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História Uma Doce Mentira - O outro lado da moeda - ATUALIZADO


Escrita por: YAfanfics

Notas do Autor


➡ As roupas projetadas para os personagens nesse capítulo estão em um link no final da página, nas notas finais (eu sempre faço questão de detalhar bem a descrição das roupas, mas talvez uma imagem possa materializá-las melhor no pensamento de vocês);
➡ Resumindo: todos os links nas notas finais.
➡ PS: ZACH É INTERPRETADO PELO JACK FALAHEE.
➡ RELEMBRANDO: Aos que ainda não sabem ou estão um pouco confusos, estou reescrevendo a fanfic e postando nesse mesmo link (estou substituindo os capítulos da versão antiga pela nova)
Boa leitura!

Capítulo 21 - O outro lado da moeda - ATUALIZADO


Fanfic / Fanfiction Uma Doce Mentira - O outro lado da moeda - ATUALIZADO

O barulho da chave tinindo na tranca da porta sanou quando Justin e eu entramos no apartamento em completo silêncio, da mesma maneira como havia sido todo o trajeto até ali. Eu ainda estava um tanto aborrecida por ele ter me convencido a deixá-lo vir até o meu apartamento só para se certificar de que eu não morreria de tanto espirrar – ou talvez eu só estivesse irritada com o fato de estar doente por culpa dele. Mas Bieber não parecia nem um pouco abalado com a minha indignação, muito pelo contrário, ele estava achando um máximo acreditar na ideia de que eu precisava dele para alguma coisa e eu não estragaria essa ilusão se tão logo me rendesse informações úteis.

Em seguida que pendurei as chaves no porta-chaves raramente usado para cumprir com sua função, entrei na cozinha e me deparei com Justin bebericando uma cerveja encostado na ilha com tampo de mármore disposta no meio do cômodo. Aquilo, de fato, me incomodou internamente. Se a minha cabeça não estivesse quase explodindo de tanta dor, com certeza eu o teria impedido de agir como se estivesse em sua própria casa e pudesse fazer o que bem entendesse.

– Sinta-se em casa. – Meu comentário sarcástico o fez rir.

– Está com fome?

– Na verdade, não muito – retorci o rosto, sentindo-me enjoada ao pensar em comida – Mas há alguns hambúrgueres pré-prontos no freezer, sei que você deve estar faminto. E, bom, a cerveja você já encontrou. – Apontei com o olhar para a garrafa em suas mãos.

– Porque você não vai tomar um banho e colocar um pijama enquanto eu preparo alguma coisa de verdade para comermos? – Justin sugeriu, tomando um grande gole de cerveja.

Meus olhos se arregalaram. – Você sabe cozinhar?

– Sua surpresa me ofende. – Ele ergueu as sobrancelhas, parcialmente insultado.

– Não pode me culpar por não saber todas as suas especialidades, acabamos de nos tornar oficialmente amigos. – Pontuei.

– Para quem conhece as minhas especialidades na cama, você deveria saber que sou bom em todo o resto.

Eu sabia que meu rosto havia enrubescido e podia sentir minhas vísceras pegando fogo ante aquela sua tática infalível de me deixar sem graça, mas eu me recusava a permitir que Bieber me vencesse todas as vezes naquele maldito joguinho sensual e estava preparada para mostrar-lhe que eu também sabia brincar.

– Talvez seja por isso que eu tenha me espantado tanto com a ideia de você saber cozinhar. – Exibi um sorriso vencedor ao vê-lo de queixo caído com a minha resposta, até mesmo um pouco irritadiço.

– Que boquinha atrevida. – Ele apertou os olhos em minha direção, o canto da boca mostrando traços de um possível sorriso.

– Eu tenho aprendido com o melhor. – Admiti, dando de ombros, e uma risada escapou de sua garganta.

– Certo, espertinha – Justin se desencostou da bancada e largou a garrafa de cerveja na mesa da cozinha enquanto vinha até mim – Vá lavar essa boca com sabão antes que eu encontre outra ocupação para ela.

– Sabe que de repente o gosto de sabão me pareceu delicioso? – Repliquei com um sorrisinho cretino e preparei-me para seguir pelo corredor até o meu quarto, mas antes me virei e, com um ar sínico, disse: – Ah e, por favor, tente não colocar fogo no meu apartamento.

Rumei para a suíte principal em passos firmes e confiantes até que eu estivesse fora do alcance do olhar de Justin, pois foi quando uma fraqueza me atingiu e eu fui obrigada a me apoiar na porta trancada para não cair. Respirei fundo algumas vezes, amaldiçoando o momento inoportuno em que essa gripe apareceu, e me pus em frente ao closet para pegar uma muda de roupa. Na minha opinião, um short de pijama, uma blusa de moletom e um par de botas ugg bastariam para que eu me sentisse confortável enquanto enfrentava aquele resfriado.

Já no banheiro, peguei um elástico para prender o cabelo em um coque que se terminou desajeitado e me despi depois de ligar o chuveiro em uma temperatura agradavelmente quente. A água deslizou pelo meu corpo e tão logo me senti leve, como se ela estivesse levando todas as impurezas da minha alma para junto ao ralo. Me ensaboei calmamente e o cheiro forte de frutas cítricas do sabonete atiçou minha dor de cabeça, fazendo-me trancar a respiração durante o tempo em que me enxaguara o mais rápido que me fora permitido.

Espirrei sete vezes enquanto me vestia e soltei alguns palavrões quando meu nariz ficou entupido do lado direito, pois entrava em estado de pânico quando eu não conseguia respirar normalmente. Passei a mão em uma pequena parte no meio do espelho para tirar o vapor e soltei o elástico que estava quase arrancando o meu couro cabeludo, arrumando alguns fiapos que estavam arrepiados. Na ponta dos pés, estendi a toalha molhada no vidro do box e deixei a porta do banheiro aberta quando saí direto para o meu quarto e, em seguida, para a sala de estar.

O cheiro que vinha da cozinha estava maravilhoso, mas meu estômago relutava em aceitar o que quer que meu meio olfato opinasse sobre isso e, aparentemente, sobre qualquer outro aroma naquele momento. Para pessoas normais, com empregos e vidas normais, ficar doente não era algo tão horrível assim se significasse que pudessem passar esse tempo em casa até que se sentissem melhores para retomar a rotina. No entanto, para uma agente federal designada a um importante caso envolvendo a segurança nacional, ficar doente significava adiar o trabalho e pôr em risco a missão.

– Pensa rápido! – A voz de Justin me despertou do transe bem quando ele lançou um pano de prato em minha direção e eu o peguei na mão antes que atingisse o meu rosto – Puta que pariu, isso é o que eu chamo de reflexo.

Dei uma risadinha quase sem emoção, cansada demais para fazê-la soar diferente.

– Está se sentindo melhor? – Sua pergunta me levou rapidamente a fazer que não com a cabeça em resposta, então ele veio a se gabar – Aposto que você vai melhorar depois de provar o frango assado que eu fiz.

– É, ou talvez eu morra de intoxicação alimentar. – Bieber esboçou uma careta perante ao meu comentário provocativo.

– Muito engraçado, mas não.

– Certo, você precisa que eu ajude em alguma coisa? – Larguei o pano de prato no encosto de uma cadeira próxima à mesa e olhei para Justin, que me enxotou com um movimentar de mão.

– Não, já está tudo pronto. – Ele se virou para desligar o forno e abriu a portinhola, retirando a travessa lá de dentro e exibindo seu conteúdo para mim.

Apesar de enjoada, eu precisava admitir que o prato estava com uma cara boa.

– Parece bom. – Falei ao analisar.

– Não, parece ótimo! – Bieber me corrigiu de modo convencido, colocando a travessa no centro da mesa. – Onde você guarda os pratos?

– Deixa que eu pego. – Aligeirei-me para a frente do armário – Você pode pegar os copos e talheres.

– E onde estão os copos e talheres?

– Os copos ficam ali – Apontei para o armário posterior com porta de vidro – E os talheres ficam na primeira gaveta, aí atrás de você.

Reunimos tudo de que precisávamos e espalhamos sobre a mesa nos dois lugares em que ocuparíamos, levantei-me novamente apenas para pegar alguns guardanapos e um pouco de água da torneira. Justin havia pegado mais uma Corona, contente por eu ter a sua cerveja preferida em um estoque na minha geladeira e por estar tão gelada quanto ele gostava.

Bieber não permitiu que eu mesma me servisse quando tentei fazê-lo, mas também deixou claro que eu não deveria me acostumar com a sua gentileza porque ele não era o tipo de cara que fazia isso sempre. Tal fato não me incomodou nem um pouco, para falar a verdade, pois já era de se esperar que alguém acusado pela polícia e taxado de criminoso não agisse feito um príncipe encantado dos contos de fadas.

Brincando com a comida no prato, depois de já ter dado algumas garfadas, as engrenagens da minha mente começaram a girar e as lembranças da conversa que ouvira mais cedo regressaram com força total. Justin mantinha contato frequente com Ryan, que até onde eu sabia havia saído da cidade por problemas com um famoso jogador de pôquer – o que, claramente, não era verdade. Contudo, o que mais me intrigava era que a real razão para sua fuga se dava ao fato de estar envolvido com o roubo do Projeto Sentinela, assim como as mentiras que todos estavam contando para que o plano tivesse seguimento.

– Você teve alguma notícia do Ryan? – Disparei a pergunta em uma voz tranquila, prestando atenção em cada movimento de Justin que pudesse indicar que ele estava nervoso ou mentindo.

Mas ele continuou normal.

– Não, nenhuma. – Respondeu simples, mastigando um pedaço de frango assado que acabara de enfiar na boca.

– Nem mesmo uma mensagem dizendo que está bem? – Arrisquei.

– Porque essa curiosidade repentina sobre o Ryan? – Rebateu Justin, um tanto arisco.

– Ele é meu amigo, acho que estou apenas preocupada... E talvez com saudades. – Dei de ombros, voltando a me concentrar na comida que agora estava fazendo meu estômago se revirar só de olhar.

O silêncio reverberou entre nós, mostrando-me que Bieber não daria prosseguimento àquele assunto e que eu teria de forçá-lo se quisesse obter qualquer resposta que julgasse próxima à verdade. Meu cérebro começou a trabalhar em questionamentos ante às possíveis respostas que ele daria em meio àquela discussão invasiva, e tudo isso enquanto ele tomava três goles seguidos de cerveja.

– Não é tão difícil assim ligar ou mandar uma mensagem apenas para dizer que está vivo, você não concorda? – Levei a beirada do copo até a boca e tomei um longo gole de água, sempre sustentando o olhar firme sobre o garoto à minha frente.

– Ele não pode arriscar ser rastreado, America. – Deu outra garfada no frango, desta vez com um perceptível toque de irritação.

– É para isso que servem celulares pré-pagos. – Rebati-lhe em um argumento, o qual pareceu pegá-lo desprevenido.

– Eu conheço o Ryan a tempo suficiente para saber que ele está bem. – Justin declarou, convicto do que dizia – Se ele não estivesse, posso garantir que a louca da mãe dele estaria fazendo o maior escândalo em frente à delegacia.

– Me surpreende que ela não esteja dando muita importância ao sumiço do próprio filho.

– Ninguém está, na verdade – disse com um desinteresse claro – Porque todos sabem como a mente do Ryan funciona. Ele some por algumas semanas e depois aparece como se nada tivesse acontecido, então acredite em mim quando digo que ele está bem e que vai voltar no momento em que a poeira baixar.

Finalizando o assunto contra a minha vontade, Justin baixou a cabeça e continuou a comer em silêncio enquanto eu o observava com meus lábios pressionados um no outro em uma linha reta, dando-me por vencida naquele momento. Obviamente eu voltaria a tocar naquela questão algum outro dia, mas precisava dar um tempo para evitar que Bieber desconfiasse de quais eram as minhas intenções com aquele inquérito todo e acabasse comprometendo o caso.

[...]

Depois do almoço, escutei Justin recolher os pratos, copos e talheres da mesa e os colocar na lava-louças enquanto eu vasculhava as prateleiras do banheiro em busca de algum remédio para a dor de cabeça. Quando encontrei, tomei dois comprimidos em uma só golada de água da torneira e rezei em silêncio para que surtissem efeito rápido, mas tudo o que recebi em resposta fora indícios de sono percorrendo cada terminação dolorida do meu corpo. Me conhecendo o suficiente para saber que não aguentaria ficar acordada por muito mais tempo, rumei pelo corredor em direção à sala de estar e quase tombei de frente com Justin, que saía distraído da cozinha.

– Ei, eu já estava de saída – ele disse – Mas posso ficar, se você quiser.

– Não, tudo bem. – Ofereci-lhe um sorriso amigável – Acabei de tomar um remédio para dor de cabeça que provavelmente vai me derrubar em alguns minutos, então sinta-se livre para ir. E obrigada pelo almoço, estava uma delícia.

– Como você sabe? Você quase nem comeu.

– Comi o suficiente para abrir mão do meu orgulho e elogiar você, idiota. – Dei um soquinho em seu ombro, mais forte do que era planejado, e ele grunhiu.

– Caralho, você está naqueles dias? – Justin massageou o local que eu havia golpeado, rindo em meio a uma expressão de dor.

– Pare de ser tão mulherzinha. – Instiguei, tentando conter uma gargalhada ao ver seus traços se transformarem em um semblante ofendido.

– Posso provar a minha masculinidade para você outra vez, se é isso que você realmente quer. – Ele replicou com um olhar lascivo.

– Não, obrigada. – Com os lábios curvados em um sorriso, me aproximei o bastante para sentir sua respiração quente ricochetear em meu rosto – Estou tentando me manter longe de encrenca, e você é o rei dos encrenqueiros.

– É, eu sou – concordou ele – Mas lamento dizer que a sua tentativa de andar na linha falhou no momento em que você aceitou ser minha amiga.

– Bem, o fato de eu ter aceitado ser sua amiga não significa que eu concorde com o seu modo de ver as coisas.

– Ah, é mesmo? – Justin deu um passo à frente, aproximando-se mais. – Porque algo me diz que você tem uma quedinha pelo perigo. – Seus olhos desceram até a minha boca e eu senti o meu corpo inteiro trepidar em um arrepio.

– Você está errado. Muito errado. – Me esforcei para que minha voz não vacilasse e eu ao menos aparentasse estar confiante, já que minhas pernas trêmulas poderiam me trair a qualquer momento.

– Se eu estou errado, porque você não está se afastando?

Assim que ergui o olhar para aquele belo rosto de modelo da Abercrombie enquadrado bem em frente ao meu, o coração que antes batia tranquilamente apenas em meu peito passou a pulsar em todas as partes do meu corpo. O sangue queimava em minhas veias, ardendo em desejo, e o meu cérebro estava tão afetado que não conseguia enviar os comandos para qualquer parte de mim que pudesse me livrar daquela proximidade.

Eu queria – e precisava – provar o meu ponto de vista para Bieber porque era isso que eu estava tentando fazer desde o primeiro dia, mas naquele momento não havia nada que eu quisesse mais do que sentir seus lábios macios colados nos meus mais uma vez. Era totalmente errado e nem um pouco profissional da minha parte querê-lo desse jeito, mas a verdade que eu não queria admitir nem para mim mesma era que aquela atração estava muito além de America Miller e do FBI. Ela fluía entre nós dois e transformava tudo a nossa volta em um borrão, como se nada mais importasse além da troca mútua de desejo a que nos entregávamos quando éramos apenas... Justin e Selena.

Suas mãos se engatilharam em minha cintura, nossos olhares intensos sustentavam um ao outro e meu coração acompanhava a batida do seu, ambos se agitando com a proximidade de nossos lábios. Eu não conseguiria me impedir de cometer o mesmo erro duas vezes, não com ele tão perto e tão disposto a provar que também queria isso. Justin umedeceu os lábios com a língua e eu me vi perdendo totalmente o controle, prestes a atacá-lo com toda a ânsia que se instalara em meu âmago desde que estivéramos juntos pela primeira vez... então, a campainha tocou.

Correndo para atender a porta, dei de cara com um garoto que aparentava ter mais ou menos a minha idade, de cabelos pretos, barba por fazer, ombros largos e usando uma jaqueta de couro que certamente deixaria qualquer mulher fora de si, ainda mais quando somada à sua beleza. A sua volta, caixas de papelão e algumas malas indicavam que ou ele fazia parte da empresa de mudança ou estava se mudando para o apartamento da frente, o que me pareceu mais provável.

– Oi, é... hm... desculpe incomodar – começou o garoto, exibindo um lindo sorriso tímido – Acabo de me mudar para o apartamento da frente e acho que me entregaram uma correspondência sua por engano. – Ele estendeu um envelope branco em minha direção.

Observando seu aparente nervosismo, convenci a mim mesma de que seria divertido pregar-lhe uma peça como uma forma de conceder-lhe suas boas vindas à vizinhança. Nisso, meus traços faciais se remodelaram e transformaram-se no que eu acreditava ser uma expressão sisuda e até mesmo colérica.

– Droga, você acaba de estragar o meu plano de não pagar o aluguel. – Peguei o pedaço de papel retangular preso entre seus dedos com o máximo de raiva que consegui exprimir – No mês passado, deixei que a Sra. Thornton fizesse as honras.

Seus grandes olhos castanhos se arregalaram. – O quê? Ah, eu sinto muito... eu não sabia...

Desatei a rir ante ao seu desespero.

– Ei, calma, estou apenas brincando. – Admiti minha façanha – Não existe nenhuma Sra. Thornton morando por aqui, eu acabei de inventar tudo isso.

– Oh... – Ele tombou a cabeça para trás, aliviado, e permitiu que um riso controlado escapasse por entre seus lábios curvados.

– Você deveria ter visto a sua cara.

– Você é boa. Eu realmente acreditei estar lidando com uma exploradora.

– É, eu deveria investir no ramo da atuação. – Comprimi os lábios, contendo o resquício de uma risada, e estiquei a mão – Sou a America, a propósito.

– Zach. – Sua mão alcançou a minha.

– Seja bem-vindo, Zach.

– Quem é na porta, America? – A voz rouca de Justin ressoou atrás de mim e logo ele surgiu ao meu encalço.

– Esse é o Zach, meu novo vizinho. – Informei sem desviar o olhar do mesmo.

O corpo de Bieber se retesou ao meu lado, toda a tensão se acumulando em seus músculos bem delineados e dilatando suas pupilas. O maxilar travado demonstrava o quão perturbado ele estava com a presença de Zach, levando meu ego a enaltecer a ideia de que Justin estava com ciúme – o que era simplesmente ridículo de se pensar. Tínhamos uma relação impossível de ser comparada a qualquer outra, a atração era gritante e ao mesmo tempo imprópria, mas eu não podia negar que estava dividida entre a possibilidade de haver um sentimento a mais envolvido ou de estar completamente louca apenas por considerar isso.

Cheguei à conclusão de que eu não o compreendia, de fato. Bieber era dotado de um temperamento oscilante, incapaz de deixar uma brecha para entender o seu modus operandi. Era necessário muito mais do que o meu conhecimento em linguagem corporal e o pouco de psicanálise que eu aprendera durante os anos na agência para desvendá-lo por inteiro – ou até pela metade. Justin era um cara complexo, com uma bagagem tão grande que mal conseguia carregá-la sem arrastar outras pessoas para o oceano de problemas que o afogava.

Ele era como dois lados de uma mesma moeda.

O problema era o lado que havia ganhado no cara ou coroa naquele momento.

Uma sensação desconfortável me assolou no silêncio daquela guerra travada, ocasionando-me uma ânsia ao perceber que eu havia me transformado em um objeto no qual Bieber exibiria uma nota fiscal para comprovar sua posse, se esse fosse o caso. A minha independência, de repente, havia ido pelos ares junto com a minha dignidade e eu estava me sentindo coagida, e me fazer sentir desse jeito era como me dar um soco e esperar que eu não reagisse.

– Eu sou o Zach, o novo vizinho da America. – Disse ele em um gracejo, tentando amenizar o clima pesado.

Bieber continuou mudo, encarando-o com as sobrancelhas franzidas.

– Está claro que o meu amigo aqui não tem modos – encobrindo a minha irritação, lancei um sorriso nervoso para Zach e prossegui – O nome dele é Justin e ele normalmente é um tremendo babaca quando se sente ameaçado.

Bieber virou o rosto para me fuzilar.

– Na verdade, ele é só um tremendo babaca. – Me autocorrigi.

– Certo... – Sibilou Zach, duvidoso. – Enfim, tenho milhões de caixas para desempacotar e algumas malas para desfazer, mas foi legal conhecer vocês.

– Se você quiser, eu posso te ajudar a desempacotar as suas coisas. – Ofereci.

– Não, não pode. – Justin disparou – Você está doente, lembra?

Estreitei os olhos em sua direção.

– Você até me mandou embora para poder descansar.

– Eu não mandei você embora, isso foi uma decisão sua. – Afirmei – Mas o simples fato de saber que você já está de saída faz com que eu me sinta melhor.

O sorriso cínico apareceu em seu rosto.

– Pare de agir como se não gostasse de mim.

– Eu não gosto de você quando você age feito um babaca mimado. – Rebati, deixando o meu aborrecimento se esvair junto com as palavras.

– E eu não gosto quando você fica dando em cima de um cara que acabou de conhecer bem na minha frente.

– Ahn... acho que essa é a minha deixa. – Zach se constrangeu com o comentário e recolheu a última caixa restante do chão, fazendo-me questionar silenciosamente quando ele havia levado o resto para dentro do apartamento sem que eu percebesse. – Tenham um ótimo dia.

Ele logo sumiu dentro de seu novo lar, deixando-nos sozinhos no corredor.

Me virei para Justin, meu sangue fervendo em fúria.

– O que foi?

– Não vou ter essa discussão com você aqui no meio do corredor, onde todos os meus vizinhos podem ouvir o quanto você consegue ser ridículo. – Esbravejei e empurrei a porta, dando passagem a ele antes de batê-la com força atrás de mim.

Eu estava prestes a explodir.

– Qual é o seu problema? – Questionei exaltada.

– O que te faz achar que há um problema?

Seu semblante calmo me atiçou ainda mais.

– Você é um ímã para problemas, Justin – pontuei – Mas dessa vez você passou dos limites.

– Por quê? Porque eu acabei com os seus planos de sair com ele?

– Por Deus, você não pode estar falando sério. – Andando de um lado para o outro, fechei os olhos em uma tentativa frustrada de me acalmar.

– Você vai negar agora?

– Eu acabei de conhecê-lo, estava apenas tentando ser gentil.

– Isso tem outro nome e função para mim. – Justin desviou o olhar para baixo, franzindo a testa.

BUM!

– O que você acha que eu sou, hein? – Marchei até ele, puta da cara – Acha que eu sou como essas vagabundas com quem você trepa numa noite e manda embora de manhã? Acha que, por eu exercer a educação que recebi, eu sou uma vadia qualquer?

Bieber ficou quieto. Sua respiração pesada pela raiva agora contida.

– Acho que você ainda não entendeu direito como eu funciono, Justin – meus olhos se fixaram direto nos dele, minha confiança se elevando a cada palavra – Eu não preciso de um homem para me fazer sentir mulher. Eu não preciso de um homem para nada.

– E mesmo assim estava babando no cara.

– Não, eu não estava. Mas e se eu estivesse, huh? Isso é um problema para quem? – Meu tom se elevou quando coloquei as duas mãos na cintura, salientando minha tamanha indignação.

– Para mim, porra! – Bieber rugiu em resposta – Isso é um problema para mim. Porque eu fico louco só de pensar naquele cara encostando em você.

Prendi a respiração por um instante, absorvendo a informação declarada e cerrando os punhos em meio a aversão que preenchia cada parte do meu ser.

– Eu não sou a porra da sua namorada! – Gritei.

Ele parou de se agitar, o olhar fincado no meu.

Aproximando-se sorrateiramente, Justin se curvou sobre mim. – Dê um pouco de crédito a si mesma, você se tornou uma referência de vadia quando caiu na minha cama.

Meu interior ardeu em ódio e a palma da minha mão acertou em cheio o seu rosto.

Ele me olhou total descrença, cobrindo com a mão a parte afetada por meu ato.

– Essa sou eu desistindo de aguentar todas as suas merdas. – Cuspi todo o desprezo que estava sentindo – Agora dê o fora da minha casa antes que eu chame a polícia ou te force a sair daqui eu mesma.

Sem proferir uma só sílaba contra o que eu acabara de dizer e fazer, Bieber passou por mim pisando firme até a porta e eu estremeci quando ela encontrou o batente com tanta força que era bem possível que o resto dos moradores também tivesse escutado.

Eu fiquei ali parada, em silêncio, tentando processar os últimos acontecimentos.

Justin definitivamente era os dois lados de uma mesma moeda. Era uma pena que os dois lados se mostraram miseráveis.


Notas Finais


Roupa da Selena: http://imgur.com/a/Gyvsl
Roupa do Justin: http://imgur.com/a/3qCDS


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