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História Um Homem Incompleto - Capítulo X


Escrita por: MeNathy_ e Vick_Safer

Notas do Autor


Espero que gostem ❤️🎩

Capítulo 11 - Capítulo X


Safira saira do quarto de Charles levemente atordoada. Esteve tentando se manter distante dele o melhor que pôde, porém quando se deu conta, estava mais perto do que imaginou e… Jesus! Quase entrou na beira do desespero.

Enquanto caminhava para o quarto de Adelaide para ver se a irmã está se sentindo bem e tentar procurar o seu juízo, pelo qual a insanidade corroeu, avistou Fischer saindo do escritório do Conde Eliot, e sorriu ao vê-la.

— Senhorita Cadwell. — ele se aproximou. — precisava mesmo falar com a senhorita.

— Oh, é mesmo? — quando o mordomo assentiu ambos seguiram até a cozinha.

Após cumprimentar alguns empregados que iam e vinham pela cozinha, Safira e Fischer se sentaram na mesa e se serviram de duas xícara de café antes de começar o diálogo.

— Disse que queria falar algo comigo. — disse Safira após colocar sua xícara de café na mesa e olhar para Fischer com curiosidade.

— Oh, sim. — Fischer levantou o rosto abatido para Safira. Ela queria muito abraça-lo e ajudá-lo de alguma forma, mesmo residindo a pouco tempo na Fretcher Hall, nunca vira o mordomo daquele jeito. — Precisarei me ausentar por alguns dias, não sei quantos ao certo, porém o senhor Eliot insistiu para que eu tirasse alguns dias para organizar minhas idéias.

Depois que Safira assentiu, Fischer continuou:

— Como bem sabe, tenho deveres não só com essa casa mas com o senhor Fretcher, Charles para ser mais exato. — Fischer a olhou com um sorriso nervoso e Safira estava trêmula presumindo o que iria lhe dizer. — Como contratar um cuidador tão rapidamente é  muito difícil, pois não é possível avaliar a experiência em um dia, eu tomei a liberdade de pedir ao senhor Fretcher deixar a senhorita no meu lugar enquanto me ausento...

Fischer apertou os dedos diante do silêncio de Safira e disse:

— Sei que deve estar pensando que não é apropriado que uma dama solteira esteja entrando e saindo do quarto de um homem também solteiro…

— Charles está noivo de minha irmã. — disse ela, na dúvida se estava lembrando o mordomo ou a si mesma.

— Pois bem — ele mudou de assunto e Safira percebeu uma dose de indiferença no seu ponto de vista sobre o estado civil de Charles. —, o que quero perguntar é se a senhorita ficaria no meu lugar.

Safira olhou para Fischer por um tempo. Quando saiu do quarto de Charles ela estava cogitando na ideia de se afastar do futuro cunhado o mais rápido possível e agora vem Fischer pedindo-a para ser sua cuidadora — por tempo indeterminado.

— Se a senhorita não quiser… — Fischer disse com um drama evidente — terei que medir esforços para conseguir outra pessoa, pois como bem sabe não podemos deixar o pobre senhor Fretcher, sem cuidados algum e…

Safira entendendo o jogo dramático e a situação em que Fischer estava, talvez se achou uma tola por não conseguir negar, ou até mesmo uma tola por ouvir uma voz muito parecida com a sua dizer:

— Já que é temporário… Eu aceito ser a cuidadora do senhor Fretcher.

Talvez seja por que a cozinheira a olhava com uma expressão divertida ou Fischer com um sorriso no rosto inchado, Safira sentiu uma pequena dose de arrependimento.

Suspirou, quando saia da cozinha e de súbito sorriu pensando no que Adelaide — com sua capacidade para exageros —, iria dizer.

•••

— Não pode aceitar Safira! — Adelaide praticamente gritou ao ouvir sobre o "emprego temporário" da irmã.

— E eu poderia saber o por quê, Adelaide? — Safira cruzou os braços e se sentou ao lado da irmã.

— Pois Charles é a arrogância em forma de ser humano! Fico com pena de ti só de pensar em passar alguns minutos com ele, imagine só por dias. O homem não tem escrúpulos Safira, não tem nem um pingo de educação.

Com uma revirada de olhos e um som de ironia, Safira olhou para irmã.

— Diz isso por que você, Senhorita Adelaide Cadwell, o trata com muita falta de respeito e consideração.

— Consideração?! — perguntou Adelaide horrorizada. — E por quê, me diga doce irmã, teria eu consideração pelo primogênito arrogante?! — Adelaide cruzou os braços, onde poderia ser ver alguns arranhões.

— Porque talvez ele seja o senhorio da casa? — Safira olhou para Adelaide e levantou uma sobrancelha.

— Para mim, o anfitrião é o Conde de Wiltshire, Eliot Fretcher! E não devo respeito algum a Charles já que ele me trata de forma bastante questionável. — Adelaide olhou para as unhas, como se quisesse encerrar o assunto.

— Sabe que ele te trata de forma questionável porque você o faz ser assim não é?! — Safira pegou na mão da Irmã, mas não escondeu o tom de repreensão.

— Afinal, de que maldito lado está Safira? — Adelaide franziu o cenho fazendo a irmã sorrir.

— Da justiça, talvez… — Safira deu de ombros e sorriu quando foi arremessada uma almofada em sua direção.

— Você não existe. — Adelaide sorriu. Mas logo ficou séria novamente — Realmente aceitará? Não me importo com Charles nem nada, mas você não merece ouvi-lo o tempo inteiro e ainda o olhá-lo com pena por causa da perna dele e...

— Adelaide, por favor. — Safira se levantou — Sabe que não o vejo dessa mesma forma mesquinha que você! Não é só por quê ele tem  uma perna comprometida que…

Safira se interrompeu e respirou fundo quando Adelaide cruzou os braços e olhou para o outro lado.

— Não teremos mais essa conversa então… — Safira se rendeu — Mas, sabe muito bem como penso. E deverias você pensar igual!

— Eu me preocupo com você. — Adelaide falou baixo — Não quero que você tenha que suporta-lo. Deixe que se vire com algum dos empregados, que a propósito há de montes neste lugar. Por quê justo você vai ficar a cuidar do inválido?

— Adelaide, olhe só como diz! — Safira maneava a cabeça em negação. — Depois se lamenta pelo jeito arrogante do Senhor Fretcher, você também não coopera em nada.

Diante da postura arrogante e super mandona de Safira, Adelaide encolheu os ombros, mas logo depois fez um som de desdém sem se importar.

— E se deseja saber, ele não me tratou com rudeza hoje de manhã! — Safira disse sem pensar.

— Esteve com ele hoje pela manhã? — Adelaide levantou uma sobrancelha.

— Eu… hã, bem sim. — Safira engoliu a seco, deveria se lembrar de manter a boca fechada em certas ocasiões — Já lhe contei o que aconteceu com o Fischer… Então como todos os empregados estão muito atarefados, eu fiquei parte da manhã com o Char… — Safira se corrigiu a tempo: — Senhor Fretcher, com o senhor Fretcher!

— Hum… — Adelaide a olhou curiosa — E o que ele lhe disse?

Safira ficou rígida e rogou aos céus para que não estivesse corada naquele momento.

— Eu certamente… Certamente a beijaria agora"

— O que ele iria dizer? — Safira cruzou os braços e se virou de costas para a irmã apreciando a vista pela janela.

— E como eu vou saber, fiquei deitada aqui o tempo todo! — Adelaide suspirou. — Mas vamos parar de falar em Charles! Quero uma companhia minha irmã, ficar nesse quarto sozinha está por ser enfadonho em demasia!

Ao se virar Safira sorriu do drama de sua irmã.

— Por que você vai ficar a cuidar do invá… Charles. — Adelaide se corrigiu diante do olhar da irmã. — Por que vai cuidar dele se pode ficar comigo?

Safira se aproximou da irmã, e apertou sua mão.

— Não vou cuidar de ninguém, apenas o ajudarei caso necessário… Eu não irei te abandonar Adel. — Safira sorriu.

— A quanto você não me chame por esse apelido ridículo. — Adelaide sorriu e se inclinou para abraçar a irmã. — Sabe que me importo com você não sabe?

Safira a olhou e sorriu.

— Charles não é nenhum monstro, Adelaide. E também é só por alguns dias. — Era o que ela esperava pelo menos. 

Safira chegou a uma presunçosa conclusão de que ficar perto de Charles poderia ser arriscado demais.

Enquanto Safira se aproximava da janela para abrir mais as cortinas, olhou para o enorme jardim a sua frente. Observou as árvores decorando o belo ambiente assim como as flores e sorriu ao pensar em algo, que para ela, foi excelente.

— Por quê, você não se dá uma chance de conhecê-lo? — Safira se virou para a irmã que parou com o copo de água próximo aos lábios.

— E como eu faria Isso? — Adelaide cruzou os braços. — Charles não me suporta, assim como eu não o suporto!

— Mas vocês vão se casar — insistiu Safira —, terão que manter uma  boa convivência.

Adelaide cruzou os braços e levantou uma sobrancelha.

— Por que eu sinto que está a tramar algo?

— Eu só pensei que… — Safira juntou as mãos atrás das costas. —... Talvez pudéssemos dar um passeio no jardim. Sei que não está em boas condições mais...

Adelaide descruzou os braços e pareceu pensar na resposta, quando suspirou e sorriu.

— Está bem, estou precisando de um pouco de ar mesmo. — Adelaide riu quando Safira sorriu animada. — Pois fique sabendo que a caminhada não pode ser às pressas, pois meu traseiro ainda dói como o inferno!

— Não blasfeme Adelaide, tem uma dama no recinto  — Safira sorriu.

— Perdoe-me mas a dama seria você? — Adelaide debochou. — acho que não!

— Engraçadinha… Guarde sua energia para uma boa caminhada — disse ela indo até a porta — mandarei que uma empregada a ajude com a vestimenta.

Disto isso, Safira saiu do quarto e mordendo o lábio ao parar em frente a porta de Charles. Respirou fundo. Sabia que não seria fácil convence-lo a uma caminhada e ainda mais com Adelaide, só que ele não precisava saber da última parte por enquanto.

Depois de dar duas batidas na porta, Safira sorriu, afinal Charles e Adelaide tinham que se conhecer melhor e isso ajudaria na convivência para um bom casamento. Ao ouvir Charles permitir sua entrada, Safira não entendeu por que de repente se sentiu pouco mexida com isso.

Ela estranhou ao olhar para a cama e não ver Charles deitado nela, todo esparramado como de costume, com aquela camisa branca de tecido fino pela qual mostrava-lhe parte do peito liso e aparentemente definido… Depois de balançar a cabeça Safira olhou para o outro lado do quarto, onde perto da janela estava Charles olhando para fora, parecia pensar em algo, aparentava estar distante em seus próprios devaneios, até que ele se virou...

— Fischer, achei que... — Charles parou de falar quando percebeu que não era o mordomo que estava a sua frente e sim sua mais nova cuidadora. — Oh, senhorita Cadwell.

Charles franziu o cenho e inclinou a cabeça para o lado quando percebeu um leve rubor na face de Safira. Talvez ela tenha se lembrado do que aconteceu a algumas horas atrás quando ele estupidamente quase a beijou — novamente — ou da provocação deles. Porém, ao seguir o olhar dela sobre ele, Charles percebeu que Safira olhava para sua camisa que a propósito estava totalmente aberta mostrando algo que ele deveria esconder já que ela era uma mulher solteira e evidentemente inocente.

— Me perdoe… — disse ele se apoiando na parede e fechando os botões da camisa — achei que Fischer ainda estava aqui e…

— Eu deveria ter dito que era eu quem estava entrando em seu quarto. — Safira olhava para as próprias botas — perdoe-me.

Ao fechar todos os botões com um sorriso no rosto, Charles observava o rubor de Safira, como ela ficava engraçadinha totalmente sem graça e pouco nervosa apertando os dedos e encarando os próprios pés. De súbito, sentiu uma pequena necessidade de levantar aquele queixo para fazê-la olhar para ele e inclinar sua cabeça em direção a dela novamente, só que dessa vez fazer o quê tanto anseia. Charles chegou uma dolorosa conclusão que talvez, desejasse aquela mulher a sua frente apenas por não poder desejá-la ou tê-la para si por ser apenas uma novidade. Tinha que ser isso! Realmente é isso…. Ao menos ele esperava que sim.

— Pode olhar agora — disse ele se apoiando na bengala. Quando ela levantou o olhar para ele Charles levantou uma sobrancelha. — soube que será minha nova cuidadora.

Safira assentiu e levou as mãos para trás das costas.

— Fischer pediu para que assim fosse feito. Parece até mesmo que seu pai concordou. — disse ela, só por não saber o que dizer.

— Aham. — Charles a olhou e depois de um tempo em silêncio, ele disse impaciente, mesmo sem saber o por quê: — E o que deseja?

— Oh, claro... — Disse ela balançando a cabeça — Eu queria saber se o senhor me acompanharia em um passeio no jardim... Sei que não gosta muito de caminhar mais…

— Tudo bem. Eu a acompanho. — Disse ele calmamente.

— Oh, é mesmo? — Safira sorriu — Vejo que acordou disposto hoje, Milorde.

— Fui acordado por um visão diferente. — disse ele se referindo a mais cedo.

Safira ruborizou e Charles quase sorriu. A quanto tempo não jogava seu charme a uma dama e a fazia ruborizar. Se lembrou dos bailes em que frequentava antes do acidente, muitas damas caiam aos seus pés, as mais ousadas claro, e as outras apenas lançava olhares sedutores e sorrisos cheio de intenções. Agora olhando para Safira ele determinou que não sentia tanta falta das temporadas assim.

— Então eu… bem, o espero lá no jardim. — Disse ela indo até a porta.

Ela deu uma rápida olhada para trás e viu Charles a encarando,  saindo do quarto às pressas do quarto Safira se perguntou se tinha sido uma boa ideia um passeio no jardim já que dá última vez não fora apenas um passeio.

•••

Quando Charles parou no alto da escada que dava para os jardim, pensou um zilhão de vezes em voltar para trás e se trancar no quarto, mesmo sabendo que seria uma atitude bastante juvenil.

Pensou ele que teria uma conversa agradável com Safira ou algo assim, até cogitou na hipótese de se desculpar pela forma rude que a tratou, era óbvio que ela percebeu que ele a beijaria e isso não poderia acontecer — mesmo ele querendo em demasia. Só que ao ver Adelaide parada no jardim ao lado da irmã, formando uma carranca de mal humor, provavelmente ao vê-lo, o deixou totalmente enfurecido.

Charles olhou para Safira, que mordia o lábio olhando dele para a irmã, era óbvio que ela faria com que o "casal" tivesse uma conversa agradável.

Diante do silêncio, Safira abriu um sorriso e disse apertando os dedos:

— Tomei a liberdade de chamar os dois pois não podia deixar ambos trancados no quarto pois...

— E não disse que o senhor Fretcher estaria presente nesse passeio! — Adelaide cruzou os braços.

— Bem,  não ma… — Safira tentou dizer.

— Poderia ao menos ter dito que teríamos mais uma companhia. — Disse Charles se aproximando das moças.

Safira olhou para os dois que se encararam por algum segundos e logo viraram os rostos em direções contrárias. Ela revirou os olhos, aquela seria um longo passeio.

— Eu só achei que vocês precisavam dar um passeio no jardim e como agora, tenho algumas responsabilidades com o senhor Fretcher eu imaginei que talvez vocês pudessem conversar como pessoas civilizadas, ao invés de se alfinetarem. — Safira cruzou os braços e ficou a frente dos dois. — podem se tratar como gente ao menos hoje?

Diante do silêncio, Safira apelou:

— Por mim. — Primeiro o olhar de Safira foi para Adelaide e logo caiu sob Charles que suspirou e assentiu revirando os olhos.

Começaram então uma caminhada, claro que Safira ficou no meio dos dois que estavam fazendo caretas sem se dar o mínimo trabalho de esconder o mal gosto pela caminhada.

— Está um belo dia, não ? — Safira perguntou e olhou para o lado de Charles que apenas assentiu sem mudar de expressão, e quando olhou para Adelaide ela nem se deu o trabalho de responder.

Safira suspirou alto duas vezes e parou de repente, fazendo Charles e Adelaide franzir o cenho parando a caminhada.

— Vocês poderiam ao menos fingir que estão gostando do passeio. — Safira cruzou os braços.

— Não vê que o senhor Fretcher não gosta de fingimentos já que sua carranca não abandona sua face. — Adelaide olhou para Charles que a olhou com arrogância.

— Diz a mulher que no jantar em que nos conhecemos disse que não queria se casar comigo por eu não ser uma pessoa a sua altura. — Charles sabia que não precisava daquilo, mas Adelaide o dava nos nervos.

— Até por que não deixa de ser verdade. — Adelaide se virou para Charles — Vamos diga, não deseja se casar comigo também. Então não se faça de inocente. Soa falso até mesmo para você, Milorde.

— Perdoe-me mas a única coisa sinuosa aqui é a senhorita. — Charles se apoiou na bengala — E agora que estamos cara a cara, diga-me Adelaide... Qual seria o homem a sua altura?

— Por favor, vocês dois não... — Safira tentou intervir mais Adelaide, que já estava vermelha de raiva disparou:

— Se deseja saber mesmo, Milorde — ela se aproximou dele —, um homem a minha altura não é alguém arrogante e amargo com sigo mesmo, e trata as pessoas a sua volta com arrogância só por causa de…

— Por causa de quê? — Charles gritou. — Pela minha perna comprometida!

— Podem parar os dois?! — Safira entrou no meio deles, mas Adelaide a contornou assentindo ruidosamente.

— Já que estamos jogando tudo aos ventos... Sim, sua perna comprometida em incomoda.

— Adelaide! — Safira olhou para a irmã assustada pelas palavras.

— O senhor me incomoda! — Adelaide continuou — Sua atitude me incomoda… É um estorvo para todos a sua volta. Vive sempre a procura de alguém para que possa o ajudar com tudo. — Adelaide se aproximou de Charles que estava a ponto de esgana-la. — Diga-me milorde, como me casarei com um homem que não pode nem sequer andar com as próprias pernas?

Safira levou uma mão a boca. Nunca imaginaria que sua irmã falaria algo assim. Ela olhou para Charles e percebeu o quão nervoso ele estava, os dedos que estavam entorno da bengala estavam brancos de tanto que ele os apertava.

— Então sim, mereço alguém de minha altura! — Adelaide finalizou olhando para Charles.

Quando ele se inclinou e ficou com o rosto perto do de Adelaide, Safira paralisou, não conseguiu nem sequer apaziguar aquela situação.

— Nem os porcos do matadouro merecem qualquer enlace com a senhorita! — a voz saiu carregada de desprezo e Safira observou que Adelaide encolheu os ombros com orgulho ferido e saiu andando em direção a casa sem olhar para trás.

— Adel. — Safira a chamou — Adelaide!

• • •

Era para ser apenas um simples passeio para que Adelaide se libertasse um pouco daquele quarto no qual passara malditas 36 horas trancafiada vendo a luz do sol somente pelas janelas... Bem, era! E poderia bem ter sido agradável, isso se Safira não estivesse preparado uma armadilha para ela.

Como fora tola! Após tantos anos de convivência era de se esperar que ela reconhecesse o olhar travesso que Safira trazia nos olhos naquela manhã, mas a verdade era que Safira sempre arrumava uma maneira de a surpreender. Bem, ao menos dessa vez ela podia mascarar sua tolice com a desculpa que havia batido a cabeça – o que verdadeiramente aconteceu.

Naquele momento Adelaide poderia ser comparada á uma bomba atomica visto o estado em que estava, conseguira ignorar a leve dormência nos joelhos e no quadril enquanto andava – ou corria – tão rápido que  nem sequer havia se dado conta de que seguia para o sul, onde coincidentemente ficava localizado o estábulo.

Parou a cerca de dez metros de distância e sentiu seus lábios se contorcerem num sorriso largo quando viu a visão de Aaron enquanto escovava uma égua.

A partir dali  sua mente esqueceu-se de Charles, Safira e dos porcos do estábulo.

— Senhorita Cadwell, o que faz aqui? – perguntou Aaron quando a viu.

— Aaron querido acho que já somos íntimos demais para me chamar assim.

— Bem... – disse ele com um sorriso malicioso nos lábios enquanto largava a escova para segurar sua mão e a puxar para perto de si – Não completamente não é senhorita?

Se Adelaide sentira seu corpo arder em chamas quando ele a olhou selvagem, fora incendiada mais ainda quando ele a beijara.

— Alguém pode nos ver! – lembrou ainda com os lábios encostados no dele.

— Tem razão – respondeu olhando de um lado para outro repetidas vezes como para ter certeza que ninguém os veria – Venha. – a conduziu para dentro do estábulo.

Após aquele dia, "intocada" seria uma palavra que jamais seria usada quando referida á Adelaide Cadwell.

• • •

Ao ver Adelaide sumir de vista, Safira colocou as mãos ao rosto e respirou fundo. Charles fechou os olhos, não deveria ser tão rude assim, mas céus, essa mulher o deixava louco de raiva. Sabia que as palavras que desferiu com arrogância, não machucaram apenas a Adelaide, mas a Safira também.

Quando abriu os olhos e olhou para Safira, ela estava a sua frente o olhando sem uma expressão definida, mas não precisava de muito para saber que ela estava chateada com ele. Ela balançou a cabeça e com os braços cruzados saiu em direção contrária da de Adelaide, indo para o labirinto intricado do jardim.

— Senhorita Cadwell… — chamou ele sabendo que Safira não ia interromper sua caminhada, que a propósito era para bem longe dele. — Safira!

Quando ele a chamou pelo nome de batismo, ela parou e percebeu que ele a seguia. Se virou lentamente e pousou as mãos na cintura.

— Eu sei que vocês não se dão tão bem assim, mas essa atitude foi ridícula! — Disse ela irritada. — Adelaide não é uma pessoa fácil de lidar mas, não acho que precisava dizer aquilo.

Charles suspirou e por mais que não tenha ligado para o que disse para Adelaide — sendo que ela também lhe ofereceu sua rude opinião —, ele sentia-se… arrependido. Só que era por Safira.

Charles expirou devagar, era claro que ela queria que ele e a irmã, tivessem uma boa convivência, e ao menos se comportarem como se suportasse a companhia um do outro, e ele sabia o por quê. As duas malditas tentativas de beijá-la, talvez ela tenha ficado totalmente envergonhada e estivesse fazendo com que Charles entendesse que ela não era qualquer uma que saia beijando por aí. Ele se sentia um animal.

— Eu sei que não deveria descer tão baixo assim. Ainda mais quando você estava com as melhores das intenções, porém sua irmã não ajuda em nada. — Disse ele ríspido.

— Eu sei que Adelaide não coopera com a situação, mas… — Safira parou de repente e suspirou — acho que eu até posso entender o seu lado.

— Não Safira, você não pode. — Ele se aproximou provocando uma exclamação nela — Agora eu posso ver em seus olhos que não está gostando nem um pouco do que eu falei, nem um pouco de mim.

Safira o olhou e piscou duas vezes. Era claro que ela não o odiava, só ficara chateada pela atitude bastante rude dos dois. Sabia que Adelaide tinha uma parcela de culpa, porém talvez a maior culpada tenha sido ela por se intrometer em algo que não era de sua conta, mesmo Adelaide sendo sua irmã.  Por mais que seja ridículo admitir, ela tinha um sentimento de obrigação com Adelaide e  – mesmo sem entender – com Charles também. E era isso que tornava tudo mais estranho.

— Eu não o odeio, se deseja saber — ela disse observando ao redor e percebendo que estavam bastante afastados da mansão.

— Oh, é mesmo? — disse ele a encarando — não é o que sua expressão me diz, senhorita Cadwell.

— Esse assunto não é sobre mim. — disse ela encolhendo os ombros ao ver ele se aproximar dela.

— Então, olhe no fundo dos meus olhos agora, e diga-me Safira, com sinceridade, o quão ansiosa está agora para me chamar de irmão.

Safira sentia o coração bater como o de um beija-flor, não conseguia sequer formular uma resposta adequada para aquela pergunta. Era claro que ela deveria estar feliz por causa do casamento da irmã, mas seria mentira se assim estivesse.

— Eu… — a frase morreu nos lábios de Safira que se entreabriram duas vezes.

— Ótimo! — Charles se virou para ir embora.

— Senhor Fretcher. — Safira o chamou. — Eu não…

Ao ver Charles indo embora se apoiado na bengala ela suspirou e foi atrás dele. Quando o contornou e parou a sua frente o olhou nos olhos.

— Charles. — Disse ela sentindo seu sangue pulsar como se fosse trovões em sua orelha.

Maldita seja! Antes que pudesse se afastar daquela mulher, ele a puxou para perto, virando o rosto de Safira para encara-lo. Passando o dedo pelos lábios macios dela, insinuando o quê tanto martelou em sua mente que não iria fazer.

Beijá-la.


Notas Finais


Meus amores espero que tenham gostado.

AAAAAAAA ♥️♥️ comentem
Bjos e até a próxima


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