História Um Novo Olhar - Mundos bagunçados - Parte 1

JUGHEAD JONES

O Calor dos raios de sol que entram pela janela do quarto do hotel me fazem despertar. Sinto o corpo um pouco rígido, provavelmente por todo esforço físico da noite anterior, um delicioso lembrete da minha noite de amor com Betty. É difícil abrir os olhos por causa de toda claridade, então resolvo me virar e abraça-la, mas para minha surpresa tudo que encontro do outro lado da cama são, lençóis e travesseiros. Reluto por um instante, mas finalmente abro os olhos, esfrego-os e me sento na cama, enquanto a procuro por todo quarto, as roupas dela sumiram e as minhas que antes estavam espalhadas pelo chão foram cuidadosamente dobradas e deixadas em uma cadeira estofada ao lado da cama. Próximo a cadeira há uma pequena mesa de home office onde há uma bandeja de café da manhã, com uma rosa amarela e um bilhete escrito a mão.

Querido Juggie,

Desculpe por ir assim, meu voo era hoje muito cedo e achei melhor não acordar você.

A noite de ontem foi mágica. Obrigado por cada segundo dela.

Você tem meu novo número, vou aguardar ansiosa por usas mensagens.

Beijo Betty.

Ah... droga! Eu gostaria que ela tivesse me acordado. Ia ser bom poder me despedir com um beijo de verdade. Pego meu celular no bolso da minha calça primorosamente dobrada e resolvo mandar logo uma mensagem para Betty, talvez ela consiga ver antes de decolar, ou entre uma conexão e outra.

Juggie: Meu dia teria sido mais feliz se eu tivesse tido a chance de te beijar pela última vez antes de ir. =’(

Eu estava faminto e a bandeja de café da manhã estava muito apetitosa, então peguei as roupas que estavam na cadeira e as deixei em cima da minha mala, me sentei e comecei a saborear meu café da manhã enquanto lembrava da minha noite. As mãos de Betty acariciando meu rosto, minha nuca, seus dedos massageando meu couro cabeludo e momentos depois arranhado minhas costas por causa do prazer, sua boca macia e sua língua quente na minha boca, no meu pescoço, descendo pelo meu peitoral, meu abdômen, e indo de vagar pelo caminho abaixo do meu umbigo até chegar no meu...

—Ah... Betty! Você e seu dom de me enlouquecer — sinto um arrepio bom descer por minha espinha.

Olho o relógio do celular e são quase 10:00 h da manhã. Preciso me apressar meu vôo sai ao meio dia e do Hotel até o aeroporto são cinquenta minuto, isso se o trânsito estiver bom. Termino meu café, separo a primeira muda de roupa que vejo e a coloco-a sobre a cama, vou para o banheiro tomar uma ducha rápida e enquanto me ensaboava não pude evitar de pensar novamente nas mãos de Betty mim — Jughead agora não é hora de ficar excitado, você tem um vôo no qual precisa embarcar! — Meu inconsciente me traz de volta dos meus devaneios eróticos. Termino meu banho e o relógio já marca 10:40h. —Droga! — Murmuro enquanto jogo de lado a toalha que envolve meu corpo e visto minha roupa. Junto minhas coisas espalhadas pelo quarto, coloco meus itens de higiene pessoal na mala e a fecho. Só falta colocar meu notebook na mochila e... pronto. Desço apressado e faço meu check-ou, o aplicativo avisa que o uber que eu pedi acabou de parar na porta do hotel. Olho para o relógio, são 11:00h da manhã eu me pergunto se chegarei a tempo para pegar o avião.
  — Bom dia amigo, preciso chegar ao aeroporto em cinquenta minutos. Será que conseguimos?— Pergunto temeroso de que talvez a resposta seja não.

— Não se preocupe cara! Conheço essa cidade como a palma da minha mão.  A gente consegue! — Responde o simpático rapaz negro com dreads no cabelo,que dirigia o uber.

Ele realmente parecia conhecer as melhores rotas de nevada, pois enfrentamos pouco transito, fizemos uma viagem rápida e  ao contrário do que previa o aplicativo conseguimos chegar ao aeroporto com dez minutos de antecedência. Vantagem essa que se esvaiu rapidamente já que eu demorei para localizar meu local de embarque. Apesar dos pesares eu consegui chegar a tempo e agora já estava sentado na minha cadeira esperando o avião decolar. — Posso respirar aliviado — meu inconsciente relaxa. Recosto na poltrona e retiro o notebook da mochila, serão quase nove horas de viagem de volta, aproveitarei para escrever. Meu celular vibra no meu bolso e eu o pego para ver a notificação.

Betty: Não faz assim... =(

Betty: Você estava tão tranquilo e lindo dormindo. Achei que seria um pecado perturbar seu sono.

Mensagens de Betty! Desbloqueio o celular e respondo na mesma hora.

Juggie: Pecado é acordar sem você depois da noite de ontem.

Juggie: Ainda consigo te sentir .

Betty: Eu, tbm. Você sempre foi bom nisso, mas agora... Hum....

Betty: Está ainda melhor.

Juggie: Obrigado... você tbm, até que não foi tão mal.

Juggie: kkkkkkk

Betty: Como é que é senhor Jones???

Juggie: Brincadeira.

Juggie: Foi maravilhoso. Estar como você nos meus braços outras vez foi...

Betty: Mágico...?

Juggie: Mágico!

Betty: Você bagunçou meu mundo ontem à noite, virou tudo de cabeça para baixo.

Betty: Eu sinto tanto que não tenhamos conseguido isso a um ano atrás. =(

Juggie: Eu tbm.

Betty: Nossos caminhos são diferentes agora, não dá mais para retomar de onde parou.

Paro por um instante olhando para tela do celular analisando suas palavras e recordando o que ela havia dito na noite passada — Se as coisas ficarem bagunçadas outra vez, eu não ligo...eu as arrumo novamente depois— isso definitivamente era ela tentando pôr tudo no lugar.

Betty: Mas não quero perder o contato com você novamente. Você é um amigo importante e especial na minha vida.

Betty: Tudo bem? Você entende, não  é?

PUTZ! Um amigo! Não posso evitar uma pontada de decepção— O que você esperava Jones? Depois de tudo que se passou, vocês não se viam a um ano... você não pode pedir que ela modifique a vida dela por você. Contente-se com amizade! —Meu inconsciente é direto e impassível.

Juggie: É claro que sim.

Juggie: Está tudo certo. Não se preocupe... Vou estar aqui para você, quando precisar.

Betty: E eu para você. ♡

Juggie: Preciso descontar, meu voo vai decolar.

Juggie: Se cuida. ♡

Betty: Vc tbm. Beijo

Bloqueio a tela do celular e guardo-o no bolso. Ainda estou um pouco atordoado com essa conversa, acho que de alguma forma, no fundo eu tinha esperança que pudéssemos dar um jeito e fazer isso funcionar. Que tolice a minha. Decido tentar focar a mente em outra coisa. Ligo meu notebook. Talvez eu possa usar os conhecimentos adquiridos no evento para enriquecer a história que estou escrevendo, paro por um segundo tentando recapitular mentalmente as coisas que aprendi e minha mente começa a divagar entre as lembranças dos últimos dias. As luzes cintilantes de Las Vegas, os olhos azuis e a boca rosada e bem desenhada de Betty, as palestras sobre comportamentos e padrões psicológicos de um serial killer, a repulsa na voz de Lola ao pronunciar as palavras serial killer, parecia até Emy falando. — Caramba, Emy! — Grito mentalmente enquanto me questiono se devo ou não contar o que houve em Nevada. —Você prometeu ser sincero com ela Juggie—meu inconsciente ajuizado me recorda. Ainda tenho oito horas de vôo e mais um dia e meio até Emy voltar de Riverdale, até lá vou pensar na melhor forma de contar.

O vôo foi longo e cheio de turbulência. Entro no meu dormitório e para minha sorte Moose não está, não estou com saco para conversa fiada, estou com fome e minha cabeça dói. Vou até o armário do banheiro e pego dois dipironas, abro uma cerveja que está no frigobar e com ela engulo os comprimidos, como o sanduiche que comprei no caminho, depois tomo uma ducha rápida e finalmente, sem nem ao menos trocar de roupa, apenas enrolado na toalha, desabo na cama e pego no sono.

Batidas na porta me acordam do meu sono profundo. Minha cabeça ainda está pesada, mas já não dói. O dia está claro, e o sol está bem forte. Abro os olhos com dificuldade e passo a mão no rosto na tentativa de despertar mais rápido. As batidas na porta voltam a soar e eu me levanto para abrir.

—Emy? Você não ia voltar só amanhã? — Digo ainda sonolento.

—Uau... você parece bem feliz em me ver.— Emy fala dando uma leve mordida em seu lábio inferior e encarando minha ereção matutina através da toalha branca que estou enrolando. A única coisa que estou vestindo para ser exato.

— Porra! Ainda estou de tolha. Entra eu vou por uma roupa. — Abro uma das minhas gavetas, pego uma camiseta preta, uma calça de moletom cinza e entro no banheiro para me trocar, não sei bem ao certo o porquê, afinal não seria a primeira vez que Emy me vê sem roupa. — Então o que houve, porque voltou mais cedo? — Falo me sentindo um pouco desconcertado, tentando mudar o foco enquanto me visto no banheiro.

— Nada. Sweet Pea, tinha umas coisas para fazer aqui por perto e achei que seria legal pegar uma carona e vir conversando com um amigo ao invés de passar três horas e meia num avião com gente mal-educada e sem noção. Sweet Pea é um cara bem agradável. — Emy diz e percebo um tom diferente em sua voz.

— Um cara bem agradável? — Franzo a testa e faço cara de riso — Conta logo o que rolou Emilly Peabody!— percebo quando as bochechas de Emy coram, e agora eu tenho certeza que realmente aconteceu alguma coisa. Ufa! Isso faz eu me sentir menos culpado pelo que rolou com Betty.

— Juggie... não foi nada demais— ela se joga na minha cama e senta, apoiando o peso do corpo nos braços.

— Então me conta ué! Não prometemos ser sinceros? — Ela arfa e dá de ombros.

— Eu cheguei a Riverdale e quis rever a galera dos serpentes.  Então começamos a passar tempo juntos todas as noites. Ah... você sabe como ele é atencioso e sempre foi legal comigo ... sei lá, ontem à noite...só rolou. E esse foi um dos motivos para eu querer voltar logo também. Ele é legal e eu não quero que ele pense que isso significou mais do que realmente significou. — Ela parece envergonhada e morde o lábio inferior nervosamente.

— Entendi— Tenho que admitir que lá no fundo senti uma pontinha de ciúmes, mas não temos um relacionamento ela é livre para fazer o que quiser e isso me deixa tranquilo por que abre o mesmo rescendente para mim — Não precisa ficar assim. Está tudo bem. — Acrescento.

— E como foi seu evento? Tão perturbador quanto imaginei que seria? — Ela diz com sarcasmo.

— Na verdade... foi sim, meio perturbador. — Ela me olha com cara de curiosidade a cabeça inclinada para o lado me fitando enquanto esperava por uma explicação. — Eu coincidentemente encontrei... Betty. Aparentemente esse também é um tema de interesse dela. — Emy me encara surpresa e levemente desconfortável, mas não parece está chateada — Nós conversamos, e resolvemos de uma vez por todas aqueles assuntos sobre Archie.

— Isso parece bom. Então vocês estão juntos outra vez?

— O que? Não. Apenas zeramos os mal-entendidos e é... rolou uma coisa, mais não deu em nada. Nossas vidas estão em caminhos diferentes. E é isso. — Essa é a versão bem reduzida da história mais é a mais pura verdade — Você ... está bem? Ficou chateada?

— Bem,você com Betty... não sei bem como me sinto em relação a isso. Mas não decidimos nada sobre nós e você foi sincero comigo. Acho que não posso reclamar, ainda mais depois do Sweet Pea— ela diz franzindo as sobrancelhas. — Vamos só...esquecer isso e sair para tomar um café, eu tenho tanta coisa para te contar. Você nem imagina! — Ela abre um sorriso sincero meu e coração bate aliviado.

Os dias passaram depressa, o recesso acabou e as aulas de Yale voltaram a todo vapor. Tenho trocado mensagens com Betty pelo WhatsApp e tenho que admitir que ultimamente ela tem me deixado completamente confuso. Às vezes conversamos como dois velhos e grandes amigos, as vezes ela vem bem provocante, me manda fotos sensuais e faz questão de relembrar em detalhes nossos momentos mais íntimos, logo em seguida volta a soar contida e apenas como uma boa amiga.Sinto-me preso num turbilhão de sentimentos.  

Estou saindo da aula de Literatura Inglesa Aplicada, quando ,ouço o barulho de nova notificação no meu celular.

Betty: Oi...

Betty: tenho uma notícia.

Betty: Minha fraternidade vai participar de um evento acadêmico na sua cidade.

Betty: talvez possamos nos ver outra vez na sexta.

Juggie: Isso seria ... muito bom.

Juggie: Onde poderei encontrar você?

Nossa conversa durou por mais meia hora. Ela me disse que as garotas da fraternidade e ela participariam do evento durante o dia e a noite iriam para algum bar relaxar um pouco , que ela me mandaria a localização assim que elas decidissem onde ir.  A mensagens dela foram de informativas, a provocantes, a amigáveis , a provocantes de novo e terminaram em um tom contido, sério até, eu diria. Meus Deus ela não era assim tão inconstante o que será que aconteceu?

A sexta-feira chegou e depois de uma semana puxada na faculdade, ver Betty seria vai ser um alívio. Não cheguei a contar para Emy, achei que agora que ela está meio que namorando com aquele tal de Matthew não iria se incomodar com isso. Betty me enviou a localização como havíamos combinado e disse que me esperaria perto do balcão do bar. Na última mensagem que ela me mandou dizia — Dessa vez, quem vai bagunçar seu mundo sou eu— seguida de uma foto de seus lábios. Foram tantos altos e baixos nesse último mês, nas nossas conversas que eu realmente não sabia o que esperar quando eu a encontrasse.

Chego a ao bar que a localização do celular me levou, e não foi difícil achar Betty. Ela é a loira mais encantadoramente linda e sexy do lugar e está parada perto do balcão tal qual havia dito que iria ficar. Seu olhar é intenso e quente, eu conheço bem esse olhar cheio de segundas intenções. Tomo coragem e resolvo chegar numa abordagem provocante. Dou a volta no balcão e me aproximo por trás dela, coloco delicadamente minhad mãos em sua cintura e ela leva um pequeno susto mas relaxa ao perceber que se trata do meu toque. Me inclino um pouco e falo em seu ouvido.

— Eu estou aqui, vem bagunçar o meu mundo.

Continua...