História Um Mês e Nada Mais - Éden Proibido

Finalmente o dia da comemoração dos três anos do Éden Proibido chegou. Darcy combinou de encontrar Bingley na casa de Jane para possibilitar que todos fossem juntos. Ele estava particularmente ansioso para ver Elizabeth e sua misteriosa fantasia. Ele a perturbou algumas vezes tentando descobrir o que era, mas ela foi irredutível. Ele teria que ver com todas as outras pessoas no dia da festa. Ele estava ansioso, pois não a via há mais de uma semana. Entretanto, quando chegou na casa dela, descobriu que ela já tinha partido e ficou um pouco decepcionado, mas sabia que iria vê-la e se contentou com o fato.

Logo, Hurst chegou com Louise, Caroline e Adam, o primo que estava se mudando para Londres. Depois que todos se encontraram na casa das irmãs Bennet e trocaram algumas palavras, eles partiram em dois carros para o tão falado Éden Proibido.

Caroline insistiu em ir no mesmo carro que Darcy, o que o aborreceu. Ela estava usando uma fantasia de vampira muito bonita com um vestido preto e vermelho provocante, salto alto e um penteado elaborado. Ela tinha escolhido o traje especialmente para Darcy e queria se mostrar em seu melhor. Ela via aquela festa como mais uma chance de se aproximar dele. Caroline tinha tentado entrar em contato com ele algumas vezes para descobrir o que ele vestiria, assim, ela poderia escolher algo que combinasse com ele, mas Darcy arrumou diversas desculpas para ignorar os telefonemas dela. Ele nunca permitiria que Caroline fizesse um par com ele, mesmo que fosse em uma mera fantasia.

“Will, se você tivesse me falado que estava em uma fantasia de Clark Kent, eu poderia me fantasiar de Louis Lane e formaríamos um par como Charles e Jane.” Ela reclamou com um biquinho insuportável, como se fosse uma criança mimada. Às vezes Darcy pensava que ela tinha algum problema mental, pois não era normal agir daquela forma.

Darcy revirou os olhos e decidiu não responder. Ele olhou para Jane e Bingley e sorriu. Eles escolheram a fantasia perfeita. Jane estava de Buttercup, com o vestido azul pálido e penteado com a coroa idênticos ao do filme Princess Bride. Bingley estava vestido de Westley, com a roupa preta e a máscara, ele tinha até mesmo deixado o bigode crescer um pouco para ficar o mais parecido possível com o personagem. A fantasia romântica ideal para os dois. Ele sorriu ainda mais depois que descobriu que a ideia foi de Elizabeth e que ela tinha levado ambos para a mesma loja que o levou.

Quando chegaram ao Éden, Darcy se assustou com a quantidade de pessoas em frente ao grande prédio. Do lado de fora, era apenas uma fachada escura simples, sem nenhuma indicação do que existia dentro além de uma placa metálica pequena ao lado da porta em formato de uma maça mordida, sem nenhuma inscrição. Jane liderou o caminho até a entrada. Ela foi reconhecida pelos seguranças com bastante cortesia, e depois de dar o nome de todos que estavam com ela, foi permitida a entrada.

Depois de passar pala porta, eles se depararam com uma grande sala completamente vermelha. O Chão, o teto, as paredes, os sofás... tudo era vermelho, exceto por uma placa dourada com escritos negros que chamou a atenção de Darcy. Nela estava escrito: Proibido pessoas nuas dentro ou fora. Ele riu do senso de humor de quem teve a ideia de coloca-la ali, sabendo, por algum motivo, que a ideia era de Elizabeth.

Saindo dessa sala, eles descobriram um corredor feito de aquários dos dois lados, do chão ao teto, mas não haviam peixes, apenas plantas aquáticas. A luz que emanava de todos os lados era azul, um grande contraste com a sala anterior. A sensação era de entrar em um outro mundo e a cada passo, a expectativa para ver o grande salão aumentava.

Ao fim do corredor, eles foram brindados com a visão do salão principal. Era enorme e igualmente surpreendente. Ao fundo, um grande palco branco, com cortinas brancas e luzes azuis. Em ambas laterais existiam balcões onde vários barmen serviam bebidas elaboradas. Ao redor do palco, espalhadas, haviam mesas com cadeiras confortáveis e poltronas ao redor de mesas menores. O teto mudava a todo momento dependendo da imagem projetada. Em alguns momentos, levava o salão a um céu estrelado, em seguida, ao fundo do mar, e muitos outros cenários. Era surpreendente.

“Você estava certo quando falou que isso parece um universo paralelo, Bingley. Eu não sei como não é mais famoso. Isso é incrível.” Darcy declarou com admiração.

“Charlote quer assim... Diz que faz parecer um lugar secreto. Para falar a verdade, o fato de que só entram pessoas através de convite de outros clientes e aprovação da proprietária, e de ter uma fila de espera, faz com que todos queiram ainda mais entrar. Foi uma estratégia arriscada e genial.” Jane respondeu no lugar de Bingley.

Assim que ela terminou de falar, uma mulher andou com passos rápidos em direção a eles. Alta, cabelos vermelhos curtos e espetados para todo o lado adornados com dois pequenos chifres, também vermelhos, fazendo parecer reais. Ela usava um vestido vermelho curto e uma enorme capa preta que se arrasava no chão atrás dela. Assim que chegou a eles, ela abraçou Jane e Bingley com entusiasmo.

“Jane, Charles... Vocês estão perfeitos. A fantasia é maravilhosa.” Ela disse ao se afastar e dar uma boa olhada no casal.

Jane e Bingley sorriram e agradeceram. “Charlote, eu não acredito que você se fantasiou de capeta depois do que aconteceu no ano passado....” Jane declarou rindo.

“Por que? Eu achei totalmente apropriado. Lizzie riu por dez minutos quando me viu. E depois que vocês descobrirem qual é a fantasia dela, vocês vão entender mais ainda a graça. E eu já vou adiantar que a gente não combinou nada. Tanto eu quanto ela descobrimos como cada uma se fantasiaria apenas hoje.”

Bingley apresentou Charlote ao resto do grupo e ela os levou a uma mesa muito bem posicionada entre o bar e o palco.

“Com certeza vocês vão querer assistir à apresentação de abertura da festa de hoje. Lizzie está linda, como sempre.” Ela piscou e saiu tão rápido quanto apareceu.

Uma garçonete usando um fraque vermelho, short preto curto com cintura alta, meia arrastão preta, gravata borboleta preta e cartola vermelha apareceu para servir as bebidas. Rapidamente, Bingley pediu a margarita que o tinha fascinado em sua última visita e fez tanta propaganda que todos pediram o mesmo.

Assim que Charlote percebeu que todos os convidados estavam presentes, pediu para que chamassem a primeira atração, enfatizando que a campeã europeia de dança de salão estaria no elenco. A plateia da noite aplaudiu com entusiasmo gritando o nome de Elizabeth. Ficou claro que grande parte do público a conhecia.

As luzes se apagaram, e no palco, a luz azul se tornou branca e vermelha. As cortinas abriram e tudo estava escuro. Um som familiar iniciou e então eles escutaram vozes, uma após a outra, dizendo: “Pop”, “Six”, “Squish”, “Uh-uh”, “Cicero”, “Lipschitz”... Jane e Louise se olharam e sorriram. “Cell Block Tango do musical Chicago” as duas disseram juntas, já animadas para assistir a cena do famoso musical.

O palco ficou mais iluminado e foi possível ver seis mulheres andando lentamente para frente, arrastando cadeiras. Elizabeth estava no meio delas usando um espartilho, cinta-liga e meia, tudo preto, com uma maquiagem escura. A apresentação continuou e o público assistia apreciando cada segundo. Elizabeth apresentou a história “Cicero”. Quando ela cantou, Darcy se surpreendeu com sua voz forte. Não foi nada parecido com a voz leve e brincalhona que ele escutou na cozinha de Netherfield cantando Beach Boys.

Ele a devorava com os olhos enquanto ela dançava. Ele não se surpreendeu ao perceber o quanto ela estava à vontade no palco, ele sabia que ela nasceu para estar em evidencia, diferente dele. E sabia que ela adorava aquilo. No meio de seu devaneio apreciativo da figura de Elizabeth, ele escutou um comentário que não o agradou.

“Jane, nós vamos conhece-las depois?” Adam perguntou ansioso, sem tirar os olhos do palco.

Jane sorriu. “E qual delas despertou seu interesse, Adam?”

“Cicero.” Ele respondeu olhando diretamente para Elizabeth.

O sorriso de Jane se alargou. “Esta, Adam, é minha irmã.”

Adam sentiu seu rosto corado. “Eu não sabia, Jane... eu não quero ofender, mas, wow... ela é linda.”

Jane achava a conversa muito divertida. Quando conheceu Adam, alguns dias antes, pensou que ele poderia combinar bem com sua irmã. “Eu tenho que concordar com você. Ela se juntará a nós depois que a apresentação terminar... quero dizer, depois de vestir a fantasia misteriosa. Mas não se anime muito. Ela conhece quase todos que estão neste salão e não vai ficar o tempo inteiro aqui. Principalmente quando começar a música e as pessoas forem dançar. Eu aposto que todo mundo aqui vai querer dançar com ela.” Jane disse com orgulho.

Adam voltou sua atenção para o palco e Darcy percebeu que ele ainda olhava diretamente para Elizabeth. Ele resolveu apreciar o fim da apresentação, que foi impecável. Assim que terminou, as cortinas fecharam e outra atração foi chamada com dançarinas e cantoras. Era tudo de bom gosto e bem feito.

Charlote apareceu novamente na mesa deles, apressada com antes. “E então gente, o que acharam? Lizzie não estava fantástica?”

Todos concordaram e Charlote continuou. “Está tudo liberado para a mesa de vocês. O que estiver no cardápio e algumas que nem estão. Lizzie sabe do que eu estou falando. Ela está se preparando agora. Eu acredito que em vinte minutos mais ou menos ela aparecerá.”

Charlote deu mais um beijo no rosto de Jane e correu para outra mesa que a chamava. A apresentação do palco continuou tão impressionante quanto as outras. Darcy, então, reparou nas outras mesas. O que Elizabeth disse no outro dia não era mentira. Muitas pessoas conhecidas estavam espalhadas por todo o local. Ele reconheceu um membro do parlamento adversário político de seu tio, o apresentador do jornal mais popular do país, uma atriz, alguns esportistas e outras personalidades. Era óbvio que o Éden era um local bem frequentado.

Cerca de quarenta minutos depois que Elizabeth desapareceu atrás das cortinas, Charlote subiu no palco e chamou a atenção dos presentes. “Senhoras e senhores, boa noite. Hoje estamos comemorando três maravilhosos anos do Éden, o lugar mais especial desse país.”

As pessoas aplaudiram e gritaram.

“Neste ano, resolvemos fazer esta festa a fantasia. Eu estou feliz em dizer que no final da noite, uma pessoa será escolhida para ganhar o prêmio de três mil pelo traje mais elaborado. Infelizmente eu não estarei participando, embora eu merecia, já que minha fantasia é uma homenagem ao último aniversário do Éden.”

As pessoas riram e aplaudiram novamente enquanto Charlote desfilava pelo palco segurando um enorme tridente e fazia poses exageradas. Em determinado momento de sua exibição, ela lambeu o garfo do meio da base a ponta e o público gritava e ria histericamente.

“Para abrir a pista de dança esta noite, eu tenho o prazer de chamar uma pessoa bem conhecida e querida por todos aqui. A pessoa que quase botou o Éden abaixo um ano atrás. A nossa campeã que nos brindou com uma maravilhosa performance essa noite e minha amiga mais querida. Por favor, uma salva de palmas para Elizabeth Bennet, senhoras e senhores.”

As cortinas abriram e em meio à palmas e risadas, Elizabeth surgiu. Ela usava um vestido branco curto e agarrado a cada curva de seu corpo, sandálias de salto com tiras que subiam pelas pernas, inteiramente prata, dois braceletes de prata, cabelos num penteado preso nas laterais de modo que mostrava bem seu rosto, mas com cachos cuidadosamente soltos pelas costas, e uma linha de prata na testa representando uma auréola de anjo. Ela estava linda, mas o mais impressionante, eram as enormes asas de penas brancas que estavam em suas costas e que quase tocavam o chão.

Elizabeth foi até o centro do palco, próxima de Charlote, e quando ela abriu os braços para saudar os convidados, as asas se abriram também, tornando a fantasia ainda mais fantástica. Ficou claro que os braceletes serviam para que as asas se movesses de acordo com os movimentos de seus braços. As pessoas estavam extasiadas. Ela conseguiu cada olhar sobre ela naquele momento.

“Sejam bem-vindos, meus amigos. Eu acredito que vocês entenderam o motivo dessa fantasia. Enquanto Charlote quer fazer uma homenagem ao último aniversário, eu quero a redenção. Eu ia prometer me comportar como um anjo esta noite, então, porque não me fantasiar de um? ”

As pessoas gargalhavam, em especial aquelas que estavam presentes na comemoração do ano anterior. Charlote de capeta e Elizabeth de anjo no palco era uma visão incrível.

“Eu estou muito feliz em ver rostos familiares. O carinho de vocês com o Éden é muito importante para todos nós. Eu vejo também rostos novos e espero que vocês apreciem a noite.”

As pessoas aplaudiram novamente. Elizabeth olhou para Charlote e as duas ficaram lado a lado de mãos dadas.

“Espero que todos tenham uma noite maravilhosa independente se se comportarem como um capeta ou um anjo. Não queremos estender nossas palavras, então, por favor, sintam-se à vontade. A pista está liberada, o bar está abastecido e a companhia é deliciosa.” Elizabeth concluiu.

“Vamos dançar até o dia nascer!” Charlote gritou.

Uma música eletrônica começou a tocar em volume alto, as luzes piscaram e a projeção no teto dividiu o ambiente entre o crepitar do fogo e a tranquilidade de um céu azul com nuvens brancas. As pessoas gritavam e aplaudiam enquanto se dirigiam a pista de dança. Jane se levantou dizendo que precisava buscar Elizabeth, do contrário, ela nunca chegaria na mesa deles.

Adam olhou para Hurst com olhos arregalados enquanto ria. “Você sabe o que aconteceu aqui ano passado?”

Hurst riu e assentiu. “Eu conto essa história para você amanhã.”

Então, ele olhou para Charles. “Sua cunhada é sempre assim?

Bingley sorriu em direção a Adam. “Lizzie é incrível. Você vai adorá-la.”

Darcy não estava gostando da conversa e se levantou para poder cumprimentar Elizabeth assim que a visse. Infelizmente, Caroline entendeu que ele ia dançar e se levantou também, se dirigindo para seu lado.

“William, se você for dançar, eu também vou.” Ela já estava agarrada com o braço dele antes mesmo que ele percebesse.

Darcy fechou com força a mandíbula e se forçou a relaxar. “Na verdade, eu levantei para procurar Elizabeth. Eu ainda não agradeci pela fantasia.”

Quando terminou de falar ele a viu, e como sempre, perdeu o fôlego. Enquanto ela estava no palco, não era possível ver, mas sua maquiagem era encantadora e delicada. Seus olhos estavam com uma sombra clara e em ambos os lados, cristais foram colado em sua pele acentuando o verde de seus olhos. Seus lábios estavam cobertos de um gloss rosa com um brilho sutil. De perto, o vestido era ainda mais sexy.

Assim que ela chegou, ele a abraçou e lhe deu um beijo no rosto, a surpreendendo. “Você está deslumbrante. Valeu a pena esperar.” Ele sussurrou no ouvido dela, fazendo seu corpo arrepiar. Ela se virou para ele e agradeceu com um rosto enrubescido. Caroline, que tinha sido deixada de lado, espumava de raiva. Ela odiava o relacionamento cordial entre os dois.

Elizabeth cumprimentou o restante da mesa, recebendo elogios pela fantasia e agradecendo cada um deles. Hurst levantou-se e apresentou Adam, que olhava para Elizabeth como se estivesse hipnotizado.

“Se você me falar que todos os anjos são assim, eu prometo que serei o melhor dos homens só para ir para o céu quando minha hora chegar.” Adam disse antes de pegar a mão de Elizabeth e beijar sem tirar os olhos dela.

“Um galanteador!” Elizabeth exclamou alegremente. “Muito prazer, Adam. Espero que esteja gostando da noite.” Elizabeth disse com um de seus sorrisos famosos.

“Está cada vez melhor.” Ele respondeu sem soltar a mão dela.

Darcy se colocou entre eles, interrompendo a conversa e o contato entre os dois. “Elizabeth, você dançaria comigo antes de ser roubada para outras mesas? Eu tenho certeza que você não vai conseguir ficar conosco com a quantidade de pessoas querendo sua atenção hoje.”

Elizabeth piscou para Darcy, pegou a mão dele e o puxou para a pista de dança. Ele estava extasiado. Tudo o que ele queria era um tempo com ela. Ele sabia que a presença dela seria limitada, mas estava gostando do lugar.

“O que está achando do Éden?” Elizabeth perguntou em seu ouvido.

“É incrível. Eu estou sem palavras. Eu ainda não sei como nunca soube de um lugar assim antes...” Ele respondeu aproveitando para apoiar uma mão na cintura dela.

Eles ficaram dançando muito próximos um do outro até o final da música. O senhor que Darcy reconheceu como o adversário político de seu tio andou em direção à Elizabeth, lhe dando um beijo no rosto. Ele estava com sua esposa, que cumprimentou Elizabeth da mesma forma.

“Lizzie, minha querida, você está incrível.” Ele disse a olhando com admiração.

“Lord Hayman, obrigada. Lady Hayman. Que bom que estão conosco hoje. Achei que já tinham enjoado de mim.” Ela os cumprimentou de volta com bastante familiaridade.

Lady Hayman sorriu e colocou uma mão no rosto de Elizabeth. “Impossível, minha querida. Depois da diversão que foi o ano passado nós não perderíamos por nada.”

Elizabeth riu, e lembrando que Darcy não tinha sido apresentado, se virou para ele. “Lord Hayman, Lady Hayman, esse é meu amigo, William Darcy.”

Hayman notou Darcy pela primeira vez e o reconheceu na mesma hora. “Jovem Darcy, é um prazer revê-lo.”

Darcy deu um aperto de mão firme no cavalheiro. “O prazer é meu, senhor.” Ele pegou a mão de Lady Hayman e se inclinou. “Lady Hayman, permita-me dizer que sua fantasia é belíssima.” O casal mais velho vestia roupas da regência.

Lady Hayman riu e apertou a mão de Darcy. “Ah, William, você sempre foi a educação personificada. Pena que nem todas as suas conexões são como você.”

Darcy riu da franqueza da senhora. “A gente não escolhe onde nasce.”

Hayman pegou a mão da esposa e a colocou na dobra de seu cotovelo. “Vamos minha queria, deixe os jovens se divertirem. Foi realmente bom te ver, Darcy... Lizzie.” E os dois saíram em direção ao bar.

Elizabeth olhou para Darcy com uma sobrancelha arqueada. “Eu deveria imaginar que você já os conhecia.”

“Eu me pergunto como você os conhece.” Darcy disse a olhando com curiosidade.

“Sabe o casal misterioso que está tendo aulas comigo?” Ela perguntou, mas não deixou ele responder. “São eles. Eu os conheci aqui no Éden. Eles são incríveis, eu os adoro.”

Antes que Darcy pudesse continuar com a conversa, Charlote chegou perto de ambos. “Desculpe interromper vocês dois, mas Lizzie, tem dezenas de pessoas pedindo a sua presença. Está na hora de me ajudar a ser uma boa anfitriã. Muita gente ainda não teve a oportunidade de dar os parabéns pelo campeonato.”

Com um sorriso dirigido a Darcy, Elizabeth foi puxada por Charlote. Assim que ela saiu de perto dele, Caroline apareceu, se agarrando novamente em seu braço como se fosse propriedade particular dela. Por educação, Darcy dançou com ela por alguns poucos minutos e depois voltou para a mesa, onde Bingley estava em sua terceira margarita e Jane não estava muito atrás.

Depois de muita música eletrônica, por volta das duas da manhã o palco foi aberto para os casais que queriam se arriscar na dança de salão. Elizabeth não parou nenhum momento. Ela era convidada para dançar em cada música, todos querendo a oportunidade de dizer que já tinham dançado com a campeã daquele ano.

Darcy estava tendo um tempo difícil para chegar próximo a ela. Depois de ver Bingley exagerando na bebida acompanhado por Jane, ele percebeu que teria que ser o motorista da noite. Adam notou o mesmo ao ver Hurst e também tinha parado de beber, embora eles tinham que concordar que tudo era delicioso.

Em um momento de descuido, Caroline se agarrou ao braço de Darcy o puxando para a pista de dança. Ele não teve alternativa senão acompanha-la. Infelizmente para ele, Adam aproveitou a oportunidade para se aproximar de Elizabeth. Darcy assistiu infeliz enquanto ele guiava Elizabeth pelo palco enquanto falava algo no ouvido dela que a fazia rir. Ele estava na pior posição possível: assistindo Elizabeth se divertir com outro enquanto preso no aperto de ferro de Caroline, que parecia cada vez mais insana em seu apego a ele.

Elizabeth estava com a cabeça girando. A noite estava extremamente animada. As pessoas não paravam de elogiar. A cada hora de festa, todos pareciam ainda mais empolgados do que antes. Se era devido as músicas incríveis, à decoração ou as bebidas, ela não podia dizer.

Terminando sua dança com Adam, ela olhou para a porta a tempo de ver Enrico e Pablo entrarem. Eles estavam atrasados devido ao horário do voo, mas não perderiam aquela festa por nada. Darcy, que naquele momento estava sentado a mesa rindo de Bingley que estava cada vez mais fora de controle, viu um vulto branco correndo em direção a dois homens e se atirar neles. Ele notou com ciúme que os dois a admiravam, mas relaxou quando percebeu que eles estavam de mãos dadas. Então, ele reconheceu que um deles era o parceiro de dança de Elizabeth.

Charlote pegou o microfone e falou para toda a festa que Enrico tinha chegado. Ele e Elizabeth subiram no palco e Charlote correu para tirar as asas das costas de Elizabeth. Um tango começou a tocar e Elizabeth e Enrico dançaram de forma impressionante enquanto as pessoas assistiam e aplaudiam.

Quando terminaram, Elizabeth guiou Enrico e Pablo para a mesa. Ela estava segurando as asas nas mãos sem conseguir coloca-las sozinha. “Jane, será que você está em condições de me ajudar a vestir minha fantasia de volta.”

Jane olhou para a irmã e riu. “Acho que não, Lizzie. Charles não vai deixar eu levantar daqui.” Jane estava sentada no colo de Bingley, algo que a sempre discreta Jane não fazia com frequência, ainda mais com tantas pessoas em volta. Jane, ainda rindo continuou a falar. “Lizzie, você é a pessoa mais importante da minha vida, mas vai ter que dividir esse título com Charles.”

Charles, com um sorriso bobo no rosto, beijou Jane nos lábios. Elizabeth olhou para o resto das pessoas da mesa como se estivesse sussurrando. “Eu já sabia disso faz tempo.” Todos eles riram das atitudes sem precedentes do casal, que era sempre discreto.

Darcy se apressou para aproveitar o momento. “Eu posso ajudar, Elizabeth. Só me diz como fazer.”

Elizabeth se contorceu desajeitadamente para mostrar a parte de trás de seu traje. “Há um suporte preso no vestido. Você vai enganchar a asa nele, e em seguida, prender nos braceletes. É muito simples, mas eu não consigo alcançar, por isso preciso de ajuda.”

Darcy fez exatamente o que ela pediu aproveitando para acariciar sutilmente as costas dela sobre o zíper do vestido. Elizabeth lhe dirigiu um olhar indecifrável e ele sorriu. Ele queria transmitir uma mensagem com aquelas pequenas liberdades e torcia para ela entender.

“Vocês ainda não viram isso.” Elizabeth disse animada, olhando para Pablo e Enrico. Em seguida, abriu os braços para que as asas fizessem o mesmo movimento. Ambos se levantaram para admirar de perto, assim como algumas pessoas das mesas vizinhas. Alguém disse que ela deveria ganhar o prêmio, mas Elizabeth respondeu que não seria justo participar.

Antes que Darcy pudesse convidá-la novamente para dançar, outra pessoa surgiu levando Elizabeth e dizendo que tinha que apresentá-la a alguém. Darcy, de longe, viu quando a pessoa a guiou até um homem alto e loiro

Jane arregalou os olhos. “Aquele conversando com Lizzie não é Jack Graig?”

Caroline na mesma hora virou o rosto na direção onde Jane apontava, mas foi Louise quem respondeu. “O próprio. Jane, se sua irmã algum dia sair com esse homem eu declaro ela a mulher mais sortuda que eu conheço. Além de ter cinco ouros olímpicos, com certeza é o homem mais bonito que eu já vi em toda a minha vida...”

Hurst apertou o braço da mulher em brincadeira. “Mulher, o que você quer dizer com isso?”

“Ah, por favor Hurst, até parece que você não estava olhando para aquela tenista que eu esqueci o nome. E eu nem vou ficar brava porque até eu a achei deslumbrante.” Louise respondeu rindo.

Darcy ainda estava franzindo o cenho para o comentário de Louise e ficou ainda mais contrariado quando viu Elizabeth tomar o celular das mãos do nadador e escrever algo.

“Oh, ele pediu o número dela.” Jane dizia praticamente pulando no colo de Bingley.

“Sortuda...” Louise declarou balançando a cabeça.

Darcy continuava fitando Elizabeth e percebeu que não era o único. Adam a olhava com as sobrancelhas quase juntas. Eles assistiram quando Jack Graig deslizou uma mão pela cintura de Elizabeth e lhe deu um beijo no rosto. Elizabeth sorriu e se virou, desaparecendo no meio das pessoas com o olhar do nadador fixo no traseiro dela.

“Bom para Lizzie!” Pablo e Enrico disseram juntos e brindaram.

Darcy se levantou dizendo que ia até o bar buscar mais bebidas. Ele a procurou no meio da multidão e viu em diversão quando a tenista que Louise disse que Hurst admirou, andou em direção a Elizabeth e lhe deu um cartão, sussurrando algo no ouvido dela que a fez arregalar os olhos e ficar o tom mais brilhante de vermelho que Darcy já tinha visto na pele dela.

Às quatro e meia da manhã, Elizabeth reapareceu com uma bandeja cheia de pequenos cálices de cristal contendo um líquido verde. Oh, meu Deus, é absinto, Darcy pensou preocupado.

“Janeeeee, não poderia faltar!” Ela disse quase gritando e rindo histericamente. Ficou claro que Elizabeth também já estava sofrendo os efeitos do álcool.

Jane se levantou com passos instáveis e abraçou a irmã, rindo junto com ela. Em seguida, cada uma pegou um cálice e virou de uma só vez. Darcy arregalou os olhos e começou a rir. A noite seria mais interessante do que ele pensou.

Elizabeth colocou a bandeja na mesa e todos se serviram, exceto Darcy e Adam que tinham um acordo tácito de levar todo mundo para casa sãos e salvos. Elizabeth sentou em uma das cadeiras e Jane sentou no colo dela fazendo todos olharem com curiosidade.

Jane se virou e deu de cara com a irmã, que já estava rindo. Jane gargalhou e quase não conseguiu falar. “Eu... achei que fosse... que fosse... Charles... estranhei as pernas mais fortes...” Todos que presenciaram a cena gargalharam. Jane e Elizabeth tinham lágrimas escorrendo dos olhos. Jane, então, abraçou Elizabeth. “Lizzie, eu amo você. Você é a melhor irmã que eu poderia ter...”

“Eu também te amo, Jane.” Elizabeth respondeu meio rindo e meio sério. Em seguida olhou para Charles. “Jane já está no nível ‘eu amo todo mundo’ de embriaguez...”

“Eu também amo todo mundo.” Charles respondeu com uma voz arrastada e com as pálpebras pesadas.

“Oh, meu Deus, até nisso os dois combinam...” Elizabeth disse balançando a cabeça.

Darcy nunca teve uma noite onde ele riu tanto. Depois do absinto, Louise e Hurst ficaram tão abertos em sua demonstração de amor que Charlote apareceu e os levou para uma sala privada de uso apenas dela e Elizabeth. Charles e Jane abraçavam e diziam que amavam todo mundo. Elizabeth andava de um lado para o outro, já estava descalça, seu penteado estava desfeito, os cristais de sua maquiagem estavam intactos apenas de um lado e ela não parava de dançar e conversar com todos os convidados. Darcy não entendia de onde ela tirava tanta disposição e energia.

Às cinco da manhã ela correu até a mesa, e rindo sem parar, colocou as mãos nos ombros de Darcy. “Você não vai acreditar... Desculpa, Darcy... Sério... Desculpa...”

Darcy não estava entendendo nada, então Elizabeth virou a cabeça dele em direção ao palco, onde o ganhador do concurso de fantasias estava sendo premiado. A fantasia ganhadora: Altair, de Assassins Creed. Ele riu e balançou a cabeça. “Você me deve pelo menos um jantar.”

Ela piscou para ele. “A qualquer hora.” E novamente, saiu apressada para outra parte do salão sem dar a ele a chance de fazer algo mais.

Meia hora depois, Elizabeth voltou e sussurrou algo no ouvido de Charles. Imediatamente ele se levantou e Elizabeth deu um sinal de Ok para o Dj. ‘Need you tonight’ da banda INXS começou a tocar. Elizabeth pegou o celular e começou a filmar algo que estava acontecendo no bar.

Darcy ficou chocado quando viu Bingley subir no balcão, fazer a dança mais ridícula da história, e pior: fazer um strip-tease para Jane, que estava achando lindo. Elizabeth quase não conseguia filmar de tanto que ria.

“O que você falou para ele, Elizabeth?” Darcy chegou perto dela e perguntou incrédulo.

“Eu disse que o sonho de Jane era alguém fazer um strip-tease para ela ao som de INXS. Eu falei para vocês que ele ia pagar por tirar aquela foto depois da comemoração do campeonato de dança.” Elizabeth chorava de tanto rir.

“Você é uma mulher cruel, Elizabeth Bennet.” Darcy disse em diversão.

“Ah, fica calmo Darcy. Eu já avisei ao barman para impedi-lo de tirar a cueca.”

As pessoas se reuniram na frente do balcão gritando por mais e Bingley se empolgava. O resultado foi m vídeo de três minutos com Bingley dançando e tirando a roupa até ficar apenas de cueca e máscara preta. Ao final da apresentação infame, Elizabeth pulava de alegria e Bingley foi em direção a Jane e a abraçou.

Depois desses acontecimentos, a festa seguiu seu curso natural. Todos beberam e dançaram até às sete da manhã, quando foi servido um café da manhã no meio do salão. Charlote subiu no palco novamente junto com Elizabeth, uma se apoiando na outra e rindo sem parar agradeceram a presença de todos, comemorando com um high five que não foi preciso nem bombeiros e nem polícia dessa vez.

Adam colocou Hurst, Louise e Caroline no carro e foi para a casa dos Hurst e Darcy levou Bingley, Jane e Elizabeth para a casa das irmãs, o caminho todo escutando as duas cantando alto e desafinado as músicas mais bregas que elas conseguiam lembrar. Darcy não se importava e ria. Ele não se lembrava de uma noite (e uma manhã) que tivesse se divertido tanto em toda a sua vida.