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História Um Novo Caminho - Novidades


Escrita por: LetyMalfoy

Notas do Autor


Olá, eu voltei! E nem demorei tanto quanto da última vez.
Boa leitura!

Capítulo 35 - Novidades


            Percy pensou que seu tempo no Ministério o tinha preparado para qualquer tipo de exigência no escritório, mas não. Tom Riddle parecia disposto a balançar seus alicerces e fazê-lo parecer um idiota incompetente em vez do jovem eficiente e brilhante que Narcissa Black tinha indicado. Ele estava na mansão há apenas duas horas e o homem já tinha feito comentários ferinos pelo menos três vezes sobre seu trabalho, Percy nunca tinha se sentido tão inadequado… ou desafiado. Antigamente, ele afundaria em uma maré de de auto comiseração e ficaria deprimido, mas seu terapeuta o tinha feito prometer que iria parar de se culpar por não preencher as expectativas das pessoas, e isso incluia seu novo chefe. Por isso, ele estava calmamente sentando em sua mesa, na antessala do escritório do homem, redatando diferentes anúncios, todos em inglês, francês e italiano, para os cargos que iriam compor a nova redação do jornal que o homem pretendia lançar, ignorando suas ordens para enviar cartas para os jornalistas atuais do Profeta ofertando um salário maior.

- Senhor Weasley, você é surdo ou apenas estúpido? – A voz de aço atrás dele perguntou, fazendo-o desejar enfiar o pote de tinta goela abaixo do homem irritante.

- Essa é uma pergunta idiota, e bastante rude. – Percy respondeu, se levantando para encarar o homem e franzindo o nariz. – Se eu tivesse sido avisado que o trabalho era para educar um adulto que se comporta como uma criança, teria recusado.

            Tom, que estava acostumado a ter todos fazendo suas vontades ao pé da letra e obedecendo de maneira imediata, teve que segurar a vontade de enfeitiçar o rapaz.

- Você tem um monte de má atitude para um assistente adequado.

- Bem, acho que é justo, você tem um monte de má atitude para um chefe adequado também. A começar pela ideia horrível de tentar roubar os funcionários do Profeta, quando já se é sabido que eles são horríveis fazendo seu trabalho.

- A ideia é minar o concorrente, garoto tolo. – Tom disse. – Perder seus melhores jornalistas será um golpe certeiro e…

- Não existem bons jornalistas ali para começo de conversa. – Percy pontuou, com o dedo indicador em riste. – E se a ideia é montar um jornaleco de terceira categoria que escreve um monte de besteira fantasiosa, bem, me recuso a ter meu nome vinculado a tal projeto tão estapafúrdio quando emular o Profeta e sua falta de profissionalismo.

            Tom abriu a boca, muito chocado por ter sido sermoneado por um portador de aparência delicada, ele ficou momentaneamente sem resposta, coisa que fez Percy dar o assunto por encerrado, ele tinha ganhado a discussão. O ruivo se sentou e pegou sua pena novamente.

- Agora, se me der licença, vou voltar a redigir os anúncios para as vagas que teremos. Sugiro que vá ler e dar um parecer sobre as prospecções que chegaram dos contadores para o investimento inicial. – Percy instruiu.

            Tom, já recuperado, tinha um sorriso malicioso no rosto, e como estava atrás de Percy, se inclinou até estar com a boca na altura do ouvido de seu assistente.

- Vou deixar essa passar, mas só gosto desse fogo no meu quarto e não no meu escritório… ou talvez sim, mas então teria que te dar umas palmadas por me provocar durante o trabalho.

            Percy borrou o pergaminho e engasgou de indignação, mas antes que pudesse formular uma réplica adequada ao atrevido, ele já tinha entrado em seu escritório e fechado a porta.

 

X~x~X

 

            As férias de verão deveriam ser divertidas, Harry pensou, mas seus pais ainda estavam agindo como duas galinhas chocas. Ele e Draco não podiam sair da mansão, ele então, estava de castigo até a próxima encarnação, e para seu azar, seus amigos tinham acabado de voltar para as famílias, o que significava que ainda não estavam autorizados a fazer visitas. Era injusto que Draco tivesse Ron, mas de novo, ele estava focado em não ser um ciumento psicótico que estava desejando o irmão e traindo a confiança de um grande, amigo, mas isso era bem difícil de fazer quando não se tinha nada para fazer. Ele suspirou, como se o peso do mundo descansasse sobre suas costas e jogou os braços sobre os olhos, disposto a tirar um cochilo no sofá.

- Oh, alguém parece entediado. – Harry tirou o braço dos olhos para ver Ginny Weasley usando uma bermuda curta e uma blusa absolutamente muggle… e justa. Quando a irmãzinha de Ron tinha crescido?

- Isso é porque estou entediado. – Harry disse, sorrindo. – Veio com Ron?

- Sim, mamãe tem a ideia maluca de que eu seria uma excelente acompanhante para impedir que seu irmão pervertido seduza o meu. – Ela disse, sorrindo largamente.

- O que Draco te prometeu?

- Que você iria me ajudar a treinar para ser buscadora. – A ruiva disse, muito animada.

- Sério? Ele me prometeu em troca de momentos sozinhos com o namorado? Por que não estou surpreso? – Harry perguntou, com uma careta.

- Porque está está acostumado com os slytherins sendo eles mesmos? – Ela ofereceu. – Vamos lá, os dois merecem um tempinho e você está entediado.

- Você se dá conta de que está me pedindo para treinar uma potencial concorrente? – Harry perguntou.

- Você está ficando velho, além disso… soube que o senhor Malfoy não vai te deixar voltar para a escola. – Disse, abrindo os olhos largamente. – Não se preocupe, mandaremos notícias do mundo lá fora.

            Harry bufou. O Profeta tinha tido dias felizes despotricando contra Lucius e Remus quando eles só o deixaram ir prestar as provas depois da batalha no Departamento de Mistérios, os rumores eram muitos no mundo bruxo. Algumas matérias exigiam provas de vida porque ele não tinha sido visto por ninguém fora do círculo familiar desde os funerais. Ele teve uma ideia.

- Então… podemos negociar. – Ele disse, com um sorriso muito maroto.

- Essa é a cara que os gêmeos fazem quando acabaram de inventar alguma coisa muito desagradável. – Ela disse, com os olhos brilhando. – Estou dentro.

- Eu realmente preciso de um respiro. Que tal me ajudar numa fuga?

- Está bem, é você quem vai ficar aqui para sempre quando seus pais descobrirem. – Ela disse, dando de ombros.

- Eu não vou ser pego. – Harry teimou.

- Essa é a cara que os gêmeos faziam e a mesma coisa que diziam antes de terminarem levando colheradas na cabeça porque mamãe os pegou roubando biscoitos ou montando armadilhas na escada. – Ginny explicou. – Você vai ser pego, a questão é se umas horas de liberdade valem a pena.

            Harry pensou nos dias que teve se aborrecendo na casa e vendo Ron e Draco passear nos jardins e se enroscarem no sol. Ele realmente precisava de uma distração.

- Vale a pena, acredite em mim.

- Sério? Talvez se pedir com jeitinho…

- Sei que tem seus pais enrolados no seu dedo mindinho, mas estamos falando de Lucius Malfoy e um lobisomem superprotetor aqui. – Harry argumentou.

- Você está passando por aquela fase horrível e rebelde que os garotos tem? Hermione disse que tem a ver com a explosão de hormônios, pessoalmente, penso que é só porque são tolos.

            Harry revirou os olhos.

- Sério? Você é supostamente a amiga que vai comigo nas aventuras e não a que me dá sermões.

            Ginny levantou as mãos em modo de rendição.

- Ei, só comentando. Eu poderia ir a uma festa… principalmente se posso levar Harry Potter a tiracolo, vai ser mais fácil de conseguir as entradas.

- Qual festa? – Harry se interessou.

- Quando treinamos? Agora mesmo? – Ginny perguntou, sugestivamente. – Talvez prefira que eu vá conversar com o senhor Malfoy… ele é tão encantador.

- Agora eu entendo porque todos os seus irmãos não se metem com você. – Harry disse, agradecendo por não ter uma irmã.

X~x~X

 

            Lucius sabia que Harry estava aprontando alguma coisa só de olhar para o jovem. Todos já tinham jantado, Severus e Sirius estavam ali para uma visita, e seu filho devia estar planejando alguma travessura com o padrinho, já que os dois conversavam em tom de conspiração perto de uma das janelas.

- O que será que está acontecendo ali? – Remus perguntou, se aproximando dele e de Severus com duas taças de vinho.

- Eu não sei, mas Harry certamente tem planos para alguma piada. – Lucius disse. – Conheço aquele olhar, é o mesmo de quando ele e Draco acharam que era uma excelente ideia colocar poção para trocar a cor do cabelo dos convidados da festa de aniversário de Fenrir aquela vez.

            Remus sorriu com a lembrança. Martin tinha ficado muito contente de ver Reina com os cabelos cor de rosa choque, aliás, ele tinha certeza que o beta e companheiro de seu alfa tinha tido alguma coisa a ver com a ideia brilhante dos meninos.

- Oh, bons tempos esses. – O lobisomem disse, entregando uma taça para cada um.

- Talvez Harry ainda esteja implorando ao padrinho que o ensine a ser animago. – Severus disse, olhando pensativamente para o liquido vermelho em sua taça.

- Harry não poderia se concentrar o suficiente para isso, ele é um feixe de energia. – Lucius disse. – E isso é muito perigoso.

- Sirius disse a mesma coisa quando ele pediu da primeira vez, claro que isso foi antes de toda essa bagunça no Ministério, mas Harry tem um ponto quando argumenta que Sirius é mais inquieto que ele e pôde fazer a coisa toda. Claro que ajudar seu lobo era um fator motivacional bem grande.

- Eles eram os melhores. – Remus disse, com o olhar agridoce. James, Sirius e Peter tinham se esforçado para cuidar dele em suas transformações, ainda doía que Peter os tivesse traído e que James estivesse morto.

- Eu conheço esse olhar também. – Lucius apontou, com divertimento. – Vá em frente, abandone seu companheiro e vá correr na floresta com seu amigo pulguento.

- Ele não tem mais pulgas há anos, isso me ofende, Lucius. – Severus disse, como se ele fosse permitir uma cachorro pulguento em sua casa.

            O loiro riu.

- Força do hábito, Severus. – Se justificou, olhando com divertimento como Remus se aproximava de Sirius para convidá-lo para uma corrida… e como convidava os meninos para acompanhá-los em suas vassouras, coisa que aceitaram tão prontamente quanto se a oferta fosse por chocolate.

            Assim que ficaram sozinhos, Severus se levantou e colocou a taça de vinho na mesinha de centro.

- Vamos ao seu quarto. – O pocionista disse.

- Sev, querido, sinto muito, mas não vou enganar nossos maridos. Talvez possamos propor uma coisa mais aberta, mas sinceramente…

- Vou quer saber ou não? – O pocionista perguntou, já indo em direção as escadas, ignorando a tentativa de piada do outro.

- Já estou indo, não se pode mais brincar nessa casa. – Lucius reclamou.

            Quando o loiro chegou em seu quarto, se surpreendeu ao ver Severus desabotoando sua túnica.

- Sev? – Lucius perguntou desconcertado.

- O quê? Sempre fica me provocando sobre minha suposta timidez e agora é você quem está todo preocupado porque estou me despindo no seu quarto?

- Sim, estou bem tentado a te enfeitiçar e chamar nossos maridos para descobrir o que fizeram com você… talvez seja uma reação a alguma das suas poções?

- Cale a boca e não se atreva a erguer essa varinha. Venha aqui, preciso que me faça um favor. – Severus disse. – Realmente não tem ideia sobre o quê?

            Lucius olhou para o sorriso malicioso do homem que pendurava sua túnica e sua camisa no encosto da cadeira da penteadeira do loiro.

- Sinceramente eu estou um pouco perdido aqui.

            Severus apontou para seu braço, totalmente livre da marca negra. Tom Riddle os havia libertado semanas atrás, o encobrimento de sua verdadeira identidade e passado tinha que ser à prova de balas.

- O que eu nunca fiz por causa dessa coisa e do perigo da volta dele?

            O pocionista sorriu quando Lucius arregalou os olhos e deixou seu queixo cair.

- Você parou com as poções anticoncepcionais.

- No mesmo dia que a marca se foi. – Severus disse. – E bem… Sirius não reclamou nem um pouco do aumento da vontade de fazer sexo.

            Lucius sorriu ladinamente.

- Você não disse nada pra ele.

- Claro que não, qual seria a graça disso? – Severus disse. – Eu só… minha mágica se sente um pouco fora de balanço. É mais seguro quando outro portador faz o teste, sabe que eu não gosto de estranhos me tocando, faria isso por mim?

- É claro. – Lucius disse, emocionado e torcendo para que Severus pensasse que fosse puramente de alegria por ele. A noite ele poderia chorar nos braços de Remus pelos filhos que nunca poderiam ter.

            O teste de gravidez para magos não precisava de sangue ou qualquer coisa parecida. Só precisava de uma onda mágica enviada através da barriga do ou da possível gestante, era algo bem íntimo, geralmente feito pelo pai da criança, por isso Lucius se sentiu muito feliz ao tocar o ventre de Severus e liberar uma onda pequena e protetora de magia, a mesma coisa que seu pai o tinha ensinado a fazer quando Narcissa desconfiou de sua gravidez. Severus colocou a mão sobre a dele, obviamente nervoso.

- Encontrou alguma coisa?

            Lucius sorriu imensamente.

- Como vai dizer ao vira-lata que ele terá filhotes? Confesse, tomou uma poção de fertilidade?

- Uma dose pequena, fiquei com medo de não conseguir por causa dos anos usando contraceptivo. – Severus disse emocionado.

- Deu certo, muito na verdade, senti dois. – O loiro disse, muito feliz.

            Severus mordeu os lábios, preocupado.

- Vai me ajudar, certo? Eu não poderia com dois ao mesmo tempo… e Sirius é um tolo babão.

- Isso me ofende, meus afilhados serão minha prioridade nos próximos meses. – Lucius garantiu, abraçando o amigo.

- Seus afilhados? Quais? Estava pensando em convidar o Greengrass mais jovem, Sirius gosta tanto dele.

            Lucius bufou.

- Não diga isso nem de brincadeira.

- Poderia acontecer. – Severus provocou.

- Quando vai dizer a ele?

- Hoje.

- Como? – O loiro perguntou.

- Bem, vou falar. – Severus disse, colocando sua camisa.

- Não pode fazer assim, do jeito fácil. Seu marido é um idiota, mas nunca te pressionou para engravidar antes do seu tempo… tenho certeza que ele vai ficar mais feliz se tiver uma revelação mais huffle.

            O pocionista suspirou, infeliz.

- O que tem em mente? Que não envolva balões.

- Não faria algo de mau gosto, não seja tolo… mas vai levar uns dias de preparo.

            Severus deu de ombros.

- Gosto de segredos.

 

X~x~X

 

            Sirius foi chamado pelos aurores responsáveis por vigiar e interrogar Rabastan no dia seguinte ao jantar em Malfoy Manor. Assim que chegou na locação viu que Adrian Cahil estava esperando-o fora da cela com uma cara de desprezo comum, ele era do grupo que pensava que ele era responsável pela morte de Kingsley Shacklebolt era culpa dele, que não lutou o suficiente para parar sua prima. Claro que sua posição elevada na hierarquia do departamento quando tinha sido um preso de Azkaban incomodava muita gente também.

- O que aconteceu? Rab é mais para a sua equipe?

- O idiota tentou se matar e até agora não progredimos nos interrogatórios, tem que pedir uma permissão para usarmos métodos… mais contundentes.

            Sirius arqueou uma sobrancelha.

- Claro, por que não? Só lutamos contra sádicos torturadores para fazer exatamente o mesmo que eles, isso é uma ideia fantástica, por que não pensei nisso antes? – Sirius disse, com veneno. – Oh, espere… porque é uma ideia de preguiçosos que não sabem fazer seu trabalho e esse seria você.

            Sirius gostou de ver o homem apertar os dentes tão forte que ele jurou que ouviu um rangido da mandíbula.

- Agora, seja um bom garoto e vá buscar um café para o seu chefe.

- Vá se foder, Black. – O homem disse e saiu bufando da casa segura, o que tinha sido seu objetivo desde sempre.

            Sirius se virou para o único membro minimamente confiável da equipe de Cahil, um auror jovem demais para já estar contaminado com as condutas impróprias dos homens. Sirius não era o Chefe dos Aurores, Robards estava lá, firme como uma rocha, mas ele era seu braço direito e responsável por cuidar de muitas operações delicadas, o que o fazia conhecer por nome todos os aurores da corporação, ainda que de alguns precisasse puxar a ficha de vez em quando.

- Então, Henry, quero um relatório. O que aconteceu aqui?

            Sirius viu como o menino engolia em seco.

- O que meu agente supervisor disse, senhor. O custodiado tentou se matar.

- Isso eu já sei, a questão é o porquê. – Sirius disse, se aproximando do rapaz e o intimidando um pouco. Não se chegava onde ele estava sem calibrar sua magia para dominar o ambiente a seu redor. – E não pense que chegarei ao fundo disso, você é jovem e não parece muito confortável com seja lá o que aconteceu aqui, então, não faça isso mais difícil para nenhum de nós. Desembucha.

- Ele está muito… eu não sei, muito catatônico. É como se o tivessem quebrado, aconteceu depois que Riggs o interrogou semana passada.

- Quem acompanhou o interrogatório?

            O rapaz desviou o olhar.

- Ninguém, mas… eu o ouvi falar sobre como tinha mostrado a essa puta incestuosa o que ele ganhava por ser um comensal. Não precisa ser um gênio para saber o que aconteceu a partir daí, principalmente com essa tentativa de suicídio, o cara passou anos em Azkaban com dementadores, isso aqui deve ser passeio no parque.

            Sirius trincou os dentes tão forte quanto Cahil quando o tinha irritado. Ele esperava que tivessem sido excessivamente brutais, aurores não consideravam surras da maneira trouxa algo preocupante, mas esse tipo de conversa direcionava para algo que a sociedade bruxa em geral via como um tabu: estupro.

- Se não aconteceu enquanto você via ou ouvia, vou te passar para outra unidade, mas se eu descobrir que ficou parado enquanto isso acontecia com alguém, vou te chutar da corporação como um cão sarnento. – Sirius prometeu, sombriamente.

- Eu nunca faria alguma coisa como essa! Eu nunca… é horrível.

            O rapaz era nascido trouxa e tinha um olhar muito consternado, e a coisa toda o tinha bem incomodado.

- Já viu isso antes?

- Uma amiga de infância, antes de Hogwarts, ela nunca voltou da faculdade, se jogou de um telhado. – O rapaz disse, realmente triste.

- Sinto muito. Agora, venha comigo, vamos ver o que Rabastan tem a dizer.

- Eu tentei, ele não falou nem uma palavra desde o último interrogatório.

- Vai ver que sou muito persuasivo, e somos família, ele vai adorar me ver. Anote algumas táticas, rapaz, podem ser úteis no futuro.

            Quando os dois entraram no quarto que tinha sido transformado em uma cela especial para o preso mais importante que tinham depois da Batalha do Ministério, era um cômodo pequeno, e os feitiços de restrição e segurança dali incomodaram inclusive  a magia de Sirius, que viu Rabastan deitado na cama simples, virando para a parede, o preso tinha grilhões em seus pulsos e tornozelos, eram inibidores de magia. O animago puxou uma cadeira e se sentou perto da cama, cruzando as pernas distraidamente.

- Não está cansado de ficar aqui? Sei que deve sentir falta do seu irmão e da Bella, se nos dissesse onde achá-los, poderia arranjar para que ficassem juntinhos.

            Sirius viu como os músculos do homem ficaram tensos.

- Sei que foram duros com você, mas tentar se matar? Sabe como ela ficaria desapontada com isso… te castigaria por meses, não é?

            Rabastan se encolheu mais ainda, quase ficando em posição fetal.

- Mas não acho que isso te incomodaria, verdade? Aposto que gosta quando ela faz esse tipo de coisa, mas seu irmão… ah, ele ficaria destroçado por te perder. Acho que vou vazar essa notícia na impressa, ele certamente nos pouparia do trabalho de procurá-lo, garanto que viria bater na minha porta. O que acha, Henry?

- Uma boa ideia, senhor. – O jovem respondeu. – Mas não sei se eles se importariam tanto, ainda não tentaram buscá-lo.

- Você não sabe de nada! Eles vão se vingar! Só estão esperando a hora certa num lugar seguro… ela vai tomar alguém de vocês, Sirius, e ela sim vai torturá-lo de verdade, você sabe! Eu não… vocês não tinham o direito de me tocar!

- Foi mais de um? – Sirius perguntou, o desgosto em sua voz.

- Não finja que não sabe, Sirius. Você pode dizer o que quiser do meu irmão, mas ele nunca me tocou contra minha vontade, devia saber como ele é, afinal, seu irmão também brincou conosco em seu tempo… oh, espere. – Rabastan disse, com veneno. – Você não sabe porque não estava lá para cuidar dele, pobre Regulus com um irmão tão omisso.            

            Sirius ainda ouvia a risada histérica do homem quando saiu da cela com o jovem auror.

- Viu só? É sempre assim, inútil. – Henry disse.

- Oh, adorável tolinho. Ele nos deu um monte de informação. Traçar o perfil de quem você está caçando é mais importante do que arrancar alguma mentira à base de tortura, o aspecto psicológico de um criminoso é mais importante que dicas de suspeitos. Eles eram um trio, Bellatrix é a personalidade dominante, mesmo que seu marido seja do tipo que mata o pai porque ele batia no irmãozinho. Não leu os arquivos, verdade?

- Só a parte da guerra. – O jovem confessou, corando.

- Eu estou tentado a te mandar para os arquivos… melhor cadete da sua turma? Estou com medo dos outros. – Sirius zombou, saindo da casa. Severus ia matá-lo, mas viraria a madrugada limpando essa unidade… seu marido odiava dormir sozinho.

 

X~x~X

 

            Percy quase cuspiu seu chá quando viu o que tinha no Profeta de manhã. Era horrível, era… insanidade pura.

- O que foi, Perce? – George perguntou, tomando o jornal dele e lendo a matéria.

- Ouch, malditos idiotas. – Ele disse, passando o jornal para o irmão, e roubando torradas já com geleia do prato de Percy, que deu-lhe um sopapo com a colher por isso.

- Idiotas perigosos. Onde já se viu? Estão defendendo aurores acusados de abusar sexualmente de um preso. Estão fazendo as pessoas pensarem que é justo porque é um comensal.

- Você não vai me ver chorando sobre isso, Perce. – Fred disse, despreocupadamente.    

            Percy deu um soco na mesa, fazendo até seu pai parecer surpreso.

- Essa não é a questão! Não me interessa se é um comensal, um assassino… como você pode confiar numa força de proteção que faz isso? Se eles levassem alguém para um interrogatório e fazem isso? Temos que andar com medo dos aurores agora?

- Não é a mesma coisa, o cara é um comensal, é o bichinho de estimação da Bellatrix. – Fred disse.

- Você faria algo assim? Estuprar alguém como castigo? – Percy perguntou, com a voz estranhamente dura.

- Claro que não. Cruzes. – Seu irmão disse, realmente sem entender o ponto.

- Este é o ponto. Se alguém tem isso dentro dele, não para nunca. É uma compulsão doentia, você não pode confiar em pessoas assim em posição de poder, nunca. Ou acha que eles não iam pensar que se comensais são jogo limpo, os outros presos também? Eles são tão predadores quanto os comensais, só mais hipócritas, e realmente devem achar que estão punindo o homem com os rigores dos imbecis que séculos atrás achavam que portadores que não se portavam bem deviam usar colares de contenção.

            Percy não esperou uma resposta, saiu da sala bufando e olhando feio para os três homens na mesa. Assim que ele estava fora do apartamento, George bateu na cabeça de seu irmão com o jornal enrolado.

- Idiota, você chateou Perce.

- Entendi o ponto, vou me desculpar.

            Arthur riu.

- Oh, meus dois idiotas. Não perceberam? O fogo voltou, ele está melhorando.

            Os gêmeos não tinham pensado por esse lado, mas notaram que realmente, o velho Percy, das broncas monumentais, das discussões acirradas e dos olhares desaprovadores tinha voltado. Diferente daquele meio apático depois da castração da mãe deles, George tinha vontade de dançar. Fred sorria.

- Vou me desculpar adequadamente, ele vai bufar um pouquinho e depois ficar mimoso.

- E nem pensem em fazer piadas com ele.

- Claro que não! – Começou George.

- Você nos ofende, homem. – Completou Fred.

 

X~x~X

 

            Percy torcia para que seu patrão não fizesse nenhuma gracinha. Ele não estava com vontade de perder o emprego, mas não estava num bom dia. Quando chegou a mansão de Riddle, pendurou sua capa com um bufido e desejou que achassem logo um escritório que agradasse o homem, agora ele estava com vontade de abrir um jornal de verdade e entrar numa guerra com O Profeta.

- Oh, estamos irritados hoje? – Foi como Narcissa o recebeu, surpreendendo-o.

- Sim, idiotas justificando estupro tem esse dom. Melhor seu amigo não me irritar também, posso estar propenso a enfeitiçar pessoas.

            Narcissa sorriu e ele teve a nítida impressão que a mulher queria apertar-lhe as bochechas.

- Isso é o espírito, Percival. – Ela disse, sorrindo. – Ele está de bom humor hoje, então, pode até fazê-lo comprar logo o prédio.

- Como eu faria isso?

- Sorrindo. Pega-se mais moscas com mel que com vinagre querido. – Ela disse, movendo as sobrancelhas sugestivamente e fazendo-o pensar se tinha se enganado sobre o relacionamento dos dois. Podia jurar que ela era a amante do homem.  – Agora, tenho que ir. Esses estúpidos disseram a minha irmã que estão abusando de seu amado cunhado, tenho que me certificar que nem Draco nem Harry estejam ao alcance de nada que ela possa fazer.

- Oh. – Percy disse, ele ainda não tinha pensado  no que a louca poderia fazer, estremeceu só de pensar na cena que encontrou na casa do Ministro.

- Oh, querido. Não fique assim, ela não pode chegar aqui, e seus irmãos tem a Loja bem protegida, eu chequei. – Narcissa disse, descaradamente.

- Por quê?

- Meu genro vai lá o tempo todo. – Foi a resposta que fez Percy sorrir.

- Ele foi muito bem nas provas finais, você soube? Ele e Draco brigam acirradamente com Hermione Granger pelo melhor lugar na escola.

- Meu filho e Ronald são claramente muito mais articulados e charmosos. – A mulher desdenhou. – Agora, preciso ir. Boa visita aos locais, e por favor, faço-o escolher algo hoje.

- Posso tentar, mas nunca me disse que estava me indicando para trabalhar para uma versão mais resmungona e menos eficiente de Severus Snape.

- Menos eficiente? – A voz de Tom Riddle soou bem atrás dele, suavemente ameaçadora, mas Percy não estava tendo nada disso naquela manhã.

- Oh sim, Professor Snape pode ser acusado de qualquer coisa, mas de ser um bebê caprichoso e que gosta de enrolar para trabalhar, não.

            Narcissa resolveu sair discretamente. Ela não queria estar perto caso os dois realmente chegassem aos feitiços, confiava na versão sensata de seu antigo mestre. Ele nunca machucaria Percy, no máximo o transformaria num sapo por umas horas… talvez uma raposa.

- Eu não tenho culpa se o corretor só me apresenta porcarias. Não sou obrigado a aceitar algo que não corresponda aos meus padrões, menino. – Tom disse, muito irritado.

- Oh, seus padrões são de um velhinho cri-cri, até parece minha tia Muriel de tão mau humorado. Devia apresentá-los, seriam um casal adorável. E o nome é Percy, ou Weasley.

            Tom franziu o cenho, certamente ser comparado a uma tia velhota e reclamona não era algo a que ele estivesse acostumado.

- Está demitido.

            Percy revirou os olhos.

- Não estou nada, quem mais iria te aguentar? Estamos presos um ao outro, agora, ontem deixei uma série de cartas para que assinasse, fez isso?

- Claro que sim, já pode mandar postá-las. – Tom disse, irritado por não conseguir intimidar o menino. Que diabos era isso? – E espero que esteja pronto em dez minutos para sairmos.

- Nunca me atraso. – Foi a resposta curta de Percy, com uma fungada ofendida.

            Tom sabia disso, mas queria só ver a reação do menino ao ver quando sua nova mascote o visitasse, porque isso sim seria uma vingança adequada por tanto atrevimento. Sorrindo, ele se sentou em sua poltrona e sibilou para sua nova amiga, nunca tão adorada quanto Nagini, mas ainda assim, uma linda beleza sul americana. E com senso humor, já que adorou a ideia de pregar uma peça em seu secretário, Tom sorria quando ouviu o grito seguido de um palavrão nada bonito, oh, sim, Percy era uma caixinha de surpresas.

 

X~x~X

 

            Sirius estava com um humor de cão. Os idiotas da equipe de Cahil tinham vazado para a imprensa um processo administrativo que deveria permanecer sigiloso, e agora além de terem que usar rapazotes recém saídos da Academia para patrulhar as ruas, temendo uma represália de sua prima,  tinham que lidar com reclamações infundadas de alguns malucos que achavam que os aurores demitidos eram heróis. Onde o mundo ia parar? Foi com esse mau humor ribombante que seu pobre joalheiro teve que lidar.

- Que contas exorbitantes são essas? – Sirius vociferou ao entrar na loja.

- Desculpe-me, Lorde Black? – O homem perguntou, estendendo a mão, muito temeroso.

- Eu não encomendei nada por meses, Jenkins, e agora, um duende me chama para autorizar esse pagamento. – Sirius disse, ele odiava lidar com isso, não era algo importante, mas nem ele era louco de soltar tantos galeões sem saber do que se tratava.

- Oh, foram encomendas do senhor seu esposo. – O homem disse, sorrindo.

            Toda a vontade de Sirius de gritar se esfumou. Severus quase nunca gastava, se queria joias novas não era um problema, talvez ele não estivesse prestando atenção suficiente em seu marido se ele tinha que ir comprar coisas por si mesmo. O animago se chutou mentalmente, Severus tinha estado tão carinhoso e tão… fogoso ultimamente, certamente merecia mais mimos.

- Oh, muito bem. – Sirius disse, sorrindo. – E diga-me, Jenkins, sua esposa teria um horário para aceitar algumas encomendas?

- Sim, certamente, meu senhor. – O homem disse, acanhado, fazendo Sirius sorrir. A esposa dele era especializada em joias usadas em jogos sexuais e ele tinha certeza que ela testava algumas delas em seu adorado marido.

- Ótimo, gostaria de algo especial para meu marido. Veja se ela pode me ver agora.

            O homem assentiu e foi verificar se sua esposa poderia receber Lorde Black agora, não demorou muito para que voltasse para escoltar o homem ao estúdio de sua mulher e deixá-los sozinhos. Esse tipo de design era a especialidade dela, ele gostava mais de coisas delicadas e belas, como a encomenda de Severus Snape, mal podia esperar para saber da reação de Black ao descobrir o segredo de seu marido.  


Notas Finais


E foi isso, o que acharam?
Até a próxima.
PS: Tenho uma fic nova sobre Draco/Percy, se chama Recomeços e está no meu perfil.


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