Elizabeth havia entrado no quarto do filho. Ele estava irritado e não parava de fumar cigarro. Sora andava de um lado ao outro de tamanho nervosismo. Estava com um visual bagunçado e não se importava com isso.
— Filho, eu sinto muito…
— Como ele consegue ser tão canalha? — Sora disse interrompendo sua mãe. — Ele me forçou a casar com a Ophelia. Isso é ridículo! E pior que ele ainda usa o Juno para me atacar.
— Sébastien, eu sei que está se sentindo mal com tudo isso. O que eu posso fazer?
— Eu adoraria fugir de casa de novo.
— Por favor, não faça isso! Não sabe o quanto foi difícil termos inventado mentiras sobre o seu sumiço para não causar desagrado aos outros.
— Difícil é ficar aqui! Convivendo com ele me ameaçando e me tratando como se eu fosse o pior de seus filhos. Como consegue viver com um homem como ele?
— Eu não tive escolhas! — Ela respondeu em voz alta e firme.
— Eu também não tenho, mãe! — Sora olhou em seus olhos e deu um tempo em silêncio para depois continuar. — Eu não amo Ophelia. Eu não gosto de mulheres. A única pessoa que eu amo é Juno e ele tirou isso de mim. Juno deve estar por aí deprimido, pensando que eu abandonei ele. Juno não tem idéia...
Ophelia entrou no quarto. Elizabeth e Sora perceberam que ela escutou a conversa devido a sua expressão de choque e seu silêncio momentâneo. A tímida donzela deu alguns passos.
— Eu também não o amo, Alteza. — Elizabeth ficou estarrecida.
— Como assim?
— Perdão, Majestade! — Olhou para a Rainha. — Eu não quero me casar com seu filho. Eu amo outro homem.
— Quem? Ophelia, quem seria?
— A senhora desconhece… Na verdade, todos desconhecem. Ele é um plebeu. Um homem comum. — Ophelia deu mais alguns passos se aproximando de Sora que estava surpreso. — Eu não tenho nada a ver com sua vida privada, Alteza, mas sinto que temos algo em comum. Somos covardes por não irmos contra quem nos controla. Não estamos lutando por quem nós amamos. O homem que eu amo também deve estar sofrendo.
— Se não quer casar, por que aceitar?
— Assim como o seu pai o obriga, o meu faz o mesmo. Tudo por causa de uma boa imagem na mídia. As famílias são assim, não é mesmo? — Ela olhou para a Rainha. — Elas tentam esconder os segredos mais obscuros para os vizinhos não descobrirem e espalhar que sua família é falha. Lá fora, todos mantêm um sorriso no rosto, mas quando passam dessa porta, só existe uma família desestruturada e triste.
Elizabeth sentou em uma cadeira de madeira acolchoada. Parecia exausta da vida. Levou a mão esquerda para a testa e fechou os olhos respirando fundo.
— É triste saber que muitas mulheres desejam estar em meu lugar quando eu desejo estar no lugar delas. — Ela riu. — A vida é engraçada! Ninguém está satisfeito com ela! Nem mesmo a Rainha. — Ela olhou para Ophelia. — Você é muito jovem e seu pai está tomando isso de você. Não há nada para se fazer além de abraçar o seu cruel destino.
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