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História Um Presente Indesejado - Vkook/Taekook - Um primeiro dia de aula pela metade


Escrita por: xtaeggukk

Notas do Autor


OOOOOOOOOOOOOOOOOI
Olha quem resolveu dar o ar da graça, eu mesma :v

Eu nem revisei esse caralho pq to postando super na pressa pq tenho q dormir pra acordar cedo amanhã, então ignora os erros ai eh toiss

Capítulo 46 - Um primeiro dia de aula pela metade


Fanfic / Fanfiction Um Presente Indesejado - Vkook/Taekook - Um primeiro dia de aula pela metade

(Taehyung Point Of View)

Para a minha infelicidade o despertador tocou três horas depois de eu ter pegado no sono, eu tava tão cansado que no primeiro toque que o celular deu tratei de desligá-lo rápido. Meu corpo e minha mente pediam pra eu dormir mais um pouquinho – e esse tal "pouquinho" seria de no mínimo umas doze horas até sentir todas as minhas energias renovadas.

Por ter desligado o alarme eu acabei dormindo de novo sem perceber e só voltei a acordar com os gritos da minha mãe no lado de fora da porta.

— KIM TAEHYUNG E JEON JUNGKOOK! ESSA É A ÚLTIMA VEZ QUE VENHO CHAMAR VOCÊS, OS DOIS ESTÃO ATRASADOS! — Além dos gritos esganiçados, ela fazia o favor de bater com toda a força na madeira e eu já tava vendo a hora em que a mão dela afundaria na porta.

— JÁ VOU! — Gritei com dificudade por conta do sono só para que ela parasse de gritar em frente ao meu quarto.

— PERDERAM A NOÇÃO DO TEMPO?! JÁ SE PASSOU DAS SEIS! — Bateu na porta pela última vez. — QUERO VOCÊS NA MESA EM CINCO MINUTOS!

— TÁ BOM, CHEGA DE GRITAR! — A respondi, ouvindo finalmente seus passos se distanciarem.

Por algum motivo o sono me deixou imune às ameaças da minha mãezinha, eu sempre costumo ter um pé atrás quando ela diz esse tipo de coisa – já que ela faz isso com frequência só pra eu me levantar antes da hora.

Então por isso fui conferir o horário por conta própria, peguei meu celular ao lado da cama – que felizmente tava com bateria o suficiente porque nem mexi nele direito no dia anterior – e o desbloqueei, vendo que já era quase seis e meia, mais precisamente, seis e vinte e sete.

Até cocei os olhos mais uma vez só pra ter certeza de que o excesso de sono não tava afetando minha visão e infelizmente o horário continuou o mesmo.

Eu tava muito fodido. Fodido para um caralho.

Olhei para o lado e vi Jungkook ainda dormindo, mesmo com as gritarias ele sequer moveu algum músculo.

Estava morrendo de dó por ter que acordar ele, mas era algo necessário porque geralmente nesse horário eu já tenho que estar pronto para sair de casa.

Minha compaixão só durou alguns segundos pois lembrei de ontem quando ele me acordou cedo justo no fim de semana, então fiz questão de acordá-lo do mesmo jeito.

— Jeon, pelo amor de Deus, levanta! A gente tá super ultra mega blaster atrasado! — Chacoalhei seu corpo diversas vezes e ele mal se mexeu, parecia que tinha morrido enquanto dormia.

Claro que não desisti fácil e continuei lhe irritando, deu certo só que não do modo que eu esperava.

— PARA, TAEHYUNG! — Virou-se para o outro lado sem nem abrir os olhos.

— LEVANTA LOGO, PESTE! — Desisti de ser meigo e parti para a ignorância, se eu fosse compreensível ele ia fazer muito corpo-mole e eu sinceramente não tava com paciência pra aguentar isso. — SE ESQUECEU? NÓS TEMOS AULA, BUCETA!

— Eita, é verdade! — Ele se sentou na cama de supetão e passou a varrer o local com os olhos como se ainda estivesse perdido. — E que horas são…?

— Seis e meia, acelera as coisas que a gente tá muito atrasado! Vamo, vamo! — Mexi em seu rabinho e ele se irritou mais, logo se levantando e colocando os chinelos apressadamente de maneira errada, trocando o pé direito com o esquerdo e vice-versa.

— Quantas vezes tenho que dizer pra você não mexer assim nele?! — Recolheu o conjunto do uniforme que estava repousado sobre a cadeira da escrivaninha enquanto me olhava todo bravinho com as bochechas infladas. — Isso me dá agonia!

— Não foi o que pareceu ontem à noite quando eu agarrei ele e você gemeu gostosinho pra mim… — Provoquei sugestivamente, soltando uma risada maliciosa vendo seu rosto branquinho ganhar um tom rosado de modo automático.

— Cala a boca, idiota! — Ele aproveitou que tava perto da cama e jogou um travesseiro na minha cara. — Para de falar besteira e vai se trocar também, não sou só eu que tá atrasado! — Entrou correndo no banheiro, levando suas roupas consigo.

Enquanto ele se arrumava no banheiro eu fui escolhendo minhas roupas pegando o de sempre, uma calça jeans azul clara, uma camiseta cinza e um moletom preto com algumas estampas do Star Wars para me proteger do vento matinal.

Terminei de me vestir e entrei no banheiro pra mijar, Jungkook também havia se trocado e agora escovava os dentes com desespero, não ficaria surpreso se ele acabasse sujando a roupa com a espuma da pasta.

Subi as calças após terminar de fazer xixi e dei descarga, nesse meio tempo o Kookie já tinha terminado de usar a pia e correu avoado pro quarto em direção à porta.

— Espera! Pelo amor de Deus, não desce ainda… — Me apressei em escovar os dentes antes que ele saísse sem mim.

— Por que? — Deu meia volta, me encarando na entrada do banheiro.

— O teu pescoço… as marcas… — Apontei discretamente para o local e ele pareceu se lembrar, arregalando os olhos.

— Lascou, e agora?! Eu não posso sair assim, hyung! — Desesperou-se, pulando como pipoca no óleo quente como ele sempre faz quando entra em pânico.

— Calma! — Enxaguei minha boca e peguei os potinhos de corretivo e base que havia roubado da minha mãe para situações de emergência – ela tem tanta maquiagem que nem percebeu o sumiço deles.

— Passa rápido! — Deu um tapa no meu braço que quase fez os vidrinhos irem de encontro ao chão, sorte que fui mais ágil e os segurei antes da catástrofe acontecer.

— Não me acelera! Se você ficar me apressando eu não vou conseguir colocar o negócio direito e vai ficar tudo marcado! — Comecei a espalhar o conteúdo com o dedo mesmo, tinha que ser o mais rápido possível e não tava afim de procurar os pincéis ou as esponjinhas próprias para maquiagem.

Terminei de passar e girei o corpo do Jungkook em todos os ângulos possíveis, só pra ter certeza de que a maquiagem estava cobrindo tudo perfeitamente.

— Pronto, vai calçar teus sapatos enquanto eu passo esse negócio em mim. — Meu desespero era tanto que até esqueci o nome dos trecos.

Além de ter que passar a maquiagem nos chupões, eu também tive que passar um pouco nas minhas olheiras que queriam dar o ar da graça, elas aparecem facilmente se eu não dormir o suficiente.

Terminei de me arrumar e lavei as mãos, dando uma última conferida no espelho pra ver se tava tudo ok.

— Já acabou, Kookie? Vamos des... — Minha fala morreu ao ver que ele ainda lutava para amarrar os próprios cadarços. — Ah não, não acredito que você ainda tá fazendo isso!

— Eu já tenho dificuldades de fazer essa porcaria mesmo com calma, imagine com pressa! Isso enrola no meu dedo e eu não consigo amarrar…

— Puta que me pariu, moleque… — Me ajoelhei em sua frente e os amarrei, não vou dizer que ficou aquele laço perfeito porque na real nem ficou, mas o importante é que consegui amarrar. — Vamos, nem vai dar tempo de tomar café nesse caralho. — Peguei meu celular e antes de guardá-lo no bolso olhei o horário, vendo que já se passava das seis de quarenta.

— Ah não, hyung… Sem comer eu não vou!

— Vai ter que ir sim, ou se não pega uma fruta e come no caminho. A gente tem que estar lá às sete e falta menos de quinze minutos pra isso. Você pode até conseguir chegar na hora certa, mas minha faculdade é mais longe que a tua escola então eu tô fodido.

Nosso desespero era tanto que na hora de sair do quarto nós dois passamos na porta ao mesmo tempo e ficamos presos nela – as mochilas nas nossas costas deixaram a tarefa de sair mais difícil ainda.

Ficamos nos contorcendo até que ele conseguiu sair primeiro, quase me levando junto com a força que usou.

Estatelei do mesmo lugar ao lembrar da roupa de cama suja que tava jogada no chão. Se minha mãe entrasse lá para pegar as coisas pra lavar, provavelmente ela iria reparar nas manchinhas suspeitas que o lençol teria. Então só pra prevenir eu tranquei o quarto, guardando a chave no bolso.

Não seria uma maneira muito legal dela descobrir que estou namorando, não é mesmo?

Descemos juntos até a cozinha e meus pais já estavam lá, minha mãe tinha uma expressão furiosa estampada no rosto enquanto meu pai comia calmamente, permanecendo indiferente quanto ao nosso atraso.

— Por Deus, vocês estão parecendo dois mulambentos! — Indagou indignada enquanto nos olhava de cima a baixo. — Taehyung, você vestiu o casaco ao contrário e o Jungkook errou as casas de praticamente todos os botões do uniforme. Ajeitem isso, pelo amor!

Estava tão focado em fazer tudo rapidamente que nem percebi o estado da roupa do Kook, não consegui segurar o riso ao analisar melhor suas vestes, parecia que ele tinha se vestido depois de beber no mínimo uns dez copos de cachaça.

Ele também começou a rir de mim já que eu não estava tão diferente dele, afinal. Essa droga de moletom tem os dois lados iguais com as mesmas estampas e pra piorar eu arranquei a etiqueta que fica atrás, sendo assim não dá pra diferenciar a parte que fica na frente – a não ser que você olhe com calma antes de vestir, coisa que eu obviamente não fiz porque só enfiei a cabeça em qualquer lugar.

— Posso saber por que demoraram tanto pra acordar?! — Perguntou ao passo que ajudava o Jeon com os botões da roupa.

— Bom dia pra você também, mãezinha… — Vesti o moletom novamente, dessa vez com a certeza de que estava do lado correto.

— Não me venha com essa, Taehyung! Por que não levantou quando ouviu o despertador?! Eu fui te chamar inúmeras vezes!

— Eu tava morrendo de sono e por isso não ouvi nada, não consegui levantar a tempo.

— Aposto que ficou madrugando no celular, não foi?

— Não, a culpa é toda do Jungkook, falo mesmo! Ele ficou insistindo pra eu ficar acordado assistindo desenho com ele e a gente ficou até às três da manhã vendo televisão, a culpa não é minha porque ele não deixou eu dormir. — Obviamente tive que ocultar parcialmente o ocorrido, mas não menti no final das contas.

— Jeon Jungkook! Eu esperava mais de você!

— Desculpa, tia… É que o desenho estava muito bom e eu não queria dormir porque tava sem sono. — Jungkook esclareceu, me olhando de soslaio com medo de não ter sido convincente o suficiente.

— Bem que eu tava ouvindo uns barulhos no quarto de vocês de madrugada, vocês dormindo juntos são um problema! — Balançou a cabeça em negação, nos repreendendo.

Assim que ela disse isso eu não sabia se ria de nervoso ou se fingia demência, não queria que ela desconfiasse de nada.

— Perdão mãe, não vai se repetir. Né, Jeon?! — Cutuquei seu ombro e ele tava tão petrificado que quase tomou um susto.

— É, é! Não mesmo, nunca mais! — Concordou um tanto quanto desesperado.

— Enfim, se apressem que o tempo é curto. Venham comer. — Olhou com estranheza para a reação do Jungkook mas não contestou nada.

— Não vai dar pra tomar café, a gente come no caminho… — Peguei duas fatias de pão e joguei queijo e presunto dentro. — Vem Kookie, faz teu lanche antes que a gente perca o horário do ônibus. — Ele se aproximou de mim e pegou a mesma coisa que eu. Claro que guloso do jeito que é duas fatias de pão não são suficientes então ele pegou quatro, deixando o sanduíche com o dobro do tamanho.

— Vamos, eu dou uma carona para vocês hoje. — Meu pai que até então estava calado observando tudo se pronunciou. — Podem ir comendo dentro do carro, só não façam sujeira no meus bancos. — Levantou-se da mesa e foi buscar as chaves do carro na estante da sala. — Venham logo.

— Pai, você é o meu herói, valeu! — Falei de boca cheia visto que tinha dado uma mordida no pão. — Tchau mãe… — Fui até ela e lhe dei um abraço rápido.

— Tchau filho, e boa sorte em seu primeiro dia de aula, Jungkookie!

— Obrigado, tia… — Ele tava tão compenetrado em traçar tudo que tava na mesa que esqueceu do mundo ao seu redor, comia um pouquinho de tudo sendo que ainda tinha um lanche monstruoso na mão.

— Vem, menino. Para de comer! — Agarrei seu braço e o puxei para longe da mesa, se eu deixasse ele ficaria ali comendo pra sempre até que não sobrasse mais nenhuma migalha pra contar história. — Até mais tarde, mãe! — Me despedi mais uma vez, tratando de apressar o passo já que meu pai havia saído na frente.

— Poxa, TaeTae, nem deu tempo de pegar um suquinho na geladeira... — Jungkook reclamou enquanto entrávamos no elevador para ir ao estacionamento do prédio. — Ficar com sede não é muito legal.

— O que mais tem lá é bebedouro, só beber uma águinha que o teu problema é resolvido.

— Mas eu queria suco, e não água. Lá tem cantina, não tem? Bem que cê poderia me dar um dinheirinho pra eu comprar comida… — Falou manso, daquele jeitinho de quem não quer nada mas na verdade quer tudo.

— Sempre arranjando um jeito de me deixar falido, não é, Senhor Jeon?

— Mas é por uma boa causa, ou quer que o amor da sua vida morra de fome? Aí você não vai mais ter eu pra te fazer feliz…

— Você tá com um lanche enorme aí e ainda por cima está planejando comer mais?

— Isso aqui é pouco, até o horário do recreio eu já vou estar com fome. — Deu uma mordida generosa no sanduíche, deixando um pedaço pra fora da boca. Ele parecia um esquilozinho com as bochechas cheias de comida, até comendo essa criatura consegue ficar a coisa mais linda do mundo.

Aish, eu tenho que parar de ser tão meloso.

— Aff, está bem. — Procurei a carteira no bolso da calça e tirei dinheiro suficiente para ele comprar um lanche junto com um suco ou refrigerante. — Se me devolver o troco depois eu ficaria muito agradecido. — Lhe entreguei o dinheiro com a certeza de que não veria troco nenhum, sabia que ele ia fazer questão de gastar até as últimas moedas comprando doce.

— Hm, vou pensar… — A porta do elevador se abriu e ele saiu na frente, indo até o carro do meu pai que já estava pronto para sair.

— Quem eu levo primeiro? — Meu pai pergunta assim que nós entramos no veículo.

— O Jungkook, né. A escola dele é mais perto.

— Certo. — Ele dá partida no carro, saindo do prédio e dirigindo em uma velocidade média. Não tinham muitos carros na região então o Kookie tinha grandes chances de chegar na hora certa, já eu não tinha tanta certeza se chegaria pontualmente também.

Terminamos o nosso lanche em silêncio, não é muito legal comer dentro do carro porque dá aquela impressão de que você vai vomitar tudo a qualquer momento, mas eu não tinha muitas opções do que fazer porque a última coisa que queria era ficar com fome depois.

— Ansioso para seu primeiro dia, Kook? — Depois de um tempo, meu pai decide puxar assunto.

— Sim, tio Hyunbin! Estou ansioso e nervoso também…  — Respondeu enquanto tirava as migalhas de pão grudadas em sua calça. Dava para perceber seu nervosismo, ele não conseguia manter as pernas paradas e esfregava as mãos uma na outra constantemente.

— É normal, amanhã você já vai ter se acostumado.

— Érr, espero que sim…

— Lembre-se, pitico, se alguém ficar te enchendo o saco é só mandar o arrombado tomar no cu que tá tudo certo.

— Ai que horror, hyung! Mas talvez eu use isso em situações de emergência…

— Céus, não tem como negar que você puxou a Haenim… como pode alguém falar tanto palavrão assim? — Acho engraçado que meu pai nem se dá o trabalho de me repreender, ele sabe que não tem jeito porque esse "costume" nunca vai mudar.

— Desculpa, é inevitável. Sabe como é, né…

— Hm, sei sim... — Murmurou ainda desacreditado. — Prontinho, Jungkookie. Já chegamos, pode descer.

— Obrigado pela carona, tio.

— Imagina, não tem de quê. E boa sorte!

— Obrigado de novo!

— Vai lá, neném. Vai dar tudo certo, fighting! — Segurei seu rosto com ambas as mãos e pela força do hábito quase lhe dei um selinho, mas ao lembrar que meu pai ainda estava ali eu apenas deixei um selar em sua testa.

— Valeu, hyung. — Sorriu fofo, deixando seus dentinhos salientes a mostra. — Espero conseguir sobreviver sem você aqui.

— Eu também espero, e vê se não coloca fogo na escola! — Brinquei e ele me deu a língua, abrindo a porta do carro e caminhando até o portão de entrada.

Ele deu um tchauzinho pra mim e eu mandei uma piscadela, vendo ele rir de novo antes de entrar.

— Vocês parecem um casal se tratando desse jeito… — Meu pai soltou de repente e eu arregalei os olhos.

Meu caralho, sério que está tão na cara assim?

— Q-Que? Nada a ver, pai. — Não consigo mentir bem quando fico encarando alguém, por isso continuei olhando a paisagem lá fora. — Somos apenas amigos, quase como irmãozinhos e… Enfim! Toca logo pra minha facul porque não quero perder a primeira aula.

— Está bem… — Suspirei aliviado por ele não insistir mais nisso.

Acho que tá na hora de disfarçar isso melhor, pena que é difícil demais.

(…)

(Jungkook Point Of View)

O único pinguinho de coragem que eu possuía evaporou quando vi que o carro do tio Hyunbin já tinha ido embora. Além de não conhecer ninguém ali eu nem sabia qual era minha sala, maldita hora em que eu não li a cartinha que veio dentro do pacote do uniforme. Se eu tivesse lido provavelmente saberia ao menos para qual sala ir.

Entrei à passos receosos na escola, me surpreendendo ao encontrar outros híbridos no local. Me senti menos estranho ao ver que não era o único "diferente".

Acabei travando no meio do pátio sem saber para onde ir, o fluxo de alunos estava sendo bem menor do que eu pensei que seria, todo mundo já deveria estar indo para as suas respectivas classes e isso só aumentava meu desespero. Seria muito trabalhoso – e vergonhoso também – sair batendo de porta em porta até descobrir qual seria minha sala.

— Está perdido, garoto? — Dou um leve salto ao sentir alguém tocar meu ombro, me viro e encontro o mesmo senhor que estava na porta de entrada quando eu vim aqui pela primeira vez para fazer a prova.

— A-Ah, sim… Eu sou novo aqui e não sei qual é a minha classe.

— Você veio aqui junto com o menino Taehyung um dia desses, não foi? Acho que me recordo de você.

— Sim, sou eu. Não conheço nada daqui e confesso estar meio perdido...

— Pelo o que eu me lembre você veio aqui para fazer uma prova e tentar uma vaga no terceiro ano, certo? — Concordo com a cabeça, esperando que ele prosseguisse. — Todo mundo que conseguiu a matrícula foi encaminhado para as salas cinco e seis, talvez o seu nome esteja lá em uma delas. São as salas no andar de cima, a número um começa pelo lado esquerdo. Se nenhuma das duas for sua classe pode me procurar que eu te levo à diretoria para descobrir onde você vai ficar.

— Tudo bem, obrigado. — Fiz uma breve reverência e apressei o passo, tomando cuidado para não esbarrar nas pessoas – principalmente nas crianças que corriam desembestadas pelo pátio.

Subi as escadas e fui até o corredor, não sabia em qual delas eu ia perguntar primeiro. Fiz o famoso "minha mãe mandou" mentalmente e só assim consegui decidir ir na sala de número seis, até achei bom porque prefiro os números pares. Fiquei ali na porta e vi que o professor já tinha entrado e estava escrevendo algo na lousa.

Aí que minha vergonha aumentou mais, não queria ter que bater na porta e pedir licença porque todos começariam a me olhar e eu odeio ser o centro das atenções. Mas também não poderia entrar sem dizer nada porque seria muita falta de educação e provalvelmente o professor me daria uma bela bronca.

— Posso ajudá-lo em alguma coisa? — Estava tão concentrado em criar algum jeito de entrar que mal percebi quando o professor se aproximou de mim.

— É… E-Eu sou um aluno novo e não tenho certeza se aqui é a minha sala… — Enfiei as mãos no bolso da calça para tentar disfarçar a timidez.

— Qual seu nome? Posso verificar no meu diário... — Eu poderia facilmente confundi-lo com um aluno. Ele não parecia nadinha com um professor, estava mais para um adolescente normal.

— J-Jungkook, Jeon Jungkook.

— Venha comigo. — Deu espaço para que eu pudesse passar e eu ponderei um pouco sem saber se entrava ou não. Mas antes que eu ficasse pensando demais eu entrei de uma vez, seguindo o professor até a sua mesa e tentando ao máximo ignorar os olhares curiosos sobre mim.

Fiquei observando o professor abrir sua pasta e começar a procurar pela lista dos alunos, não foi muito difícil dele encontrar pois percebi que ele era deveras organizado.

— Sim, você é desta sala e seu número de chamada é o dezesseis.

— Uh, que sorte... — Murmurei baixinho para mim mesmo, ainda bem que a minha intuição tava certa.

— Gostaria de se apresentar para os seus colegas?

— Hã… não, obrigado. — Não me sentia a vontade para me apresentar aos outros, fora que as expressões de tédio dos outros alunos denunciavam que eles não queriam saber nada de mim.

— Tudo bem, seja bem vindo! E ah, quase ia me esquecendo de me apresentar, meu nome é Ryu Junyeol e eu serei seu professor de física. — Sorriu amigável, deixando seus olhos bem pequenininhos.

— Muito prazer, senhor. — Me curvei. Já sabia que iria gostar dele por dar aula sobre uma das minhas matérias favoritas.

— Pode se sentar, irei começar a aula.

— Ok. — Dei uma olhada rápida nos lugares vazios e escolhi me sentar na fileira ao lado da janela no segundo lugar da frente. Não gosto de sentar no fundo porque geralmente quem fica ali são os mais bagunceiros, tirando o fato de que não conseguiria enxergar a lousa direito, talvez eu precise de um óculos futuramente.

Estranhei a quantidade de alunos na sala, ela era grande e isso dava a sensação de vazio por ter umas dez pessoas – nove se eu não contasse comigo mesmo.

— Pessoal novo que chegou agora, peguem o caderno emprestado com alguém porque a aula de hoje vai ser para terminar a atividade da semana passada. Qualquer dúvida com a matéria é só vir até minha mesa.

Olhei ao meu redor e só tinham duas pessoas perto de mim, uma menina híbrido de gato com cabelos curtinhos sentada na fileira ao lado e um garoto atrás de mim – não tão atrás assim porque ele pulou uma carteira, ficando meio distante.

Não queria perder matéria logo no meu primeiro dia então juntei coragem para perguntar ao menino se ele tinha a lição.

— Ei, você poderia me emprestar o seu caderno, por favor? — Perguntei tentando soar o mais educado possível, não queria atrapalhar seja lá o que ele estivesse fazendo.

— Vish, cê pediu pro cara errado. — Bocejou antes de prosseguir. — Não fiz e nem pretendo fazer, física não é meu forte. — Respondeu rapidamente, logo apoiando a cabeça na mesa, provavelmente ele ia tirar um cochilo.

Oras, por que as pessoas vêm pra escola para dormir? Melhor ficar em casa já que não querem fazer lição.

— E você, pode me emprestar o seu? — Direcionei a pergunta para a garota ao meu lado.

— Ah, eu também sou nova aqui. Não tenho a lição…

— Pera aí, vou resolver o problema de vocês. — O garoto que eu pensava estar dormindo diz e se levanta, caminhando até o outro lado da sala.

Ele foi na direção de duas garotas e trocou algumas palavras rápidas que não deu pra escutar, ao que parece ele pediu a atividade pra elas já que as mesmas lhe entregaram os cadernos.

— Prontinho, certeza que vão entender tudo aqui. A Yerin e a Yuju têm as letras mais bonitas da classe, fora que são inteligentes pra porra. Podem copiar que é sucesso. — Entregou um caderno para a menina e outro pra mim.

— Obrigado. — Agradeci.

— Você salvou a gente.

— De boa, cês podem retribuir o favor me passando a lição depois.

— E por que você não faz agora? — Perguntei.

— Ah não, tô com preguiça e esse prof é super de boa. Na próxima aula de amanhã eu mostro pra ele. — Voltou a se sentar no lugar anterior.

— Eu ouvi isso, senhor Yoon Sanha. Vou me lembrar disso quando for corrigir as suas questões. — O professor lia um livro mas mesmo assim conseguiu ouvir e prestar atenção na conversa.

— Vai me dar uma nota a mais por eu ter te elogiado?!

— Negativo, vou te dar nota a menos por ser tão preguiçoso nas minhas aulas!

— Poxa, professorzinho. Quebra esse galho pra mim, vai. Você sabe que eu tenho dificuldade em fazer essas contas doidas…

— Simples, estou aqui pra ensinar então ao invés de ficar dormindo pelos cantos é só você vir aqui que eu posso ajudá-lo sem problema algum.

— A matéria não entra na minha cabeça nem a pau, iria ser perda de tempo total. Melhor continuar lendo seu livrinho aí.

— Você não toma jeito mesmo, não é? Não sei como consegue manter a média e passar de ano sendo tão preguiçoso.

— Eu tenho meus truques... Mas pense pelo lado bom, profe, pelo menos eu sou um aluno melhor que o MJ.

— Nisso eu tenho que concordar, o Myungjun tem a proeza de sempre ficar de recuperação na minha matéria. É impressionante…

— Tá vendo? Existem piores e eu não estou entre eles.

— Por muito pouco você não está, e se continuar assim você se juntará a eles logo logo.

— Joga praga em mim não, professor. Tô bem de boa assim. — O garoto que aparentemente se chamava Sanha encerrou a conversa e voltou a tirar seu cochilo.

Parei de prestar atenção nos dois e passei a copiar a atividade. E realmente a letra dela estava impecável, dava pra perceber que ela é bem cuidadosa com as lições.

Não demorei muito para terminar porque não tinha muita coisa no fim das contas, era só um texto explicativo e alguns exercícios – que felizmente eu sabia fazer.

— Alguém aí já terminou? Só darei mais essa aula para terminar as questões.

— O QUE?! — Dei um leve pulo na cadeira pelo susto com o grito repentino do Sanha que em um piscar de olhos apareceu do meu lado tirando o caderno da garota de cima da minha mesa. — Agora fodeu…

Encarei a cena calado, observando com estranheza o desespero do menino em copiar tudo o mais rápido possível.

Dei de ombros e caminhei até a mesa do professor, entregando o meu caderno para que ele pudesse corrigir.

— Muito bem, Jungkook. Está tudo certinho. — Falou enquanto deixava um visto na folha. — Você tem cara de ser inteligente… — Recolhi o caderno e sorri um pouco constrangido, retornando ao meu lugar.

Logo depois foi a vez da menina com orelhas de gatinho ir até a mesa do professor para mostrar a lição, ela também foi elogiada por ele.

— Pode devolver o caderno à ela, por favor? — Ela perguntou ao Sanha que apenas balançou a cabeça em concordância, tirando o caderno de suas mãos e sem deixar de escrever como um louco.

— Sanha, você tem exatamente… — O professor fez uma pausa para olhar o horário em seu celular — Nove minutos para me mostrar isso antes que a aula acabe.

— Calma aí, fessôr. Falta só mais um númerozinho aqui e… Tchãram! Acabei esse caralho, pode corrigir. — Foi caminhando até a mesa dele à passos lentos e despreocupados.

— Nem preciso corrigir porque você copiou todas as respostas. E minha nossa senhora, nem copiando você se salva... Tá tudo torto!

— Mas que injustiça é essa?! Eles dois também copiaram tudo e você elogiou, porque só eu tó levando esporro?!

— Porque certamente eles entenderam a matéria e fizeram com capricho. Ao contrário de você que além de ter feito tudo de mal jeito nem se deu o trabalho de compreender a atividade.

— O importante é que eu fiz! — Fez um joinha com a mão na direção do professor, fazendo-o rir de forma desacreditada. Todos da sala prestavam atenção na conversa e acabaram rindo também.

— Pronto, garoto. Está "corrigido". — Entregou o caderno de volta pra ele.

— Valeu aí, Junzinho. Você é nota dez! — Voltou pra a sua mesa e recolheu os cadernos para devolver as garotas.

— Junzinho? Humpf, essa é nova… — Murmurou o professor antes de voltar a ler seu livro.

— SUNGWOON! — Pensei que depois disso ele ficasse quieto, mas me enganei.

— O QUE É, INFERNO?! — Um menino que se sentava perto da porta respondeu. Ele me lembrava um pouquinho o Jiminie hyung.

— QUAL A PRÓXIMA AULA? — Questionei a mim mesmo o porquê dele gritar tão alto sendo que ele podia ir até lá e perguntar de forma civilizada.

— Filosofia, duas seguidas.

— Puta merda, essa matéria é puro tédio, vou dormir. Só me acordem na hora do intervalo. Valeu, falou! — Pegou o seu moletom e jogou sobre a cabeça como se fosse um cobertor.

Esse menino é engraçado – e meio doidinho também, vale ressaltar.

(…)

— Podem sair, estão liberados. — A professora de filosofia disse por fim, encerrando a aula e saindo junto com os outros alunos.

— Por que eles estão levando a mochila para o intervalo? — Eunha – descobri seu nome porque fizemos juntos uma atividade em dupla – me pergunta confusa.

— Eu também não faço a mínima ideia…

— Será que ele sabe o motivo? — Apontou para o Sanha que ainda dormia, ele não tinha acordado desde a aula de física.

— Não sei, mas não custa perguntar… — Fui até lá e tentei chamá-lo, cutucando seu ombro.

— JÁ VOU AVISANDO QUE NÃO FUI EU! — Ele se levantou meio desesperado, olhando para todos os lados como se tivesse com medo de algo ou alguém. — Ah tá, são só vocês. O que tá pegando, coelhinho?

— Você sabe me dizer por que todos os outros levaram mochila para o intervalo? Vai ter algo importante?

— Ué, cê não tá sabendo que hoje a gente sai mais cedo?

— Hm, não…

— Hoje vai ter um negócio com os professores, acho que é reunião. Aí por isso só teve as três aulas e depois do intervalo a gente vai embora.

— Ah…

— É por isso muita gente faltou hoje, o pessoal tem preguiça de vir em dias assim. Inclusive os lazarentos dos meus amigos que me deixaram sozinho nesse inferno.

— E por que você não faltou também? — Eunha questiona.

— Bem que eu queria, mas minha mãe me mataria se soubesse que eu faltei aula pra ficar dormindo. — Falou enquanto guardava o próprio material. — Enfim, vou ir pro intervalo roubar o lanche da galera. Tchau pra vocês! — Sanha saiu correndo, deixando apenas eu e a Eunha sozinhos na sala.

— Jungkook…

— Sim? — Terminei de guardar minhas coisas e coloquei a mochila nas costas, me preparando para sair.

— Posso ficar com você no intervalo? Não conheço ninguém aqui. — Se pronunciou um pouco tímida.

— Pode sim, eu já ia te chamar para ficar comigo de qualquer forma. — Pelo pouco de conversamos pude notar que ela é uma pessoa legal e fácil de conversar, fora que me sinto bastante confortável perto dela já que nós dois somos híbridos. — Vamos na cantina? Acho que vou comprar algum lanche...

— Vamos. — Seus pertences já estavam devidamente guardados em sua mochila então ela só a pegou.

Saímos da sala e fomos diretamente até o pátio, mesmo com todo mundo reunido lá o lugar ainda parecia estar meio vazio. Pelo jeito faltar aula para ficar dormindo é uma característica de muitos alunos daqui.

Não tinha muita gente na cantina – e olha que eu nem achei ruim porque assim sobra mais lanche pra mim.

— Olá, mocinho. O que vai querer? — Perguntou uma senhora simpática que cuidava do local.

— Não sei, quais são as opções? — Analisei os sanduíches e alguns outros pacotes de salgadinho e petiscos atrás dela.

— Você é novato? Nunca vi seu rostinho por aqui…

— Ah, eu sou. — Admiro a boa memória das pessoas que trabalham por aqui para saber quem é aluno novo e quem não é, eu me confundiria direto.

— Está explicado. Todos conhecem os meus maravilhosos lanchinhos! Olha, se você gosta de comer bastante eu te recomendo o X-Tudo, mas se você está com pouco apetite eu sugiro um Cheeseburguer que vem menos coisinhas dentro.

— Então eu quero o X-Tudo! E uma latinha de Fanta uva também! — Lhe entreguei o dinheiro rapidinho sem pensar duas vezes. Tudo o que eu queria era um lanchão enorme.

— Aaah, esse é dos meus! Também adoro comer até explodir! — Riu enquanto me entregava o lanche junto com o refri. — Tenha um bom apetite, docinho.

— Obrigado. — Agradeci e sorri timidamente com o apelido que recebi.— Pra onde nós vamos agora, Eunha-ah? — Saí da cantina e passamos a caminhar juntos sem rumo.

— Vamos no refeitório? Tô ficando com fome e não tenho dinheiro para comprar um lanche.

— Certo! — Comecei a andar mas parei no meio do caminho ao lembrar que não fazia ideia de onde ficava o tal refeitório. — Espera, você sabe onde é?

— Sim, enquanto você conversava com a mulher da cantina eu fiquei analisando o pátio com os olhos e consegui achar o refeitório. Fica logo ali. — Apontou para a nossa frente, eu tava andando pro caminho certo e nem me dei conta.

— Sou horrível em direções, nem reparei que era pra lá. Enfim, vamos! — Passei meu braço entre o dela para que a gente corresse mais rápido – só corri porque eu queria comer logo, caso contrário continuaríamos andando tranquilamente.

Me surpreendi totalmente ao adentrar o refeitório, estava praticamente vazio – eu digo praticamente porque tinha uma única pessoa ali, e o garoto nem tava comendo e sim mexendo no celular.

— Que estranho, tá cheio de comida aqui e ninguém veio comer… — Eunha se desvencilhou de mim para olhar a refeição.

— Estranho mesmo. É um baita desperdício… — Fui até lá também e vi que realmente tava tudo cheio, parecia que ninguém tinha pegado nadinha.

— Bom, eu que não vou fazer desfeita! — Ela diz de forma divertida, pegando um dos pratos para poder se servir.

— EM NOME DO SENHOR JESUS PARE IMEDIATAMENTE COM O QUE ESTÁ FAZENDO! — Uma voz escandalosa se faz presente, me viro e vejo Sanha com uma cara de espanto engraçada. — Não toque nessa gororoba caso queira continuar vivendo! — Ele tira o prato das mãos de Eunha e o devolve ao seu devido lugar.

— Mas o quê…? Eu tô com fome, criatura!

— Acredite, é melhor ficar com fome do que comer isso aí.

— Por que você está dizendo isso? — Perguntei curioso. É apenas comida, não conseguia entender esse desespero todo do Sanha.

— Tá vendo que isso aqui tá vazio? — Concordo com a cabeça. — Tá vendo que a comida é macarrão com sardinha? — Concordo novamente sem saber onde ele queria chegar com isso. — Então, é só juntar os fatos!

— Ninguém tá comendo porque ninguém gosta de macarrão com sardinha? — Essa era a única hipótese que eu consegui formular.

— Sim e não. A gente apelidou isso de "comida do diabo" porque todo mundo que come só falta morrer de passar mal. Da última vez que comi isso eu fiquei mais de três dias vazando por cima e por baixo, se é que me entende…

— Eca, que nojo! — Fiz uma cara desgostosa por ter entendido o que ele quis dizer.

— E antes que algum de vocês me pergunte, eu não fui o único a passar mal. Todo mundo que comeu essa merda se fodeu de algum jeito.

— Tudo bem, você venceu. Não vou me arriscar. — Eunha se afastou da comida como se ela fosse algum tipo de veneno radioativo – e depois do que o Sanha disse eu não duvidaria que fosse.

— E mais uma vez o Super San salva a vida de uma garotinha indefesa que estava prestes a ter uma intoxicação alimentar! — Ele faz uma pose de super herói que só o deixou engraçado e com cara de quem tem um parafuso a menos na cabeça – e eu sinceramente acho que ele tem, tá faltando pelo menos uns dois parafusos.

— Ai que exagero! — Ela ri da palhaçada dele, mas logo volta a ficar séria. — Só que agora eu continuo com fome...

— Não tem problema, Eunha. Eu posso dividir meu X-Tudo com você.

— Sério, Jungkookie?

— Sim, ele é grande então dá para nós dois. — Reparto o sanduíche ao meio, lhe dando metade do meu lanche. Eu não gosto de dividir minha comida, sou muito mão-de-vaca nesse sentido. Mas seria muita falta de consideração comer tudo e deixá-la com vontade.

— Obrigada, Kookie! — Sorriu abertamente enquanto suas orelhinhas se remexiam de felicidade, deixando-a ainda mais adorável. Eunha é realmente uma garota muito fofa. — Viu, Sanha? Isso sim é um ato heróico!

— Nossa, nunca mais te ajudo em nada, também. Você ainda precisa aprender a reconhecer boas ações... — Fingiu-se de ofendido.

— Mal te conheço mas já dá pra perceber que você é extremamente dramático. — Eunha comenta e eu só concordo com a cabeça pois estava de boca cheia.

— Não sou dramático, os outros que são injustos comigo! — Retrucou, passando a mexer no celular. — Faltam dois minutos para o portão abrir, bora pra lá? Não vejo a hora de chegar em casa e dormir até não poder mais!

— Está bem. Vamos Jungkook?

— Ok… — Dei uma última mordida no pedaço do meu lanche e comecei a seguir os dois até o portão enquanto abria minha latinha de refrigerante.

— Meu Deus, que maravilha… Eles já abriram! — O de cabelos castanhos diz visivelmente animado.

Só aí eu me toquei na burrada que eu estava me metendo. Quem iria me buscar pra ir pra casa?

— Tá tudo bem, Jungkookie? Você tá com uma cara estranha… — Eunha pergunta quando já estávamos fora da escola.

— É que eu não sei como vou voltar pra casa, todo mundo tá no trabalho e na faculdade…

— E por que você não pega um busão?

— Eu não sei qual o ônibus que passa lá, isso se tiver algum que passe. Nunca andei sozinho assim…

— Porra, nessa idade e nunca deu rolê por essas redondezas?

— Sozinho, não. Da última vez que saí de casa sem ninguém eu acabei perdido e só consegui voltar pra casa porque um amigo do meu hyung me achou e me levou de volta.

— Aí é foda… — Pelo jeito vou ter que conviver com mais uma pessoa boca suja.

— Por que não tenta ligar para alguém?

— Mais outro problema, Eunha. Eu não tenho celular…

— COMO ASSIM VOCÊ NÃO TEM UM CELULAR?! EM QUE SÉCULO VOCÊ VIVE,  JUNGKOOK?! — Acho que vou demorar para me acostumar com o jeito escandaloso do Sanha, pra ele tudo é motivo de escândalo.

— Ué, eu só não tenho um. — Dei de ombros, nunca me importei em ter um telefone. O TaeTae e o Yoongi hyung sempre me emprestavam os deles para eu jogar ou ouvir música então não sinto falta de ter um celular.

Não tô dizendo que não seria legal ter um só pra mim, mas não é aquela coisa que eu sinta necessidade e não consigo viver sem. É de boa.

Mas agora tô vendo que preciso de um, principalmente em situações como essa.

— Não tem problema, eu posso te emprestar o meu. — Eunha tira o celular do bolso e o entrega pra mim.

— Obrigado. Espero que o Taehyung não esteja dentro da sala, caso contrário ele não vai me atender de jeito nenhum. — Digitei o número dele rapidamente e levei o celular até a orelha, agradeci aos céus por ainda me lembrar do seu número.

Comecei a me desesperar porque a ligação estava chamando mas ele não atendia.

— Conseguiu? — Sanha pergunta curioso.

— Nada. — Bufei em frustração ao perceber que a chamada foi desligada. — Ou ele tá ocupado, ou ele não quer atender por ser um número desconhecido.

— E você não pode ligar pra outra pessoa?

— Esse é o único número de celular que eu sei… O jeito é tentar de novo. — Digitei o número do TaeTae novamente, torcendo para que dessa vez ele me atendesse.

Bip... Bip… Bip...

— Alô?

— Ai, hyung, graças a Deus você me entendeu! — Suspirei aliviado ao ouvir sua voz grave do outro lado da linha.

— Jungkookie? É você?

— Sim, Tae. Sou eu…

— Por que está me ligando? De quem é esse número?

— Calma, só me escuta. Eu preciso que você venha me buscar agora.

— Oi?! Você só pode estar brincando… Já tá aprontando no seu primeiro dia?!

— Não é nada disso hyung...

— Então o que é?

— É que hoje sai cedo e eu não sabia. E agora eu tô aqui no lado de fora da escola porque não sei voltar pra casa sozinho…

— Meu pai amado… e agora? Eu não sei se vou conseguir sair aqui, o professor acabou de entrar na sala.

— Dá um jeito! Não tem como eu voltar, vou acabar me perdendo de novo.

— Eu sei bem disso. Mas tá, não sai daí! Eu vou tentar ir te buscar.

— E se você não conseguir?

— Vou tentar ligar pra algum dos meus amigos. Enfim, fica aí quietinho e não fale com estranhos, ok?

— Ok. Tchau, TaeTae…

— Tchau, bebê. Beijo e se cuida. — Disse por fim, encerrando a chamada.

— O que ele disse? — Eunha pergunta.

— Que se não conseguir sair da faculdade ele vai ligar para algum amigo me buscar. — Devolvi o aparelho à ela. — O jeito vai ser ficar aqui e esperar...

— Olha, bem que eu gostaria de ficar aqui contigo e tal, mas a minha cama quentinha tá lá me esperando e eu não posso perder essa oportunidade…

— Pode ir, Sanha. — Disse.

— Epa, só se for agora! Tchau pra vocês! — Saiu correndo e virou a esquina, sumindo da nossa vista.

— Você também pode ir pra casa se quiser, Eunha-ssi.

— Não não, eu vou ficar com você. Não vou te deixar sozinho aqui, fora que o seu hyung pode ligar de novo no meu celular para avisar alguma coisa. — Segurou minha mão, me arrastando até um murinho perto da escola para que a gente pudesse se sentar ali.

— Obrigado, Eunha. Não sei nem como te agradecer…

— Não precisa. Somos amigos agora, certo? Não posso deixar um amigo na mão! — Sorriu e apertou minha bochecha.

O que as pessoas têm com ela? Tudo bem que sou um pouco bochechudinho, mas ficar apertando aí já é demais!

— Tem razão. — Sorri de volta e dei o troco, apertando as bochechas dela também.

(…) 

(Taehyung Point Of View)

— Caralho, nem acredito que consegui sair tão rápido assim…

Foi muito mais fácil do que eu imaginava. Eu achava que o professor e a diretora iam dar chilique pensando que eu tava mentindo pra ir embora mais cedo porém eles foram super compreensivos e me liberaram assim que expliquei toda a situação.

Eu só espero que o Minhyuk faça as atividades e as anotações pra eu pegar depois.

Cheguei no ponto de ônibus e o busão não demorou para chegar, por conta do horário ele tava meio cheio então tive que ir em pé.

Em uns quinze minutos ou menos desci do ônibus e passei a caminhar um pouco mais rapido porque o ponto fica um pouquinho distante da escola do Kook.

Estava preocupado com o fato dele estar sozinho fora da escola, tem muita pessoa que age de má fé por aí e isso me deixava angustiado por saber que ele podia estar correndo perigo.

Virei a rua e me deparei com uma cena que não estava esperando ver, Jungkook tava sentado perto da porta da escola enquanto conversava com uma garota híbrido de gato que nunca vi antes. Parecia que os dois já se conheciam há muitos anos pela forma que interagiam um com o outro.

Me aproximei devagar dos dois e eles estavam tão concentrados na conversa que nem perceberam minha presença.

— Kookie-ah? — Chamei-o e de imediato ele me olhou, correndo até mim para me dar um abraço.

— Finalmente, hyung! Pensei que você não viesse mais!

— Eu disse que ia tentar, e consegui.

— Ainda bem, né? Já pensou se eu fico aqui pra sempre?

— Bom, já que ele já chegou eu já vou indo. Minha mãe deve estar me esperando… — Diz a garota um pouco acanhada.

— Obrigado por ter ficado comigo.

— Já disse que não precisa agradecer, não fiz nada de mais. Até amanhã, Kook!

— Até, Eunha-ah! — Ele vai até ela para lhe dar um abraço e a mesma retribui de forma amigável.

— Tchau "hyung do Jungkookie". — Despediu-se de mim dando risada por não saber meu nome, eu ia dizer meu nome mas ela foi mais rápida e foi embora.

— Você vai voltar pra faculdade depois de me deixar em casa, hyung?

— Mas nem fodendo, só piso lá amanhã agora. — Segurei em sua mão e começamos a andar. — E como foi seu dia? Estou vendo que já fez amigos…

— Foi um dia legal! E só conversei com duas pessoas hoje, por enquanto a Eunha é minha única amiga. Você viu? Ela é um híbrido igual a mim!

— Sim, eu vi. Deve ser por isso que vocês se deram tão bem!

— É, ela é bem legal. Foi ela quem me emprestou o celular pra eu ligar pra ti.

— Por falar nisso eu preciso te dar um, vai que acontece algo do tipo de novo? É melhor prevenir.

— Também acho… E que dia nós vamos comprar?

— Hoje mesmo, mas só de tarde porque quando chegar em casa eu vou dormir.

— Tá, e eu vou querer um celular com muuuuito espaço pra eu baixar todas as músicas e os joguinhos que eu gosto!

— Ah, que novidade, nem estou surpreso em ouvir isso…


Notas Finais


O final só tem fala pq fiquei com preguiça de pensar e botar os baguio KKKKKKK perdoa eu

Ces querem pov do Jeonzinho de novo? Me digam aí pra eu saber ;)

Bjs e até n sei quando JSPAJWAOWKAO


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