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História Uma Flor no Deserto - Interceptados


Escrita por: LaraOrlow

Capítulo 6 - Interceptados


Fanfic / Fanfiction Uma Flor no Deserto - Interceptados

Exterminar zumbis – ok.

Lidar com humanos paranoicos em um mundo devastado – ok.

Buscar comida em áreas perigosas – ok.

Acalmar uma criança – fora de cogitação.

Edward e Kathlin fizeram um limpa na lojinha de conveniência do velho Jason. Descobriram o nome dele no diário de Sofia. A mãe da pequena Cristal. Pegaram tudo o que podiam, inclusive um velho furgão que ficava nos fundos do posto de gasolina.

Após vasculhar todas as entradas e saídas do lugar, logo descobriram por onde o velho chegara sorrateiramente para atacar Edward. Havia uma tábua solta no chão do sótão onde a menina ficava escondida. Por lá o velho entrava e saía, utilizando as estantes do armazém como escada. Ele era bem organizado, isso que lhe dera uma boa chance de sobrevivência até o momento em que cruzou com Ed e Kat, novo apelido que se auto apresentaram à Cristal.

A pequena, apesar de parecer feroz quando atacou o rapaz à mordidas, era na verdade uma menina doce e calma. Só enfurecendo-se quando se sentia ameaçada. O que ocorrera quando a dupla resolvera investigar sua casa após matar o velho avô que cuidava dela.

Kathlin queria que a menina não ficasse sem uma história, por isso recolheu todas as fotografias que conseguiu, antes que Edward percebesse.

O furgão facilitava muita coisa. Organizaram comidas e insumos, além de algumas armas que encontraram escondidas, remédios, roupas e cobertas. Um bom arsenal de diversas coisas que iriam precisar. A moça ia dirigindo o furgão, com a criança ao seu lado, enquanto o rapaz se mantinha à frente na motocicleta. Do dia para a noite uma família havia se formado, ainda que fora de cogitação para qualquer um deles.

Enquanto Kathlin mantinha os olhos firmes na estrada, Cristal se mexia e pulava no banco do carro. Ela perguntava pelo vô Jason a todo momento, ao que parecia, era um bom avô, ainda que houvesse sido cafetão da mãe da menina.

Edward mantinha uma boa distância do furgão, caso encontrasse algo estranho pelo caminho teria tempo de voltar e mandar que ela retrocedesse. Em alguns momentos ele se perguntava porque não desistia daquilo? Porque não pegava a primeira curva que encontrasse, deixando que as duas se virassem com seus próprios problemas? Afinal, o que dera em sua cabeça para arrumar um peso como aquele? Uma mulher e uma criança? Mas logo aparecia um zumbi, ele parava a moto, eliminava rapidamente e seguia em frente, esquecendo-se da ideia de abandonar as duas.

A viagem durou três dias antes que algo além de zumbis cruzasse seus caminhos. De noite paravam, acendiam uma fogueira, faziam um cerco rápido com estacas e latas que levavam no furgão e dormiam dentro do veículo. A comida estava farta agora, então não precisavam se preocupar com caça.

Mas na terceira noite algo aconteceu.

Cristal começou a chorar. Ela estava nervosa, assustada. Gritava pelo vô Jason e parecia inconsolável. Obviamente chamou a atenção dos zumbis que estavam naquele bosque à beira da estrada - e um confronto no escuro era algo que precisavam evitar. Então a solução era viajar durante a noite. Como a menina não parava quieta, o jeito era colocar a moto na traseira do furgão e Edward ir à direção, enquanto Kat continuava tentando acalmar a criança.

Seguindo a rota planejada, chegaram a um ponto da estrada onde os pneus simplesmente começaram a estourar. O primeiro, logo em seguida o segundo, então o terceiro e finalmente o último pneu. Ed precisou de toda sua força para manter o veículo na estrada, mas a derrapagem foi inevitável. O carro rodopiou algumas vezes na pista até ser amparado por um amontoado de árvores.

O susto fora tão grande que a pequena imediatamente parou de chorar e ficou olhando ao redor. Kathlin estava com o coração sobressaltado, a coisa toda tinha sido tão rápida, que mal conseguia atinar seus pensamentos. Edward pressentia cheiro de perigo no ar. Algo não estava nada bem. Porque pneus estourariam do nada num determinado trecho da estrada?

E ele estava certo. Assobios estridentes começaram a ecoar na escuridão ao seu redor. Kathlin grudou o corpinho da criança ao seu. Com um único olhar a moça entendeu que Ed já tinha um plano, deveriam sair dali antes que as pessoas que estavam assoviando se aproximassem, a escuridão seria sua melhor camuflagem agora.

Abriram as portas e saíram correndo na mesma direção, com os corpos abaixados. A pequena Cristal estava tão assustada que mal respirava, parecia entender que estavam em perigo. Os silvos continuavam vindo de todas as direções. Se prestassem bastante atenção conseguiriam perceber um padrão de comunicação, como se estivessem conversando através de assovios.

Eles não podiam fazer muito barulho, então começaram a andar, ao invés de correr, afinal galhos e folhas secas pelo chão faziam mais barulho do que queriam naquele momento. Kathlin seguia o rapaz, mas estava tensa por ter deixado o furgão para trás. E agora, como a criança comeria? Por sorte seu arco e aljava com flechas, estavam sempre com ela, mas Ed perderia sua motocicleta.

A fuga não durou muito tempo. Logo foram interceptados por uma rede longa que estava estendida entre as árvores, como uma gigantesca teia de aranhas disposta para agarrar presas. Edward pensou em ir para os lados evitando a rede, mas logo aquela ideia lhe pareceu impossível, pois ela parecia se estender por um longo caminho. Voltar para trás seria o mesmo que ir de encontro com o grupo de assoviadores. Então o rapaz pegou seu punhal e começou desesperadamente a tentar cortar a rede. Mas sua trama era trançada com aço.

Um silêncio quase mortal invadiu o bosque. Nem mesmo a respiração dos três era audível. Até que Cristal começou a chorar novamente.

- Faz ela calar a boca, porra! – sussurrou Edward.

- Só se eu tampar a respiração dela até sufocar...

- Então faça isso, não estou a fim de ser feito prisioneiro por algum grupo de malucos – os olhos dele chispavam de ódio.

O som trouxe, rapidamente, até eles as pessoas que assoviavam. Uma luz intensa iluminou o trio, fazendo a criança ficar em silêncio fechando os olhinhos. Edward e Kathlin também piscaram muitas vezes, até que seus olhos se acostumaram à intensidade da luz. Um grupo de onze mulheres estava ao seu redor. Com lanternas de led, armas pesadas e roupas de militares.

- Nós só estávamos de passagem, nos deixem ir, por favor, tenho uma criança. – Kathlin forçava uma voz delicada e gentil.

Uma das mulheres saiu da formação em semicírculo e se aproximou do trio. Ela iluminava o rosto do rapaz, que tentava em vão cobrir com os braços.

- Ora, ora – o tom dela era um misto de sarcasmo e surpresa – quem é vivo sempre aparece. Senhor Edward Dixon. Temos algumas contas a acertar meu caro.

- Eu não a conheço, quem é você?

Como Anne poderia esquecer aquele rosto? Afinal a atitude daquele rapaz, no início da epidemia, tinha sido decisiva para que ela se tornasse quem se tornou, alguém muito diferente da jovem frágil que vivia no mundo anterior.

- Como não se lembra de mim senhor Dixon? Graças a você ganhei isso – Anne iluminou o próprio rosto e apresentou uma comprida cicatriz que ia da orelha direita até o canto da boca.

- Ele perdeu a memória, eu já o conheci assim – rapidamente Kathlin intercedeu.

- Sério? – A mulher com roupa de militar deu uma risada. – É o que veremos. E essa criança? Sua isca para o caso de encontrarem mortos pelo caminho?

Kathlin arregalou os olhos. Agora sentia medo pela pequena.

- Não, é minha filha... - respondeu engolindo em seco.

- Que loucura ter filhos num mundo como esse. – Gritou uma das garotas que se mantinha a postos com o restante do grupo.

Cristal pareceu pressentir o perigo e agarrou o pescoço de Kat, enfiando o rostinho no cabelo dela e choramingando enquanto sussurrava: mamãe.

- Talvez não seja tanta loucura assim, carne de criança é tenra e macia, talvez seja um bom recurso para períodos sem caça. – Disse a primeira com escárnio. – Bom, a conversa está ótima, mas estou querendo ver o que tem naquele furgão. Serão minhas convidadas até eu decidir o que fazer com vocês. Quanto ao senhor, senhor Dixon, é meu convidado de honra. Temos algumas conversas pendentes para colocar em dia. Vamos ver se realmente perdeu sua memória.

A um sinal as garotas se dividiram em dois grupos, cercando os dois adultos e a menina. Uma arrancou Cristal dos braços de Kat, e já levava mordidas, antes de imobilizá-la e amordaçá-la. Apesar de esboçarem sinais de tentativa de luta, Ed e Kat também foram imobilizados, o que não seria nada difícil naquelas circunstancias, afinal, carregavam apenas um punhal e um arco com flechas, mas tinham fuzis apontados para suas caras.

Antes de serem puxados por cordas presas à coleiras de ferro, escutaram a mulher falando mais uma vez:

- Muito prazer, sou Anne Dixon



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