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História Uma Babá Perfeita. (G!P) - Capítulo Quatorze


Escrita por: KyleCz

Capítulo 14 - Capítulo Quatorze


Ela novamente a acusara de não ter paixão? 

Quinn ruminou essa pergunta durante a maior parte do dia, enquanto cavalgava a esmo pela fazenda, e após o almoço, quando se juntou aos empregados para trabalhar no pasto. Em seguida, despendeu horas tratando do cavalo, na tentativa de ocupar-se e refletir.


Óbvio que possuía paixão, disse a si mesma, fechando a porta da baia e caminhando de volta à casa. Sentia-se apaixonada por várias coisas:

sua fazenda, suas plantações, sua… fazenda. Suas plantações.


— Maldição!


Entrou na cozinha e dirigiu-se à pequena sala, onde a família se banhava. O local era composto de uma banheira, uma bomba d'água, um fogareiro à lenha para o inverno e prateleiras. A sala de banho fora idéia de Lídia, que não admitia ver a esposa entrar na casa principal toda suada após um dia exaustivo de trabalho. Ela costumava selecionar as roupas limpas que Quinn deveria vestir para o jantar.


Nos meses subsequentes a sua morte, ela abandonara o hábito. Contudo, agora precisava banhar-se. Em raras ocasiões, perdia tempo na banheira, a menos que estivesse necessitada.

E aquela noite era um desses casos.
O trabalho árduo no campo não eliminara a tensão. Quinn encheu a banheira de água fria, sem incomodar-se em aquecê-la. Depois, despiu-se e entrou, imaginando que o banho a aliviaria.
Não adiantou.

Nada parecia ajudar. Não conseguia parar de pensar em Rachel. E as reações do corpo a cada lembrança também não a auxiliavam.

De banho tomado e usando trajes limpos, Quinn retirou-se da sala. Um aroma delicioso impregnava na cozinha, enquanto a sra. Royce e as ajudantes ocupavam-se com o jantar. As mulheres estavam sempre atarefadas. Ela não tinha idéia do que cozinhavam, ou por quê, ou como a família consumia uma quantidade absurda de alimentos. Fora Lídia a responsável pelas cozinheiras.



— Boa noite, sra. Fabray — a sra. Royce a cumprimentou. — Mantive o prato da senhora aquecido. Quer jantar agora?



— Mais tarde. — Quinn continuou andando.



— Sim, senhora. Entendo — a mulher disse, embora a expressão do rosto revelasse o contrário. 


As refeições na casa dos Fabray's sempre eram servidas em horários estabelecidos. Logo, a cozinheira não sabia o que fazer ante a inesperada mudança.

Tampouco Quinn.



— Onde está Rachel? — ela perguntou.



— Creio que lá em cima, senhora.


Pela escada dos fundos, Quinn atingiu o pavimento superior. Somente uma lamparina iluminava o corredor e vinha do quarto das crianças. Sob as sombras, ela avistou Rachel segurando Hannah e movendo-se pelo quarto para acomodar as crianças na cama.

Ela emanava graça, mesmo com o bebê nos braços. Aliás, Hannah contribuía para a delicadeza dos movimentos.


Com uma das mãos, Rachel puxava o cobertor e aguardava, paciente que cada criança se deitasse e então a cobria. Ofereceu-se para ler uma história, mas Ginny declinou. Rachel acariciou o rosto de Cassie, apagou a lamparina e adentrou o quarto contíguo.

Na penumbra, Quinn permaneceu observando os filhos. Como conversassem em voz baixa, não pôde discernir as palavras.
Antes, Lídia ordenava à babá que os levasse ao estúdio para dizer boa-noite a mãe. Cada criança lhe dava um beijo no rosto e, em seguida, subia para dormir.

Tal hábito também cessou após o falecimento de Lídia. O ritual lembrava-a de muitos aspectos relacionados à esposa.

Quinn continuou escutando à soleira da porta até que os três silenciaram. Então, dirigiu-se à varanda dos fundos. Parou à beira do parapeito e admirou sua fazenda.


O ar fresco era rico em aromas naturais. A escuridão cobria as terras e se fundia ao céu, salpicado de estrelas. Pássaros entoavam seu canto noturno.


De quando em quando, olhava sobre o ombro para observar Rachel. Não sabia quanto tempo seria necessário para fazer o bebê dormir.

Duvidava que ela aparecesse no estúdio àquela noite. Depois do evento no celeiro, Quinn era a última pessoa que Rachel gostaria de ver. Continuou atenta à porta do quarto.
Um tempo depois, Rachel apareceu. Ela nem sequer parou diante da escadaria. Como Quinn suspeitara, a babá não tencionava aventurar-se pela casa. Em vez disso, ela caminhou até a varanda.


Quinn escondeu-se entre as sombras quando Rachel se aproximou. Ela respirou fundo e soltou o ar bem devagar. Ajeitou o penteado austero e postou-se ante o parapeito.

Deus, como era linda. Quinn devia chamá-la e mostrar-se presente, mas se presenteou com um momento de pura contemplação.

Bonita. Natural. Simples. Essa era Rachel. Não usava adereços extravagantes ou vestia-se como as outras mulheres. E a melhor parte era que ela parecia à vontade consigo própria.

Aquela calça. O sangue de Quinn começou a fluir mais rápido. Não havia nada de masculino no fato de ela usar calça comprida. Não, com pernas tão esguias e cintura fina. Tantas curvas e protuberâncias…


 — Sra.Fabray?


Rachel tentava enxergá-la na escuridão. Quinn deu um passo à frente, colocando-se sob a luminosidade do corredor.


— Sim, sou eu.   


— Sente-se bem? Escutei-a gemer.


— Eu não… — Quinn esfregou a nuca, constrangida. — Vim lhe fazer uma pergunta.


Desconfiada, Rachel endireitou o corpo e cruzou os braços.


— Que espécie de pergunta? __ Quinn aproximou-se dela.


— Hoje de manhã no celeiro, falou sério quando disse que não tenho paixão?


Descontente, ela virou o rosto.


— Não me lembro dessa conversa.


— Não? — Quinn a fitou nos olhos.


— Não.


— Lembra-se de ter estado no celeiro? Nós duas deitadas em um monte de feno, minhas pernas sobre as suas…



— Quieta! — Rachel olhou em direção à casa. — Fale baixo, por Deus.Sim, eu me lembro. Claro que lembro.


— E então? Falou sério? Acha que não tenho paixão? 


— Não vou responder.


— Por quê?


— Porque não quero perder o emprego.


— Não vou despedi-la por expressar sua opinião.


— Ainda não ouviu minha opinião.


— Creio que já obtive a resposta. — Quinn apoiou-se no parapeito para chegar mais perto dela. — Acredita que me falta paixão porque não a beijei no celeiro?


— Não.


— Ficou desapontada porque não a beijei?__ Ela abriu os lábios e fechou-os em seguida.


— É evidente que não.


— Por que então acha que não possuo paixão?


— Escute, sra. Fabray, eu…


— Quinn. Se vamos conversar a respeito de paixão, temos de esquecer as formalidades. Não acha, Rachel?


Ela pareceu render-se. A couraça de gelo dissolveu-se em uma fração de segundo. Os olhos brilhavam tal qual as estrelas. De repente, escureceram e ela se virou.


— Não penso que devamos esquecer as formalidades — Rachel alegou. — E também não devemos conversar a respeito da paixão. A menos que o assunto se refira às crianças, as quais a senhora deve maior cuidado.


Quinn assustou-se com o tom irado da voz.


— O que as crianças têm a ver com isso?



— É esse meu ponto de vista — Rachel rebateu. — A senhora não conversa com seus filhos, não faz as refeições com eles, não os cobre na hora de dormir, enfim, não se relaciona com eles. Por quê?


— Porque você está aqui. Tais funções cabem a você realizar.


— Sou somente a babá.


— E eu, a mãe. — A raiva substituiu as emoções estranhas que o assolaram o dia todo. — E a babá que deve cuidar das crianças. Por isso a contratei.


— Quem disse?


Quinn cruzou os braços. De que diabos ela estava falando?


— É assim que deve ser. Foi sempre feito dessa maneira.


— E é conivente com isso?


— Por que não seria?


— Ótimo. — Rachel atravessou a varanda e parou à porta. — Espero que sua postura de indiferença lhe faça companhia durante a velhice e a aqueça à noite.

Dito isso, ela entrou, indignada.


Quinn murmurou uma série de impropérios e esmurrou o parapeito. O que havia acontecido? A que ela se referia? 

E por que desejava beijá-la novamente?


.


— Preocupe-se com seus problemas — Rachel murmurava consigo, enquanto subia a escada.


Como ousara intrometer-se na vida pessoal de Quinn? Ela desabafara. Gritara com ela. 

Criticou a maneira com que a mulher educava os próprios filhos. E, sobretudo, acusou-a de não possuir paixão na vida. A despeito de ter dito apenas verdades, por que lhe dissera tudo isso?


Desde o confronto na varanda, dias depois, Rachel não dirigira a palavra a Quinn. Ou melhor, ela não falava com Rachel. 


Vira-a algumas vezes na casa e cavalgando pelo pasto. Tinha certeza de que ela também a avistara. Mas, em nenhum momento, Quinn tentara se aproximar. Nem sequer a cumprimentava ou sorria. Ela a ignorava.

No mínimo, temia que a submetesse a outro sermão.

Rachel deteve-se no topo da escada, indecisa. Não sabia se devia pedir desculpas a Quinn. Ela se encontrava no estúdio, como sempre àquela hora da noite. A fraca luz da lamparina recendia pelo saguão quando Rachel ali passara.

Talvez devesse mesmo desculpar-se. Dizer-lhe que estava arrependida. Prometer que se manteria atenta aos próprios problemas, a partir daquele momento.


O único inconveniente era que não se sentia arrependida. Não mesmo.

E, sem dúvida, Quinn perceberia que Rachel dissimulava. Naquela manhã no celeiro, dissera-lhe que era a pior mentirosa que ela já vira.


O coração de Rachel acelerou ao se lembrar do evento. Quão solitária estivera aquele celeiro até Quimn adentrá-lo. Como sua presença era marcante. Então, ela a tomara nos braços e a carregara a uma das baias.


A força e o poder dela pareciam dominá-la. Rachel acreditou que fosse beijá-la. Por um instante, desejou imensamente que ela o fizesse. Não se importaria caso fossem pegas em flagrante e pouco ligaria para o escândalo subsequente.


Rachel  recobrou o bom senso. Inspirou profundamente. Com certeza, ninguém poderia acusá-la de não possuir paixão.

E toda sua energia passional agora era direcionada às crianças.
Pé ante pé, Rachel aproximou-se da porta do quarto e escutou. Graças a Deus os três dormiam, sossegados.


Embora imaginasse ser impossível, o comportamento dos irmãos havia piorado. Fugiam durante o dia para criar todo tipo de traquinagens. Viraram os barris de suprimento, soltaram as vacas, organizaram uma guerra de ovos, jogaram um balde de lama na mesa da cozinha para preparar tortas de barro, danificaram equipamentos agrícolas e quebraram uma estatueta da sala de jantar naquela tarde.

Rachel perguntou-se qual seria a próxima travessura ou quem poderia ser o próximo alvo.
Começava a se despir quando alguém bateu à porta. Abriu-a e encontrou Geórgia com o semblante preocupado.



— O que você fez? — a criada perguntou.


Alarmada, Rachel prendeu a respiração. Geórgia, que lidava muito bem com os altos e baixos da família Fabray, parecia aflita.


— Não fiz nada.


— Deve ter feito alguma coisa — Geórgia afirmou. — Porque a sra. Fabray que vê-la. Agora. E, acredite Rachel, ela não parece muito contente. 



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