História Uma chance de sonhar - Capítulo 3: Laços de irmandade

A essas horas o castelo parecia abandonado, nenhuma alma viva pelos corredores. Tirando um pequeno grupo de amigos, mais uma família incompleta, que espalhavam varios jogos no chão do grande salão pra tentarem jogar tudo em apenas uma noite.

-Tá bem eu só preciso de um 6...-com calma e concentração a garota das montanhas jogou o dado, mas apenas conseguiu tirar 5-Meleca!-esbravejou a loira irritada, bateu o punho no chão com tanta força que despertou seu amigo rena que se encontrava dormindo ao seu lado. -Desculpe Sven...

-Volte a sua posição anterior...-Leu em voz alta o rapaz de cabelos ruivos e bagunçados depois de tirar uma das cartas do baralho.- Parece que ter que pagar sua dívida com o Olaf...- sorriu provocando a menor, portadora de uma grande força, que em resposta apenas o desafiou com o olhar.-Vamos Krist é só um jogo! O Olaf tá levando tudo numa boa...

-E como o bom rei que sou vou perdoar a suas dívidas e deixar você avançar na minha jogada...-declarou a criaturinha de neve, imitando uma pose muito parecido com a do seu irmão, o que fez o ruivo rir internamente da imitação. 

-Não Olaf você ja superou seu limite de perdão...como eu já disse...só pode usar 3 vezes...-explicou mais uma vez a loira que já se havia cansado da falta de espíritu competitivo do pequeno e inocente boneco de neve e de sua capacidade de entender as regras do jogo.

-Ohhh...então é minha vez! Pode me pagar Kristinna!-respondeu Olaf empolgado. 

-Tá o que você quer?- perguntou a loira empurrada. 

-Cenouras!- da mesma forma imediata que veio a resposta a rena adormecida acordou eufórica.

-Não Sven...não tem cenouras...é só um jogo...-em resposta a rena apenas bufou e voltou a dormir- Tá eu te dou minha plantação de cenouras...mas não vai ficar com ela por muito tempo...-ameaçou a loira entregando uma de suas cartas para o serzinho de neve.

-Eba!!! Vou ter narizes pra vida toda!!- comemorou Olaf dando pulinhos pelo salão, que fez os outros jogadores rirem por observar sua maneira de expressar sua alegria por pequenas conquistas.

-Ei Elson! Vem jogar com gente!- ao ver a figura do primogênito passar pela entrada do salão, o mais novo acenou para garantir sua atenção.  Em resposta o platinado apenas sorriu ao ver que qualquer experiência incomum que pudesse ter na vida não seria comparada as pessoas peculiares com quem convivía. 

-Estamos jogando Batalha dos Reinos! E eu acabei de ganhar uma plantação de cenouras! Eu nunca mais vou ficar sem nariz!!- comemorou Olaf quase jogando suas cartas pro alto.

-Por pouco tempo...-ameaçou a loira enquanto olhava suas cartas buscando alguma estratégia. 

-Então, tem espaço pra mais um jogador...a gente pode esperar você pra começar outra jogada.- falou o ruivo sorrindo com esperança.

-Hoje não Andrew, já esta tarde, quem sabe outro dia...-da forma mais natural possível o rei desfez o sorriso e cruzou o salão seguindo seu caminho até seus aposentos. Movimento esse que foi acompanhado atentamente pelo príncipe, que não deixou de se sentir mal pela atitude distante do rei. Já fazia um bom tempo que o seu irmão estava agindo assim, e não era nem um pouco agradável. Deveria tentar resolver essa situação logo, pois um grande passo estava prestes a dar em sua vida e quer muito que seu irmão participe e o apoie.

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O rapaz de cabeleira ruiva estranhou muita essa sensação, fazia tempo que não sentia angústia de ver aquela porta fechada. A porta que não se abriu pra ele durante anos, tinha medo de passar por isso novamente. Suspirou e bateu três vezes pausadamente, quase fez a mesma pergunta que sempre fezia. "Você quer brincar na neve?"

-Elson...?-chamou guardando seu pensamento pra si e esperando esperançoso pela resposta do irmão que, para seu alívio, recebeu um simples "entre".

Andrew entrou no quarto e logo percebeu o mais velho debruçado na sacada de seu quarto. Parecia distraído enquanto olhava para lua em silêncio. Decididiu então fazer-lhe companhia. 

-Tá fazendo um desejo antes de dormir irmão?- brincou com entusiasmo, esperando uma reação do mais velho, mas o platinado nem se moveu. Então ele mesmo se aproximou e se debruçou na sacada, a diferença do irmão, de costas.

-Estou pedindo minha aposentadoria...- respondeu o mais velho ao notar a insistência do irmão que não o surpreendeu. Mas ainda se negava a dirigir seu olhar para o mais novo- o que aconteceu com o seu jogo?

-Ganhei as últimas duas jogadas, se eu ganhar a próxima é capaz da Kristinna me dar uma voadora...-disse Andrew parecendo traumatizado. 

-É o preço da vitória...- Elson brincou fazendo o ruivo soltar uma gargalhada alta, ele por outro lado, apenas um riso abafado. 

O silêncio reinou por alguns minutos, não era desagradável, mas não era necessário. Até que por fim, logo depois de observar com atenção o aposento, o mais novo viu uma pequena caixinha perto da cama, ela estava entreaberta e se podia ver alguns dos dedos das luvas pra fora.

-Achei que tinha se livrado das luvas...-Andrew comentou um pouco surpreso, e logo o mais velho se tensou. 

-Andrew, eu sei porque veio, e não precisa se preocupar. Eu estou bem, não perca sua noite de jogos por minha causa...- esclareceu o platinado, agradecendo que depois de muitos anos de confinamento e estudos incessantes pra se tornar rei, aprenderá perfeitamente disfarçar suas emoções. Um dom que esta lhe custando caro.

- Você não me parece bem...-insistiu novamente o mais novo. 

-Só estou cansado...-respondeu o mais velho aparentemente tranquilo. 

-Pode dizer isso olhando pra mim?- pediu o ruivo. Após um suspiro, o mais velho se virou para ele, revelando sua exaustão e olheiras que marcavam a falta de horas de sono.- é mesmo você tá um caco...

-Sua sinceridade me comove...-respondeu Elson com ironía revirando os olhos.

-Sim eu sei, é por isso que estou aqui, você precisa ouvir umas verdades...- Andrew disse severamente, abandonando sua pose relachada para ficar de frente para o irmão, quem se tensou no instante. A última coisa que precisava era alguém jogando na sua cara que não sabe lidar com seus sentimentos. -Todos pensam que você é um ótimo rei, não precisa provar nada, não se esgote tanto ao ponto de desmaiar pra mostrar que é capaz de governar...-uma sensação de alívio passou pelo seu corpo, permitindo que respirasse novamente. Quem lhe dera que fosse pelo trabalho que se pertubasse tanto. -Bem isso é tudo que tenho pra te dizer agora, vá dormir e relache!- aconselhou Andrew andando até a saída. Era extranho ver alguém tão distraído como era seu irmão estar lhe dando conselhos.-E...não me espere para o café, vou sair com a Kristinna de manhã...- avisou o mais novo se corando um pouco.

-Juizo...-pediu o platinado lhe mostrando um sorriso sincero. 

-Sim oh vossa Majestade!!!- brincou o príncipe fazendo uma reverência exagerada,  logo os dois riram e depois ambos continuaram seu caminho. Disposto a tentar dormir essa noite, Elson olhou a lua pela última e vez e logo depois fechou a porta da sacada e também as cortinas. 

Movimento esses que de longe foram acompanhados pela guardiã. Ela foi guiada pela luz intença da lua que iluminava ambos irmãos durante a aconverça, mas não estava perto o bastante pra descobrir o assunto.  Apenas tentava entender o porquê de apenas ela conseguir presenciar tal fenômeno, e por incrível que pareça de forma instantánea o Homem da Lua a respondeu. Mas não gostou nem um pouco do que ouviu...

- Você quer que eu faça o que!?- gritou indignada, tapou sua boca num instante, mas logo se lembrou que ninguém alí podia ouví-la...e muito menos vê-la...