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História Um Peso, Duas Medidas - Proposta


Escrita por: Miichele

Notas do Autor


Olá, pessoal! ♥ Chegamos ao antepenúltimo capítulo! Eu realmente queria estender a fic por mais um capítulo para vocês, mas o final está sendo inevitável! Porém, não fiquem tristes, minha próxima fic sinja já está sendo plottada e espero que gostem tanto quanto dessa! Muito obrigada por acompanharem sempre! ♥

Capítulo 18 - Proposta


Por mais que insistissem para que fosse descansar, Ja’far não aceitara a ideia de se recolher aos seus aposentos. Ele sabia muito bem que não conseguiria se entregar ao sono.

Sentado naquela poltrona ao lado da cama onde seu rei convalescia, o alvo tinha alguns pergaminhos em mãos. Havia aproveitado e ido buscar alguns deles antes de voltar àquele quarto.

Sob a fraca luz do único candelabro aceso para não perturbar o descanso de Sinbad, o ex-conselheiro de Sindria contorcia os lábios simplesmente chocado com as atrocidades que via assinadas por aquela mulher. Não havia dúvidas de que, antes de partir, devia revisar todos os contratos e correspondências do tempo em que estivera fora.

Massageou as têmporas antes de se recostar em seu assento e suspirar ao se lembrar da conversa que tivera com Hinahoho.

— Mas o que está inventando?! De novo com essa ideia de ir embor...

— Hinahoho-san. - Ja’far o interrompeu. - Eu… realmente estou decidido. - verdes e azuis se encontraram. - Creio que meus serviços são inúteis para Sindria agora.

— Não estamos falando de serviço, Ja’far! É aqui que você pertence! É onde está seu lar, sua família!

— Não, Hinahoho-san… Aqui está a sua família. - ele afirmou. - E poderia haver a família do Sin se eu não fosse uma pedra em seu sapato… - Ja’far lamentou de forma reflexiva.

— Você é o principal pilar da família dele! Como não consegue ver isso?! - o robusto homem estava indignado. - Qualquer um vê o quanto se amam!

Aquela afirmação fez com que as bochechas tão alvas corassem imediatamente. Não que… Hinahoho não soubesse de seus sentimentos, mas… Certamente aquilo alarmava Ja’far. Tinha receio de que, se os demais soubessem e aquela relação fosse exposta, Sinbad não seria mais creditado como rei. Se os criados tomassem conhecimento, ou pior, o povo… Seriam capazes de permanecer respeitando Sinbad?

— Se você está pensando em tomar uma atitude covarde como essa, melhor repensar!

— Hi… Hinahoho-san. - o alvo gaguejou, ainda constrangido.

— Tem vergonha de amá-lo, Ja’far? - ele foi direto.

Ja’far arqueou as sobrancelhas, não sabendo o que responder. Era óbvio que não se envergonhava de seus sentimentos por Sinbad, mas… se envergonhava por amar outro homem.

Apertando o avental de tons pastéis de seu uniforme, ele mordiscava o lábio inferior. Como odiava a si mesmo às vezes por não ser uma mulher para poder ter liberdade de amar aquele homem, mesmo que fosse uma das concubinas. Chegava a desejar que Sinbad não fosse rei e não tivesse de prestar contas a ninguém sobre sua vida a dois. Mas Ja’far estava disposto a sacrificar seus sentimentos pelo sonho de quem amava e era isso o que ele tinha feito naqueles quase vinte anos juntos.

— Parece que sim. - Hinahoho concluiu após o longo período de silêncio.

— Não! - Ja’far balançou a cabeça negativamente. - Eu amo o Sin! - ele respondeu de forma abrupta. - Mas… Mas o que quer que eu faça? - o alvo desviou os olhos verdes. Era tão difícil falar sobre aquilo… - O Sin é um rei influente e… uma autoridade. Vivemos anos escondendo nossos sentimentos… Vejo o Sin ir para a cama com concubinas para preservar sua imagem. O que quer que eu faça?! - Ja’far perguntou novamente após relembrar algo que havia se tornado normal. - Grite aos quatro ventos que o rei Sinbad dorme com um homem?

Foi a vez de Hinahoho ficar sem palavras.

Ja’far colhia as lágrimas que caíam com as pontas dos dedos, frustrado ao se ver chorando novamente.

— Ja… Ja’far…

— O Sin lutou a vida toda para chegar até aqui! Eu não posso por em risco o sonho dele por causa de um capricho. - ele tentava esboçar um sorriso. - Eu… Eu estou feliz apenas sendo… o conselheiro deste país, o braço direito dele…

— Você não está satisfeito, Ja’far. - Hinahoho retrucou.

Ja’far estava se sentindo torturado por aquelas palavras que apenas o lembravam o quanto era frustrado por amar Sinbad, o quanto aquele sentimento lhe era nocivo. Chegava, então, ao seu limite.

— Não está feliz! - Hinahoho foi direto. - Você não…

— MAS É CLARO QUE EU NÃO ESTOU FELIZ!

Exclamando aos berros, a voz de Ja’far sobressaiu naquela noite silenciosa. Os guardas que cercavam os portões se assustaram ao ouvir aquele vociferar.

— E É POR ISSO QUE QUERO IR EMBORA! - ele prosseguiu. - Acha que aguento continuar vivendo vendo o Sin ser servido com prostitutas!? Acha que aguento mais um dia tendo uma vida às escondidas com ele?!

Hinahoho arregalou as safiras. Não tinha o que dizer. Apenas ouvia os protestos do mais jovem.

— MAS EU VOU FAZER ISSO PORQUE EU AMO O SIN! - ele chorava. - Eu quero vê-lo feliz e se eu estiver longe, o Sin poderá arranjar uma rainha digna! Eu quero, ao menos uma vez, pensar em mim mesmo, Hinahoho-san! Não foi isso o que disse?! EU NÃO AGUENTO MAIS VIVER ESCONDENDO O QUE SINTO!

Ja’far suspirou, reabrindo os olhos para encarar aquelas chamas que dançavam conforme a brisa adentrava as janelas abertas. Devia ir se desculpar com Hinahoho no dia seguinte. Ele não merecia ter ouvido aquelas palavras tão duras.

Inclinou-se para frente e fitou o rosto adormecido de seu rei. Como falaria com ele que queria ir embora de Sindria? - e ele por acaso queria aquilo mesmo?

Buscou a mão do moreno e a levou até seu colo, acariciando a pele suave. Foi quando sentiu um leve espasmo nos dedos curvados que envolvia com suas mãos.

— Sin?

Encarou aquele que abria os olhos lentamente, as gemas douradas estavam miúdas e marejadas. Gemeu baixo antes de piscar uma, duas vezes, parecendo estar bastante desorientado. Ja’far, bastante preocupado, sem soltar sua mão, aproximou-se mais.

— Sin… Finalmente acordou! – ele sorriu aliviado. - Como está?

— J… Ja’far… - a voz rouca chamou num sussurro quase inaudível. - O que… aconteceu? Onde… - ele olhava ao redor. - Ah, meu quarto… - concluiu.

— Não se lembra do que aconteceu? - Ja’far se sentou na lateral da cama, falando no mesmo tom que ele para não alarmá-lo.

— Não… - ele balançou a cabeça negativamente. - Só lembro que eu tinha visto você e… - os olhos dourados subitamente cresceram quando Sinbad abruptamente tentou se levantar. - A ARBA! Argh!

— Sin!

Não houve tempo de protestar para que Sinbad não se levantasse.

Assim que tentou fazê-lo, Ja’far não precisou conter seu rei. A dor lancinante em seu peito foi suficiente para devolvê-lo de volta à cama. Ele gemia sentindo o ferimento latejar.

— Sin! Não pode se levantar! - o alvo orientou apreensivo. - Droga!

O moreno ofegava. Piscou várias vezes tentando se acalmar e focar a expressão preocupada de seu ex-conselheiro.

— Ja-Ja’far…? O que aconteceu?

— Não se lembra? - Ja’far indagou, sentando-se na lateral da cama e ajeitando as cobertas em seu rei.

— Não… - Sinbad balançou a cabeça negativamente. - Só… só lembro de ouvir aquela mulher falar aquelas coisas e… Onde ela está? - ele parecia desesperado.

— Acalme-se, Sin… - ele desviou o olhar. Ainda pensava na maneira que contaria sobre ter assassinado aquela bruxa. - A Arba não está mais aqui. E, bem, acho que você se lembra de tudo, na verdade. Só não lembra do que aconteceu depois que, obviamente, perdeu a consciência ao ser atacado por ela.

Foi quando subitamente uma mão agarrou firme o pulso de um desprevenido Ja’far. Corou de imediato ao sentir aquela pele quente em contato com a sua. Os olhos dourados vidrados sobre ele.

— Eu tive tanto medo de te perder! De… - a voz do rei de Sindria soava embargada. - não conseguir te proteger!

Vendo a seriedade na expressão do moreno, Ja’far esboçou um sorriso. Sinbad realmente tinha um poder único; sabia fazer com que um assassino sujo como ele se sentisse amado.

Levando a mão livre até o rosto de seu soberano, deslizou seus polegares para secar aquelas lágrimas tão sinceras que caíram sem que Sinbad percebesse. O ex-conselheiro, por sua vez, manteve-se firme por mais que quase sucumbisse à emoção tanto quanto seu rei.

— Você conseguiu, Sin… - ele sorriu seu mais belo sorriso.

Levando a mão de Ja’far até seus lábios, Sinbad a beijou delicadamente. Como estava feliz por Ja’far estar de volta e ali ao seu lado. Aquilo era o que mais importava naquele momento.

— Eu pensei que… estava louco te vendo aquela noite! Que tinha bebido demais como sempre! Não acreditava que tinha voltado! Eu não merecia seu perdão!

— Sin… - Ja’far sussurrou, verdes e dourados numa sincronia única. - Você foi enfeitiçado por aquela bruxa e… eu também. - ele abaixou a cabeça. - Até mesmo tentei…

— Shhh.

Sinbad o interrompeu. O indicador dele selava os lábios do alvo. Ja’far, então, suspirou profundamente, nitidamente incomodado ao se lembrar de quando atentara contra a vida de seu rei.

— Eu também errei tanto… Por mais que eu saiba que não queria isso, eu não consigo me perdoar. - Sinbad declarou.

— Eu também não… - Ja’far encolheu os ombros, concordando com ele.

— Mas você está aqui comigo agora, não? É o que importa… - o moreno abria um sorriso. - E mal chegou e já estou te dando trabalho como sempre! - ele riu divertido. - Aposto que não foi dormir se preocupando comigo!

— Sin… eu vou embora.

Aquelas palavras foram praticamente cuspidas. Faltava coragem para encará-lo e expor aquela decisão que talvez fosse a maior certeza da vida de Ja’far. O sorriso que Sinbad trazia consigo desapareceu imediatamente. Ele parecia perplexo ao ouvir aquelas palavras. Inconscientemente apertou mais a mão de seu conselheiro. Entrelaçou seus dedos nos dele como se, assim, se certificasse de que não o perderia. Não seria abandonado novamente - não é? Não permitiria que Ja’far o deixasse nunca mais.

— Do que está falando, Ja’far?!

— Eu já decidi, Sin.

Ja’far foi bastante direto. Tentava se soltar daquele que o segurava com tanta firmeza, mas mesmo debilitado, Sinbad era muito mais forte que ele. Não permitiria aquela loucura.

Tirou forças, não sabia de onde, para se erguer e se sentar naquela cama para ter certeza de que aquele que tanto amava não ousaria dar um passo além dali.

— Eu vou passar um tempo viajando. - ele continuou.

— Não, eu não permito isso! - Sinbad

— Sin, eu preciso de um tempo! - ele o encarou e como doía encarar aqueles olhos onde a decepção estava estampada. - É para o meu bem e o seu bem também!

— Nunca ficar longe de você vai ser algo bom pra mim! - rebateu. - Você mesmo disse que os erros que cometemos foi por causa das magias daquela bruxa! - Sinbad elevava a voz. - E agora quer ir embora? Pra onde? Sindria é sua casa! Nossa casa!

— SUA casa! - Ja’far retrucou enfatizando bem aquele pronome. - Sou um mero empregado da sua casa e isso tem que ficar bem claro, Sin! - as emoções falavam mais alto e aquela calmaria, que tentava manter, se transformara em tempestade.

Piscando desentendido, Sinbad tentava entender o porquê daquela decisão tão repentina de Ja’far. Repentina não, afinal, há dois meses atrás ele tinha partido. Mas tudo estava certo agora, não? Ele havia voltado para ficar. Para onde mais poderia ir?

— Eu nunca o tratei como um empregado! Nunca, aos meus olhos, o vi assim! - Sinbad se exaltou. - Por que insiste tanto em ir?! Se quisesse ir, não teria voltado!

— Eu vim apenas para te livrar daquela mulher!

Ja’far espalmou a mão de Sinbad, conseguindo finalmente se desvencilhar do toque dele que, a esse ponto, já o sufocava. Deu meia-volta no quarto farfalhando os fios esbranquiçados como se a angústia e a raiva - de si mesmo - o consumisse.

— Mentira! - o moreno se recostava nos travesseiros para se levantar. - Se der mais um passo para fora daqui, eu vou me levantar, morrer de dor e o culpado vai ser você! - ameaçou.

— Tsc, não seja ridículo, Sin! - Ja’far voltava o caminho que percorrera em direção à porta.

— Ha-há! Não tem coragem, não é? - Sinbad ironizou.

Foi quando Ja’far voltou a seu leito e deixou os joelhos irem ao chão.

Sinbad observava aquele que abaixou a cabeça, recostando-a na cama. Só pôde suspirar, frustrado ao se ver incapaz de compreendê-lo quando tomou coragem de levar sua mão até os cabelos alvos, afagando-os de forma carinhosa. Era o suficiente para perceber que Ja’far soluçava.

Deslizou aquela mão pelo rosto do rapaz e o ergueu pelo queixo, podendo encarar os olhos esverdeados que estavam avermelhados.

— Eu matei a Arba, Sin! - Ja’far confessou. - Você deve estar acreditando que a matou, que não se lembra direito, mas fui eu! - as lágrimas caiam enquanto ele ainda se negava a encarar seu rei, apertando os olhos. - Eu arranquei a cabeça dela! Eu a matei a sangue frio e não, não foi porque pensei que ela era a Arba, porque ela o enfeitiçou, talvez… nem mesmo porque quase matou você, Sin! - ele explicava entre soluços. - Quando eu a matei… eu só… só pensava em tirá-la de você! Só pensava que queria matá-la porque ela tinha tirado quem eu amo de mim! Eu sou um monstro! Você tentou tanto me tirar dessa vida miserável e eu voltei a ser um assassino asqueroso, e… e ainda matei por um motivo tão egoísta…

— Ja’far...

Sinbad estava chocado com aquelas palavras. Então Ja’far havia matado Arba? Aquilo era surpreendente. Como conseguira? Sua mão então voltou a acariciar o rosto daquele que chorava copiosamente.

— Eu não quero mais ficar do seu lado, nem dos outros! Eu sou um assassino sujo! E eu vou continuar tendo esses pensamentos horríveis se continuar com você aqui, vendo você ser cortejado por concubinas que… - ele sentia como se a angústia fosse lhe comer vivo. - eu quero matar da mesma forma que a Arba! - rosnou.

— Ja’far! - Sinbad exclamou, tentando fazer com que seu conselheiro voltasse a si.

— Me solta!

E assim que o alvo tentou sair novamente do encalce de seu rei, sentiu o forte tapa que Sinbad lhe deu estampar seu rosto.

As esmeraldas ficaram arregaladas ao receber aquele golpe, mas logo Sinbad o puxou para perto e Ja’far se viu abraçado por aquele que estava sentado naquela cama. Firmemente, o moreno pressionava a cabeça dele abaixo de seu queixo, depositando um beijo carinhoso no topo daqueles fios brancos.

— Chega! Não quero nunca mais que pense assim de si mesmo! Me desculpe… - ele sussurrou. - Não via outro jeito de pará-lo de dizer essas besteiras.

— S-Sin… Me deixe ir… Você tem que arranjar uma boa moça para ser sua rainha, te dar filhos… Eu quero que seja feliz e…

— E eu só posso ser feliz ao seu lado, Ja’far!

Vendo que seu conselheiro não exigia mais resistência, Sinbad permitiu que Ja’far se afastasse por um segundo, mas ainda abraçado a ele. Piscou confuso ao encará-lo.

— Eu prometo que nunca mais vai ver uma mulher deitada nessa cama!

— S-sin…

— Fui um covarde todo esse tempo… - ele analisava o rosto bonito de seu general enquanto ajeitava uma mecha alva atrás da orelha de Ja’far. - Faz vinte anos que eu estou mentindo para mim mesmo. Temos vivido uma mentira, Ja’far… E eu não posso mais permitir viver essa mentira!

— D-do que está falando? - o ex-conselheiro gaguejou, as sardas quase sumindo tamanho rubor que tomava seu rosto.

— Tem um lugar vazio ao meu lado perante o nosso povo, perante a Aliança, perante todos que eu não quero mais deixar assim! E esse lugar, na verdade, nunca esteve vazio! Por parecer vazio, todos tentam ameaçá-lo. - Sinbad explicava. - Ja’far… - a mão livre dele alcançava a do alvo, voltando a entrelaçar seus dedos aos dele. - Talvez a vinda da Arba para cá tenha sido uma maldição, mas foi um grande aprendizado para mim! - concluiu. - Eu devia ter ouvido você, pensado mais no que me dizia e não ter feito birra como sempre fiz. Mas a vinda dela para cá me fez refletir que… eu não posso mais deixar esse lugar ao meu lado vazio. - Sinbad o encarava e não permitia que Ja’far desviasse os seus. - Não quando, por trás, ele está sendo ocupado pela única pessoa digna de ser “minha rainha”.

— Sin… - Ja’far estava perplexo com aquelas palavras.

— Ja’far… - ele pausou para olhar no fundo de seus olhos. - eu quero me casar com você!

Ja’far empalideceu completamente. Se já era dono de uma alvura sem par, até mesmo o pouco de cor que havia em suas sardas e lábios desapareceu. O que estava ouvindo? Era algum tipo de piada, não era?

Foi quando a seriedade se dissolveu em uma contida risada.

— Do que está rindo? - Sinbad contorceu o lábio, ofendido com o fato de Ja’far rir de algo que ele considerava tão sério.

— Sin… Está louco? Como vai se casar comigo? - Ja’far indagava. - Somos dois homens! - ele reafirmou o óbvio. - Seria ridículo um rei da sua posição…

— Justamente por eu ser um rei, - Sinbad o interrompeu. - eu faço as regras nesse país e eu vou ter a rainha que eu quero! Não estou interessado no que vão pensar de nós, só no que você pensa de mim! - ele estava sendo determinado. - Ja’far, você quer se casar comigo?

Não podia ser sério.

Mas Ja’far conhecia muito bem seu soberano e a sinceridade em suas palavras era palpável. Sinbad nem ao menos pestanejava ao fazer aquele questionamento.

Era tão surreal que o alvo mal podia acreditar que aquele dia, que tanto sonhava e pensava que jamais se realizaria, o que o fez se conformar em ser apenas um mero emprego naquele país, havia chegado.

— S-Sin…

— Eu prometo te amar mais do que tudo! - Sinbad afirmava. - Quero te fazer a pessoa mais feliz do mundo e não quero, nunca mais, ser covarde e esconder o que sinto por você!

Tomando real noção do que aquilo significava, Ja’far só conseguia balbuciar palavras ininteligíveis. As lágrimas escorriam pelo rosto que fora despido de qualquer coloração.

— Me responda, por favor… Aceita ser minha rainha e viver para sempre ao meu lado?

O silêncio de seu conselheiro angustiava Sinbad, aflito naquele pedido. Será que Ja’far o negaria? Acharia mais importante não se expor dessa forma? Era compreensível que temesse ser julgado pela sociedade.

Sentindo-se um tanto quanto decepcionado ao pensar que não teria uma resposta positiva, foi a vez de Sinbad evitar encará-lo, sentindo as mãos de Ja’far escaparem das suas, um tanto quanto constrangido ao se ver rejeitado.

Então foi surpreendido por duas mãos suaves que tocaram as laterais de seu rosto antes de sentir os lábios macios de Ja’far abocanharem os seus.

Os olhos dourados piscaram, perplexos, ao encarar aquele que mantinha as gemas esverdeadas cerradas para desfrutar melhor daquele beijo que Sinbad correspondeu da melhor maneira. Apenas quando o ar lhes faltou que se separaram. Em meio ao sorriso, Ja’far tentava secar algumas lágrimas teimosas. Estava tão emocionado.

— É claro que eu aceito, Sin…

O moreno abriu um sorriso de orelha a orelha, extasiado com a ideia de que seu Ja’far havia voltado a ser apenas seu e agora, para sempre.

— Assim que eu puder sair daqui, lhe comprarei uma aliança bem bonita!

— N-não precisa disso! - Ja’far ria envergonhado.

— Ora, eu quero fazer as coisas direito!

— Não espere que eu vá me vestir de noiva! - ele cruzou os braços.

— Por que não? - Sinbad riu. - Aliás… - ele afastou os fios esbranquiçados que caíam sobre a fronte de seu, agora, noivo. - onde está seu pingente?

Ja’far estava envergonhado em ter que contar que havia abandonado o presente mais querido que Sinbad havia lhe dado.

— Eu deixei aqui quando fui embora. - explicou.

— Deve estar no seu quarto, então.

— Provavelmente… Tsc, me desculpe por ter ido embora. Eu não sabia o que fazer.

— É claro que o perdoo! Só não o perdoo por eu não ter visto você arrancar a cabeça daquela bruxa! - o moreno ria divertido.

— P-pare, Sin! Isso não tem graça! - Ja’far corava.

— Mas me diga… - pensativo, ele se recostou nos travesseiros para descansar. - E o Hakuryuu-kun? Como ficou quando soube de tudo?

— No momento em que ele viu o corpo da princesa Hakuei, pensei que fosse enlouquecer… - Ja’far suspirou. - Mas após saber de toda a verdade, ele se sentiu bastante culpado e, até mesmo, incompetente por não ter sido capaz de matar a Arba.

— Coitado…

— Ele ficou bastante preocupado quando soube que você estava acamado. Estimou sua melhora e pediu desculpas por não vir vê-lo.

— Pedirei desculpas pessoalmente ao Hakuryuu-kun por termos escondido aquela bruxa conosco!

— Ele se sentiu agradecido por isso, por incrível que pareça. - Ja’far declarou. - Disse que tentamos poupá-lo.

— De certa forma… Bem, quero que ele seja um dos primeiros convidados para nosso casamento! Acha que podemos fazer a cerimônia daqui a… uma semana?

— Está louco?! - o alvo cruzou os braços. - Daqui a uma semana vou pensar - enfatizou - se pode sair dessa cama!

— Ok, e daqui a duas semanas?

— Sin!!!! - Ja’far o repreendeu, levantando-se. - Vou trazer seu jantar. Deve estar faminto!

— Nisso você acertou!

E antes que pudesse se afastar mais, o alvo sentiu o braço ser puxado com violência, fazendo-o voltar àquele leito. Tropeçando no processo, acabou debruçado sobre o corpo de seu rei, que tinha um belo sorriso nos lábios.

— Estou com muita saudade de você, Ja’far…

Sinbad sussurrou, a mão deslizando por dentro das largas mangas das vestes de seu conselheiro que, imediatamente, se afastou.

— Nada disso! - foi a vez de Ja’far abrir um largo sorriso enquanto realinhava sua roupa. - Não disse que quer fazer as coisas direito? Pois então tenha certeza de manter sua futura rainha casta e pura!

— QUÊ?! - Sinbad arregalou os olhos. - Está brincando, não é?! Você não é puro nem casto há muito tempo! - o rei ria.

— Graças à demora do rei em levar 20 anos para me pedir em casamento! - ele deu uma piscadela. - Então guarde essa saudade para daqui a um mês, quando nos casarmos! Aliás, também não quero que meu noivo fique bebendo por aí enquanto não oficializarmos nossa união!

— Mas… que tipo de imposições são essas?! - Sinbad cruzou os braços. - Está agindo mesmo como uma esposa!

— Eu sempre agi, Sin! Mas só você não se tocou disso! - Ja’far sorriu. - Mas eu prometo que... sua lua-de-mel será i-nes-que-cí-vel!


Notas Finais


Toda vez que eu faço um capítulo sem barraco, eu fico: AFFE! Hahaha! É engraçado trabalhar em capítulos conclusivos quando eu sempre me preocupo no cliffhanger de cada um! E no capítulo final teremos finalmente o que tanto esperávamos! Uhuu! Mas será que Sinbad e Ja'far terão um final feliz?


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