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História Um Sonho de Animação (Clexa) - 8 - Corações se abrindo


Escrita por: OtaviaSilvana

Notas do Autor


Oiiiii aqui está mais um capítulo quentinho pra vocês rs e oh nesse teremos um pouco de tenção huuuuuuu... Mas de fofura também rs

Capítulo 8 - 8 - Corações se abrindo


“Você está com medo de contar para a Wilma, não está?” - Barney Rubble para Fred Flintstone.

 

No sábado pela manhã, começa a passar um filme que batizei de “Fiasco do Smokehouse” na minha cabeça. A pior parte vai me acompanhar a vida toda é a expressão de horror no rosto de Clarke, a boca aberta, quando revelei minha deficiência sexual. Eu deveria até colocar um sinal de néon na testa dizendo: Babaca. E a revelação de que ela foi criada num ambiente completamente sexual, praticamente a poucos metros de um bordel, não ajudou em nada.

            Acabei não falando a ela sobre toda a farsa do romance com Rae, e pior, ainda acordei com uma trepada de misericórdia, pois só assim ela vai poder restar a ajuda necessária e completar as horas de trabalho voluntário para os membros dessa comunidade de pessoas sexualmente arruinadas,  da qual sou associada antiga.

            Só rastejo do meu casulo para pegar um pouco de cereal. Depois de voltar para a cama, ligo a TV e começo a assistir a maratona do Bob Esponja que está passando no canal Nickelodeon. A esponja feliz usando shorts bem curtos é, no momento, a única coisa que me faz não entrar em pânico. Meu telefone toca logo depois do meio-dia e, graças a minha natureza curiosa, atendo.

_ Oi, Lexa, que diabos está acontecendo com nosso encontro hoje à noite? Você nem me ligou.

_ Me perdoe, Rae – murmuro.

_ Se você quer cancelar nosso acordo, tudo bem. Só preciso saber porque eu não vou ficar em casa hoje de jeito nenhum e minhas amigas vão sair para dançar.

            Não posso dar uma mancada. – E se agente fosse ao cinema?

_ Você está pagando, certo?

_ Claro que sim. Sou um cavalheiro – respondo brincando.

_ Cavalheiro? Isso é praticamente raridade nos dias de hoje. Bom pra você, aposto que Clarke vai adorar essa qualidade.

_ De verdade?

            Minha cabeça começa a latejar. Como é que eu vou conseguir manter essa farsa? – Então, eu posso te pegar na sua casa às sete horas? – pergunto. – Nós podemos comer alguma coisa e pegar a sessão das nove.

_ Perfeito! – ela confirma.

 

            Até que não foi um primeiro encontro ruim., apesar do fato de nãos ser realmente um encontro. O filme foi péssimo e derramei minha pipoca. Pelo menos a comida no mexicano estava boa e Rae contou vários casos amorosos entre o pessoal do trabalho de que eu não tinha ideia. Aparentemente, deve ter alguma coisa errada com o sistema de ventilação, uma vez que a luxúria e o desejo estão voando em todo o ambiente, em cada show. E eu sem a menor noção de nada, até que alguém escreva e me mostre. Até mesmo Monty está saindo com Beatrice da turma de edição.

 

            No final da noite, ao levar Rae até a porta, começo a rir.

_ O que foi, alguma coisa engraçada? – ela pergunta, confusa.

_ Bem, Clarke está me ensinando que é importante dar um beijo de despedida depois do nosso encontro. E este é um momento quase irônico.

            Ela coloca as mãos no quadril e diz: - Peraí, você disse que não iam rolar beijo sério e nem muitas demonstrações de afeto.

_ Calma, não vou te beijar.

_ Por que você não diz a Clarke que se apavorou e precisa de mais treinamento?

_ Sim, talvez eu faça isso mesmo – respondo. Se eu conseguir olhar para ela um dia, solto um gemido por dentro. Abraço Rae e digo: - Muito obrigada por tudo.

_ De nada. Vejo você na segunda.

 

@@@@@@@@@@

 

Lincoln nem aparece para jogar tênis e almoçar com nosso pais no domingo pela manhã. Quando ligo para ele, escuto a voz de Octavia rindo.

_ E aí, maninha?

_ Você não vem?

_ Pra onde?

_ Para a casa do papai e da mamãe, já é quase hora do almoço.

_ Caramba! Já é domingo? – ele move o telefone e a voz dele fica mais macia e gentil enquanto ele diz: - Amor, você sabia que hoje é domingo? – ela ri alto. Nem em um milhão de anos eu poderia imaginar que a Octavia fosse do tipo de risadinhas. Lincoln volta para a linha e diz:

_ Ei, maninha, será que você pode avisar a mamãe e o papai que eu estou meio amarrado no momento e não vou conseguir ir?

            Caramba! Será que ela o amarrou mesmo? Engulo em seco e pergunto: - Você quer dizer que está literalmente amarrado?

_ É melhor você nem saber – ele provoca. – Vou apenas falar que a Octavia achou que eu era muito safado.

_ Muita informação! – grito no telefone. – Até semana que vem.

 

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Cautelosa não chega nem perto de descrever meu humor na segunda de manhã. Peguei o telefone três vezes para ligar e falar que estava doente, só para não encontrar Clarke, mesmo assim tomo coragem e vou. Afinal de contas, não posso fugir dela para sempre.

            Até me distraio dos problemas quando entro na sala do café no meio da manhã e escuto Rae e Harper numa conversa animada.

_ Ele é muito gostoso, Rae, eu pegava na hora – Harper diz com os olhos brilhando.

_ Mesmo? Aquele cara do livro Tangled? – Rae responde: - A impressão nos comerciais é que ele é tão antipático.

_ Sim, só que ele te conquista. E tem uma pegada. – Harper suspira.

            Também suspiro baixinho. Claro, os protagonistas masculinos sempre têm uma boa pegada.

_ Então, e qual personagem dos quadrinhos você pegaria? – desafio Rae e percebo que Bell está comprando algo na máquina de salgadinhos.

            Ela pensa um momento antes de responder: - Eu pegaria o Tarzan. Sim, com toda a certeza.

_ Absolutamente, ele é uma delícia – Harper concorda.

_ Que corpo incrível. E, finalmente, eu poderia ver o que tem de baixo daquela tanga.

            Percebo que o Bell está agora encostado na máquina, comendo uma barra de granola.

_ E você, Lexa? – Rae pergunta. – Com quem você sonha em ficar, além de mim, é obvio?

Harper solta um risinho abafado e Bell observa.

_ Eu aposto que você gosta da Jessica Rabbit  do filme Uma cilada para Roger Rabbit. Acertei? – Rae pergunta.

_ Chegou perto – admito. – Minha personagem favorita é a ruiva do Tex Avery. Aquilo sim é um corpo... e a forma como ela anda. Ela foi desenhada para ser sexy.

_ Então você gosta de mulheres com curvas, com carne, e não somente ossos – Harper diz toda feliz.

_ Sim, eu gosto – respondo cheia de convicção.

_ Aquela garota do filme de sábado era bem atraente – Rae comenta.

_ Vocês foram ao cinema no sábado? – Harper pergunta surpresa. Sinto o olhar de Bell em mim, mas eu não quero olhar para ele agora. Vou sentar e conversar com ele assim que pensar melhor no que dizer.

_ Sim, Lexa me convidou para sair – Rae diz dramaticamente.

            Escutamos um barulho, nós três nos viramos e vimos Bell sair da sala.

            Cacete.

            Rae olha para mim. Nem sei dizer se ela está feliz ou assustada.

            Talvez eu deva ir atrás de Kane e brigar com ele, uma vez que minha vida já não está complicada o suficiente, e ele é a única pessoa mais próxima que eu não ofendi essa semana. Abaixo a cabeça e me arrasto de volta a minha baia.

 

            Quatro e vinte e cinco. Seguro o copo de café em uma mão e a caneta na outra. O que vou desenhar? O que dizer?

            Finalmente decido pelo Smurf Robusto coçando a cabeça confuso, enquanto sua amada, Smurfette, está escondida, olhando para ele detrás da logomarca do Starbucks. Desenho tudo com uma caneta azul.

            Converso comigo mesma, dando uma força, e vou até a sala, rezando para que Clarke esteja numa reunião. Quando chego na mesa de Abby, olho cuidadosamente para o escritório para ver se Clarke está lá dentro. Meu estômago dá nós ao vê-la, mas sinto um alívio quando percebo que ela está o telefone.

            Numa decisão rápida, coloco o copo na mesa de Abby.

_ Oi, Abby. Clarke está ao telefone e não quero interromper. Será que você poderia entregar o café para ela?

            Ela levanta e pega o copo. – Na verdade, Clarke me disse para interromper qualquer coisa quando você chegasse.

            Não, tudo bem. Não a incomode – digo andando para trás e depois caminho até o elevador. É obvio que hoje é um dia em que os dois elevadores estão no térreo e parece que nunca vão chegar. Concentro-me e começo a procurar no corredor o sinal de Saída ou Escadas.

_ Lexa?

            Ajeito meus óculos no nariz e me viro lentamente. Clarke está com as mãos no quadril. Sua linguagem corporal parece contrariada, mas seu olhar é triste.

_ Você pode vir comigo, por favor?

            Concordo e a sigo em silêncio. Ela está usando salto alto e uma daquelas saias retas que faz com que sua bunda fique magnifica. O balanço do quadril enquanto ela anda me hipnotiza a cada passo e parece até que eu estou em transe quando entramos no escritório e ela fecha a porta.

            Clarke se vira e diz: Abby me disse que você praticamente jogou meu café na mesa e correu para o corredor. O que está acontecendo?

            Quero cobrir meu rosto com as mãos, mas não consigo me esconder da Clarke. Ela não merece. Estudo o pôster do  Gigante de Ferro por um minuto enquanto penso no que dizer.

_ Eu estou envergonhada, Clarke. Você sabe de coisas íntimas a meu respeito que ninguém mais sabe. E na sexta, quando eu estava bêbada, tudo bem. Só que agora estou horrorizada por ter falado tudo aquilo.

_ Então você está horrorizada e não quer mais me ver porque sei da sua história sexual frustrada?

            Ela praticamente sussurrou a pergunta, mas foi como se tivesse gritado na minha orelha. Confirmo silenciosamente, muda com o peso da minha sóbria confissão.

_ Isso que dizer que você não quer mais se minha amiga? – Olho para cima e vejo que a tristeza agora está misturada a mágoa em seu olhar.

_ Talvez seja melhor não sermos amigas – admito. – É tão desigual. Você está me ajudando com tantas coisas e eu apenas te ajudo nos problemas do computador. O que estou adicionando nesta amizade? Não quero que tenha pena de mim. Isso faz com que eu me sinta mais idiota do que eu já sou.

_ Você não é uma idiota, Lexa – ela insiste, mas percebo a decepção em sua voz. Ela dá um suspiro e se senta na cadeira da mesa antes de colocar as mãos no rosto e dizer: - Eu sabia que isso iria acontecer – ela murmura.

            Reparo num arranjo de flores bastante sofisticado na mesa dela. Todos os tipos de flores: rosas, lírios, essas coisas de que mulheres gostam... coisas que, na verdade, nunca vou poder dar a ela. Meu coração fica pesado e percebo que nunca vou conseguir competir com caras como Ronan.

_ Essas flores são do Ronan?

            Percebo que Clarke sorri quando menciono o verdadeiro nome dele. Ela afirma, me observando silenciosamente.

_ Vocês fizeram as pazes?

_ Ele me mimou o final de semana todo tentando concertar o que aconteceu... jantar no Le Cirque, café da manhã em Malibu. Este é o terceiro buquê de flores. Você gostou dos meus brincos? – ela mostra a pedra azul com o dedo. – Ele também me deu de presente.

            O tom de sua voz é estranho. Não tenho certeza se todas essas coisas que ele fez deram certo.

_ São muito bonitos. Que bom. Você merece ser mimada – respondo.

_ Mas nós não vamos mais ser amigas? Acabou mesmo, Lexa?

_ Eu acho que é melhor.

_ Eu sou tão idiota – ela diz enquanto apoia o cotovelo sobre uma pilha de documentos. – Nunca deveria ter te tocado. Pressionei você e fiquei preocupada o final de semana inteiro. Gosto de você, de ter você por perto, essa era a minha intenção. Eu não queria te deixar chateada. Espero que você compreenda.

_ Claro que sim. Entendo.

_ Mas foi errado. Sinto muito por ter te tocado. Por favor, vamos esquecer que isso aconteceu?

_ Clarke... – gaguejo.

_ Tudo bem. Não vou mais te incomodar. Vamos nos despedir agora... – ela se levanta e abre a porta sem nem olhar para mim.

_ Clarke...

_ Por favor, Lexa.

            Nossa, acho que agora ferrei tudo mesmo.

_ Ok, adeus.

            A porta se fecha suavemente atrás de mim.

 

            Abby não me olha.

            Caminho mecanicamente até o elevador como um boneco de corda. Estou no carro na metade do caminho para casa, lembro que eu deveria estar mostrando os esboços do show para Kane agora. Saí do prédio e deixei meu iPod na mesa e meu computador ligado.

            Nem hesito. Não ligo para mais nada e continuo dirigindo. Acabei de destruir minha chance de ter um verdadeiro amor e toda a força que tenho é para tentar chegar em casa a salvo. Mesmo que eu escutasse as palavras sábias do guru Jaha para ocupar meus pensamentos, e uma dose de uísque para matar a minha sede, nada seria suficiente para reparar o buraco dentro do meu peito.

 

            Na manhã seguinte tudo parece cinza, me sinto morta, mas, mesmo assim, tento dar o melhor de mim no trabalho para recuperar o atraso. Não quero que o Kane pense que estou jogando a toalha e acabar perdendo meu emprego além de tudo.

            Um pouquinho antes do meio-dia percebo que alguém está me observando e vejo Bell. O olhar dele é intenso.

_ Você tem um minuto? – ele pergunta.

_ Claro – tiro o fone do ouvido e aperto pausa no iPod. – O que foi?

_ Então, me conta, o que está acontecendo entre você e a Rae? – ele cruza os braços e me observa cuidadosamente.

            A abordagem direta... eu tenho que aplaudir Bell, isso é muito eficaz. Só não é o momento perfeito para mim, ,as disfarço o que estou sentindo, tenho que encará-lo uma hora ou outra.

_ Nós saímos no sábado. Você ficou chateado? Achei que não tinha nenhum problema pois parece que você não está mais afim dela.

_ E como você sabe se eu estou afim ou não?

_ Bom, eu concluí. Já faz um tempão que vocês não estão mais juntos. Rae também acha que você não está mais interessado. Ela mesma me disse isso.

_ Mesmo? Eu apenas estou surpreso por você não ter pedido para mim antes. Eu achei que éramos amigos.

_ Nós somos amigos. Poxa, me desculpe, você está certo. Eu deveria ter avisado. Você parecia tão bravo na última noite que todos saímos juntos.

            Ele me observa por um momento e diz: - Ok. Tudo bem. Você sempre foi desligada.

_ Então ainda somos amigos?

_ Claro que sim, sua idiota – ele sorri levemente.

_ Mas posso sugerir uma coisa, Bell?  Se você ainda gosta da Rae, deveria tentar resolver isso com ela. Vocês dois parecem que ainda estão muito a fim um do outro.

_ Verdade? – ele pergunta cheio de dúvidas, levantando a sobrancelha.

_ Cara, eu acho que ela ainda te ama. Ela é uma garota incrível, você sabe disso.

_ Eu sei – ele responde pensativo.

_ Então você vai brigar comigo por causa dela? – pergunto rindo enquanto ele rola os olhos.

_ Obvio, que tal um duelo no pôr do sol?

_ Não. Uma batalha de videogames na hora do almoço é mais minha praia. Você pode escolher o jogo.

            De repente, ele fica sério. – O problema é que eu não quero ficar enrolando ela. Se agente voltar, vai ter que ser de verdade, o vestido branco, as fraldas, enfim, o pacote todo. Só preciso ter absoluta certeza de que quero amadurecer e dar esse passo, por que no momento ainda sou uma criança e Rae merece coisa muito melhor.

_ Acho que você é mais maduro do que pensa – digo com convicção. – Mas já que você insiste, vou continuar saindo com ela até você se decidir.

_ Só presta atenção, sua babona. Se eu souber que vocês transaram, eu te mato.

_ Combinado.

            Eu o observo se afastar e repito toda a conversa na minha cabeça. Não tenho certeza se finalmente consegui fazer uma cosa certa hoje ou se acabei complicando ainda mais meu relacionamento com duas pessoas de quem gosto muito. Nossa, estou enrolada. Não consigo chegar a uma conclusão, mas espero que tenha feito a coisa certa.

 

@@@@@@@@@@

 

Finalmente recebo uma boa notícia na parte da tarde. Chris Carpenter da Quadrinhos Nítidos me liga e me convida para um almoço para discutirmos a publicação da Garota-C. Ele coloca sua assistente na linha e marcamos na sexta-feira no Studio City. Sinto uma onde de animação, mas ela passa rápido, mesmo assim estou muito grata por ter essa reunião.

 

            Após as cinco da tarde vejo Abby andando no corredor procurando alguém, olhando baia por baia. Até penso em me esconder debaixo da mesa, mas antes de me abaixar ela me vê.

_ O que aconteceu com você? – ela me olha muito brava, mostrando o relógio impacientemente.

_ Do que você está falando?

_ Cadê o café da Clarke? A visita da tarde?

Fico branca.

_ Então o projeto que você apresentou não deu certo e agora você a está castigando? – Abby insinua.

_ Abby, por favor, entenda pela última vez, eu não estava querendo apresentar um projeto a ela. Não fiz isso e, na verdade, não foi nada disso que aconteceu.

_ Ok, então me diz por que ela saiu ontem sem falar comigo e eu a peguei chorando na mesa há uns minutos. Logo depois, ela me perguntou se eu tinha te visto.

            Parece até que ela me deu um chute no estômago. – Verdade? – pergunto. – Ela estava chorando?

_ Eu nunca a tinha visto chorar antes. Fiquei apavorada. Sim, ela é minha chefe, mas eu gosto dela. Ela é uma pessoa muito boa.

_ Sei disso, Abby. Ela estava tentando me ajudar e estraguei tudo.

_ Então, droga, trate de concertar!

            Confesso que Abby me dá medo de tão brava. Pulo da cadeira, pego uma caneta e aviso: - Vou dar uma saída, mas volto.

_ Ok, rápido. Ela acabou de entrar numa reunião e quero um café na mesa dela quando ela voltar.

 

            Apesar do momento excruciante dentro do elevador, saio correndo até o Starbucks. Minha mão treme enquanto penso no que fazer. Desenho um parafuso de ferro, a palavra “tudo” ao lado e uma seta apontando para cima. Eu ferrei tudo.

            Depois, faço uma caricatura de mim, com o cabelo na testa, meus óculos, e minhas sobrancelhas franzidas. Em letras pequenas escrevo “Me perdoa” e depois acrescento “Saudades.”

            O barista colocou o copo naquelas bandejas de papelão e eu consigo correr de volta pro estúdio sem derramar  café.

            Meu coração está quase pulando pela boca quando chego na mesa da Abby com o copo para Clarke na mão e pergunto: - Demorei muito? Ela já chegou?

_ Não, deu tempo – ela diz, fazendo o sinal de positivo com a mão. – Eu acho que já vai acabar.

_ Que bom – suspiro recuperando o fôlego. Pego um outro copo e coloco na mesa dela. – Olha, Abby, aqui, este é um cappuccino para você. Obrigada, por me ajudar.

            Ela olha para mim e sorri. – De nada, obrigada pela gentileza. Agora me deixa colocar isto na sala antes de ela chegar. Realmente espero que isso a anime.

_ Eu também.

 

            Quando entro no elevador quase caio de joelhos. O turbilhão emocional dos últimos dias está acabando comigo. Não sei o quanto mais consigo aguentar. Talvez eu estivesse melhor sozinha, com meus programas previsíveis dia após dia, com meu pequeno e confiável grupo de amigos. Parece até que estou vivendo no brinquedo do Mr. Toad e estou apavorada. Só de ouvir como Clarke ficou triste, meu coração ficou destruído e me fez perceber que não posso mais ficar longe dela... nem agora, nem nunca.

            Volto para minha mesa e tenho que me forçar a trabalhar, porque sei que, normalmente, Kane dá uma passada nas baias nessa hora do dia para checar o progresso das nossas tarefas. Depois de alguns minutos ele aparece para dar um oi e ver meu últimos desenhos. Kane parece não perceber que há algo errado comigo e suspiro de alívio quando ele segue para a mesa de Jasper.

            Depois de cinco e meia recebo uma mensagem de texto. Meu coração dispara quando vejo que é da Clarke.

 

Clarke: Obrigada pelo café, Lexa.

Lexa: Sinto muito por ser tão idiota, Clarke.

Clarke: Você não é idiota. Esta situação toda é bem difícil de lidar. Acho que você é muito corajosa.

Lexa: Bem, eu acho que você é incrível. Obrigado por acreditar em mim.

Clarke: Isso significa que ainda podemos ser amigas?

            Percebo o quão valente ela é por perguntar.

Lexa: Não tem nada no mundo que eu queira mais. Será que posso ir na sua casa na quinta e trabalhar no seu website?

Clarke: Acho que sim, mas somente se vocês tiver absolutamente a vontade comigo. Prometo que não vou te tocar.

Lexa: Por que não discutimos esse assunto pessoalmente? Eu me sinto muito à vontade com você, ok?

Clarke: Ok, fico feliz. Te vejo às sete horas.

Lexa: Até mais tarde.

            Escrevo com um grande sorriso no rosto e aperto o enviar pela última vez.

 

@@@@@@@@@@

 

Quinta-feira, às seis e quarenta e cinco escuto a canção Everlong, da banda Foo Fighters bem alto enquanto dirijo até a casa dela. Mal consigo respirar só de pensar em vê-la. Apesar de saber que não posso abrir meu coração ainda, gostaria de contar tudo, que eu a amo, que eu a quero tocando cada parte do meu corpo e que quero tocar seu corpo também.

            Depois de estacionar, olho no espelho tentando arrumar meu cabelo que ficou maluco por causa do vento. Antes de sair do carro respiro fundo várias vezes tentando acalmar meus nervos.

            Está tudo bem. Está tudo bem. Está tudo bem.

            Quando ela me deixa entrar, uso as costas para abrir o portão, já que minhas mãos estão carregadas. Clarke abre a porta e sorri. Ela parece tão feliz em me ver.

            Fico arrasada. Quero chorar de frustração por quase ter destruído tudo. Quero tomá-la nos braços e beijá-la até o sol se pôr, ou alguma coisa totalmente clichê, mas verdadeira.

            Em vez disso, eu levanto os braços e mostro a embalagem com doze cervejas Heineken que estou segurando, seis em cada mão. – Isto é para você. Bem, na verdade para nós – eu digo.

_ Obrigada – ela responde enquanto abre a porta.

E aí percebo que sou a mulher mais sortuda do mundo.

Oba! Calça de ioga. O quadril sexy e as coxas gostosas estão embrulhados nessa calça preta mágica. Quase desmaio de alegria. Olho para cima e vejo uma camiseta com a estampa do Tom correndo atrás do Jerry, que molda perfeitamente os seios dela. Isso é demais, é bom para caramba. Sei que Clarke vestiu isso só para mim.

E agora entendo perfeitamente as pessoas que têm fé. Deus é tão bom! As calças de ioga são boas e, no meu manual, não existe coisa melhor.

Entro logo atrás dela e coloco a cerveja aos seus pés como uma oferenda sagrada. Ela olha e ri, abrindo os braços, e eu me entrego completamente.

 

O abraço é longo, parece até que nossos corações estão se abrindo. Esse é um novo começo e serei corajosa e carinhosa, resistente e presente, tudo o que aquele idiota do Ronan não é. Farei o que for preciso até que a minha loira, a personagem dos meus sonhos, a Red Hot de calça de ioga, saiba, sem sombra de dúvidas, que sou a mulher perfeita para ela.


Notas Finais


Gente, acho que o Bell não curtiu muito o "rolo" da Lexa com a Rae não em rs será que ele vai reconquistar a Rae de novo em?! rs e essa ameaça pra não transar em kkkkkkk

Que conversa foi aquela da Rae e da Harper em kkkkk doidinhas... mas agora fiquei curiosa... qual personagem dos quadrinhos VOCÊS pegariam em? Me falem kkk (Eu pegaria o "Senhor das Estrelas ou a Supergirl", qualquer um deles eu ficaria feliz kkkkkkkkkk).

E o que vocês acharam da primeira DR das nossas meninas em?! Deu vontade em vocês, como deu em mim, de pegar a Clarke e nunca mais soltar?
Elas são muito fofas gente.


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