História Um Único Destino - Beauany - Capitulo 13

24 de Dezembro de 2009

Any POV

Mais um ano se passou e cá estamos eu e Hina esperando os nossos melhores amigos chegarem. 

Esse é o meu primeiro ano sem a minha mãe e eu confesso que foi difícil. Mesmo não tão presente, ela é minha mãe e quando eu estava triste ou doente, ela quem cuidava de mim. 

Apesar de tudo, meu pai está cuidando de mim muito bem, ele sempre foi atencioso e cuidadoso quando o assunto era eu e isso apenas aumentou com a partida da minha mãe. 

Eu sei que ele chorava nos primeiros meses com a saudade dela, eu também sei que ele não entendeu essa saída repentina, mas que sentiu muito por essa atitude da minha mãe. 

Procuramos respostas por meses, não a encontramos e, enfim, desistimos. 

Desistimos de esperar por alguém que nos deixou sem uma explicação, desistimos de depositar nossa felicidade em uma pessoa que não estava mais ali, estávamos tristes há meses e não queríamos mais aquilo. 

Decidimos seguir nossas vidas, sendo o apoio um do outro.

- Filha, eles chegaram. - meu pai diz e abre a porta, assim que olhamos para a porta nos encontramos em um abraço apertado. 

Estávamos morrendo de saudades, era muito injusto nos encontrarmos uma vez por ano.

- Vamos subir, vocês precisam ver o meu quarto como está. - eu puxo a Hina por escada a cima enquanto os dois nos acompanham. 

Mary fez questão de redecorar meu quarto do jeito que eu gosto. 

É algo muito a ver com céu e arco-íris, eu simplesmente amo.

- Não acredito que foi possível colocar um escorregador no seu quarto. - Noah comenta indo até o mesmo e escorrendo. - Que demais!

- E o que é isso? - Josh aponta para as pequenas barracas que há espalhada pelo chão

- Pensei que seria legal se a gente dormisse nelas, é um jeito da gente se divertir.

- Eu achei demais. - Noah diz escorregando pela vigésima vez. - Temos uma novidade para vocês duas.

- Qual é? - pergunto animada olhando para Josh.

- Minha mãe e o pai dele vão... se casar. - eu e Hina nos olhamos e arregalamos os olhos, abrimos um sorriso e voltamos a olhar para ele esperando que ele continuasse. - Desde o ano que nos conhecemos, percebemos que rolava algo entre eles. Finalmente superaram todas as barreiras que atrasavam esse amor, e resolveram se casar.

- Gente, que demais! Vocês serão irmãos agora. - Hina diz animada, Noah desce do escorregador e vindo até nós diz:

- Bom, já somos irmãos, mas agora seremos oficialmente. - rimos

- Vocês duas vão no casamento, né? - Josh me olha e sorri

- Claro! - respondo antes que Hina possa dizer qualquer outra coisa. - Nem que tenhamos que fugir. - rimos de novo

- Não será necessário. - meu pai diz adentrando o quarto. - Claro que nós vamos.

- Você trouxe o que eu estou pensando que trouxe?

- Sim, Noah. - diz em meio à risadas - Doces para vocês. - ficamos animados, meu pai varia todo ano nos doces mas, não esquece o bom brigadeiro que todos amam.

- Desse jeito eu vou engordar, papi.

- Você está ótima, meu amor. Além do mais, é uma vez por ano com seus amigos né?

- Melhores amigos, tio. - Josh comenta com brigadeiro na boca.

- Ah, claro, como eu pude errar. Melhores amigos. - rimos. - Aproveitem. Qualquer coisa estou lá em cima. - ele deixa o quarto e nós continuamos comendo os doces ao lado da nossa fogueira de mentira.

- Nossa, como eu amo marshmallows. - Hina diz se lambuzando e todos rimos da cena.

                                •••

24 de Dezembro de 2010

Josh POV

Estamos chegando mais uma vez, esse ano foi demais. 

Nos vimos Agosto por conta do casamento da minha mãe e do Robert, Any e Hina estavam lindas. Mesmo que por algumas horas, nós matamos a saudade e brincamos muito. 

Minha época favorita do ano chegou e mais uma vez vamos nos encontrar, eu gosto de estar com eles.

- Josh, Noah. Vocês chegaram... - Any diz sozinha na escada, caminha com calma até nós e nos abraça.

- O que aconteceu? Cadê a Hina? - Noah pergunta apreensivo.

- Ela não está muito bem, vamos... - Any caminha até seu quarto, diferente das outras vezes ela não corre. 

Adentramos o quarto e vemos Hina deitada na cama, abraçando um urso maior do que ela.

- Hina, o que houve? Você está abatida... - Noah diz se aproximando da mesma.

- A minha mãe... Ela está internada no hospital. Os médicos disseram que é sério, vê-la daquele jeito me deixa triste. Ela deveria estar aqui conosco. - dispara aquilo tudo super desanimada.

- Deveria... - diz Noah, chegando perto dela. - Ela vai ficar bem, Hina, você sabe o quão forte ela é. Você sabe mais do que ninguém.

- Eu sei, eu tenho medo dela desistir de tudo por achar que já estou bem, porque o tio Ruy já paga tudo meu. Eu ainda preciso ela, ela não pode ir.

- Ela não irá, Hina. Ela vai lutar por você com todas as suas forças, acredita. - Noah diz olhando em seus olhos, eu e Any apenas escutamos. - Ela vai ficar bem, eu prometo.

- Mesmo? - ele assente e a abraça.

- Toc toc, posso entrar? - Ruy imita que está batendo na porta e entra. - Bem, sei que é um momento delicado, mas eu não podia quebrar a tradição... - ele entra com o mesmo carrinho que entrou quando Any estava mal, ele sempre acerta nos chocolates.

- Obrigada, tio, você sabe como me animar. - Hina sorri fraco e se senta.

- Não há de quê, minha pequena. Sempre estarei aqui. - ele beija sua testa e deixa o quarto.

- Não quero mais tristeza aqui, vai ficar tudo bem. - Ela mesma diz enquanto fica em pé perto do carrinho. - Eu quero é marshmallow... - rimos e a acompanhamos.

- Você não acha que isso é algo muito sério para se prometer? - sussuro ao Noah, enquanto as duas estão comendo.

- Acho, mas eu precisava fazer algo. Não podia vê-la daquele jeito. Além do mais, eu acredito que tudo ficará bem.

- Espero que fique. - somos chamados para perto dos doces por Hina e fomos.

                        anos depois...

Os anos foram se passando e nós fomos crescendo, todo Natal nos encontramos e brincamos. 

Cada ano uma brincadeira diferente, afinal, estamos crescendo constantemente. 

Os costumes não mudaram por aqui, Ruy ainda continua trazendo vários doces e ninguém reclamava, amamos isso. 

Quando ficamos mal, por mínima coisa que seja, nos apoiamos uns nos outros, descobrimos que somos a nossa força e nada vai mudar isso. 

Já estamos crescidos e estamos indo para mais um Natal, minha mãe e o tio Robert estão se dando muito bem. Eu e Noah amamos ver eles felizes depois de tantos anos de sofrimento.

- Meninos. - diz Any descendo as escadas. - Que saudades.

- Também estávamos, Anyzinha. - Noah diz enquanto a abraça.

Já faz doze anos que nos conhecemos, por mais que nos vemos apenas uma vez por ano - exceto em ocasiões especiais -, nossa amizade é muito forte, mais do que o normal.

- Eu e Hina precisamos contar algo a vocês, é novidade. - elas não parecem muito animadas, mas ainda sim, subimos até seu quarto. Entramos e sentamos na cama, Hina se aconchega com travesseiros em seu colo e Noah acaba deitando. - Bem, é que...

Na mesma hora que Any abre a boca para falar, tio Ruy adentra o quarto com a mesma coisa de sempre. A coisa que marcava nossos natais e que nunca nos cansamos, mesmo depois de doze anos - quatorze para Any e Noah.

- Pai, não somos mais crianças. Não precisamos mais de chocolates. - diz Any.

- Fale por você. Pode deixar tudo aqui que eu como. - Noah diz e tio Ruy põe a bandeja perto dele.

- Como minha filha cresceu, nunca pensei que recusaria uma tradição. - ele sorri fraco e sai do quarto.

- Any... - viro para ela a chamando, esperando que tome uma atitude por ele ter saído do quarto.

- Devo ir falar com ele? - todos assentimos - Esses dias ele anda tão sensível... Tá, estou indo. - Any sai do quarto indo atrás dele.

Any POV

A atitude do meu pai me deixou um pouco incomodada, esses ultimos dias ele anda muito sentimental e qualquer coisa seus olhos enchem de lágrimas.

- Pai... - digo enquanto ele caminha pelo corredor escuro, ele para e me olha. - A gente precisa conversar, não acha?

- O que houve, meu amor? - ele vem até mim e consigo ver lágrimas em suas bochechas.

- Eu que te pergunto, o que está acontecendo?

- Não entendi sua pergunta - ele parece mesmo confuso. 

- Pai, o senhor está chorando porque eu disse que não queria doces. Eu não falei nada quando estávamos vindo para cá e te encontrei chorando no meu quarto. Eu quero saber o que está sentindo, não somos amigos?

- Claro que somos, meu amor.

- Então, me fala...

- Eu só estou me sentindo abandonado. - meu coração corta nesse exato momento, eu não esperava que essas palavras saíssem de sua boca. - Sua mãe se foi há anos e agora você e Hina também vão...

- Você nunca estará abandonado, pai. Sempre estaremos aqui com você.

- Não fale isso, Any. Vocês precisam crescer e formar a família de vocês, não estarão aqui para sempre. É cruel você me dizer isso sendo que não poderá cumprir. - ele passa por mim e segue em direção ao terraço.

- Pai. - ele se vira com seus olhos marejados. - Não espere que a sua felicidade bata na sua porta, corra atrás dela. Faça coisas que te deixam felizes, permita-se amar novamente... Você sabe do que eu estou falando. Eu te amo e sim, sempre estarei aqui para você. Quero que entenda que sou sua amiga, eu já tenho dezoito anos e sou crescida. Entendo muitas coisas que o senhor pensa que eu não compreendo. Apenas, permita-se. Permita-se sentir, permita-se sonhar, permita-se viver. Eu te apoiarei em qualquer decisão que você tomar, se precisar de conselho eu estou aqui, nunca te deixarei. Eu te amo. - no fim da minha longa fala, percebo que ele permitiu-se chorar e, aparentemente, eu também. 

Dou meia volta e caminho para o meu quarto.

- Ele está bem? - Josh pergunta assim que entro, eu assinto e sento ao seu lado.

- Ele só precisa pensar um pouco e se encontrar... Bem, ainda temos a novidade. Queria dizer que eu e Hina decidimos fazer faculdade, não juntas, mas no mesmo campus...

- Nossa, que legal para vocês... - diz Noah em um tom que eu julgo ser triste. - Mas em Houston não tem faculdade.

- Aí que vem a novidade. - passo meu olho por todos e continuo - É em Los Angeles. Vamos morar lá.

Um silêncio perturbador reina no quarto e aquilo me incomoda demais, penso se eu deveria ter falado aquilo, mas uma hora ou outra eles iriam saber e era melhor saber por mim. 

Noah solta uma risada irônica e curta, se levanta e deixa o quarto.

- Será que eu fiz certo? - pergunto em alto tom e Josh toca em meu ombro.

- Fez, Any, é o futuro de vocês. Mas tenta entender ele, vocês se conhecem a quatorze anos e agora vão morar bem mais longe... - é estranho entender, considerando o fato de que nos víamos apenas uma vez no ano.

Eu sempre amei o Natal por todos nós, mas parece que fui amargurando ao passar do tempo.

Eu queria entendê-lo, e sei que uma hora vou.

- Eu entendo - minto - Só não esperava que ele ficasse mudo e saísse.

- Posso tentar ir conversar com ele desta vez? - Hina pergunta olhando para nós, assinto sem nem pensar duas vezes, ela se levanta e vai atrás de Noah.

Hina POV

- Parece que é costume nosso sair e alguém vir atrás né, isso demonstra que nunca estaremos sozinhos... - digo sentando-me ao lado de Noah que estava sério olhando para a frente, que era uma parede. - Noah, diga algo...

- Dizer o que? Que eu não quero que vocês vão porque vou sentir falta, agora que já podemos ir até a casa uns dos outros, vocês vão se mudar para outro estado. Eu não posso prendê-las aqui, mas também não prometo ser a pessoa mais feliz do mundo com essa novidade. Vocês vão se dar bem em qualquer lugar que forem, isso é fato, pena que não será nós quatro.

- Quem disse? - ele me olha estranho esperando uma resposta, na real nem eu sei o que eu disse. - Você está complicando demais algo que talvez nem seja tão complicado assim.

- Não estou te entendendo, Hina.

- O que acha de você e Josh procurarem uma faculdade que gostem em Los Angeles? - vejo que, por um longo segundo, seus olhos brilharam.

- Acho que você não está entendendo. Nós não podemos pagar uma faculdade em Los Angeles, nunca estaremos juntos... - responde parecendo conformado com aquilo.

- Por Deus, Noah. Para de ser tão negativo. Bolsas existem, sabia? E eu também não tenho dinheiro, não quero ficar nas costas do tio Ruy pela minha vida toda. No começo ele vai me ajudar, mas depois eu vou me virar. Fazendo meu dinheiro e lidando com as minhas despesas. É assim que fazemos no mundo real, trabalhamos para conseguir o que queremos. Pensando negativo assim, você não chega nem na esquina. - me levanto estressada e saio de perto dele.

- Hina, não vai... - paro e viro lentamente. - Você pode ter razão. - balanço a cabeça positivamente. - Não é uma má idéia.

- Você precisa ao menos tentar. Eu digo, vocês... - viro meu rosto para o chão e sinto ele queimar quando percebo Noah olhando para mim. 

Há anos eu tento decifrar o que eu sinto por ele, mas nada fica claro no meu coração, é... na minha mente. 

Noah me deixa confusa e embaralhada, eu guardei isso comigo por anos por sempre achar que Any é apaixonada nele desde os seis anos.

- Eu tentarei. - ele sorri de canto enquanto me olha, ficamos nos encarando por alguns segundos até que decidimos voltar ao quarto.

- Noah, eu sei que isso é muito difícil, mas...

- Tudo bem, Any, é o futuro de vocês. Precisam correr trás disso.

- Tudo bem mesmo? - ele assente para ela.

- Além do mais, decidi uma coisa junto com a Hina e queria ver se você topa, Josh.

- Pode falar, irmão.

- Bem, talvez encontremos uma faculdade que gostemos em Los Angeles, talvez consigamos uma bolsa e podemos trabalhar para pagar a mensalidade...

- Espera, isso é sério? - com um tom de animação em sua voz, assente para Josh e ele vai correndo abraça-lo.

- Isso seria demais! - diz

- Não vão ter que se preocupar com o dinheiro, garotos. - ele sempre aparece nas horas inesperadas, Ruy adentra o quarto e chega perto de nós. - Amei a iniciativa de vocês, creio que vão se dar muito bem em qualquer coisa que tentarem.

- Pai? Como você...

- Eu voltei para te dizer que eu decidi algo, e acabei ouvindo Noah dizendo que poderiam tentar. Tem meu total apoio e eu irei ajuda-los.

- Não... Quer dizer, não podemos aceitar. É muita coisa. - Josh diz e eu o entendo, sinto o mesmo.

- Josh, deixa comigo. Eu posso pagar isso para os quatro. Além do mais, é apenas até vocês conseguirem um emprego e poderem pagar a faculdade sozinhos. - nos entreolhamos esperando uma sentença final de qualquer parte. - E aí, topam?

- Topamos. Topamos super. - Noah diz antes que Josh tenha chance de recusar.

- Ótimo. Agora, querida, preciso te dizer algo.

- Pode falar, pai... - ele sorri e digo

- Vamos deixa-los a sós. - resolvo dizer.

- Não é necessário, é bom que todos ouçam. Eu preciso da ajuda de vocês.

- Pode falar, vamos ajudar. - digo.

- Bem, antes de tudo, preciso conversar com a Hina... - nos entreolhamos, assinto e o olho. - Preciso da sua benção.

- Nossa, que direto... - Josh diz entredentes para Noah e Any ouvir, mas não deu certo.

- Minha benção? Para que? - fico um pouco confusa enquanto o olho. - É...

- Eu gosto da sua mãe, há anos, e achei que devesse saber.

- É, eu sei.

- Você... sabe?

- Não é muito difícil de reparar, vocês saindo juntos, jantando sozinhos, você com os olhos fixos nela... Eu acho que sei sim. - rimos baixo pela expressão que ele fez.

- É que...

- Tudo bem, eu só quero vocês dois felizes. Não acho que precisam da minha benção, mas já que pediu... Vocês a tem. Faça uma boa escolha, senhor Ruy, estou confiando em você. - ele sorri de lado e sai do quarto.

- Eu não esperava por essa. - Noah diz quando estávamos todos parados.

- Para falar a real, nem eu. Não agora. - digo e assentimos surpresos. 

Nos sentamos na cama para começarmos a discutir sobre o que Noah e Josh queriam fazer, eles já tiveram essa conversa antes, mas agora era definitivo.