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História Uma estranha no ninho - Vol. II - Pela mão dos deuses.


Escrita por: Kitsune_Strife

Notas do Autor


Olá pessoas, e aí, tudo bem?! Espero que sim!
Então segue aí pra vc mais um capítulo fresquinho dessa minha insanidade com o Saga.
Espero que gostem, perdoem os erros de português pq eu to meia adoentada então, confesso que não to boa pra fazer correções, mas prometo fazer mais tarde.
Desejo boa leitura e um bj no kokoro!!!
A Arte que eu amo da capa pertence a Sarah Graybill, todos os créditos são para ela.

Capítulo 8 - Pela mão dos deuses.


Fanfic / Fanfiction Uma estranha no ninho - Vol. II - Pela mão dos deuses.

—Ahhhhh... Sugoii!!(Incrível!!)

Os olhos puxados de raposa que Kyoko tinha, ao observar a beleza da casa de peixes e, principalmente, o jardim particular imenso de Afrodite, cresceram como em um desenho animado. A admiração dela foi tão grande que Saga gargalhou junto de Kanon. Kyoko conhecia rosas, mas no Makai elas não sobreviviam mais do que algumas horas e ali, a somente alguns passos, havia o maior jardim de rosas que poderia ver na vida. Era simplesmente...fantástico.

— Eu nem preciso perguntar se você gostou. – sorriu orgulhoso o dono da casa. Sabia que seu jardim era o mais belo de toda a Grécia. Pensando bem, porque não dizer de todo o mundo?

—É...é...incrível! – ela disse deslumbrada. — É...eu...nunca vi tantas rosas assim na minha vida! E...olha esses pássaros?! Olha Saga! Um beija-flor!

Se existia algo que Afrodite se orgulhava, com toda certeza era seu jardim. Vaidoso como ninguém, seu ego ia além das estrelas quando lhe elogiavam. Tentava mostrar indiferença, agindo com nenhuma humildade, mas no fundo amava demais e se sentia grato. Manter aquele jardim imenso era uma façanha ao qual só Afrodite mesmo era capaz de fazer.

Saga sorriu divertido, meneando a cabeça com o olhar vitorioso do dono da casa. Afrodite era tão egocêntrico e narcisista que chegava a ser engraçado.

— Venha! – disse peixes, pegando a mão dela e levando até a bela fonte no centro do jardim. Ela era redonda, grande e exibia uma linda estátua da deusa Afrodite com a mão direita estendida de onde brotava água.

O chão de pedra, não exibia um defeito sequer. As roseiras se misturando, como um buquê gigante versificado, mesclando-se com as árvores frutíferas e dentre outras. Kyoko sorriu ao ver um coelho branco bebendo água na fonte enquanto alguns pássaros se banhavam em meio a cantoria. O fofo animal parecia acostumado a tudo ali e mesmo quando ambos se aproximaram ele continuou matando sua sede, para a contemplação maior de Kyoko. Tudo ali era mágico, quase fantasioso. Se não estivesse vendo com os próprios olhos afirmaria, com certeza, que um lugar assim não existia. A diversificação das borboletas a roubar néctar as flores deixariam qualquer entomologista a ponto de explodir de emoção.

Depois de alguns minutos, Saga achou por bem continuar a subida, mesmo que estivesse feliz pela alegria de Kyoko, sabia de seus compromissos. Pensou em deixá-la aos cuidados de peixes, mas ela insistiu que queria ir com ele.

No salão principal Shion e Shaka conversavam, observando o jardim de Athena. Saga se aproximou de ambos, reverenciando o Patriarca e cumprimentando Virgem. O mais velho sorriu feliz, deixando os cavaleiros e seguindo em direção a kitsune, que parecia mais entretida em roubar alguns biscoitos do que qualquer outra coisa que houvesse naquele salão.

— Continua gulosa.

Kyoko levou um susto, escondendo os biscoitos e, agora sim, observando Shion e todos os seus detalhes.

—Não lembra de mim, não é? – disse Shion se aproximando mais.

— Não! – ela respondeu com olhos analíticos. — Mas...pelas pintas, deve ser irmão ou pai de Mu.

Shion sorriu mais, se aproximando mais e pegando um dos biscoitos.

— Bom, digamos que sim. Não temos o mesmo sangue, mas o criei como se fosse filho. – fez uma pausa. —Não precisa esconder, esses biscoitos são seus. Sabia que viria e também o quanto gosta deles. Pode comer o quanto quiser.

Kyoko agradeceu com um sorriso, catando mais alguns biscoitos e seguindo o grande mestre até onde estava Shaka, Saga e Kanon. A raposa parou, observando a elegância e a beleza quase divina de virgem. O tilake destacado em meio os fios dourados de sua franja, os cílios longos, o nariz fino quase feminino e os lábios rosáceos bem desenhados. A pele de alabastro, intacta em sua perfeição. A roupa indiana, deixando metade do peitoral definido mesmo em meio a magreza que Shaka se orgulhava em ter. Não achava justo comer além do que julgava necessário quando pessoas ao redor do mundo passavam fome dia e noite, tirando o fato de sempre ficar dias meditando, sem água e muito menos comida. Mas mesmo assim, aquele fator não alterava em nada o quanto aquele homem era lindo. Tão lindo que Saga não conseguiu evitar de sentir ciúmes por conta do olhar intrigado e admirado de Kyoko.

— Olá Kyoko.

A raposa crispou o cenho ainda mais surpresa pela voz grave em contraste exagerado com o anjo que lhe falava, e mais surpresa ainda ficou pelo fato dele estar...cego?! E mesmo assim saber que estava ali.

De início ela não respondeu, dando um passo para o lado, vendo a face de Shaka a seguir. Voltou a andar, para o lado contrário e novamente Shaka a seguiu com a cabeça, dando a ela certeza de que sabia exatamente onde ela estava.

— Oi...- respondeu ainda mais curiosa.

—Kyoko, esse o Shaka, Cavaleiro de ouro de virgem. – falou Saga, olhando para Águia.

Os shinobis se entreolharam. Então aquele era o homem que Saga temia ter problemas?! Aquele...magrelo, desnutrido?! Aquilo só podia ser brincadeira. Como um cara raquítico, com cara de anjo podia por medo em alguém? Principalmente em alguém como Saga. A diferença de força entre eles nem precisava ser mencionada. Um soco de qualquer um deles seria suficiente para desmontar o esqueleto indiano.

—Você não lembra de mim, mas costumávamos tomar chá juntos. Você sempre me visitava, principalmente quando Saga e Kanon lhe irritavam. – confessou virgem, sorrindo de lado.

— Ta de sacanagem, ohhh reencarnação malsucedida de Buda?! Essa maluca quem me arrancava os cabelos até do saco! – rebateu Kanon gesticulando.

— E eu vou fingir que nem ouvi.  – volveu Saga fingindo-se de ofendido.

—Sim! Os dois! E não se faça de santo, Saga, você sabe ser arrogante quando quer. Até mais que Kanon.

— Óhhhhh...falou o doce e meigo demônio de virgem. – ironizou Saga. Kyoko sorriu junto a Shion.

—Bom, isso eu tenho que concordar. – Kanon sorriu cruzando os braços.

— É sério que eu vim até aqui só para ser ofendido pela minha própria cópia e pelo “ homem mais próximo dos demônios”?!

—Não é ofensa, é a verdade. – falou Shaka em toda sua calma.

— Ah Shaka, você é tão engraçadinho quando quer. – devolveu Saga sorrindo mais.

— Obrigado! – Shaka sorriu.

—Kyoko!

A voz doce de Saori chamou a atenção de todos. Saga, Kanon e Shaka ajoelharam em respeito e logo um diálogo amigável se iniciou. Kyoko não demorou a se deixar levar pela doce e jovem deusa, saindo com ela pelo jardim enquanto ouvia histórias de sua vida no santuário antes de ser morta. Aquela menina peituda até que era simpática.

—Você tomou a melhor decisão, Shion. – disse Saga, olhando de longe para o sorriso de Kyoko e Athena.

Shion respirou fundo, aliviado de poder enfim tirar aquela bigorna dos ombros.

— Não sabe como me deixa feliz em ouvir isso, Saga. Não foi uma decisão fácil. Eu...pensei muito, muito mesmo depois que aquele garoto sumiu com o corpo dela. Fiquei me perguntando se eu tinha realmente feito a coisa certa e se aquilo iria dar em algo positivo. Não houve tempo para um diálogo mais explícito e eu só pude contar com a palavra do garoto de que aquela era a vontade de Kyoko.

Kanon que escutava o diálogo atentamente, ficou pasmo ao constatar o que ele nunca havia desconfiado. Shion. Sim! Havia sido o Grande Mestre a entregar o corpo de Kyoko.

— Perai! Quê? Eu...não acredito! Shion? Foi você...- balbuciou Kanon, perplexo, nervoso.

—Ele ainda não sabe. – falou Shaka.

O gêmeo mais novo olhou de um para o outro, Shaka então se aproximou, estendendo o indicador e tocando a testa dele, usando o cosmo e liberando a memória bloqueada.

E como um véu, o cosmo de Shaka descobriu os olhos de Kanon, deixando o marina em choque com a revelação de suas memórias...

 

“—Vamos Kanon! – ordenou o grande mestre.

O gêmeo de Saga sentiu um calafrio, olhando mais uma vez por cima dos ombros o youkai sentado ao pé de uma árvore. Respirou fundo, odiando aquela ideia absurda, mas mesmo assim seguindo o Papa.

— Shion, o que vamos fazer? – indagou ao ver o outro parar de frente a um pequeno curral. – Isso não está certo. Enganar o Saga, o santuário inteiro, eu...não sei. Isso, isso me parece...errado.

— Você se sente culpado por todas as desgraças que assolaram a vida de Saga. – Kanon empalideceu. — Entendo como se sente, Kanon. Já fez muito mal ao seu irmão no passado, sei que é difícil para você ter que enganá-lo assim, mas como cavaleiro sabe melhor do que ninguém das decisões difíceis que nós, defensores da justiça, temos de tomar mesmo magoando alguém que amamos.

Kanon bufou, rendido, abaixando a cabeça. Sabia que Shion estava certo. A segurança do mundo dependia deles mesmo que tivessem que ferir pessoas queridas.  

— Sei o quanto é difícil pra você e acredite, para mim também não está sendo fácil. – aproximou-se, acariciando uma das vacas. — Saga já sofreu demais nessa vida e a Kyoko foi o alento ao qual ele precisava. Athena sabia disso, eu soube desde a primeira vez que a vi.

— Por isso deixou ela com o Saga.- completou Kanon dando um leve sorriso.

— Esse garoto youkai está sofrendo muito, tanto quanto o Saga e pela demonstração de coragem em arrancar seu próprio braço ele sabe bem o que está fazendo.

— Não consigo confiar nele. Nem sabemos quem ele é ou...de onde veio. – rebateu Kanon preocupado.

— Mas não temos outra escolha.

— Pelos deuses! Eu sei que você está certo, mas...eu...me sinto horrível. – Kanon passou as mãos pelo rosto, subindo pelos cabelos. — Por Athena, Shion! O Saga vai velar e chorar por um pedaço de carne que nem mesmo faz parte da Kyoko. Não! Eu...não vou conseguir fingir que nada aconteceu. Expulse-me do santuário, chame-me de traidor outra vez, mas não me obrigue a magoar meu irmão de novo. Saga não merece e eu não posso lidar com isso. Por favor, Shion, não me...obrigue a isso.

O Cosmo agitado e triste de Kanon entristeceu o Grande Mestre. Realmente para o mais novo seria um fardo enganar seu irmão e amigo daquela maneira. Mesmo não demonstrando Shion estava deveras angustiado e temeroso quanto aquela decisão. Se aquele youkai fosse um mentiroso, um espião do inimigo jamais se perdoaria pelo erro e era isso que massacrava o coração do marina. Kanon temia, e com razão, que aquele ato desencadeasse um desastre no psicológico instável de Saga e saber que podia ser um dos responsáveis por isso o desesperava absurdamente.

Shion sorriu de lado, caminhando até Kanon, parando de frente a ele, tocando seu ombro em apoio, dizendo:

— Você não tem de se preocupar, esse fardo não é seu, ele é meu.

Os olhos violáceos do Grande Mestre seguiram por cima do ombro do mais novo, mirando algo que antes não estava ali. Kanon percebeu, virando rápido e encontrando o rosto inexpressivo de Shaka. Suspirou sinceramente aliviado, fechando os olhos por alguns segundos e depois voltando a olha-lo. Com certeza ele era a melhor opção: Shaka de virgem. Ele aguardaria aquele segredo com sua alma.

— Vai fundo. – Kanon autorizou.

Sem dizer nada Shaka estendeu a mão, tocando com o indicador a testa de Kanon, emanando seu cosmo, só um pouco, mas suficiente pela entrega do outro, paralisando e bloqueando as memórias dele. O rosto inexpressivo e os olhos abertos de Kanon parado no tempo.

— Obrigado, Shaka. – disse Shion, virando-se na direção da vaca que mastigava alguma ração.

— Não será mais necessário, não se preocupe eu já dei um jeito e ele já não está mais no nosso mundo.

— Que bom! Eu sinceramente...não queria matar a vaca. – desconversou, tentando esconder a angústia.  — Espero que o Saga me perdoe. ”

 

Kanon piscou duas vezes, olhando de Shaka para Shion e depois seu igual. O coração batendo na garganta, quase dilacerando seu peito por conta daquela nova informação. Então, realmente ele ajudara os youkai a ficar com o corpo de Kyoko. Engoliu em seco; sem jeito passou a mão nos cabelos sem conseguir retribuir o olhar doce de Saga.

Sinto muito ter escondido isso de você, Saga. Eu...me sentia cada vez pior com o passar dos dias. Sem notícias, sem saber se a minha decisão tinha mesmo sido a certa.

Venha! – disse Shaka, tocando o ombro de Kanon e saindo com ele, deixando Saga e Shion a sós.

Quando Cheshire me mostrou o que tinha acontecido eu me senti traído. Enganado. Fiquei com muita raiva...- sorriu, virando em direção onde Kyoko e Saori conversavam, sorrindo, sob o olhar atento dos Shinobis.

...mas quando eu olho para ela, vejo seu sorriso e sinto seu abraço eu sei que foi a melhor coisa que você, Kanon e agora, Shaka puderam fazer por mim e por ela. – fez uma pausa, admirando o sorriso entre covinhas de Kyoko. Obrigado, Shion. Muito obrigado!

O sorriso amigável e sincero de Saga foi como uma faca afiada e forte, cortando o laço que enforcava Shion em silêncio, o torturando pela culpa. O ariano retribuiu o sorriso, apertando um dos ombros do mais novo em apoio. Voltou os olhos para o jardim enorme, ficando também admirado com a cena. Kyoko e Saori pareciam íntimas de anos pelas risadas e gestos que faziam. Athena estava feliz pelo retorno da raposa. Amava seus cavaleiros e sempre desejou o melhor para eles. Ter Kyoko de volta ali era todo o alento que o angustiado cavaleiro de Gêmeos precisava.

Ela sempre esteve aqui comigo, Shion. Desde que eu era moleque. – Shion olhou Saga, surpreso. Da pra acreditar? Ela me salvou quando eu tinha 3 anos.

Ora, então, isso justifica e muito o apego e confiança que ela tem por você.

Pode ser, mas ela não lembra. Hiroaki tentou providenciar que ela nunca se lembrasse de mim, mas mesmo assim, mesmo ele tendo feito de tudo, no fundo, bem lá no fundo nosso elo nunca se desfez. Ela me amou, esteve comigo quando eu não tinha ninguém. Todos me acusavam de ser o irmão do amaldiçoado e por isso eu devia ser também. As crianças fugiam quando eu e Kanon tentávamos nos aproximar. Por isso Kanon me odiava, dizia que se eu não existisse nada disso aconteceria com ele, mas eu não conseguia, nunca consegui odiar meu irmão, mesmo quando ele me batia, me xingava eu não conseguia odiá-lo. E onde a Kyoko entra nessa história? Bem! Eu havia brigado feio com Kanon, trocado socos, chutes e insultos, e em meio a eles, pela primeira vez eu ouvi meu irmão dizer com todas as letras que me odiava. Que queria que eu morresse. Foi um golpe duro pra mim, um soco teria doído menos. Mas o Kanon não se importava, ele queria me machucar e naquele dia ele havia conseguido. Fiquei arrasado! Corri chorando sem bem saber para onde ir, esquecendo-me que já era bem tarde da noite. Corri em meio as árvores. Sem querer esbarrei num homem. Eu não lembro do rosto dele, mas lembro que ele tentou me levar pra algum lugar. Eu lutei, revidei como pude, mas era um fraco e foi aí que eu vi o primeiro mostro de muitos que veria na vida. Eu fiquei apavorado! Sabia que não devia, eu seria um cavaleiro de ouro, já havia começado a treinar, mas mesmo assim eu fiquei com muito medo. Ele era enorme! Com garras e dentes gigantescos, parecia um lobo gigante. Quando ele agarrou o homem e começou a devorá-lo vivo eu fiquei em choque. Prendi o grito, mas não meu desespero.  – Saga respirou fundo, agora suas memórias daquele dia clareavam cada vez mais. Shion ouvia tudo com atenção e muita curiosidade.

Eu corri feito um desesperado, sabia que ia morrer. Com medo de morrer. Quando eu achei que não tinha mais chance, foi aí que ela apareceu. Kyoko estava lá, Shion. Ela me salvou, cuidou de mim e sempre, sempre vinha me visitar. Por isso Hiroaki odiava nosso mundo, porque sua obsessão pela Kyoko ia além de qualquer coisa e aceitar dividir o amor dela com um...ratinho como eu era o cúmulo de qualquer coisa que ele pudesse aceitar. Ele tentou me matar, mas não conseguiu. Ela, outra vez, me salvou.

Ela...enfrentou Hiroaki...por você? – indagou quase morrendo de curiosidade.

Inconscientemente sim. Ela entrou na frente do golpe que arrancaria minha cabeça. Em consequência ficou entre a vida e a morte e eu...- olhou para Shion. ... ganhei Ares.

O...quê?

Lembra quando disseram que eu caí do penhasco procurando ajuda para Kanon quando ele ficou muito doente?

— Mas...é claro que eu lembro. Como eu poderia esquecer? Quase perdi vocês dois de uma vez. – respondeu Shion, transtornado.

—Então, eu não caí do penhasco e o milagre que salvou Kanon tinha nome e sobrenome: Kyoko Asano.

— Pelo deus! Ela...curou o Kanon. – balbuciou Shion com o olhar perdido.

— Sim! E por consequência disso enfraqueceu, recebendo o golpe de Hiroaki. Ele atravessou o peito dela e acertou minha cabeça de raspão, mas o suficiente para me deixar uma sequela pro resto da vida. – Saga respirou fundo, voltando a observar Kyoko e Athena.

— Saga, isso é...quase inacreditável, eu nunca poderia imaginar.

— Quem poderia? – fez uma pausa. — Antes disso tudo acontecer Cheshire tinha medo de que Hiroaki descobrisse sobre mim. Acho que ele tentou me matar também na tentativa de manter a Kyoko segura, mas ela não permitiu e... deu a ordem para que ele nunca me machucasse. Se ela não tivesse feito isso, Cheshire teria terminado o serviço de Hiroaki, mas em vez disso ele me colocou lá, naqueles rochedos, fazendo parecer um acidente. Eu perdi a memória. Lembro-me que eu sabia quem Kanon era, mas esqueci de Julieta e de muitas outras pessoas, incluindo a Kyoko. E foi aí depois de alguns meses que eu comecei a ouvir as vozes.

— Pelos deuses! Saga...isso...isso é...inacreditável. – Shion fez uma pausa, respirando fundo para se recuperar da enxurrada de informações. — Então, foi Cheshire que te contou essas coisas.

— Sim! Ele me mostrou, através de seus olhos, suas lembranças. Ele sempre esteve com a Kyoko, via e sentia tudo, e me mostrou uma pequena parcela disso. Shion, eu...não lembro de muita coisa. Na verdade, eu não tenho a menor noção de quanto tempo a Kyoko ficou comigo. Eu desconfio que tenha sido mais tempo do que eu posso imaginar porque ela enfraqueceu muito quando salvou o Kanon. Eu já tentei acessar minhas memórias usando meu cosmo, mas mesmo assim, não consigo. Então...eu pensei que talvez, você e o Shaka...pudessem me ajudar.

— Bom, já tentamos com a Kyoko e mesmo que não tenha dado certo com ela, não podemos dizer o mesmo de você. Claro que tentaremos, Saga. Venha! Shaka e Kanon já devem estar esperando. É bom estar preparado, pois ainda temos muito o que conversar. Eu fiz umas pesquisas e ...bem...melhor irmos. – falou Shion começando a caminhar.  — Ah! Não se preocupe, eu já sei sobre Poseidon e Dionísio. Nosso querido deus dos mares nos agraciou com essa informação através do cosmo. Ele parecia bem empolgado.

Saga bufou, passando a mão na testa e acenou positivamente, ficando curioso e um tanto receoso. O que será que Shion havia descoberto? Só esperava que fosse uma solução para pelo menos um de seus problemas. Sua dor de cabeça ainda incomodava e muito depois de mais uma enxurrada de informações.

— Empolgado é?! Que ótimo! Só espero que você tenha uma solução para mais essa bomba. — retrucou Saga, entrando na gigantesca biblioteca onde Shaka e Kanon conversavam.

— Na verdade, acredito piamente que não precisamos nos preocupar com Poseidon. O...vaso só está curioso mesmo tendo um bom motivo para isso, mas quanto a Dionísio?! Esse sim me preocupa e muito.

— Mas Dionísio? Ele nem é um deus tão perigoso assim. Quase nunca deu as caras aqui. Até porque, ele odeia o santuário. Tirando as servas e servos. Isso sim ele gosta e muito. — falou Kanon sacando do que Saga e Shion conversavam.

— Exatamente! É aí que está o ponto. Dionísio é o deus dos prazeres e o que você acha que alguém que é responsável por todo e qualquer tipo de prazer do mundo irá querer com alguém como a Kyoko? – indagou Shion, pegando um pergaminho muito antigo em uma gaveta grande.

— Prazer! – respondeu Saga, irritado.

— E não é só sexual. – completou Shion, depositando o pergaminho na mesa. — A verdade é que temos duas coisas a nosso favor e duas contras.

— Ah é?! E o que são? – indagou Kanon cruzando os braços.

—A primeira é que Dionísio não pode ir contra a Santa trégua, ou seja, ele não poderá desobedecer às regras. Não pode simplesmente chegar aqui e exigir que entreguemos a Kyoko a ele, que é um deus, e se acha no direito de ter uma Kitsune muito mais do que um humano e ainda por cima...um cavaleiro de Athena. A segunda é que enquanto a Kyoko estiver dentro do santuário estará protegida pelo cosmo de Athena. – Shion abriu uma gaveta menor, apanhando seus óculos.

— E os contras? – volveu Kanon.

— Uma é que a Kyoko não pode sair do santuário...

— Isso eu já percebi. – falou Saga, ansioso.

— E a segunda é que Dionísio é um deus e não será a Kyoko a quem ele tentará influenciar. – levantou o rosto. — É você, Saga.

— A mim?

Saga crispou o cenho, sem entender. Como assim? Tentá-lo? Mas...se era Kyoko quem o deus queria, porque então o alvo era ele?

— Sim, você. Saga, Dionísio é um deus e ele sabe muito bem como jogar. O seu feito já se espalhou por todo o Olimpo e principalmente que você e a Kyoko vivem debaixo do mesmo teto. A Kyoko não confia em ninguém, só em você e Dionísio sabe disso. Eu acredito que ele iria tentar quebrar essa...confiança excessiva que ela tem em você. Se isso acontecer, as chances dele conseguir seduzi-la serão maiores.

Saga sorriu sarcástico, meneando a cabeça em negativa. Só se fosse um louco em trair Kyoko com qualquer outra mulher. Depois de tudo que passaram?! Ai ai...pobre Dionísio!

É sério que ele acha mesmo que eu vou trair a Kyoko?

Eu não sei, conhecendo o histórico dele, isso é o que eu acredito que ele vai tentar fazer.

Shion então empurrou os papeis que jaziam jogados pela mesa enorme, ganhando espaço e abrindo, enfim, o pergaminho muito antigo encontrado no que eles chamavam de “Museu dos adormecidos”. Aquele era o lugar sagrado, onde várias relíquias de cavaleiros antigos eram guardadas. Coisas comuns como: diários, roupas antigas, sapatos, objetos pessoais, cartas de amor, livros, etc. Tudo guardado com zelo, eternizando uma pequena parte de todos os cavaleiros mortos em batalhas durante Eras. O pergaminho havia sido encontrado por Dohko junto de Shion dentro de um baú antigo que pertenceu ao Cavaleiro de Aquário do século XV, Krest. Pela forma que havia sido embalado e principalmente conservado por mais de 600 anos, ele nunca devia ter tocado naquilo, a não ser no dia que ganhara.

Ao terminar de abri-lo Saga e Kanon se impressionaram com as figuras e a caligrafia oriental antiga, alguns Kanjis antigos que Saga nem sabia existir. Ele observou tudo com atenção, se focando mais atentamente ao desenho que ficava no final do pergaminho. Era um desenho maior onde dois homens imponentes, com barbas cheias e corpos musculosos estavam de pé diante de quatro pessoas ajoelhadas como se recebessem uma benção. Voltando um pouco mais, via-se um dos homens imponentes, de pé em meio ao oceano aberto até o horizonte e no final dele, algo brilhava destacado no céu.

Já Kanon observava o início, tocando com cuidado, deslizando os dedos na imagem de algo que parecia o paraíso. Via-se vários homens, mulheres belíssimas os adulando e o que pareciam ser animais híbridos. Kanon franziu o cenho, sem entender.

—O que é isso? – perguntou Kanon tentando entender aquele monte de gravuras.

Shion respirou fundo, se aproximando do gêmeo mais novo, tocando a gravura, deslizando ali e voltando só um pouco mais até o início. Saga se aproximou, seguindo as mãos de Shion até onde ele indicava. Nela os dois homens estavam sentados, um do lado do outro, enquanto um deles moldava algo que parecia barro o outro regava com água que saía de suas próprias mãos, dando vida a algo semelhante a um homem-pássaro.

— Antes de eu começar a explicar, vocês conseguem se recordar da história que a Keiko nos contou sobre como a barreira do Makai foi criada? – Shion perguntou, olhando de Kanon para Saga.

— Eu me lembro de algo sobre um tal Mundo superior e o mundo dos monstros terem feito um acordo para separar os youkais dos humanos. – Saga respondeu.

 — Isso! Agora, em algum momento você já parou para pensar quem está no nosso Mundo superior?

Saga e Kanon ficaram em silêncio, pensativos, observando a gravura. Era uma boa pergunta. Uma pergunta fácil de responder e que deixou os Gêmeos de queixo caído.

Kanon se afastou um pouco, sorrindo bobo. Como nunca havia pensado naquilo? Saga ficou estático, não acreditando em como, também, havia deixando aquilo passar.

— É isso aí meus caros.

Novamente Shion apontou para o pergaminho, iniciando assim a explicação.

— A centenas de milhares de anos, logo depois de Poseidon e Zeus terem aprisionado Hades no Meikai, os nossos amados deuses parecem ter ficado sem ter muito o que fazer. Então... – apontou. — ...Zeus e Poseidon resolveram brincar de criar, usando sua imaginação e poder para dar vida a algo que eles chamaram de Yvrídia. De início eles se restringiam em apenas...entreter ou embelezar o Olimpo, mas...como já conhecemos bem, alguns deuses não gostaram muito, já outros...gostaram demais.

— Hãn! Imagino! Eles adoram uma boa putaria! Se já não bastassem as ninfas, ainda mais essa?! – resmungou Kanon.

—O problema era que dessas relações, outros Yvrídia, misturados com sangue de deuses como Apolo, Ares, Abel e outros, começaram a surgir, tão poderoso que os próprios deuses começaram a temer. Preocupado com aquela situação, Zeus e Poseidon tomaram uma decisão...- escorregou o dedo pelo pergaminho até outra gravura. — ... eles expulsaram todos os Yvrídia do Olimpo, criando um mundo só para eles. O problema era que para manter esses seres bem longe dos deuses o mundo deles foi criado no mais profundo abismo, ficando assim esquecidos durante muitos e muitos anos.

Shion então puxou o pergaminho, se ajeitando entre os gêmeos curiosos e um Shaka tão curioso quanto.

— Foi aí então que, novamente, Zeus começou com suas criações...

— Nós! – disse Shaka

— Sim! Mas... Zeus lembrou-se de que cada ato feito na vida, mesmo que seja imortal tem seu preço e os Yvrídia, descobrindo o caminho para o Nigenkai também descobriu o gosto de nossa carne e o poder que eles conseguiam absorver de nós. Zeus, ficou furioso, pensou em destruir todos, mas observando aquele mundo mais de perto ele viu que haviam Yvrídia novos, bondosos, uns mais belos e incríveis que os outros e da mesma forma que seus olhos, outra vez, se voltou para eles com favor, o de alguém que ele não contava também se voltaram.

Outra vez Shion puxou o pergaminho, apontando para a figura grande, com um enorme manto negro, em cima de uma rocha a observar um mundo. Pessoas esqueléticas, várias, estavam ao seu redor tentando toca-lo.

— Pelos deuses! Hades?! – balbuciou Saga. Shion sorriu, satisfeito.

—Sim, Hades, Saga. O Makai foi feito abaixo do Meikai, ou seja, o Inferno, submundo. Enfraquecido, Hades viu ali sua chance de ter um exército mais poderoso e imensamente maior do que o seu próprio, já que o Makai e duas vezes maior que o nosso mundo e o Meikai. Preocupados com aquela união, Zeus e Poseidon decidiram então separar os Yvrídia de qualquer outro mundo, unindo-se e usando de seu imenso poder para criar a barreira.

— Mas, a Keiko disse que foi o mundo dos monstros quem ajudou a criar a barreira. – falou Kanon, gesticulando.

— Não, não foi. Os youkai aceitaram tomar conta das falhas da barreira, mas nunca aceitaram serem isolados assim. – Shion puxou o pergaminho até o final, mostrando aos três as primeiras imagens que Saga havia visto. — A pedra, a Adamantine foi criada pelo próprio Zeus, partida em quadro partes pelo Tridente de Poseidon e entregue aos quatro Kages para cuidarem das falhas e intervir em qualquer problema naquele mundo.

Saga crispou o cenho, se afastando da mesa, respirando fundo e tentando absorver toda aquela informação. Agora muita coisa estava finalmente sendo respondida. Ele nunca havia conseguido entender como Kyoko podia se esconder daquela maneira e principalmente andar pelo santuário sem ser notada nem mesmo por Athena. Seus ancestrais, os primeiros, assim como os de todos os outros Youkais, haviam sido criados pela essência dos deuses, herdando habilidades que nenhum humano teria. Entendia o porquê de serem tão atraentes e o motivo de sua beleza exagerada.

“ Ter Kyoko-sama é uma blasfêmia que até os deuses virão para contestar! ”, lembrou-se das palavras de Águia, e mesmo sem querer admitiu que ele estava certo. Os deuses haviam separado os youkais dos humanos não foi atoa e contestar o direito sobre ela era o que Dionísio queria.

— Meu deus! Ela...ela teve contato direto com Poseidon e...Zeus? Por que ela nunca disse nada? Ela nunca contou isso pra você?! Mas que merda! – irritou-se Kanon, preocupado.

— Talvez ela não lembre. – disse Shaka, acalmando o gêmeo mais novo sem querer.

—Ela teve as memórias roubadas duas vezes. Hiroaki gostava de brincar com a mente das pessoas e com a Kyoko, não foi diferente. – completou Saga, seríssimo.

— Então, é provável que quando chegou aqui nem ela saiba mais disso. O mais engraçado é que a Keiko também não parecia saber, parecia confusa. – Shion apoiou o indicador no queixo, pensando sobre aquilo.

—Talvez a Keiko seja muito nova, claro! Na idade de um youkai. – Kanon pensou também. — Mas...e nós? E Athena? Ela...também pareceu bastante surpresa quando viu a Kyoko a primeira vez. Se foi Zeus e Poseidon quem brincaram de...massinha de modelar no Olimpo, seria normal que ela soubesse da existência deles, não?

—Eu sei, já pensei nisso. E muito! Mas não encontrei as respostas. É difícil entender porque pelo que me parece, a cultura oriental meio que os adotou, entende?! É como se eles estivessem sido aprisionados e esquecido pelos deuses, mas resgatados por lá.

—Athena já viu esse pergaminho? – indagou Saga, observando as figuras.

—Sim, foi ela quem nos ajudou a desvenda-lo e ficou tão perplexa quanto nós.

—Uma coisa é certa, Poseidon e Dionísio estão vindo ao Santuário e eu acredito que ninguém melhor do que o próprio criador desses seres para nos dar as respostas que faltam. – Shaka se pronunciou de olhos fechados.

Saga respirou fundo, passando a mão nas têmporas. Sua cabeça doía muito e ele já começava a sentir vertigens e enjoos. Shaka sentiu, através do cosmo, o incomodo e agonia do Geminiano, aproximou-se um passo, cobrindo a testa de Saga com a mão esquerda. Ele se assustou um pouco, mas logo se acalmou, sentindo o calor bom do cosmo de Shaka evaporar sua dor em segundos. Fechou os olhos sorrindo de lado, aliviado.

—Se sente melhor?

—Muito! Obrigado!

— Dores de cabeça, Saga?! – Shion e Kanon ficaram preocupados.

—É! Essa coisa toda com a Kyoko...está me deixando a ponto de ter um colapso.

—Entendo, realmente é muita coisa, mas...ainda tem mais algumas coisas sobre ela que preciso lhe dizer e dessa vez acho melhor você sentar. – alertou Shion, sério.

 

 

♊oOoOo♊

 

 

Uma das servas do décimo terceiro templo caminhou apressada pelo salão, observando tudo a procura de alguém. Ouviu algumas vozes, se aliviando em finalmente encontrar quem procurava.

— Senhorita! Senhorita Athena!

Saori parou o diálogo, virando em direção a voz que lhe chamava. A jovem serva, aproximou-se um tanto cansada e levemente ruborizada, olhando a kitsune com admiração e curiosidade.

— Diga! O que houve? – falou Saori, sorrindo.

— Ah! Desculpe interromper, Senhora, mas...o senhor Pégaso. Ele está a sua procura. A aguarda em seus aposentos, ele disse que era urgente. – informou a jovem.

Saori estranhou, mas mesmo assim ficou muito feliz. Sentia saudades do amado. Seiya havia viajado para o Japão a quinze dias e já não aguentava de saudades.

— Ah! Até que enfim! Seiya! Oh! Kyoko, você se importa se eu...

— Não! Claro que não, pode ir. Obrigada pela companhia. – sorriu a raposa.

Saori iria correr para os braços de seu Pégaso, mas parou no meio do caminho, voltando no mesmo passo e abraçando Kyoko. A kitsune se surpreendeu com o gesto, ficando sem saber bem como reagir.

— Obrigada, Kyoko! Obrigada por tudo que você tem feito pelo Saga. Ele merece e muito ser feliz, ser livre de tanta culpa, tanta dor e eu sei que você é a única capaz de dar isso a ele. – sussurrou Saori.

Kyoko sentiu a respiração falhar. Não esperava pelo gesto da jovem deusa e muito menos ouvir aquelas palavras. Culpa? Dor? De quê? O que Saga havia feito afinal? Por que sentia que ali era a única a não saber de nada?

Saori beijou o rosto emocionando de Kyoko, saindo a passos apressados.

Os shinobis se aproximaram mais, percebendo a confusão e dúvida no olhar perdido dela.

— Tudo bem, Hime-sama? – Ookami perguntou, se abaixando um pouco para olhar o rosto dela mais de perto.

— Sim, eu... Só não espera por isso. – sorriu feliz.

Kyoko girou nos calcanhares, movimentando sua yukata rosa, com flores brancas e lizasses por toda a barra e manga, como uma boneca, do jeito que Yamoto julgava que devia se vestir. A mudança de estação na Grécia favorecia e muito o uso daquelas roupas. Uma tiara adornava seus cabelos soltos com pequenas flores douradas e miúdas pedrarias coloridas, descendo em cordões pela lateral da franja, destacando-se naqueles fios de forma bela e simples. A boca pintada de rosa e um esfumado rubro no canto exterior dos olhos, deixavam Kyoko ainda mais linda. Quem a olhava assim jamais acreditaria que ela era o segundo Kage mais poderoso do Makai.

A raposa saiu caminhando, entrando pelo jardim gigantesco, observando as folhas amareladas de outono cobrir a grama no chão e as varias cores de rosas, cultivadas e vivas graças a existência do Cavaleiro de peixes. Nem mesmo a mudança de estação e o frio cortante do inverno eram páreo para ele.

Dentro do salão enorme, Saori segurava a barra de seu vestido, correndo apressada, louca de saudade. O sorriso no belo rosto se alargou mais ao ver na entrada do corredor, o jovem matador de deuses caminhar, distraído, coçando a nuca.

—Seiya – chamou Saori.

—Ah! Saori!

O jovem Pégaso alargou o sorriso, correndo como um louco, agarrando Saori em seus braços, tomando os lábios macios e adocicados da amada com carinho. Saori suspirou dentro do beijo, o coração disparado de emoção e excitação, as mãos ao redor do pescoço dele subiram pelos cabelos assanhados, embolando os dedos, sentindo a textura grossa e lisa. Saori estranhou um pouco, mas não parou; o beijo se tornou mais intenso, forte, exigente. Tão exigente e exageradamente experiente que assustou a deusa da sabedoria. As mãos respeitosas de Seiya, ganhando uma coragem quase inexistente nele, avançando sobre as nádegas macias de Saori. Ela abriu os olhos num rompante, assustando-se ainda mais com que seus olhos viram e nervosa empurrou o, agora, homem desconhecido.

—Quem é você? – perguntou com a voz num fio.

O homem sorriu de lado, lambendo os lábios e os tocando com a ponta dos dedos. Saori tinha um gosto bom, muito bom por sinal. Tão bom que os olhos azuis do homem correram por seu corpo, dizendo em silêncio o que lhe passava em mente.

Nervosa, Athena se encolheu. Ela podia jurar que era Seiya, seu Seiya, quem havia lhe beijado. Quem! Quem era aquele homem? E como ele podia ter chegado até ali sem ser notado por nenhum cavaleiro sequer? Como ele havia conseguido se passar tão perfeitamente por Seiya e enganar justo ela com a maior facilidade do mundo?

O homem então sorriu mais, fazendo uma reverência sádica, olhando no fundo da alma de Saori como nenhum jamais fizera igual em toda sua existência e no mesmo ritmo lento em que se curvou diante dela, ele ficou de pé, mostrando suas íris azuis cintilantes e os caninos pontiagudos do sorriso sarcástico, sádico.

—Foi um prazer enorme, jovem deusa!

E sem aviso o homem explodiu em uma fumaça negra, avançando sobre Saori, passando por ela, esvoaçando seus cabelos e o longo vestido. Amedrontada, Saori fechou os olhos, dando um grito tão apavorado que Saga, Kanon, Shaka e Shion pularam de susto dentro da enorme biblioteca.

 

♊oOoOo♊

 

No jardim Águia pensava em Ume, sentado em um dos bancos de madeira. Olhava Kyoko de longe, acompanhada de Yamoto, mas sem ver realmente. A mente longe, preocupada, distraída, não viu e muito menos sentiu a aproximação da densa névoa se espalhar por todo o local, tornando a visibilidade ali quase nula.

Uma leve brisa, como um assopro, arrepiou a nuca do Shinobi, assustando-o e o fazendo ficar de pé. Águia passou a mão no local, virando de um lado para o outro e não vendo nada. Seus olhos mudaram de cor, ficando em alerta para o que, sabe se lá, estava por vir. Deu um passo, depois outros, virando para um lado e quando o shinobi retornou não teve tempo. Uma mão tocou a testa de Águia, deslizando por sua franja, paralisando o shinobi no tempo, de olhos arregalados e boca aberta.

Mas ao fundo Ookami tentava se localizar, virando de um lado para o outro, puxando sua katana e aprumando o corpo.

Chikushou!!(Porra!) HIME-SAMA! – gritou, sem sucesso.

Devagar deu mais alguns passos, se irritando ao dar de cara com um muro de arbustos. Ookami tentava farejar, se encontrar ali, mas com aquela neblina não conseguia ver e muito menos sentir nada. Bufou, virando e assim como Águia, uma mão tocou sem ombro o pegando na mesma armadilha.

No centro do jardim, próximo de Kyoko, Yamoto ouviu um assobio e se virou, rápido e mesmo sendo o mais cauteloso de todos os shinobis, ele não conseguiu perceber o que acontecia e muito menos o que vinha em sua direção. Seus olhos se abriram o máximo possível no único segundo que tivera de reação antes do dedo indicador tocar seus lábios, como um leve beijo o congelando no tempo também.

O homem sorriu satisfeito, observando a figura belíssima de Kyoko, distraída com os peixes na fonte, completamente alheia ao que acontecia ali. Ele deu alguns passos, pisando nas folhas, as quebrando mesmo sem querer.

—Esse lugar não é nem de longe mais belo que você.

Kyoko se alertou, virando rápido, observando a figura masculina, imponente e mais do que conhecida lhe admirar mais do que a uma bela flor ou um diamante. E diferente de Saori, a kitsune sorriu feliz e sem pensar duas vezes correu, se jogando nos baços calorosos daquele homem.

 

♊oOoOo♊

 

—Athena?! O que houve? – Shion se aproximou, recebendo a jovem, que chorava muito, nos braços.

—Ah! Deus! Seiya! O Seiya! Não era ele.

—O Seiya?! Pégaso? – Saga se aproximou preocupado.

—Não! Não era o Seiya, era...era um...homem. Um outro homem. Ele...ele se aproximou de mim...

—Homem? Que homem? – Shion perguntou ainda mais nervoso.

—Tinha, tinha um homem e ele...ele fingiu ser o Seiya. Eu pensei que fosse o Seiya...

Saori colocou as mãos no rosto, afundando no peito do Patriarca, chorando assustada, por ter sido beijada e bolinada por um estranho, e temerosa por Seiya.

— Mas o que é isso? – Kanon balbuciou, pasmo, observando o lado de fora, atraindo a atenção dos outros.

Saga crispou o cenho, se aproximando do irmão junto com Shaka. Shion empalideceu, pasmo com a neblina que escondia todo o jardim de Athena.

—Kyoko... – Saga balbuciou, começando a caminhar sem controle algum.

— Devagar, Saga. – Shaka segurou o pulso do mais velho, indo com ele.

Com muita cautela, Shaka, Saga e Kanon adentraram o jardim e como num passe de mágica a neblina no caminho por onde eles percorriam começou a se dissipar, clareando a visão a frente. Caminharam um pouco, atentos. Não conseguiam sentir nenhuma presença ali, nem mesmo a de Kyoko e seus shinobis, para o desespero do cavaleiro de gêmeos. Sabia que não devia ter deixado Kyoko sozinha ali.

—KYOKO! – Saga berrou, ecoando sua voz potente como um trovão por todo o lugar.

 

♊oOoOo♊

 

Kyoko se surpreendeu, ouvindo a voz de Saga lhe chamar. Suas orelhas se movimentaram, atenta a voz dele.

—É o Saga.

O homem olhou desdenhoso por cima dos ombros.

—É... – resmungou.

—Você demorou, demorou demais. Achei que tinha esquecido de mim.

Gome ne!(Me desculpe) Mas eu tive que resolver umas coisas, achei que seria rápido, mas...bem! Isso não importa mais, eu estou aqui, não estou?!

—KYOKO! – ouviu-se outra vez a voz de Saga.

—...agora que eu estou finalmente aqui...- estendeu a mão a ela. —...não vou deixá-la nunca mais. Venha! Eu tenho uma coisa muito importante para lhe mostrar.

Kyoko olhou para o sorriso do homem e depois a mãos que lhe estendia. Entendeu o gesto, erguendo a sua e quando iria tocar a voz de Saga a chamou outra vez. A raposa parou, pensativa. Lembrou-se do apelo de Saga na noite anterior sobre não sair por aí sem ele e ponderou se devia ou não seguir com aquilo.

—Eu...não sei. O Saga, ele...não quer que eu saia sozinha.

— Ora! Mas você não estará sozinha. – fez uma cara triste. — Acha que não sou capaz de proteger você depois...de tudo que eu fiz? Você...não confia em mim?

Kyoko mordeu os lábios, pensativa, olhando a expressão melancólica diante de si e mesmo sabendo que poderia estar cometendo um erro grave com Saga, ela pegou na mão do homem. Um sorriso de orelha e orelha demonstrou o quanto ele se sentia confiante e antes que Saga pudesse chegar ali, ele então desapareceu, levando a raposa youkai consigo.

 

♊oOoOo♊

 

Saga gritou mais uma vez, mas só o eco de sua própria voz lhe respondia. Seu coração já estava a ponto de sair do peito correndo também em busca da sua dona. Se algo acontecesse a ela com certeza se jogaria de um penhasco com uma corda amarrada no pescoço como punição.

  — Puta merda! Olha!

Kanon apontou ao ver a silhueta de alguém. Correu atento mais na frente, se aproximando e vendo a imagem se revelar aos poucos. Saga e Shaka se aproximaram também, ficando perplexos com o que encontraram: Era Águia. Paralisado como uma estátua, o shinobi tinha uma expressão surpresa, com uma das mãos um pouco erguida e a boca aberta como se alguma palavra estivesse prestes a sair.

— Está paralisado.

Com cuidado Saga se aproximou mais, tocando o ombro de Águia. Usando seu cosmo, Saga quebrou o encanto, despertando o shinobi e libertando a palavra que apavorou os três cavaleiros.

—Hiroaki-sama?!!

 

Continua...


Notas Finais


Gente, eu acho que o Saga vai ter um infarto até o final dessa fanfic. Senhor o que é pior, ficar com a Kyoko ou sem ela?
Pessoal! Essa história toda de criação, e blá blá blá foi ideia minha okay?! Tudo que está aí foi criação minha, eu sei que a cultura oriental não tem nada a ver com a grega, mas aqui elas se misturam, então relevem minha viajada ao qual eu espero que gostem.
OBS:
Yvrídia – Significa Híbrido em Grego.


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