E lá estava eu, novamente, dentro daquele barco desconfortável em direção a Noruega. Na parte traseira do barco, olhava a cidade de Londres, que ficava cada vez mais distante e onde eu deixava o meu coração. Teria uma nova batalha pela frente, a qual não poderia demorar muito tempo a conquistar. Mas pelo menos, Radamanthys e Pandora estavam presos, ganhando como brinde de companhia, o pai de Elizabeth, acusado de tráfico humano por ter vendido a filha. Minha amada havia ficado aos cuidados da rainha, mas certamente que esta em breve a casaria com algum duque e mesmo a chegada de meu filho, era um perigo para ela.
Dou costas e entro no meu camarote, bebendo um conhaque para matar o tempo. Lune apenas me observava, arrumando roupas mais quentes para mim, já que meu país era coberto por neve em toda a sua extensão. No dia seguinte, lá estava eu no meu país, onde alguma infantaria me recebeu e onde algumas mulheres gritavam, como se sentissem saudade do seu príncipe. Não podia critica-las, afinal aquele país sem a minha beleza ficava, sem duvida alguma, mais pobre. Acenei atenciosamente a toda a gente e entrei rapidamente na carruagem, em direção ao palácio onde o meu avô me aguardava. Após colocar a corte a par das negociações em Inglaterra, pedi que todos saíssem, menos os membros da família real. Respirei fundo e encarei o meu avô, o mais sério que conseguia, buscando uma forma de o convencer a aceitar toda aquela loucura em que me havia metido
- Há alguma coisa de diferente em ti, meu neto! – Ele analisava cada expressão minha. Não o julgava, pois eu nunca havia levado nada a sério, nem mesmo os negócios.
- Eu serei breve, até porque a minha decisão está tomada. Cabe a si aceitar ou não! – Aquela minha atitude levantou um borburinho entre os meus primos, a qual eu ignorei por completo. – Eu irei casar-me! E isso é algo já decidido…
Meu avô apenas arregala os olhos, como se ficasse chocado com aquilo. Não posso dizer que ele não tivesse razão, pois eu já havia negado princesas de vários países, fazendo-o mesmo perder a esperança em relação a um casamento da minha parte.
- Não me lembro de Inglaterra ter princesas disponíveis de momento… - Meu avô responde friamente, já prevendo que boa coisa não ia sair da minha boca.
- E não tem! Mas tem uma bela jovem pela qual eu me apaixonei e tenciono passar o resto da minha vida ao seu lado. – Ergui a cabeça, mantendo forte a minha decisão em relação a tudo aquilo. – Eu casarei com ela, quer tenha o seu consentimento ou não.
- Tens noção das consequências desse teu ato?
- Total consciência, avô. Por isso que lhe dou a escolher, ou a aceita como minha princesa ou eu abdicarei da coroa… - Nunca na minha vida me custou tanto abdicar de algo, mas por ela eu estava disposto a fazê-lo.
Pude ver o choque no rosto dos meus primos e primas, mas sinceramente era algo que não me importava minimamente. Certamente que iriam criticar-me assim que que virasse costas, pois sempre havia sido o mais rebelde deles todos e neste quesito, obviamente que não poderia ser diferente.
- Minos, tantas princesas por essa Europa fora estavam dispostas a casar contigo. Mulheres da realeza, que tu simplesmente vais trocar uma dama qualquer, sem valor algum… - Meu avô levanta-se irritado, não querendo aceitar uma coisa daquelas.
- Ela não é uma dama qualquer. Eu não estou interessado em casar, só porque isso vai ser vantajoso para nós. Isto não é um negócio para mim! – Irritado, bato com a minha bengala no chão, respirando fundo e buscando acalmar-me de alguma forma. – Por que razão me vou casar com uma princesa qualquer, se ela não irá aquecer a minha cama. Se não é ela que eu quero ao meu lado… Não vou casar com alguém que não tem vontade própria e depois fazer como o senhor, ou como os meus queridos primos que já estão casados, e ir buscar conforto nos braços de outras mulheres.
Ao dizer aquilo, mesmo que sem pensar, vejo as pessoas em questão fechar a cara, pois a verdade muitas vezes custava engolir. Meu avô volta a sentar-se e coça o queixo, encarando-me sério, como se estivesse entre a espada e a parede.
- Tu não precisas de mim avô… Eu sou o último na linha de sucessão ao trono, dificilmente ocuparei o teu cargo um dia. Por favor, deixa-me ser feliz! – Decido quebrar o silêncio, mas começava já a perder alguma esperança em conseguir fazê-lo entender o meu lado.
- Está bem! Não adianta eu tentar fazer-te mudar de ideias, pois és mais teimoso que um burro. – Tive de me segurar a uma cadeira, após ganhar uma guerra que eu já achava perdida. Vi-o levantar-se e abraçar-me com força, contudo eu nem tive reação, pois ainda não conseguira acreditar que havia ganho realmente. – Tu estás mudado, pelo menos alguma coisa de bom, essa mulher já fez!
Apenas retribui o abraço, abrindo um sorriso de felicidade como nunca havia feito antes. Eu consegui! Assim que saí daquela sala, procurei pelo Lune, contando-lhe a boa noticia. Nem mesmo ele acreditou quando lhe contei, pois já contava em ter de arrumar as minhas coisas para quando eu fugisse com Elizabeth.
- Ah Lune! Eu quero uma grande festa, uma cerimónia lindíssima… - Encontrava-me excitado com tudo aquilo e como era óbvio, não podia perder tempo. – Quero para Elizabeth, o vestido mais lindo que encontrares, quero dar-lhe um casamento que uma princesa como ela merece…
- Pois, mas senhor, por acaso já a mandou vir para cá?- Lune, que apontava todas as minhas indicações, olha-me por cima dos óculos. – Para haver casamento a noiva tem de cá estar!
- Raios!! – Fechei a cara, pois havia-me esquecido daquele pormenor.
Corri para o meu escritório, onde escrevi uma carta a rainha, pedido a mão de Elizabeth em casamento e de certa forma, a desculpar-me por não o ter feito pessoalmente, mas naquele momento era completamente impossível voltar a Inglaterra. A carta conteve a minha assinatura e o selo real, autentificando assim a mesma. Juntamente com aquela, escrevi uma para Elizabeth, contando-lhe tudo o que havia acontecido e o mais importante, que havia conseguido ganhar aquela guerra e que apenas faltava receber a melhor das recompensas, que seria ela em meus braços em breve. Dei ordens específicas a um guarda, para que fosse a Inglaterra e entregasse as cartas, cada uma a sua remetente.
Fiquei ansioso durante daquele tempo de silêncio em que a resposta da rainha nunca mais chegava, descarregando o meu nervosismo em Lune, que atenciosamente corria de um lado para o outro, com os preparativos de um casamento que eu ainda nem tinha a certeza se realmente se iria realizar. Encontrava-me no salão principal a tocar piano, na esperança de descarregar alguma da minha ansiedade, enquanto a neve lá fora caia calmamente. O som da lenha a estalar na lareira, acompanhava a melodia que meus dedos atenciosamente criavam, fazendo-me mergulhar em outro mundo.
- Minos! – A voz altiva do meu avô fez-me parar de tocar. Contudo não olhei para ele, pois não queria falar com ninguém naquele singelo momento que era só meu. – Levanta de uma vez desse piano! Tem a gentileza de receber a tua noiva…
Aquelas palavras fizeram-me voltar a cabeça para trás rapidamente, onde meu olhar encontrou o de Elizabeth, ali parada com um pequeno sorriso a olhar para mim. Ceus, como eu tinha saudades daquela visão! Levantei-me rapidamente a sem cerimónias fui até ela, agarrando o seu pequeno rosto com as duas mãos e a beijando ali na frente de todos, que ficaram em choque com a minha atitude. Mas sinceramente, nem me importei, simplesmente a abracei.
- Eu disse que sempre conseguia o que queria! – Sussurrei ao seu ouvido, fazendo-a rir.
- Peço perdão, por ter duvidado de si, Alteza… - Ao afastar-me dela, pude ver a sua face rubra, por a ter beijado em frente a toda aquela gente que a acompanhava.
Sei que não podia fazer aquilo em público, mas a saudade era tanta que nem me importei. Pude notar o olhar dos meus primos sobre ela, que tal como eu, certamente ficaram encantados com a sua beleza. Mesmo atrás de toda aquela multidão, pude ver Aiacos, que acompanhara a irmã a mando da rainha e pisquei-lhe o olho, sorrindo de canto, o qual foi retribuído de igual forma.
- Lune! – Chamei-o de forma altiva, erguendo uma sobrancelha ao vê-lo chegar-se a frente.
- Senhor?
- Espero que esteja tudo pronto. – A seriedade em minha voz, fê-lo engolir em seco, pois ele sabia ao que me referia.
- Está quase tudo! – Ele responde a medo.
Minha amada apenas observava aquela minha pose pomposa, com uma expressão divertida, apertando o meu braço para que eu não fosse tão mau com o Lune.
- Ótimo, estou cheio de pressa! Já que minha noiva está aqui, não há porque esperar mais…
- Porque tanta pressa? – Um dos meus primos fez questão de se armar em burro, olhando-me curioso.
- Talvez porque já esperei tempo de mais! – Sorriu maliciosamente, fazendo os presentes entenderem de imediato ao que me referia.
Aquilo não deixava de ser verdade, não via a hora de poder ter o corpo de minha amada, novamente em minhas mãos, contudo o seu estado não nos era favorável e precisa encobrir aquela gravidez o mais depressa possível.
- Que assim seja! O médico real está a postos, poderá receber Elizabeth a qualquer momento… - As palavras do meu avô deixaram-me curioso, mas pela expressão de Elizabeth não seria coisa boa.
- Médico pra quê? – Ergo uma sobrancelha, começando a ficar receoso quanto aquela questão.
- Ora, em todo o casamento real tem de haver uma análise de castidade… - Meu avô responde calmamente, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.
- Mas é que nem pensar! – Respondo indignado, pensando numa forma de me livrar daquilo, ou tudo poderia ir por água abaixo. – Não vou permitir que um outro homem a veja nua, ainda por cima, primeiro que eu!
- Mas é tradição, Minos… - Meu avô insiste, fazendo-me revirar os olhos, mas a verdade é que começava a tremer com tudo aquilo.
- Também é tradição príncipes casarem com princesas e no entanto… - Respondo secamente.
- Majestade, se me permite. – Lune chega-se a frente, mantendo as mãos atrás das costas. – Não adianta, o senhor sabe o quanto o seu neto é teimoso e eu sei bem o quanto ele é possessivo. Desnecessário bater no ceguinho, majestade!
Mais uma vez, Lune intercedia a meu favor, na tentativa de livrar a minha pele de mais uma asneira cometida por meus atos impensados. Sem dúvida alguma, que aquele homem teria um lugar guardado no céu, por ter de me aturar. Podia sentir a respiração de Elizabeth acelerada, o que me inquietou ainda mais, pois se ela passasse mal, aí sim estávamos tramados a valer.
- Pronto, o que eu vou fazer? – Sorri de canto ao ver o meu avô finalmente resignar-se a aceitar que eu era anti-tradição. – Mão ao trabalho então, amanhã teremos casamento!
Lune apenas olhou para mim pelo canto do olho, piscando o mesmo. Tinha de admitir que devia muito a ele, por todos os anos que ele me havia aturado. Os serviçais logo saíram daquele salão, deixando a realeza sozinha. Peguei no meu casaco de pelagem grossa e o coloquei pelos ombros de Elizabeth, caminhando com ela até uma das varandas do palácio, onde ficamos a ver a neve cair pacificamente naquelas terras.
- Não tenho como colocar em palavras o quanto estou feliz, Minos… - Ela olha-me com um sorriso e abraça-me, o qual eu retribuo instantaneamente. – Só tenho pena que amanhã vá entrar sozinha naquela igreja.
- Mas não precisas! – Seguro o seu queixo, prendendo o meu olhar nas suas belas orbes azuis.
- Meu pai está preso, não tenho mais ninguém!
- Há uma coisa que eu já devia ter-te contado há muito tempo, mas fizeram-me prometer que não abriria a boca e assim continuarei. – Desfaço aquele abraço e a olho com um sorriso, completamente encantado com a sua beleza. – Mas farei com que outra pessoa abra a boca. Espera só um bocadinho!
Ajeitei o meu casaco a volta dela, para que não tivesse frio e entrei novamente no palácio, encontrando Aiacos no corredor, sem saber bem para onde ir, pois tudo era estranho para ele. Ao ver-me aproximar, fechou a cara e cruzou os braços.
- Onde está a minha irmã, seu irresponsável?
- Cala a boca… - Ordenei-lhe e segurei no seu braço de qualquer maneira, puxando-o para a varanda, onde ela nos esperava ainda.
- Miss Elizabeth… - Vejo-o baixar a cabeça, para reverenciá-la. Contudo ela fica confusa com a presença de um mero serviçal ali.
- Olha Aiacos, desculpa lá mas eu tive de contar… - Rapidamente recebi um olhar mortal da sua parte, que até me deu medo.
- O quê? Eu disse-lhe para não o fazer. Ela não precisava saber que somos irmãos… - Pude ver nos olhos dele que a sua vontade era de me dar um soco, algo que me fez rir.
- Eu não contei nada, tu é que acabas-te de o fazer! – Ri alto na sua cara, chegando mesmo a agarrar-me a barriga, pois a expressão idiota que ele fez não teve preço.
Os dois encaram-se estranhamente, nem se importando com o ataque de histerismo que eu estava a ter.
- Como podemos nós ser irmãos? – Elizabeth fica confusa, levando a mão ao seu ventre e ficando pálida.
- O senhor é mesmo um idiota. Viu o que fez? – Aiacos recrimina-me e com razão.
Ao ver o estado de choque de Elizabeth, segurei-a para que não caísse ou algo assim, a apertando em meus braços.
- Calma, é uma notícia boa meu amor. Como vês não estás sozinha… - Dou um beijo em sua bochecha, que estava fria por conta da brisa gelada que corria ali. Contudo, meus atos carinhosos fizeram-na sorrir novamente. – Anda homem, ganha bolas e conta tudo pra ela.
Aiacos semicerrou os olhos, com vontade de me torcer o pescoço. Calmamente, foi contando para ela tudo o que sabia e o porque de serem irmãos. Apesar de ser um bastardo, pude ver que Elizabeth ficara feliz em saber que tinha alguém do seu lado e que sempre a havia protegido, mesmo sem ela saber.
Com tudo resolvido, entramos novamente no palácio, onde minha amada se aqueceu em frente a lareira, pois o frio que sentia naquele país era bem mais acentuado do que em Inglaterra. Certamente que levaria um tempo para ela se habituar, mas pelo menos ter-me-ia a mim para aquecê-la nas noites geladas. Bem, não sejam perversos! Ou sejam, nenhum de vocês é inocente.
A noite foi caindo calmamente e deixando-me até admirado por meu avô estar a conversar com Elizabeth. Parecia até encantado com a graciosidade dela, o que me fez respirar mais aliviado, pois certamente que tudo correria pelo melhor. Tive vontade de visitar o quarto dela naquela noite, mas pensando melhor, não faria sentido arriscar-me daquela forma, uma vez que faltava tão pouco para a ter definitivamente para mim. Assim que Lune saiu do meu quarto, deitei na cama, completamente nu. Como eu gostava de estar daquela forma! Fiquei a olhar o teto, com um sorriso estupidamente feliz no rosto, até que o sono me atingiu.
Acordei no dia seguinte, com o barulho intenso no palácio, onde os serviçais corriam de um lado para o outro, devido aos preparativos do casamento. Lune nem se dera ao trabalho de me acordar naquele dia, esquecendo-se completamente do seu dever para comigo, enquanto gritava com os serviçais para que tudo estivesse prefeito. Sorri de canto e levantei, olhando-me completamente nu em frente ao espelho. Não podia deixar de me admirar! Nesse mesmo instante, Lune entra no meu quarto, tapando os olhos ao ver-me naqueles preparos.
- Já começa a ser hábito, não é? – Ele pergunta, passando por mim rapidamente e atirando-me um roupão para cima, o que me fez rir.
- Não vamos voltar a falar sobre isto. Até parece que nunca me viste nu.
- Foi em circunstâncias diferentes! – Ele responde indignado, começando a preparar o meu banho. – Agora venha, ou vai-se atrasar!
- Desde quando me dás ordens? – Ergo uma sobrancelha, querendo implicar com ele só por sim.
- Desde do momento em que me incumbiu de preparar o seu casamento… - Ele encara-me sério, fazendo-me perceber que ainda estava mais nervoso com aquilo do que eu.
Simplesmente tirei o roupão e o atirei para cima dele, rindo maroto ao ver a expressão desagradada dele. Estava feliz e obviamente não podia conter o meu entusiasmo. Deixei que ele me arrumasse devidamente, ficando até admirado ao ver que ele deixara os meus cabelos soltos. Em frente ao espelho, olhei-me com aqueles trajes reais de cerimónia, sentindo o meu ego inchar ainda mais, pois nenhum dos meus primos possuía a minha incrível e notável beleza.
- Vamos lá… é agora ou nunca. – Respirei fundo e sai do quarto, passando pelos enormes corredores, onde os serviçais pararam o que faziam para me observar.
- Vamos lá trabalhar, ainda há muito a fazer! – Escuto Lune resmungar atrás de mim, o que me fez rir, ao notar a má disposição do mesmo, completamente obcecado para que tudo ficasse no seu devido lugar.
Na entrada do palácio, minha família já me aguardava, cada um exibindo os seus belos trajes e torcendo o nariz ao ver-me de cabelo solto. Nunca ninguém aprovara o tamanho dos meus enormes cabelos, mas sinceramente isso era algo que sempre me passava ao lado, além de que aquele dia era unicamente meu e aproveitá-lo-ia da forma que eu bem entendesse.
A catedral real, onde se realizaria o meu casamento, estava perfeitamente decorada com flores brancas e tecido da mesma cor, fazendo jus a cor daquele país. Ali no altar, comecei a sentir-me nervoso. Dúvidas começaram a circular na minha mente e até mesmo um medo, de que ela não aparecesse, começou a tomar conta de mim. Contudo, todas essas dúvidas e medos evaporaram-se assim que a vi na entrada da catedral, de braço dado com Aiacos, que se prontificara a entrar com ela ali. Sorri ao ver a sua beleza, que apenas era intensificada pelo lindo vestido que trazia e as joias que enfeitavam o seu pescoço e sua cabeça. Lentamente, ela foi entrando, sorrindo ao pousar os seus olhos em mim. Aquele pequeno espaço de tempo pareceu uma eternidade, deixando-me ainda mais ansioso.
- Cuida bem dela, ou tua cabeça ficara na minha parede. - Finalmente, Aiacos entrega-me minha amada, sussurrando aquelas palavras ao meu ouvido.
- Fica tranquilo! – Sorrio de canto e pisco-lhe o olho, segurando a mão de Elizabeth, coberta por uma luva branca.
Detalhei cada pormenor nela, desde do cabelo, majestosamente preso com uma tiara de diamantes e um véu branco enorme, que se estendia uns metros atrás de si, desde do vestido branco, que salientava seus seios e se estendia até aos seus pés de forma majestosa. O bispo chamou-me a atenção, encarando-me de forma séria. Bastardo, nem me deixava apreciar minha noiva. Mas enfim, resignei-me a sua vontade, deixando que ele desse inicio a cerimónia. Ouvi-o atentamente, chegando mesmo a ficar com um pouco de sono, pois ele nunca mais se calava. Atenciosamente, meu avô entregou-lhe as nossas alianças, para que elas fossem benzidas e sem perder mais tempo, peguei nela e a coloquei no dedo anelar de Elizabeth, sorrindo de forma estupidamente apaixonada.
- Elizabeth, com esta aliança, torno-te não só minha princesa, como também a mulher ao lado da qual eu decidi passar o resto dos meus dias, os quais ganharam mais cor, no momento em que meus olhos pousaram sobre os teus. – Ela sorriu e deixou uma lágrima escorrer por sua face, enquanto lentamente eu ia deixando escorregar aquele anel pelo seu dedo. – Serás a mulher a quem decidi entregar o meu coração e a única que poderá ser chamada de mãe pelos meus filhos. És a única luz em meu olhar e o sonho do qual eu nunca vou querer acordar. Prometo ser-te fiel e amar-te, na saúde ou na doença, até que a morte nos separe.
Ouvi várias pessoas assoar o nariz assim que me calei, certamente emocionadas com os meus votos, mas fazer o quê? Precisava abrir o meu coração e simplesmente o fiz sem pudor, para quem quisesse ouvir. Vejo-a pegar em minha mão e na aliança, a colocando também em meu dedo. Senti-me estranhamente bem naquele momento.
- Minos, com esta aliança, eu aceito-te como meu marido. Foste a única bênção em minha vida e a qual me mostrou que o amor realmente existe. De forma desmedida, foste abrindo caminho pelo que nos separava, roubando o meu coração de uma forma que nem mesmo eu consegui perceber. Prometo nunca te deixar partir, cuidar de ti e amar-te como a mim mesma, na saúde ou na doença. Ser só e unicamente tua, mesmo para além da morte. – Com aquelas palavras, ela coloca a aliança, totalmente, no meu dedo.
Não posso dizer que não fiquei emocionado, claro que fiquei. Beijei os seus lábios no mesmo instante, nem esperando que o bispo desse a ordem para tal. Uma salva de palmas choveu naquela catedral, finalizando assim a cerimónia. Com um sorriso matreiro, agarrei minha noiva e comecei a sair com ela em meus braços, deixando as cerimónias e as tradições de lado, para choque dos presentes, que ainda assim riram.
No palácio, o salão de baile havia sido perfeitamente decorado e não demorou para que ficasse cheio com as ilustríssimas pessoas da corte que haviam sido convidadas. Eu, apenas aproveitava a minha noiva, não deixando ninguém aproximar-se ou dançar com ela, pois já havia ficado tempo demais longe dela. Contudo, não pude deixar de receber uns cascudos do meu avô, que me roubou a noiva e foi dançar com ela, envergando um sorriso vitorioso. Aquele sim, era um dos dias mais felizes da minha vida. Podia sentir a inveja a minha volta, por ser o único ali dentro que realmente havia encontrado alguém que realmente me amava, pelo que eu era e não pelo título que eu envergava.
Ao longe, não pude deixar de notar que Aiacos ria e conversava animadamente com uma das filhas de um lord. O nome dela era Violeta, famosa por possuir uma beleza notável e uns olhos verdes, realçados pelo seu cabelo avermelhado. Talvez ele se desse bem, pois também já merecia alguma paz na sua vida. Quanto ao Lune? Bem, esse desapareceu depois da cerimónia. Certamente que foi aproveitar a festa para outro lugar, se é que me entendem!
Antes de sairmos do salão de baile, Elizabeth fez questão de atirar o seu boque de rosas brancas as solteiras presentes. Nunca na minha vida vi tanta mulher desesperada para casar. Ri sozinho, apreciando elas a matarem-se umas as outras para apanhar aquelas flores. Voltada de costas para elas, Elizabeth atira o buque, mas para surpresa dos presentes, este foi parar as mãos do seu irmão, que o apanha de forma desajeitada. Eu logo ri alto, pois a sua cara de estupido a olhar para as flores foi impagável. Extremamente vermelho, pela vergonha do sucedido, Aiacos entrega o buque a Violeta, que estava ao seu lado. Sorri de canto, pois minha intuição dizia-me que um novo amor surgia entre aqueles dois.
Sem perder mais tempo, peguei em minha noiva e saí daquele salão, despedindo-me dos presentes. Estava ansioso por estar finalmente com ela sozinho. Queria arrancar toda aquela roupa do seu corpo e torna-la minha mais uma vez. Mesmo antes de chagar no meu quarto, eu a agarrei e beijei vorazmente, como se a minha vida dependesse da boca dela e da sua língua, a batalhar com a minha. Para minha surpresa, Lune havia preparado o quarto com algumas velas perfumadas e pétalas de rosas, espalhadas estrategicamente sobre a cama e pelo chão.
Pude ver no olhar dela, que estava feliz e que nada podia ter sido mais prefeito do que aquele casamento. Ela própria fez questão de começar a despir-me, desejosa de se entregar a mim novamente, mas desta vez sem medo ou receio de ser apanhada por alguém. Enquanto minha roupa foi caindo pelo chão, tirei a tiara da sua cabeça, soltando o seu belo e magnifico cabelo. Não me cansava de admirar a sua beleza singular e única. Lentamente, fui desapertando o seu vestido, deixando que o mesmo escorregasse pelo seu corpo até aos pés. Aquela seria uma noite a aproveitar e saborear lentamente, sem pressa.
A luz ténue das velas iluminavam o seu rosto branco, dando-lhe um aspeto angelical ainda mais prefeito. Retirei todas as suas peças de roupa, ficando a comtemplar de pé, o seu magnífico corpo, que albergava uma parte de mim dentro dele. A deitei gentilmente sobre a cama e beijei seu ventre, subindo pelo seu corpo até a sua boca, enquanto suas mãos agarravam levemente o meu cabelo. Espera aí!! Vocês ainda estão aqui? Ora ora, vão passear, esta noite é só minha, seus abelhudos. Acho até que já viram demais. Adeus, vão ver se eu estou em alguma esquina!
::: CRÉDITOS FINAIS :::
Minos e Elizabeth amaram-se até o sol raiar, quando os seus corpos finalmente cederam ao cansaço, adormecendo nos braços um do outro.
Um mês depois do casamento, Minos anuncia que vai ser pai, sendo gratificado pelo seu avô que desconfia que ela já estaria grávida antes do casamento, mas ainda assim, permaneceu calado, compreendendo perfeitamente a situação.
Como bom amigo que era, Minos decidiu ajudar Aiacos a conseguir a mão de Violeta, a qual continuava a ser negada a ele, pelo pai da moça. Como bom falante, Minos fez o lord entender que não havia ninguém melhor para a filha e que assumiria qualquer responsabilidade, se isso contribuísse para a felicidade do cunhado. Pouco tempo depois, Aiacos e Violeta casaram-se, também eles movidos pelo amor que floresceu entre os dois.
Perto do final da gravidez, Elizabeth sofre algumas complicações, para desespero de Minos que apenas escutava os gritos de sofrimento de sua amada, do lado de fora do seu quarto, temendo perdê-la de uma forma tão cruel. Naquela época, parto era um negócio complicado, que ceifava sem piedade a vida de muitas mulheres, sendo isso o que mais revoltava o príncipe. Contudo, os gritos de sua esposa não cessaram com o ouvir do primeiro chora, desesperando-o ainda mais. Movido pela sua impaciência e impulso, entrou no quarto, vendo um bebe nos braços de uma mulher e mais um nos braços de outra, acabado de nascer. Elizabeth dera a luz um casal de gémeos. A morena acabou por conseguir recuperar do parto complicado, para felicidade de Minos, que do dia para a noite havia ganho uma família que lhe trouxe ainda mais felicidade.
Pouco tempo depois, foi a vez de Aiacos fazer crescer a sua família. Violeta dera-lhe dois filhos, com dois anos de diferença, que sempre faziam a vida de Lune um inferno sempre que se juntavam com os primos no palácio.
Minos e Elizabeth acabaram por ter uma vida feliz e tranquila, amando-se sempre como se fosse a primeira vez, envelhecendo juntos e rodeados pelos seus filhos, netos e bisnetos, que formaram a família mais bela e feliz de toda a Noruega.
Fim…!
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