco? – Yoongi perguntou. Só então o Jung notou que o capitão do time também estava ali, olhando para ele e Jungkook de cima.

— Como assim? – Questionou. Ele quem tinha levado a pior, porque estava prestes a levar bronca?

— Você acertou um soco em Park Jumin, cara, se Jungkook não fosse tão impaciente e não tivesse entrado aqui, você estaria morto agora. – Declarou, ainda impressionado com a coragem – ou idiotice – do amigo de Jungkook.

— Ele... – era difícil falar e sentir dor ao mesmo tempo. – Ele tava falando do Taehyung... coisas horríveis, eu só... – por mais que tentasse, não conseguia dizer nada com a cara toda latejando daquela forma. Uma vontadezinha de chorar lhe invadiu, odiava dor.

— Não precisa explicar. – Jungkook lhe disse com ternura. – Yoongi-hyung, você consegue levar ele até a enfermaria pra mim? – Perguntou, Yoongi o olhou indignado. Ele não faria aquilo. Não tinha nada a ver com o que tinha acontecido e nem com os envolvidos. Ele nem mesmo gostava de Hoseok!

 Então o mais novo fez a única expressão que sabia fazer todos se derreterem por si. Ele exalava doçura, enquanto proferia um “por favor, Hyung” para Yoongi. Hoseok poderia rir, se não sentisse dor, Jeon Jungkook jogava sujo.

O Min suspirou, sendo vencido. Odiando ser tão vulnerável ao Jeon. O garoto sorriu, levantando Hoseok do chão, que tentava entender em meio a tanta dor e sangue, o que estava rolando entre os outros dois ali. Como se fosse um tipo de boneco, Jungkook o ergueu do chão e o apoiou nos ombros de Yoongi.

— Aonde você vai? – Hoseok perguntou, um pouco confuso.

Jungkook respirou fundo, sorrindo em seguida.

— Não se preocupa com isso agora, vou resolver umas coisas. Yoongi-hyung vai te levar, então não seja um chato. – Respondeu.

Hoseok podia cair naquela, mas Yoongi sabia que Jungkook ia arrumar confusão. Nada podia fazer se tinha um dongsaeng daqueles. Até parece que ele ia ficar quieto quando teve um dos amigos agredido. O Min já se preparava mentalmente para ajudar Jungkook quando ele viesse lhe pedir apoio. E por mais confusão que o mais novo fosse capaz de arranjar, Yoongi sempre o dava moral, não deixando nada lhe prejudicar a vaga no time.

Enquanto era levado para a enfermaria, Hoseok pensava que desculpa daria aos pais, pois com certeza a escola ligaria para eles quando soubessem sobre. Ele tinha que arranjar uma desculpa convincente, tanto para a enfermeira, quanto para seus pais. E era muito bom que sua irmã não inventasse de lhe bronquear também, a culpa era dela e dos conselhos idiotas que vivia dando a Hoseok.

Olhou para Yoongi, que havia puxado o celular do bolso, chamando sua atenção dizendo que o deixaria na enfermaria e só. O Jung não sabia qual era a dele com Jungkook e toda aquela obediência disfarçada.  Era bem obvio para si que ele não se importava consigo, que fazia aquilo unicamente por Jungkook. Chegava a lhe lembrar todo seu interesse em Taehyung. Yoongi olhava para Jungkook do mesmo jeito que Hoseok sabia que olhava para Taehyung.

E, sem dar atenção a reclamação do baixinho para o fato de seu sangue estar sujando o uniforme dele, Hoseok fez a pergunta, que não sabia ser proibida, para Yoongi:

— Por que está fazendo isso?

Yoongi o olhou, quase achando graça em como o nariz de Hoseok começava a inchar, e ainda escorria sangue, sem entender a pergunta.

— Porque Jungkook pediu. – Respondeu, o que parecia ser o obvio, ao que chegavam, finamente, à enfermaria, logo avistando a enfermeira.

Ele lhe deixou na maca, ignorando as perguntas da mulher, que fora atrás um kit de primeiros socorros.

— Você faz tudo o que Jungkook pede? Por quê? – Yoongi lhe olhou primeiro um pouco surpreso, depois confuso e então ele fechou a expressão.

— Não é da sua conta. O que faço por Jungkook, ou o que deixo de fazer, e o porquê de fazê-lo, nada disso é da sua conta. – Respondeu, sendo um tanto grosseiro. – O fato de eu ter te trazido aqui não nos faz amigos, então não me faça perguntas idiotas.

— Ei, não precisa ser um babaca. Foi só uma pergunta, eu sei que não gosta de mim. – Hoseok parou um pouco, pensando. – Aliás, eu nunca te fiz nada, porque me odeia tanto?

O Min pareceu perder ainda mais a paciência, respirando fundo e repetindo o seu mantra para momentos em que tinha que aguentar Hoseok: “É pelo Jungkook”. Não conseguia controlar seu asco pelo Jung, simplesmente sentia.

— Não é da sua conta, mas se quer mesmo saber, não gosto de você pelo o que faz com Jungkook. Você é tão cego que não vê o obvio, e faz ele sofrer. – Hoseok piscou confuso, sentindo seu rosto latejar um pouco mais, com o que Yoongi lhe dizia.

— O quê? Do que está falando? – Questionou.

O garoto o olhou de volta, com ainda mais indignação preenchendo seu olhar.

— É disso que estou falando! Está tão ocupado se apaixonando por aquele hibrido idiota que não consegue enxergar quem realmente está aqui por você. Na verdade, você e Jungkook são dois otários, se quer saber. Ele eu aturo, você... eu não gosto de você. – Era difícil para Yoongi controlar a língua quando perdia a paciência com algo. E Hoseok era especialista naquilo.

— Você gosta do Jungkook? – Perguntou a primeira coisa que veio em sua mente. Tentando ignorar a parte que o Min insinuou que seu interesse em Taehyung fosse romântico.

Assim que Yoongi avançou um passo, e o Jung tinha certeza de que era para terminar o serviço de Jumin em seu rosto, a enfermeira apareceu, tagarelando em como foi difícil achar o kit e lhe fazendo perguntas sobre o acidente.

Yoongi permaneceu lhe encarando, até seu celular vibrar no bolso. Então ele deu as costas e saiu sem olhar para Hoseok mais uma vez, seu constrangimento por tudo o que dissera, e pela pergunta, lhe atingindo.

O Min era um cara esquisito, disso Hoseok já sabia, mas não imaginou que beirava ao ridículo. Imagina só; o tratar de forma tão grosseira e falar asneiras, quando Hoseok nada havia feito para, e ainda por cima insinuar que ele estava apaixonado por Taehyung. Eram tantas bobagens que o adolescente pensou seriamente em aconselhar Jungkook a se afastar do Maluco Min Yoongi.

Ele não era apaixonado por Taehyung, como poderia? Seu interesse nele nada tinha a ver com paixão, ele apenas sentia um desejo intenso – mais do que gostaria, e admitiria, sentir – em estar perto do hibrido. Seu coração doía sempre que o via ser excluído do convívio escolar, de alunos como Park Jumin existirem para pessoas como Kim Taehyung. E também, Yoongi não o conhecia, como poderia saber algo que nem mesmo Hoseok tinha certeza de sentir – não que ele sentisse algo. Alguém como o Min, que o odiava tão gratuitamente, jamais poderia dizer como Hoseok se sentia em relação a alguém.

Mas... enquanto a enfermeira limpava o sangue para conseguir estancar, O Jung pensava na pequena possibilidade, em como sua vontade de tocar Taehyung nos últimos dias tinha aumentado drasticamente. Em como ele queria tanto que o garoto fosse mais acessível, e em como gostaria que sua sede por toques fosse reciproca.

As vezes se pegava pensando no dia que Taehyung lhe pedira desculpas dentro de um dos banheiros do colégio. Na forma como ele lhe acariciou a pele do pulso. A mão, grande e quente, tocando a sua com tanta delicadeza e maciez. Ou até mesmo o sorriso arrasadoramente lindo que Taehyung lhe dera há uns dias, e vinha lhe dando desde então.

Porém, mesmo que tudo isso ficasse rondando sua mente e perturbando seus sonos, não queria dizer muita coisa. Pensando bem, era loucura que se apaixonasse por Kim Taehyung, ele nunca lhe dava moral, o tratava quase sempre com indiferença. O hibrido não dava uma foda por Hoseok, como ele poderia se apaixonar por alguém assim?

Tratou de espantar qualquer pensamento que envolvesse o nome do garoto e paixão juntos, ele não precisava daquilo lhe tirando o juízo. Tinha coisa mais importante para lidar, como, por exemplo, a forma como a enfermeira pesou a mão ao enfiar a droga de um curativo em se nariz, para absorver o sangue, ao que respondeu a ela que tinha caído e dado com a cara na pia do banheiro. Ficou bem claro que ela não acreditou, mas não insistiu.

— Sorte sua que não foi sério. Vou ligar para os seus pais. – Ela informou, tendo um Hoseok completamente desesperado após.

— Não precisa. Foi um acidente. – A mulher lhe olhou com o cenho franzido em desconfiança. – Olha, minha mãe é maluca, ela vai armar o maior barraco se vocês chamarem ela aqui. Eu não tô brincando, ela é doida. Eu posso só ficar aqui até a dor passar? – Perguntou, juntando as duas mãos em suplicia.

Esperou, com sua melhor expressão de cachorro sem dono, até que ela confirmou, dando de ombros, lhe dizendo que assim que a dor passasse era para ele dar o fora. Aliviado, Hoseok recostou as costas na cabeceira da maca, fechando os olhos, ainda sentido uma dorzinha chata na região ao redor do nariz. Anotou mentalmente de nunca mais enfrentar alguém maior que si na vida.

[...]

Mesmo que tivesse dito a Hoseok para sair da enfermaria logo, a enfermeira não se importou quando o sinal de fim das aulas tocou e ela viu o garoto ali ainda, dormindo jogado de qualquer jeito na maca. Revirando os olhos, ela lhe acordara sacudindo-lhe pelos ombros, dando a ele um papel que deveria mostrar aos professores, comprovando que passara pela enfermaria.

Seu nariz ainda doía quando saiu do prédio escolar. Tinha trocado o curativo por um limpo, alegando ainda ter medo dele começar a escorrer do nada. Era a primeira vez que levava um soco, não tinha ideia de como seu corpo poderia lidar com isso.

Despediu-se de Jungkook, enquanto este ria da forma engraçado como o algodão estava enfiado no nariz de Hoseok. O garoto havia insistido para lhe escoltar até o metrô, alegando querer estar por perto caso alguém inventasse de lhe agredir novamente. Hoseok não negou a ajuda, realmente prezando por sua segurança dessa vez.

Agradeceu a Jungkook uma última vez, antes de entrar no vagão, vendo ele acenar e correr um pouquinho até Yoongi, que observava a cena com a expressão fechada, mas logo se suavizando quando Jungkook finalmente chegou até ele. 

Para Hoseok, estava bem na cara que Yoongi tinha um interesse romântico em Jungkook, e o mais novo não via isso, ou se fazia de cego. Era tão explicito a mudança do Min quando tinha o garoto por perto, que chegava a ser comicamente assustador.

Uma vez, o Jeon lhe dissera algo parecido, se tratando de Taehyung. O que fazia Hoseok voltar a questionar todos os seus sentimentos pelo hibrido. Era tão estranho pensar que sua curiosidade na verdade não era só curiosidade. Ele nem ao menos tinha coragem de pensar na possibilidade, tamanho era seu constrangimento. E se Taehyung pensasse isso dele também? Hoseok sentia vontade de morrer só de imaginar que o Kim pudesse ter associado seu interesse em paixão. Se em todas as vezes que o tocara ele se afastava por pensar isso. Era tão constrangedor.

Porém, mesmo que continuasse morrendo de vergonha, a ideia de ter um relacionamento com Taehyung começava a lhe invadir a mente. Taehyung segurando suas mãos; Taehyung lhe abraçando; Taehyung dizendo o quanto gostava de si; Taehyung lhe fazendo carinho; Taehyung lhe beijando o rosto; Taehyung lhe beijando a boca. As imagens simplesmente pulavam diante de seus olhos, cena fofas de casais sendo adaptadas a ele e o Kim. Era loucura, certo? Querer que aquilo fosse real? Hoseok só conseguia pensar que sim, era uma completa loucura.

[...]

Assim que chegou em frente ao apartamento do hibrido, foi surpreendido com a mãe desse abrindo a porta quando estava preste a bater nela.

Primeiro ela lhe olhou confusa, para logo em seguida associar seu rosto ao garoto bonito que vivia grudado em seu filho. Ela sorriu, relaxando a postura. Hoseok corou um pouco, a mulher lhe encarava sempre de forma tão doce e intensa.

Eles eram parecidos. O hibrido tinha aquele jeitão todo seco, mas chamava atenção por onde ia, e isso se devia a algo muito além de suas características felinas. Ele era bonito e muito elegante, assim como a mãe. E muito sorridente também, e gentil. Taehyung podia até tentar esconder esse lado de sua personalidade, mas quando estava em casa, principalmente com a mãe, ele era daquele jeito; todo filhinho mimado e carinhoso. Hoseok se sentia sortudo por ser o único que sabia daquilo, que podia ter o privilégio de ver o Kim sendo tão ele mesmo, sem todas as barreiras. Mesmo que não fosse mãe biológica de Taehyung, ainda assim eles eram muito parecidos e companheiros.

Quando o hibrido lhe contou aquilo – que ela não era realmente sua mãe – Hoseok ficara surpreso e um tanto confuso.

— É complicado explicar. – Ele dissera daquela vez, enquanto brincava com a colher dentro da xicara com leite quente.

Estavam em um café qualquer perto da casa do hibrido. Estudando e aproveitando a companhia um do outro.

 — É como se ela tivesse me adotado, mas não pra ser minha mãe. Tecnicamente, ela é minha dona.

Hoseok piscara comovido. Aquilo era estranho. Pessoas não podem ser donos de outras. E fora exatamente o que dissera a Taehyung, fazendo-o rir.

Nós não somos pessoa comuns, Hoseok, essa lei não vale pra nós. – Ele se referia aos híbridos. – Nossa espécie ainda não tem leis próprias, sabe? Eu poder estudar no mesmo colégio que você já é algo surpreendente e novo. Minha espécie tem muito pelo o que lutar ainda, enquanto isso não muda, seremos tratados como mercadorias. – Ele pausou por um momento, levantando o olhar para Hoseok. – Fomos feitos para sermos vendidos como animais, Hoseok, não para sermos pessoas.

Até então, Hoseok nunca havia realmente parado pra pensar naquilo. Em como tudo por trás dos híbridos era sujo e injusto. O Jung sentiu-se mal naquele dia, por Taehyung e por tudo o que ele tivera que passar e ainda tinha. Era tão horrível, e sentia-se tão péssimo, que não mediu ações antes de agarrar as mãos do hibrido com força, olhando com firmeza e compaixão. Ele não pareceu se importar, pois não se afastou, pelo contrário, soltou a xicara para que Hoseok pudesse apertar suas mãos com mais firmeza.

Definitivamente procuraria saber mais sobre a espécie de Taehyung, para ajuda-lo, caso fosse preciso.

— Eu tive sorte em encontrar pessoas que me deram tudo. E sou muito grato por isso. – Ele continuou. – Eu amo a Eunjin como se fosse minha mãe de sangue, porque não importa o que esteja escrito na papelada de adoção, eu sou filho dela e ela é minha mãe. E eu sei que ela vai estar sempre ao meu lado, me apoiando, porque ela me ama e sabe que eu a amo também. – Ele sorriu, daquele jeito bonitinho que Hoseok tanto se derretia.

— Eu também. – O Jung soltara, sem pensar na conotação que suas palavras poderiam ser interpretadas, logo se dando conta disso quando viu as bochechas de Taehyung ganharem uma coloração, e ele arregalar os olhos. – Digo, também estou aqui, pra te apoiar. Não só com matemática, mas como amigo. – Corrigiu-se, sendo corajoso e revelando que poderia ser amigo de Taehyung se ele quisesse.

— Claro que sim. – Taehyung sorriu pequeno, balançando a cabeça negativamente, dando duas batidinhas amigáveis nas mãos de Hoseok, antes de se afastar e voltarem a estudar.

Fora um dia estanho, com uma conversa estranha e um clima esquisito, mas Hoseok gostara da forma como o hibrido se abriu com ele. Era só o que importava.

E ali, parado em frente a porta dele, olhando Eunjin de perto, podia ver as semelhanças entre eles, mesmo que não fossem dadas pelo DNA.

— Hoseok, o que veio fazer aqui? O que houve com o seu nariz? – Ela perguntou de forma simpática.

— Ah, não foi nada, eu caí. – Respondeu, não dando muita importância. – Taehyung está? Ele não foi à escola hoje. Fiquei preocupado. – Perguntou, olhando, inconscientemente, para dentro do apartamento.

— Ah, sobre isso... Ele não está muito bem, por isso não foi hoje. – Eunjin disse, fazendo o adolescente voltar a focar-se nela rapidamente.

— Ele está doente? O que ele tem? Eu quero vê-lo! É grave? Eu quero vê-lo! – Sua preocupação exagerada divertiu a mulher, que tentava falar algo, mas a afobação de Hoseok era implacável.

— Ei, calma. Respira. – Ela ria um pouco dando espaço para que o Jung entrasse. – Não é grave, mas eu tenho que ir à farmácia, buscar os remédios para ele. – Hoseok voltou a lhe encarar de um jeito desesperado. – Ei, não precisa se preocupar. É algo comum para um hibrido. Ele está no período de cio.

Ao ouvir aquela palavra, Hoseok voltou ao dia que Taehyung lhe falara sobre sua relação com Eunjin. Naquele mesmo dia, após chegar em casa, ele passou a noite pesquisando sobre híbridos, e uma das coisas com a qual se deparou foi o cio. Ele não entendeu muito bem o que era e como acontecia, ou o porquê, não havia muitos sites explicando, porém sabia que tinha algo a ver com desejos indecentes. 

Ele sentia-se constrangido de repente. Era algo intimo demais, não sabia se estava pronto para ver aquilo de perto, ou se Taehyung aprovaria sua presença ali.

— Eu vou sair, mas volto rapidinho. Fique à vontade, mas não fale muito com Taetae, ele fica irritado fácil nesse período. – Ela advertiu, antes de sair pela porta, deixando um Hoseok estático para trás.

O que ele faria? Queria ver Taehyung, leu que o cio poderia doer em certos casos. Ele queria muito ver como o garoto-gato estava.

Então andou devagar, depois de largar a mochila na sala, até a porta do quarto do hibrido, encostando a testa na madeira, alojando a mão na maçaneta, decidindo se entraria ou não. Novamente, fora surpreendido com Taehyung abrindo a porta, quase o fazendo cair para dentro do quarto se não fosse pelo corpo do garoto lhe barrando.

Afastou-se rápido, passando as mãos na calça social escolar, um pouco nervoso, olhando para o outro.

O Kim lhe olhava de cima, daquele jeito inexpressivo, mas algo estava diferente. O olhar dele brilhava de um jeito estranho, e ele estava respirando de forma acelerada, as orelhas em alerta. De alguma forma, Hoseok não sabia dizer como exatamente, mas o hibrido parecia mais bonito e atraente que o normal, o que acaba por lhe deixar um tanto tímido.

— Hoseok? O que veio fazer aqui? – Fez praticamente a mesma pergunta que a mãe. Tão parecidos. No entanto, logo a atenção dele foi para outra coisa, mais especificamente para o rosto inchado e o algodão no nariz de Hoseok. – O que aconteceu com o seu rosto? Quem fez isso? Hoseok, quem fez isso? – Ele largou a maçaneta da porta, lhe puxando para dentro do cômodo, tomando o rosto bonito nas mãos grandes e quentes, muito quentes.

A temperatura da palma dele fazia suas bochechas pegarem fogo. E não só aquela região. Do nada, um calor esquisito surgiu, aos poucos, subindo por sua coluna e parando nas pontinhas dos dedos do hibrido em sua pele.

Por um momento, eles ficaram daquele jeito, Taehyung analisando o estrago em seu rosto, e Hoseok pensando em como ele era bonito de perto e em como se sentia feliz por ele se preocupar daquela maneira. Porém logo deu-se conta de que tinha a droga de um algodão enfiado em seu nariz, e aquilo era pateticamente cômico. Desvencilhou-se das mãos do hibrido, entrando mais no quarto. Tirou discretamente o algodão do nariz, jogando-o pela janela, logo voltando-se para Taehyung, vendo-o se virar para lhe encarar.

— Não foi nada, eu caí na Educação Física, você sabe que eu sou péssimo com esportes. – Falou, torcendo para que o garoto caísse na sua lábia. Não tinha porque dizer a ele o que tinha acontecido. Queria evitar estresse.

Taehyung pareceu aceitar sua desculpa, aproximando-se e voltando a tomar seu rosto nas mãos. Era tão estranho, porque ele estava lhe tocando tanto? Aquilo tirava a razão de Hoseok, deixando-o sem saber como agir. Seu estômago revirou de forma gostosinha, como quando o carrinho está preste a despencar na montanha-russa.

— Tome mais cuidado. Você vai acabar se machucando de verdade. – Estranho, estranho, estranho. Taehyung estava estranho!

Ele continuou a lhe encarar, a cauda se agitando. Ele voltou a respirar daquele jeito, como se tivesse corrido uma matona e precisasse de folego. Taehyung exalava um cheiro diferente, quase sufocante, tirando o ar de Hoseok.

— Você está bem? – O Jung perguntou, com a voz baixa, observando o hibrido fechar os olhos com força. – Sua mãe me disse que você não tá bem.

Viu Taehyung suspirar baixinho, apertando as mãos em seu rosto, como se precisasse daquilo para manter as ideias. E, se fosse possível, o calor dele estava cada vez maior.

— Ela disse isso? – Hoseok confirmou. – Quero que vá embora, agora. – Ele disse, lhe soltando e se afastando abruptamente.

Piscou confuso.

— O quê? Não! – Não sabia porque estava se negando a sair. Todo seu corpo, cada pedacinho dele, desejava ficar ali, com Taehyung. Envolto pela atmosfera que ele exalava, por seu cheiro, calor e toques. Era como se, de repente, tudo o que sentisse por ele se intensificasse.

E, de alguma forma, sentia que o garoto também não queria que fosse embora mesmo. Taehyung estava lhe puxando para perto, era como se ele fosse um imã e Hoseok uma moedinha, sendo atraído para mais perto a cada segundo.

O viu respirar profundamente, soltado o ar com força.

— Você não entende. Eu não estou doente.

— Eu sei, você está no cio, não é? – Afirmou, um pouco acanhado de tocar naquele assunto.

— Não... não diga essa palavra. Eu não sou um bicho pra estar no cio. – Hoseok assentiu, concordando que não falaria daquela forma, não queria irrita-lo. – Você sabe o que é? – Taehyung perguntou, após um tempo.

O adolescente pensou um pouco. Ele não sabia o que era realmente, só o que tinha lido na internet, e não foram muitas coisas. Era tão constrangedor entrar naquele assunto.

Mesmo assim assentiu.

— Quero ajudar, se eu puder. – Declarou, aproximando-se um passo do hibrido.

E Taehyung, ao ouvir aquele desejo, sentiu todo o formigamento em seu corpo piorar. Hoseok estava perto demais, mesmo que ainda longe o bastante para não o alcançar. Seu período era algo complicado de lidar. Ele nunca passava com alguém, então a cada vez que vinha era mais intenso, e oscilante. Às vezes Taehyung sentia muita dor, outras ele só conseguia pensar em sexo. E, naquele período, ele só conseguia pensar no carinha grudento que estava a sua frente.

Acordar gemendo por conta de um sonho envolvendo Hoseok fora um choque muito grande para si. Fazia muito tempo que não pensava em alguém especifico em seu período, mas aquele estava sendo uma provação. Talvez se devesse pelo fato do garoto viver como se fosse sua sombra. Taehyung não sabia, a única certeza que tinha era de que se Hoseok não saísse por aquela porta, acabaria enlouquecendo.

Vê-lo tão acanhado, bem ali, a sua frente, tão pertinho, fazia a cabeça de Taehyung girar. Hoseok tinha um cheiro bom, nunca negaria aquilo, mas naquele momento parecia insuportavelmente melhor. Olhar para o corpo dele fazia sua boca salivar. Era um desejo forte demais para que conseguisse aguentar sozinho.

— Você quer me ajudar? – Questionou, chegando mais perto, vendo-o voltar dois passos para trás, até encostar-se a sua escrivaninha. O Jung confirmou. – Sabe como funciona um período, Hoseok? – Ele sabia que estava soando baixo demais, fazia de forma inconsciente. Estava tratando o garoto como se fosse um possível parceiro.

Enquanto isso, Hoseok quase não conseguia respirar direito. Era sufocante estar naquele quarto com Taehyung daquele jeito, no entanto, não era ruim. Só lhe tirava o ar.

— Eu li algumas coisas na internet e... – Sua fala e respiração falharam quando Taehyung chegou tão perto ao ponto de Hoseok conseguir sentir seu cheiro. Parecia ainda mais perturbado. O cheiro do hibrido estava diferente, não sabia explicar como, mas era tão bom.

Taehyung se abaixou, o suficiente para que pudesse estar com os olhos alinhados com os de Hoseok, apoiando as mãos na superfície da escrivaninha, encurralando-o. Sua respiração ainda mais desregulada, só não mais que a do próprio Hoseok. Uma vontade absurda de tocar o hibrido lhe acometeu, porém permaneceu quieto, temendo que qualquer movimento seu fizesse o momento se dissolver.

Sentiu a cauda dele passear por sua perna, enrolando-se nela ao chegar em sua coxa. Sua boca secou, e algo em si começou a se agitar. Tinha certeza que seu rosto encontrava-se vermelho, tamanha queimação que sentia nas bochechas.

— Você sabe do que eu preciso? – Aquele joguinho de perguntas deixava o Jung nervoso. O que Taehyung queria falando baixo e rouco daquele jeito? Fazendo seu hálito bater contra sua boca. Ele estava enlouquecendo ou o que? E queria enlouquece-lo junto?

— Eu vi que vocês sentem dor, porque precisam de... de um... de algo... dentro. Preenchendo. – Proferiu de forma tímida. Não queria expor a intimidade dele daquela maneira, mas Taehyung não parecia se importar, pois riu de sua fala, fazendo o estômago de Hoseok se contorcer em nervosismo quando, novamente, sua respiração pegou em sua boca.

— Hoseok, isso são para as fêmeas, as meninas sentem essa necessidade. – Ele então chegou mais perto, encostando a bochecha na sua, para logo em seguida esfregar-se ali, descendo até seu pescoço e aspirando com força. Hoseok sentiu algo pontudo e úmido percorrer de leve por sua jugular e ombro, e o aperto em sua coxa se firmar, lhe fazendo arrepiar e um suspiro involuntário pular de seus lábios.

Sussurrou o nome do hibrido, não tentando impedi-lo, era estranho, mas não queria que ele parasse. Só queria entender aonde ele queria chegar.

Taehyung chegou um pouco abaixo de sua orelha, percorrendo sua pele com a pontinha do nariz, deixando um tipo de beijo molhado ali. Hoseok sentiu necessidade em fechar um pouco as pernas, após sentir um friozinho gostoso na barriga. Era muito sensível naquela área. Surpreendendo-se por deixar um som estranho subir por sua garganta e escapar de sua boca.

Ao ouvir aquilo, o Kim quase gemeu junto. Era tão bom ouvir aquela voz, que tanto lhe irritava as vezes, soando daquela maneira.

— Eu sou macho, hyung. – Taehyung nunca se preocupou em usar honoríficos consigo, e naquele momento, aquele simples hyung soou tão sujo para Hoseok, que lhe faltou o ar por alguns segundos. – Eu sinto outro tipo de necessidade. Você ainda quer me ajudar? – Ele agora estava a centímetros de sua boca, fitando seus olhos com intensidade, as orelhas baixas e as presas ainda mais salientes. As pupilas dele estavam tão dilatadas, como as de um gato realmente.

Mas Hoseok não deteve sua atenção nos orbes do Kim. A boca vermelha e úmida lhe parecia mais atraente. A maneira como ele passou a pontinha da língua ali, uma mania que o hibrido tinha, lhe parecendo tão cheia de segundas intenções.

Seria loucura beija-lo, não é? Até uns minutos atrás eles nem ao menos conversavam direito, e naquele momento estavam a centímetros de um beijo. Há algumas horas, Hoseok estava se xingando por pensar que poderia estar se apaixonando por Taehyung, mas ali estava ele, desejando mais do que nunca que ele o beijasse.

Sentiu a cauda do garoto subir mais por sua coxa, até quase alcançar sua virilha, fazendo-lhe soltar um ofego de surpresa. Taehyung queria deixa-lo louco? Em toda sua vidinha pacata, não chegara nem perto de uns beijinhos escondidos, quem dirá aquele tipo de caricia. Claro que já tinha se tocado antes, todo mundo fazia isso. No entanto, ter outra pessoa fazendo aquilo era tão mais intenso.

O hálito doce e quente de Taehyung lhe tocava os lábios de um jeito tão gostosinho, fazia a mente de Hoseok quebrar, e um calor subir por seu corpo. E como se fosse para provocar, Taehyung lhe deixara um selinho bem rápido e leve sobre os lábios. Seu coração bateu forte e dolorido contra suas costelas.

Hoseok queria tanto.

— Taehyung, o que está fazendo? – A voz séria soara por todo o cômodo, fazendo as pupilas do garoto voltarem ao normal rapidamente. Ainda levou alguns instantes fitando Hoseok, que estava tão vermelho, como nunca vira antes. – Taehyung, afaste-se do Hoseok, agora.

O Jung nunca vira a mulher tão séria como naquele momento. Ela parecia estar tão brava, que chegava a amedronta-lo. E viu que Taehyung sentia o mesmo.

Ele virou-se. Hoseok sentiu como se o ar voltasse a circular, e pudesse, finalmente, respirar e pensar corretamente. Porra, ele quase beijara Kim Taehyung!

— Mãe...

A mulher não dera nem tempo para que o hibrido se explicasse, logo se aproximando e o puxando pela orelha – a humana, pois a felina era extremamente sensível –, lhe bronqueando. Deixou-o sentado na cama, jogando a sacola de remédio nele, sem qualquer delicadeza.

Hoseok continuava no mesmo lugar. Estático, sem saber o que fazer.

— Seu moleque! O que pensou que estava fazendo? É idiota por acaso? – Ela continuava a gritar com Taehyung, que permanecia quieto, com um semblante culpado. – E se eu não tivesse chegado a tempo? Você teria feito uma besteira. Seu moleque! Um dia você ainda me deixa louca, Kim Taehyung!

E assim ela deu-se por satisfeita, voltando-se para Hoseok, o pegando pelo braço, arrastando-o para fora do quarto, batendo a porta em seguida.

Ela então encostou-se na parede, procurando se acalmar. Passando as mãos pequenas pelos fios escuros.

— Ele fez alguma coisa? Te mordeu? – Eunjin perguntou, fitando-o.

— Não, ele não fez nada. Nem me obrigou, nem nada do tipo, viu? Foi culpa minha também. – Enquanto falava a mulher balançava a cabeça negativamente. Deixando Hoseok confuso.

— Não, Hoseok. Você pode até achar que queria, e pode até ser que seja mesmo, mas é algo nele, sabe? – Ela pronunciou, deixando Hoseok ainda mais perdido. – São como "feromonios". Híbridos exalam isso pra aumentar a libido do parceiro. Ele não faz de propósito, apenas acontece, principalmente se ele tem algum tipo de interesse nessa pessoa. O cio, ou período, que seja, deixa ele assim, meio impulsivo. – Riu meio sem graça. Seu filho era um adolescente cheio de hormônios mesmo.

Hoseok apenas concordou, mesmo não tendo algo para concordar. Ele ainda sentia o calor do Taehyung o envolvendo, o cheiro dele e a forma como ele lhe olhara. Se pegou desejando sentir os dedos dele percorrendo sua pele, junto de mais beijos como o que ele deixara abaixo de sua orelha. Não se importava o que a mãe dele dissesse, seu desejo por ele não fora causado por nenhum feromonio ou merda do tipo, era algo que vinha de si. Ele sentia aquilo, ele queria tanto, que chagava a lhe assustar. Nunca havia desejado tanto um beijo como desejava o de Taehyung.

Enquanto voltava para casa, sem nem ao menos ter dado um tchau descente para o hibrido, só conseguia pensar em como, em apenas algumas horas, Min Yoongi teve suas acusações provadas. O garoto podia ser um maluco agressivo passivo, mas era mais esperto que o próprio Hoseok.

Só agora repassando em sua mente como toda sua vontade por Taehyung era só sua paixão crescendo. O que o fazia pensar que, talvez, tivesse começado a se apaixonar muito antes de ter algum contato direto com ele.

Parecia tão obvio agora, era até engraçado.

Sua mente ficava repetindo os momentos “quentes” entre eles a todo momento, fazendo-o se contorcer inteiro em vergonha na cadeira do vagão. Queria tanto ter continuado. Não se importaria nem um pouco em ajuda-lo. Sentia-se um pervertido pensando daquela maneira, porém era tudo o que almejava.

Sentia que não conseguiria dormir direito. Gostaria de ter falado com o outro uma última vez, então pegou o celular do bolso, procurando o número dele.

“Hey!”

Mandou, e esperou a resposta, que logo veio.

“Hey...”

 

“Isso é meio embaraçoso, né? Kkk”

 

“Um pouco.

Você tá bravo?”

 

“Não, não. Nem um pouco.

Então, quando você volta pra escola?”

 

“Em três dias eu volto.”

 

Aquela informação fez Hoseok murchar um pouquinho. Ele queria tanto ver Taehyung do novo.

 

“Eu posso ir te ver?”

 

Não queria parecer desesperado, mas, poxa, ele queria tanto.

 

“hm, acho que não. Minha mãe tá um fera, cara. Se vc aparecer aqui ela vai matar nós dois kkk”

 

“Então eu posso mandar umas mensagens pra você de vez em quando?

Pra te mandar matéria e essas coisas?”

 

Adicionou rapidamente, não queria que ele pensasse que estava realmente desesperado.

“claro”

 

Após isso, eles continuaram conversando. Hoseok, a cada mensagem, enviada e recebida, sentia seu coração bater rápido. Era tão boa aquela sensação. Era como se não existissem mais barreiras. Como se Taehyung tivesse aberto completamente seus braços para si. Queria sentir aquilo pra sempre.

[...]

Hoseok nunca pensou que três dias pudessem demorar tanto. Já era quase final de semana e ele só conseguia pensar em, talvez, arriscar chamar Taehyung para um encontro. Eles já tinham quase se beijado, não é mesmo? Um encontro não seria uma novidade tão surpreendente.

Havia mandado uma mensagem para o hibrido mais cedo, combinando de encontra-lo no portão do colégio. Era tão estranho ter aquele tipo de conversa com ele. Poder perguntar o que quisesse e ser respondido com ternura.  Ele sabia que Taehyung só era muito tímido, e que apenas precisava de um empurrãozinho. Deveria agradecer ao período do hibrido por isso? Quase riu, pensava tanta besteira.

Ao chegar na entrada do prédio escolar, não avistou o Kim em lugar algum. Decidiu esperar um pouco.

No entanto, o tempo passou e o sinal de início das aulas estava prestes a tocar, e nada de Taehyung chegar. Seu coração se apertou um pouco, pensando na possibilidade de algo ter acontecido com ele.

Entrou, hesitante, dentro do colégio, pegando seu celular para ligar para Taehyung e saber o que tinha acontecido, mas antes que o fizesse, foi capaz de avista-lo um pouco a frente, conversando com Jungkook.

Hoseok achou esquisito, porém pensou que o amigo pudesse estar conversando com ele para tirar suas próprias conclusões sobre o hibrido e o tipo de pessoa que era. Seria legal ter Jungkook ao seu lado, torcendo por si e não contra. Aquele ciúme bobo passaria, e ele veria que o garoto era uma ótima pessoa.

Andou depressa até ele, após ver que Taehyung se afastava. Ele não parecia muito feliz, e uma súbita vontade de bater em Jungkook lhe acometeu, se ele tivesse sido desagradável com o Kim ouviria uma bronca daquelas.

— Taehyung! – Chamou, fazendo o garoto parar e lhe olhar.

Sorriu para ele, esperando ser correspondido, mas tudo o que teve fora o semblante sério e impassível dele. Algo dentro de si estalou, alertando-o de que algo estava errado.

— O que houve? – Perguntou, cheio de preocupação.

Viu Taehyung suspirar.

— Quero que pare de me perseguir. – Fora direto e cortante. As palavras pegando Hoseok de surpresa, deixando-o sem ação. – As provas finais serão no final da semana, não tem porquê continuarmos nos encontrando. Eu já sei o suficiente para conseguir passar. Não preciso mais da sua ajuda. – Ele ia se virar, mas Hoseok, finalmente, deixando o estado surpreso de lado, agarrou a manga de seu uniforme.

— Por que está dizendo essas coisas? Taehyung... – fitou-o com suplicia, almejando que aquilo fosse a droga de uma brincadeira de muito mau gosto.

— É sério, Hoseok. Eu agradeço a sua ajuda, mas nada mudou entre a gente. – Como ele tinha coragem de dizer aquilo depois de tudo? – Escuta, o que houve aquele dia, foi totalmente por conta do meu período. Ele me deixa mais emotivo que o normal, e mais suscetível a besteiras também, eu sei que minha mãe te explicou isso. – Disse, se soltando, virando-se para ir embora. – Eu sinto muito, mas eu não posso continuar com isso. Não foi real, então esqueça também.

Então ele foi embora, deixando para trás um Hoseok de coração completamente despedaçado.  Ele sabia que os alunos estavam passando apressados por si, alguns até se esbarravam em seu corpo, mas não sentia de verdade. Era como se todo seu corpo tivesse sido anestesiado. Nunca imaginou que palavras pudessem fazê-lo sentir tanta dor. O ar começou a lhe faltar, e repentinamente ele só conseguia pensar em como queria chorar e gritar o quão imbecil era. Queria xingar Taehyung e dizer que ele era um babaca insensível. Gostaria ainda mais de conseguir odiá-lo, porém tudo o que sentia era sua paixão lhe tomar de forma assustadora e deturbada, lhe estrangulando.

Naquele dia, descobriu o poder que Taehyung tinha de lhe desestruturar por completo.


Notas Finais


Eu só quero mesmo agradecer a todos que estão favoritando, comentando e ansiando por essa fanfic. Não tenho nem palavras pra agradecer de verdade todo o amor que tenho recebido através dela. Vocês são incríveis, então muito muito muito obrigada por continuarem acompanhando e por não desistirem de uma vacilona que nem eu.

Ah, quero dizer também que a fanfic já tá chegando ao final, pois é. Mas não se desesperem, pequenos gafanhotos, eu já estou com alguns projetos em mente, e dessa vez vou fazer direitinho pra não ter problema com atualização rsrsrs

Acho que era só isso mesmo que eu tinha pra falar.

Obrigada novamente por não desistirem de mim, vocês sãos melhores

Até o próximo
Xoxo


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...