História Um Novo Olhar - Talvez ainda haja esperança

JUGHEAD JONES

Não consegui tirar os olhos de Betty  o dia inteiro, mas me mantive afastado pois não sabia como me aproximar e o que dizer. Não achei que fosse possível ela ficar mais linda do que era desde a última vez que a vi, mas ela conseguiu se superar. Estava diferente, mais madura , mais fatal já ppeu continuava exatamente o mesmo cara estranho de sempre. Estava hipnotizado por ela e não consegui prestar atenção o dia inteiro em uma palavra se quer que foi dita.

Quando o primeiro dia do evento acabou, resolvi tomar coragem e falar com Betty. Me aproximei e sua amiga começou a me olhar de forma desconfiada , talvez por ter associado as informações da palestra a minha hesitação. Acho ela pensou que eu pudesse ser uma espécie de psicopata, mas eu só estava com medo e desconcertado.

– Da licença... puedo ayudarte? – diz a morena, fazendo com que Betty se vire para olhar com quem ela estava falando.

– Voc...– Betty me encara sem conseguir terminar a palavra com uma expressão confusa e proporcionalmente surpresa – o que faz aqui?

– Palestras sobre mentes criminosas...Bem, isso é como matéria prima para meus livros. – sei que eu a estou encarando intensamente, mas não posso evitar – De todas as formas que imaginei te reencontrar essa realmente é a mais inusitada – coloco as mãos no bolso da jaqueta desconsertado.

– É... – ela dá um meio sorriso enquanto retribui meu olhar intenso.

– Hã...hã – faz a morena bonita a seu lado como quem diz, eu ainda estou aqui.

– Lola esse é Jughead Jones, um... amigo lá de Riverdale. Juggie essa é Lola Fernandes minha colega de quarto lá em Havard. – Betty faz as apresentações.

Um amigo... Ainda sou um amigo? Bem a essa altura esse título é muito mais do que achei que teria. Lola arregala os olhos e tenta frustradamente manter-se impassível.

– Você é Jughead? O Jughead Jones? – me estende a mão – é um prazer conhecer você pessoalmente – acrescenta exasperadamente empolgada. Vejo Betty arregalar os lindos olhos azuis e apertar a boca numa linha fina na direção de sua amiga como quem diz, você não acha que está sendo indiscreta?

– Bem , sou o terceiro da minha linhagem, mas sim, com certeza sou um dos Jughead Jones. – digo com simpatia e estendo a mão para cumprimentá-la – prazer conhecer você também – ela me encara e sorri meio boba, desacreditada.

Então, Betty falou de mim para ela, por sua reação animada ao me conhecer não devem ter sido coisas ruins. Que bom! Talvez eu ainda tenha uma chance de conversar educadamente com Betty e esclarecer pontos nebulosos do nosso passado não muito distante. Nos olhamos entre nós três alguns instantes. Lola não conseguia conter o sorriso animado e alternava o olhar de mim para Betty e de Betty para mim.

– Óh... Certo! Eu tenho que ir agora – Lola diz num sobressalto de quem a ficha acabou de cair – Foi... realmente um prazer te conhecer Jughead, devíamos sair , nós três, para beber alguma coisa depois que esse evento acabar. – Betty revira os olhos para Lola e sorri tímidamente para mim. Parece um pouco desconfortável.

– É devíamos sim. Se Betty quiser – digo mostrando meu interesse mas dando a ela o poder de decisão.

– Éh... Talv...

Antes que Betty possa concluir a frase sua amiga a interrompe e fala por ela.

– É claro que ela quer! Além disso, ela está me devendo alguns drinks e uma noite de diversão aqui em Las Vegas depois dessa furada que ela me enfiou. – diz se referindo ao evento sobre Serial Killer’s e olha para Betty semicerrando os olhos – Nos vemos depois então – ela sorri, acena e sai .

– Desculpe, as vezes ela consegue ser bem inconveniente. – Diz Betty visivelmente sem graça.

– Tudo bem. Ela me lembra Verônica, gostei dela.

– Lembra, não é? Foi a primeira coisa que pensei quando a conheci – ela abre um sorriso lindo e sinto meu coração pular dentro do peito.

– O que acha da gente sair daqui... Tomar um café... Conversar um pouco – percebo um brilho de dúvida no em seu olhar – Tem um Starbucks aqui perto, não é o Pop's mas acho que vai servir. – ela sorri e faz que sim com a cabeça.

Caminhamos juntos e em silêncio até o café que fica a meia quadra do hotel e eu aproveito para olhar para ela, analisar cada milímetro de seu lindo rosto. Ao chegarmos no Starbucks, peço dois cafés e alguns croissant que sei que ela gosta, levo até a mesa onde ela já está sentada e me sento na cadeira a sua frente.

– Como estão as coisas em Harvard? – Pergunto interessado.

– Bem, se eu disser que a faculdade é fácil, estarei mentindo, mas eu também nunca achei que seria. Harvard é desafiadora em todos os quistos , abriu minha mente para o mundo. Amo estudar lá. – me lança um olhar e um sorriso sinceros – E como é Yale? – pergunta.

– Bem... faço minhas suas palavras. Concordo com você a faculdade também me fez ver o mundo de maneira diferente, repensar velhos hábitos e acontecimentos da vida. – lanço-lhe um sorriso torto, tímido, sincero e resignado – e o pessoal, ainda tem contato com todos da escola?

– Menos de que eu gostaria – responde objetivamente– falo mais com Verônica e Kevin. Aliás Kevin e Fangs, estão namorando... Sabia?

– Não brinca!?– dou uma gargalhada animado com a notícia – Finalmente! Já estava na hora de Fangs tomar coragem e assumir o que todos já sabiam!

– É... E a coisa entre eles está bem séria, estão juntos a quase um ano. Eles moram juntos e Nova York. Kevin está cursando a academia de artes e Fangs trabalha como modelo fotográfico.

– Uau! – Digo piscando e arregalando os olho tentando assimilar as informações.

– E como está a Emy? Ela também foi para Yale

, não foi? Vocês estão juntos?

– Ela faz artes visuais lá, acho que vai acabar se especializando em fotografia, ela é muito boa. – digo tentando adiar a resposta para a última pergunta. “Vocês estão juntos?” Eu realmente não sei o que responder, penso na minha conversa com Emy antes de vir para Nevada e concluo que apesar do sexo, nosso status ainda é de amizade – Emilly é incrível, mas somos apenas grandes amigos – seus olhos azuis me analisam – e você tem alguém?

– O quê? – diz sorrindo, mas sua voz soa um tanto quanto nervosa – você sabe, estou só... focando nos estudos agora, nada sério com ninguém – acrescenta.

Ficamos em silêncio nos olhando por alguns segundos , que parecem séculos, dado a quantidade de informação que passam em minha cabeça. Uma verdadeira retrospectiva dos últimos dois anos, começando pelo momento exato em que me apaixonei por ela parado no corredor da escola Riverdale, passando por todos o momentos que vivemos durante nosso namoro, incluindo a traição, e acabando na noite da formatura na casa de Cheryl. Pelo brilho nos olhos de Betty ,percebo que ela está fazendo o mesmo balanço em sua mente. Eu ainda me sinto muito mal pela noite na casa de Cheryl.

– Betty, tenho desculpas guardadas para te dar a mais de um ano. Aquela noite... Na Thistlehouse... Eu não queria... – não termino a frase por falta de palavras. Betty desvia o olhar de mim e o coloca sobe o seu copo de café da Starbucks , que ela segura com as duas mãos em cima da mesa, quando ela volta a me fitar seus olhos estão alentadores, compreensivos e resignados.

– Juggie... A verdade é que eu também te devo desculpas, por aquela noite e por toda merda que veio antes. Eu te amei desesperadamente Jughead, mas errei muito feio , e acho que fudi bastante seu psicológico – ela franze a boca num sorriso tímido le torto. – aquela noite... eu te queria de volta. Passei a semana toda dedicada a um plano infantil de te deixar com ciúmes, no fim da noite quando o babaca do Bruce tentou me agarrar a força , eu me senti uma idiota, mas aí você chegou e rolou aquele beijo, vi uma chance de ter reconquistar. Eu te provoquei, lógico que eu também queria , mas de certa forma era parte de um plano pra ter você de volta e quando não deu certo... bem, fiquei frustrada.

Olho e pisco para Betty tentando assimilar as informação. “Eu te amei...” “Eu te queria de volta...” – esquece Jones, você é coisa do passado – diz meu inconsciente triste e abatido.

– Desculpa por toda aquela merda com Archie, se eu tivesse que a cabeça tenho hoje estaríamos juntos e isso nunca teria acontecido. Me perdoa! – “ estaríamos juntos”... Talvez haja esperança.

– É... Se eu também pensasse como penso hoje, teríamos resolvido de forma mais madura. Admitir isso foi bem legal do sua parte e importante pra mim. Obrigado! – Ela acena com a cabeça e sorri.

–Senti falta das nossas conversas – ela diz meiga segurando uma de minhas mãos por cima da mesa.

– Senti falta de você – as palavras saem da minha boca sem que eu tenha tempo de ponderá-las. Ela apenas me encara , lábios entre abertos e bochechas coradas.

– Eu também – diz baixinho, vejo em seu olhos um brilho de desejo.

É ...talvez ela também ainda sinta algo por você Jughead– meu inconsciente sussurra recuperando a esperança. Continualllmos a conversar, trivialidades do dia-a-dia, fatos e novidades das nossas novas vidas na faculdade. Terminamos nosso café e descubro que Betty está hospedada no mesmo hotel que eu.

– Estou com Lola no quarto 402– informa.

– O meu é o 310, no andar de baixo – constato enquanto entramos no elevador– te levo até seu andar e depois retorno para o meu.

– Cavalheiro como sempre Srs. Jones – Diz brincalhona, enquanto aperto alguns botões e a porta do elevador se fecha diante de nós.

Enquanto o elevador avança, sinto o clima dentro dele ficar mais intenso, não sei se é o espaço fechado, a iluminação calma , o perfume delicioso que vem dela , ou o fato de naquele momento estarmos completamente sozinhos e a apenas um metro de distância um do outro. Ela me olha com os olhos cheios de desejo, eu sei que ela está sentindo o mesmo, pois ela se vira e se aproxima de mim. Também fico de frente para ela e avanço a outra metade do caminho. Ponho minhas mãos em sua cintura e sinto um arrepio forte percorrer meu corpo, deixo minhas mãos deslizarem e posarem em seus quadris. Ela põe seu rosto ao lado do meu de forma que nossas bochechas se encontram e posso sentir sua respiração pesada e acelerada em meu ouvido.

De repentente as portas do elevador se abrem nos arrancando do nosso momento de... desejo? Saudade? Entrega? Não sei bem como definir esse momento. Ela me beija no rosto e salta para fora do elevador, com certeza tentando evitar que algo mais acontecesse.

– Boa noite Juggie, nos vemos amanhã – suas bochechas coradas e a forma que nervosamente passava o cartão de acesso do seu quarto de uma mão para outra denunciavam sua excitação.

– Boa noite, até amanhã – sorrio consternado, mas consciente de que assim seria melhor.

Aperto alguns botões no painel, e me apoio e na parede do fundo do elevador, passo a mão na nuca agitando o cabelo, não consigo tirar o olhos de Betty , até que as portas do elevador se fecham fazendo isso por mim. Meu corpo ainda cheio de desejo dizendo – volte lá agora mesmo idiota– minha consciência sóbria dizendo– tudo bem, é assim que tem que ser ,não ouça ele , você sabe que fez o certo – era quase como se eu tivesse em meus ombros um pequeno demônio e um pequeno anjo sussurrando um de cada lado.

– Porra! Não dá pra não ser complicado ao menos uma vez na vida– exclamo sozinho dentro do elevador, jogando as palavras para o universo quase como uma súplica.

As portas do elevador se abrem, estou no meu andar, caminho até a porta do meu quarto, entro e tiro minha jaqueta a largando numa poltrona ao lado da cama. Preciso de um banho para alinhar meus pensamentos. Entro no box e ligo o chuveiro, fico parado de baixo dele de olhos fechados , sentindo a água morna molhando minha cabeça, rosto e escorrendo em mim. Lembro da minha proximidade com Betty a minutos atrás, e volto a sentir aquela corrente elétrica percorrer todo meu corpo. Que poder é esse que você tem sobre mim Betty Cooper?