Eu não deveria chorar...Mais é quase impossível. A garota gritou que tinha nojo de mim...Me magoou.
Limpo uma lágrima que escorre e acerto a bola na cesta outra vez. Basquete é meu segundo esporte favorito depois do vôlei. Os meninos sempre fazem campeonatos também mas não me deixam jogar por que tem muito contato físico, corpo a corpo e eles não querem uma garota como eu grudada neles. Por isso sempre jogo sozinha na quadra átras do meu edifício.
Acerto outra bola na cesta e paro para descansar. Peguei minha garrafa de água e abri jogando na minha cabeça, o tempo estava nublado porém eu estava com calor então não vi problema.
Quando olhei para a entrada, vi a garota que me deixou excitada com um sorriso me olhando, ela acenou e eu me aproximei.
– Oi, e aí? — Dei um sorriso tímido. — Tudo certo com seu...Notebook?
– Oi...Ele deu uma travada mais ta vivo. Espera...Você estava chorando? Por que?
– Está tão na cara assim? — Pergunto a olhando.
– Uhum. Quer me contar? Tenho todo tempo do mundo. — Ela se sentou na calçada e apalpou seu lado. Eu não ia contar exatamente tudo, afinal, conheço Âmbar a um dia e nem sei se é ou não a assassina do Kenedy. Me sentei ao seu lado e fixei o olhar no nada.
– Bom...Simples e resumido...Eu não sou como as outras garotas.
– Eu também não. — Âmbar disse e eu imediatamente a olhei confusa. — Eu sou...Homossexual...Gosto de garotas, sabe?
Algo dentro de mim me deixou feliz. Ela não é como eu, mas tem a mesma opção. Isso é ótimo. Mas é melhor nem me iludir.
– Eu também... — Disse e a vi sorrir novamente. Ela tem a face tão serena e tão tranquila, me passa tranquilidade só de olha-la. — Mas meu problema não é esse.
– Então qual é?
– Eu...Meio que...Tenho um defeito no meu corpo e...Ontem fui numa boate com meus amigos e começei a beijar uma garota lá...
– Beijar quem? — Âmbar arqueou a sobrancelha.
– Não sei quem ela era. Emfim, daí durante o beijo, essa garota descobriu meu problema, gritou que tem nojo de mim e que ia se lavar...Fui embora pra chorar depois.
– Luna... — Repousou a mão sobre minha coxa. — Que problema você tem?
– Eu não posso dizer...Não quero que fuja de mim também...Até agora você tem sido uma ótima companhia. Não quero te perder.
Finalizei e fiquei com a cara vermelha. Na verdade nós duas, tanto que ela abaixou o olhar e deu um meio sorriso. Esse final soou de uma forma bem diferente do que eu desejava, mas já foi...E o resultado foi brilhante. Voltamos a nos olhar e Âmbar segurou minhas mãos.
– Eu prometo que não vou te deixar! Vamos ser muito amigas...A partir de hoje não quero ver esse seu rosto lindo banhado por lágrimas e sim iluminado por aquele seu sorriso lindo.
– Esse sorriso? — Sorrio.
– Esse...Esse sorriso...
Fui me aproximando da loira e ela de mim e sinceramente eu queria que rolasse. Nossos lábios estavam muito próximos, mas como eu nunca tenho sorte:
– Luna! Você acordou cedo e nem preparou o café pra nós! — Nina apareceu e fez com que a gente se afastasse na hora. Merda. — Oi! Você é a loirinha de ontem né? Quer tomar café com a gente? Sempre sobra pão!
– Claro! Vem Luna! — Puxa minha mão me fazendo levantar.
Odiei o fato da Nina ter interrompido mas de certa forma estava feliz por Âmbar estar frequentando minha casa e talvez se tornando mais uma no nosso grupo.
– Então bebê, que tipo de grupos você escuta? — Perguntou Gastón a Âmbar. — Tipo Calcinha Preta, Calypso, Djavú, Preta Gil...
– Na verdade nenhum desses mais...Eu gosto de Pabllo Vittar .
– Já te amo! Vai! Eu não espero o carnaval chegar pra ser vadia! SOU TODO DIA! SOU TODO DIA!
– Gastón é vadia mesmo. — Comentei rindo.
– Viu? Vou ser a próxima Drag Queen a brilhar meu bem!
– Que ridiculo... – Disse Jim.
– Parem, está assustando a garota. — Ramiro falou e apontou para Âmbar que ria do comentário de Gastón sobre ser uma Drag Queen.
– Desculpa viu? É que a nossa turma é meio lixeira assim mesmo mas já que você vai vir pegar a Luna sempre, logo se acostuma! — Nina ironizou e fez Âmbar cuspir todo seu café com leite. Geral riu, menos eu e ela claro que tínhamos os rostos corados.
– Pe...Pegar? Não...Não eu só...Sou amiga...De...Dela...
– Ah qual é? A Luna é um mulherão da porra, pode morder e atacar a vontade. — Dessa vez eu ri. Nina é totalmente direta. Âmbar sorriu sem graça e assentiu positivamente. Coitada. Não ta acostumada com gente assim.
– Me desculpem mesmo mas eu tenho que ir...Tenho curso de Francês agora! — A loira se levantou correndo. — Vocês são ótimos e com certeza vou voltar! Até mais!
– Luna leva ela!
Desci correndo átras da Âmbar e a alcancei começando a caminhar do seu lado.
– Obrigado por ter aceitado o convite de tomar café lá em casa. — Quebrei o silêncio.
– Eu adorei! Seus amigos são ótimos! Obrigado vocês pela boa recepção e também por me acompanhar...
– Imagina...Vai pegar esse ônibus?
– Vou sim. Obrigado de novo. — Se aproximou e beijou o canto dos meus lábios. Senti o local do beijo esquentar e ficar ancioso por mais. Que sensação.
Ela se foi e um sorriso preencheu meu rosto. Como ela pode me deixar assim com apenas um dia juntas? Alguns minutos? Eu não podia me apaixonar mas de certa forma to nem aí. Essa garota é diferente, ela é dez.
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