História Um sonho de Vause - Impulso.

Sim, New York sempre me emocionaria, não importasse quantas vezes respirasse aquele ar, intenso quanto a emoção que ele me proporcionava.

- caramba, aqui é quente!

Mia exclamou ao meu lado, abanando com uma revista que havia pegado no avião.

Pessoas circulavam em uma frequência entre pressa da saída e calma da chegada.

- a primavera oscila mesmo entre muito quente, muita chuva, e temperaturas amenas.

Expliquei com uma maturidade adquirida à duras penas. Não me sentia como uma garota de vinte e poucos anos.

O olhos de Mia estava atento como uma criança curiosa. O conjunto azul claro que ela usava, era jovial como ela mesma. eu optei por um vestido branco, com detalhes em preto, saltos baixos. Meus cabelos mantive em um rabo de cavalo.

Lorna me esperava com seus óculos de sol enormes, abriu os braços como uma autêntica novaiorquina.

- Pipes! Que saudades!

O abraço caloroso me fez sentir vontade de chorar, e me trouxe tantas lembranças que o tempo pareceu parar.

- Também senti saudades, Lorna

Voltei para Mia- essa é Mia, minha amiga e colega de quarto.

Lorna a cumprimentou com um discreto beijo no rosto.

Quando disse que teria que voltar aos estados unidos, Mia se colocou a disposição. Filha de um rico empresário, dizia que tudo pra ela era esporte. Até estudar. Eu tentei dissuadir, mas ela disse algo que me convenceu de imediato. " seja lá quem voce ama. Nunca chegue só de uma viagem"

Mia era exatamente quem eu precisava, gostava de mim, mas, de forma descompromissada e leve. Aliás, pelo jeito que olhava Lorna, ela era uma conquistadora inveterada.

O caminho para o apartamento foi recheado de perguntas. Eu ignorava chegar até o ponto que me trouxera de volta.

- entao Mia..

Começou Lorna, olhando para Mia pelo retrovisor- o que faz na Austrália? Também faz nutrição infantil?

Mia sorriu, e negou com a cabeça.

- Além de correr atrás de Piper?

Lorna arregalou os olhos diante da espontaneidade da garota australiana, eu coloquei a mão na frente da boca pra esconder o riso- faço gestão empresarial, pretendo assumir os negócios da família.

- Entao, tem uma queda por minha amiga aqui.

O riso de Mia chegou aos meus ouvidos, mais revelador que qualquer frase.

- se ela já não estivesse fisgada, ela já teria caído na minha lábia.

Lorna me olhou com um sorriso enigmático.

- precisamos conversar Pipes

- eu sei. .

Disse baixinho, com vontadde de enforcar Mia Barret.

Era incrível como o cheiro do meu apartamento me causava tantas lembranças. Muitas delas nada agradáveis. Mas isso não me tirava a estranha sensação de estar finalmente em casa.

- que lugar legal!

Diante do entusiasmo da estrangeira, Lorna indagou cética.

- tem certeza que é uma garota rica?

Eu só fiz que sim, assegurando que ela era.

- sei que acha estranho. Mas é muito bom estar em um lugar que eu tenha que me virar

Ela continuou, levando a pequena mala pelo pequeno apartamento- pode deixar que eu me ajeito. Só diga onde tenho que ficar.

Depois de acomodar a inquieta visita. Lorna me chamou até o quarto. Os olhos revelando o que eu não queria saber.

Respirei fundo e sentei ao lado dela, na cama, ela segurou minhas mãos.

- voce deve saber que Larry entrou com uma ação judicial contra Alex pela guarda do filho.

Meu coração apertou, isso era uma surpresa pra mim. Alex e a família deviam estar desesperados.

- não estou sabendo de nada

Desde de a minha ida pra Austrália, simplesmente me fechei para qualquer notícia relacionada a Alex Vause- e o que eu tenho a ver com isso?

- Alex indíciou Larry por tentativa de golpe. E fez uma acusação formal de lesão moral a sua irmã.

Lorna mantinha a mão sobre a minha e concluiu- voce foi chamada para confirmar a falsa delação de Larry te envolvendo em suas mentiras e com isso comprovando que além de golpista, e uma péssima influência para educação de qualquer criança.

Minhas mãos tremiam levemente sob a de Lorna.

- entao, terei que ir ao tribunal nesta segunda.

Respirei fundo- não queria vê la nunca mais, Lorna.

- tem mais uma coisa que voce precisa saber, pra não ser pega de surpresa.

Olhei com certo medo e curiosidade para minha amiga- Alex e Stella. ..

Levantei imediatamente da cama, encarando Lorna, já sabendo o que ela dizia, só não acreditava! Como fui tola! Burra! Senti o sangue fugir de meu corpo. A mente nublou de forma que pensar não era uma opção. Quando menos percebi já estava abrindo a porta do apartamento e saindo em disparada em direção ao único endereço que meu cérebro computava.

Realmente minha vida estava em um espiral, desde o momento que Larry Bloom resolveu que tiraria Fox de mim e da minha família, como se fosse um cavaleiro em uma armadura brilhante, usando como argumento, preceitos morais e conduta digna. Ele não só usou o fato de minha orientação sexual ser inadequada para Fox. Como agora posava de vítima. Dizendo que eu havia tirado dele o direito de conhecer e educar o filho. Mas o pior foi que ele estava noivo de uma dondoca da sociedade. Elisa Parker. Que usava todos os recursos para apoiar o suposto noivo arrependido. " outro golpe" do canalha. Infelizmente, assim como minha irmã no passado, a pobre noiva de apenas dezenove anos estava apaixonada e cega por ele. Queria saber qual era o dom que ele tinha para atrair tantas mulheres!

A garota era herdeira da Parker'S food

Empresa conceituada em produtos alimentícios. Uma grande fortuna á disposição de Larry, mas ele havia mexido com a família errada, e logo descobriria isso.

Com tudo isso acontecendo, ontem, eu de maneira mais deliberada do mundo, rompi com Stella. Não tinha por que continuar com ela, nunca deveria ter começado esse arremendo. Ela, não aceitou bem, nada bem o rompimento.

Mas, agora era hora de eu ficar sozinha, não havia ninguém que conseguisse ocupar o lugar que aquela loira de olhos azuis havia aberto no meu coração.

Percebi tarde demais que ela havia me dito a verdade, como pude fechar meus olhos e coração pra alguém que se colocou literalmente em minhas mãos, eu a amava e o medo de ser enganada como minha irmã fora me fizeram cega de ciúme e insegurança. Justo eu, que jamais temi nada. Fugi de modo vergonhoso daquela que me dera tudo.

Minha mente ainda vagava pelas lembranças de Piper Chapman.

Para tentar dissipar aquelas imagens que me causavam tanta angústia, peguei alguns papéis para examinar. As novas fórmulas de john benett eram sólidas, pelo menos o laboratório estava cada vez mais firme. E as grandes empresas farmacêuticas e cosméticas pagavam generosas fortunas por nossas descobertas.

Segunda feira seria a audiência que definiria o problema" Larry Bloom".

A campahia tocou, olhei o relogio, era pouco mais de 17Hh, o sol ainda brilhava pela fresta da cortina, o entardecer de NewYork era sempre bonito essa época do ano.

 Devia ser Nicole se queixando que Lorna não confiava nela, nem mesmo pra falar da amiga que, segundo as poucas informações. Estava feliz na terra dos cangurus.

O som era contínuo, típico de alguém impaciente.

- já vai Nicole. ..

Pra não ser anunciada pela portaria, só podia ser ela.

Abri em um solavanco, já com o palavrão na ponta da lingua, que emudeceu.

Nunca estaria preparada para a visão na minha frente, na minha porta. ..

 

Continua. ...