— Asta, o que você pensa que está fazendo?! — Com seu rosto totalmente ruborizado, Noelle dá um tapa na cara do seu amigo.
— Eu já te disse! Tenho que consertar isso, se não, o capitão me mata! — dizia o garoto. — Eu preciso da sua ajuda!
— M-m-mas tem que segurar a minha mão para me levar até o estrago que você fez?! — A garota internamente gostava do jovem, ela apenas não sabia o que esse sentimento significava e, por isso, a mesma tentava ao máximo suprimir. — N-n-não que eu tenha gostado disso ou coisa parecida! Não entenda de outro jeito!
— Tá bom, só vem logo! — Dava para notar perfeitamente uma expressão tensa no garoto, como se ele tivesse quebrado algo de muita importância para o capitão.
Então, depois de correrem o mais rápido possível, os dois chegaram na entrada da base que, por algum milagre, estava totalmente intacta. A princesa não conseguia saber o porquê do tamanho escândalo do garoto, não tinha nada quebrado — até que seus olhos se direcionaram para uma cômoda de madeira e, sobre ela, estava um pequeno boneco de argila do Primeiro Rei Mago. A garota então se aproximou dessa cômoda e percebeu o problema na hora: o rosto estava praticamente esmagado, e aparentemente alguém tentou consertar e acabou piorando a situação.
— Foi você, né?
— F-f-foi um acidente e, principalmente, foi culpa da Nero! — Ele diz, bastante agitado. — Por culpa dela, eu derrubei essa cômoda! Antes não era só o rosto que estava esmagado assim, as outras partes eu consegui mexer uns pauzinhos e arrumei a grande maioria do estrago!
— Tinha que ser você, né, Astúpido… Tenho certeza que Nero não fez nada de errado e você só precisava de alguma coisa para colocar culpa. Afinal, como um anti-pássaro tão bonitinho poderia ter feito algo para derruba-
— Isso não importa agora! Precisamos consertar isso o mais rápido possível, antes do capitã–
Quando Asta ia completar a frase, a porta da base do esquadrão acaba voando na direção do jovem, que é arremessado junto com ela. A Noelle por alguns centímetros não é acertada, e quando ela olha através do buraco que antes era a porta, o capitão estava lá, entrando lentamente na base.
Rápida, ela ficou na frente do boneco de argila para tentar esconder o estrago que seu amigo tinha feito.
— Que reunião chata, eu não estava no ocorrido da capital e fui chamado. Maldito seja você, Julius. — Ele resmungava.
— C-c-capitão Yami, t-t-tudo bem com você? — Asta perguntava, saindo lentamente dos destroços da porta de madeira.
— Estou sim, pirralho. Tive apenas uma reunião chata com o Rei Mago, e… — Ele olha para a cara de preocupado do jovem, e logo percebe que sua amiga estava com a mesma reação. — O que aconteceu? Parece até que viram um fantasma.
— B-b-bem… É-é… Como foi sua reunião, capitão Yami? Você não esqueceu nada, não? Tipo sua vassoura e...
— Quem precisa de vassoura quando tem o inútil do Finral como carango? — Ele começa a rir, e os outros dois tentam ao máximo parecer que não estão preocupados com absolutamente nada. — Eu vou para o meu quarto dormir, vejo vocês depois, seus imprestáveis.
O capitão vai subindo as escadas devagar, e eles têm um momento de alívio, até que:
— Por sinal, vocês viram um boneco de argila do Primeiro Rei Mago?
Quando escutam isso, os dois sentem um grande choque no corpo todo, e o capitão termina:
— Eu ficaria muito triste se algo acontecesse com ele. Afinal, foi o próprio Julius que me deu.
Sentiram um choque maior ainda no corpo todo. Seus olhos ficaram brancos por alguns segundos. Como eles iriam consertar isso sem que o capitão soubesse que um desastre havia acontecido?
— Eu juro que eu tinha pedido para a Vanessa deixar em algum lugar… onde aquela imprestável colocou?
— E-e-eu tenho certeza que não foi em nenhuma cômoda, capitão… — Asta fala, suando bastante.
— Eu provavelmente falei para ela deixar em alguma cômoda… acho que era na da entrada da base.
Agora, a princesa começou a suar muito, já que era exatamente onde a estatueta estava.
— N-n-não, capitão, é… porque você não procura no seu quarto? Provavelmente você pediu para a Vanessa deixar lá, j-j-j-já que é muito melhor lá do que aqui. Você sabe, o Magna e o Luck vivem brigando aqui na entrada da base, então… — ela sentia bastante medo de falar alguma coisa errada, afinal, uma palavra em falso e as vidas dos dois estava condenada.
— Você tem razão, espertinha… se não estiver no meu quarto, vou ter que ver com aquela bêbada onde ela colocou esse boneco… — ele volta a subir as escadas.
O jovem vai correndo na direção da sua amiga e fala bem baixo no ouvido dela:
— E agora, o que a gente faz ?
Mas, antes de ser respondido, o jovem recebe outro tapa com tudo vindo de Noelle.
— Q-q-quem permitiu que você se aproximasse t-t-tanto assim, Astúpido?! — Seu rosto estava novamente queimando, as bochechas estavam muito vermelhas.
— Como que você iria ouvir se eu falasse daquela distância?!
— Falasse normalmente, e quando eu digo normalmente, é sem gritar!
— Tá bom, então. Vou parar de gritar! — Ele grita.
— Enfim, a hipocrisia… — A garota pensa consigo mesma. — Bom, eu sou da realeza e nunca mexi com qualquer coisa que envolva argila ou terra, mas posso tentar fazer alguma coisa… N-n-não que isso seja para eu te ajudar ou coisa do tipo! A minha vida também está em perigo por sua culpa.
— Certo! Boa sorte! — grita novamente.
— CALA A BOCA, MOLEQUE! — o capitão grita do seu próprio quarto; ele parecia estar bravo com algo.
— Me desculpe, Capitão Yami!
A jovem, então, ignorou os berros do jovem e começou a tentar arrumar essa… coisa. Com muito cuidado, ela lentamente procurava remodelar a argila. Estava indo tudo muito bem, ela já estava parecendo idêntica a cópia original. Porém, quando estava quase terminando, o garoto se aproximou muito do rosto dela, fazendo com que a mesma ficasse totalmente ruborizada. Noelle lançou um jato d’água na cara do seu amigo — que voou para longe e, acidentalmente, seu dedo esmagou a cara da modelagem do Primeiro Rei Mago.
— POR QUÊ?!— ele gritava enquanto se levantava.
— Por sua culpa eu acabei errando, Retardasta! — gritou enquanto olhava para a atrocidade que ele fez com o rosto do boneco.
— Eu acho que posso consertar! — A jovem dá um tapa na cara dele. — POR QUÊ?!
— Você causou tudo isso, Asdiota! Nem em um milhão de anos eu vou deixar você tocar nisso de novo. Acho melhor eu tentar… consertar… o que sobrou do rosto dele. — disse, com um certo desânimo. Afinal, a situação do pobre boneco era triste.
E, novamente, a princesa tentava arrumar o que dava, sua concentração era extrema e qualquer errinho poderia acabar com toda a estatueta.
Quando a jovem estava — de novo — quase terminando, o jovem que observava a escada como se sua vida dependesse disso ouviu os passos do capitão Yami vindo em sua direção.
— Ele está vindo, Noelle! — diz.
— Certo! Eu já tô quase acabando e…!
— Hã?! O que foi?!
— O que foi o que, pirralho? — O capitão pega o jovem pela cabeça e termina — Pode falar, onde vocês esconderam ela?
— N-n-nós não escondemos ela em lugar nenhum, capitão Yami, e-e-ela está bem aqui! — A princesa revela a estatueta, que não parecia ter nenhum erro aparente.
O capitão se aproximava lentamente da garota. A cada passo dado, parecia que os dois mais novos suavam mais e mais.
— Eu disse que tinha deixado ela aqui. Vocês estavam aqui embaixo esse tempo todo e não tinham visto? — O maior pergunta.
— E-e-exatamente, capitão, hehe… — Asta dava uma risada forçada.
— Acho bom irem fazer algum teste ocular, hein, garotos. Se continuarem assim, não vão poder superar seus próprios limites. — Ele pega o boneco e começa a subir as escadas.
— Ainda bem que ele não notou… — A jovem diz, muito aliviada.
— Notou o quê?
— Eu jurava que a assinatura do Julius ficava em algum lugar na cabeça... — O capitão fala, subindo os degraus.
Os jovens congelam por vários segundos. Antes da garota afundar o dedo no centro da cabeça do boneco, ela tinha notado uma pequena assinatura do Rei Mago perto da boca da estatueta.
— Deve ser impressão minha… — Ele sobe as escadas e entra no seu quarto.
E, assim, eles terminam o dia depois de passar um grande sufoco.
— Eu ainda acho que, se eu tivesse ajudado, eu teria… — Asta leva um tapa novamente da Noelle. — POR QUÊEE?!!!
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