História Um Novo Olhar - Recomeçar

BETTY COOPER

Dediquei-me ao máximo durante toda vida escolar para poder chegar a Harvard, estar aqui nesse dormitório, rodeada por seus prédios históricos, repletos de conhecimento e possibilidades é um sonho realizado. Minha colega de quarto chama-se Eleonor Fernandes. Lola, como prefere ser chamada tem descendência latina, um jeito sensual e uma personalidade forte, talvez por isso me lembre tanto Verônica, o que de certa forma é bem reconfortante.

As aulas começam amanhã, estou no meu quarto abrindo a última caixa com meus pertences para organizar o ambiente que usarei pra estudar, Lola está sentada na cama ao meu lado, lixando as unhas e falando sem parar. Tiro da caixa algumas canetas, marcadores, livros, cadernos e um deles cai da minha mão. De dentro sai uma foto que eu nem lembrava mais que tinha.

Antes que eu pudesse reagir, Lola pulou da cama e apanhou a foto.

— Uauuu... Que gatos! Quem são?— pergunta curiosa.

—São velhos amigos. — Pelo menos Verônica ainda é, penso com melancolia.

—Nomes?

— A garota é Verônica Lodge, o de cabelo vermelho é Archie Andrews e esse aqui do meu lado se chama Jughead Jones- meu tom muda ao pronunciar seu nome, não posso evitar. — Tiramos essa foto numa viagem que fizemos juntos.

— Algo me diz que foi uma viagem de casal.... Então quem era o seu homem?

Reviro os olhos e aponto para Juggie na foto.

— Hum... Madrecita! Betty! Ótimo gosto! — Exclama ela sorrindo e eu retribuo o — E vocês acabaram por que veio para cá? – Indaga.

— Não exatamente.

— Desembucha Betty Cooper— Diz ela com um olhar ávido por informações.

Conto a ela sobre nosso último encontro na festa de Cheryl e como eu tinha ficado magoada.

— Nossa que babaca! Olhando essa carinha linda ninguém diz que “el es um gran hijo de la puta” — diz ela num arroubo de empatia.

—Porque na real... ele não é- digo com cara de culpada.

—Não entendo. Depois do que ele fez, você ainda o defende —diz com a sobrancelha levantada.

—Bem... tive minha parcela de culpa. Eu transei com o Archie... por algumas vezes... quando ele teve que passar um tempo em Toledo com mãe. — Ela apenas me olha e escuta desacreditada. — E o Archie era meio que melhor amigo dele—digo encolhendo os ombros e fechando um dos olhos.

— Betty, isso não foi legal... Se não gostava mais dele por que não terminou antes?

— Por que eu gostava dele... E ainda gosto — Lola franze a testa ainda mais conduza e eu suspiro e explico — Archie e eu crescemos juntos e fui apaixonada por ele desde meus oito anos, quando finalmente criei coragem e me declarei, ele disse que não sentia o mesmo por mim, isso me deixou muito mal, mas aí Juggie apareceu e eu me apaixonei como nunca havia por ninguém. Quando ele teve que ir pra Toledo... juro que não fiz para me vingar, mas me senti sozinha e foi justamente nesse momento que Archie... — suspiro e ela completa minha frase.

— Viu que tinha feito besteira te dispensando e você sucumbiu ao seu amor de infância. Madre de Dios — Ela me lança um olhar de compreensão e eu balanço a cabeça dizendo que sim.

— Eu amava Jughead, não queria magoá-la ou perde-lo, mas não conseguia dizer não para Archie .

— Ele também deve ter sofrido pra caramba.

— Senti raiva de Juggie quando me deixou pensar que poderíamos reatar, mas depois de pensar muito... acho que ferrei a cabeça dele Lola. — Abaixo a o olhar — Eu pude sentir na noite da festa que ele ainda me amava, mas eu também vi nos olhos dele o tamanho da dor que ele sentia... por minha culpa.

Lola se levanta da cama com um salto, me segura e puxa pelas mãos fazendo com que eu levante também.

—Ei... chega! Você errou... ele errou.... e não tem como mudar. Vocês estão a quase meio país de distância, tem apenas dezoito anos e isso agora é passado. — Ela fala num tom animado para me motivar eu sorrio para ela— Sabe o que mais, nós vamos sair agora, beber uns drinks, dançar, ver gente, conhecer garotos novos e eu não aceito não como resposta.

Lola me puxa porta a fora e eu só tenho tempo de pegar rapidamente minha bolsa de lado e meu casaco.

Harvard representava para mim, mais que uma formação acadêmica de excelência, ela era a chance de me libertar das correntes que me prendiam, dos fantasmas que me assombravam, das culpas, das tristezas. Lola estava certa é a hora de recomeçar.