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História Uma garrafa de vinho para dois - Não me toque...


Escrita por: Curious-girl

Notas do Autor


Esse não é um bom capítulo.
Mas era inevitável.

Prometo que foi a ultima vez que o Kid atrapalha tudo.

Boa leitura!

Capítulo 13 - Não me toque...


Ace acorda um pouco confuso, primeiro ele se preocupa com o horário, mas demora apenas alguns segundos para que se lembre do dia anterior. A angústia que invade Ace lhe diz que os eventos recentes o afetaram. Ele sente raiva porque não quer que seu tempo com Marco se resuma a ele sempre desmoronando nos braços dele.

Ele respira o aroma amadeirado que se prende ao namorado, com o rosto em seu peito. Os braços de Marco o apertam suavemente, uma mão dele começa a acariciar seu cabelo enquanto a outra traça círculos lentos em suas costas.

Ontem ele contou algumas coisas para Marco e isso não o afastou, não houve nenhuma hesitação ou julgamento do namorado, Ace não é capaz de explicar o quão grato ele é por isso. Foi um impulso pedir para dormir com ele, mas a ideia de voltar para sua casa vazia depois de experimentar sentimentos tão crus foi suficiente para incentiva-lo. Acabou sendo uma ótima ideia, Marco o abraçou e fez com que se sentisse seguro e querido.

Ele viu o rosto cansado de Marco quando levantou o rosto para lhe dar bom dia, e imediatamente se sentiu culpado.

- Bom dia Anjo.– Marco cumprimentou com um sorriso doce.

- Bom dia – então continuou, sem conseguir se conter – Eu te atrapalhei a dormir?

Ele riu baixo e carinhoso, enquanto negava com a cabeça.

- Não, eu durmo mal as vezes – ele foi interrompido com um bocejo, demonstrando suas palavras – como você dormiu?

- Muito bem, obrigado por me deixar ficar.

Marco se mexeu de forma que agora estavam deitados frente a frente, sua mão nunca parando de pentear e acariciar o cabelo de Ace.

- Obrigado por me deixar cuidar de você – respondeu com seu próprio agradecimento, ele era tão doce e cuidadoso.

Quando Marco roubou um beijo rápido do seus lábios ele soltou um ruído repreendendo.

- Hálito matinal Marco! – falou com voz de queixa.

- Mas meu anjo, você é tão bonito – respondeu manhoso, deixando Ace totalmente envergonhado – Eu não me importo, posso ir escovar os dentes se você quiser.

- Não – respondeu rápido de mais, segurando o pijama macio de Marco em sua cintura – daqui a pouco nós vamos.

Marco sorriu e o abraçou mais perto, beijando onde pudesse alcançar, de um jeito que ele já tinha feito antes algumas vezes, isso sempre deixava Ace apaixonado e rindo, Marco era surpreendentemente bobo.

- Você é precioso, meu anjo. – Disse, afastando apenas o suficiente para olhar nos olhos de Ace – Eu quero que você se sinta assim.

Marco estava tendo sucesso. Apesar de envergonhado com os elogios que Marco derramava sobre ele, cada um enchia Ace de felicidade.

Ficaram na cama por alguns minutos, Marco acariciando seu rosto e cabelos, enquanto Ace timidamente alcançava o corpo dele, sentindo o abdômen definido, as costas musculosas, os braços fortes.

- Que horas são? – Ace perguntou eventualmente, em voz baixa.

- Humm... – Marco alcançou atrás de si, e verificou o celular – um pouco depois das dez – respondeu antes de voltar ao carinho.

Ace mal podia acreditar na mudança que um dia pode fazer, em menos de vinte e quatro horas ele estava namorando com Marco e tinha até dormido com ele. Enquanto parecia tudo muito apressado, Ace também sentia que ambos estavam esperando por isso há muito tempo. Neste último mês eles passaram bastante tempo juntos e se falaram constantemente por mensagens.

- Você está nervoso com a reunião de hoje? – perguntou Marco de repente. Deitados frente a frente, próximos o suficiente para Ace sentir o corpo dele, mas apenas suas mãos tocando seu peito, sentindo os músculos sob a camisa branca de forma carinhosa e exploradora. Já Marco tinha uma mão sob a cabeça e outra acariciando o cabelo e rosto dele. Ace pôde perceber que Marco gostava disso, e o toque carinhoso e seguro o aterrava, trazendo segurança e compreensão.

- Bastante – respondeu sinceramente, olhando para o rosto dele. Ace ficou confuso com o que viu lá. Ele esperava ver algum tipo de incômodo, afinal o namorado dele acabou de admitir que estava nervoso por ter que ver seu ex.

Isso deveria ser motivo suficiente para deixa-lo chateado, não é?

O que viu foi compreensão, Marco assentiu com um barulho de suave, Não parou o carinho, pegando uma mecha do seu cabelo pensativamente.

- Eu também estou – Isso surpreendeu Ace, Marco estava nervoso?

- Por quê? – Sussurrou baixinho.

- Por você – respondeu como se fosse óbvio.

- Você não quer que eu fale com ele? – perguntou Ace, isso o deixava com uma sensação incômoda, mas não queria começar o relacionamento brigando, também tinha uma grande possibilidade de Kid não aparecer.

A mão em seu cabelo parou, e Marco franziu a testa.

- Você não quer falar com ele? – devolveu a pergunta.

Ace não conseguia ler o rosto dele, não tinha ideia da resposta certa, sua ansiedade subindo ao ponto dele sentir um nó na garganta. Se ele falasse que não, provavelmente deixaria Marco feliz, mas ele sabia que Kid ia se sentir traído ao saber do relacionamento dele com Marco, era quase como se tivesse validado todas as acusações que Kid jogou nele no término, e queria a chance de conversar, explicar tudo. Dois anos deviam valer alguma coisa, não ser descartado assim.

- Não sei – respondeu envergonhado, sentindo a mão em seu rosto se mover. Ele sem querer se encolheu com o toque, esperando uma briga, gritos, ou agressões.

 A carranca de Marco se aprofundou, e ele respirou fundo, irritado.

"Merda!"

- Eu tenho vontade de socar o Kid cada vez que você se encolhe assim – "O que? "– Ace, o que você pensou que eu ia fazer?

Deus, Ace estava tão confuso, não sabia o que estava acontecendo. Marco estava bravo porque ele recuou?

- Ficar chateado? Você... Você me deixaria falar com ele?

- Deixaria? Eu não tenho que deixar você fazer nada – Ele amenizou a voz – O Ace que eu conheço não pediria permissão, o que mudou?

- Estamos namorado...

- E você achou que por causa disso eu ia tentar controlar com quem você fala? E você ia permitir isso?

- Sim... não, não sei Marco – Ele se sentou, afastando um pouco, e cortando o contato visual. Ele nem sabia mais o porquê da discussão, precisava organizar seus pensamentos.

- Desculpa – Disse Marco sentando contra a cabeceira da cama – Desculpa meu anjo – em momento algum ele foi agressivo ou levantou a voz, Ace não achava que havia motivos para pedir desculpas.

Ace virou o corpo para ele, olhando as próprias pernas cruzadas, a calça de moletom de Marco confortável e macia.

- Eu passei um tempo pensando no que conversamos ontem – começou Marco pensativo, ele não tocou em Ace ou invadiu seu espaço – Estou nervoso com a reunião hoje, com medo do efeito que ela pode ter em você, se eu pudesse eu nunca mais deixaria você se machucar – respiração profunda – mas eu não posso. Se você quiser conversar com Kid, você deve conversar com ele, se você não quiser então não tem nenhuma obrigação de faze-lo.

Ace olhou pra o namorado, ele parecia cansado, como se tivesse ensaiado esse texto anteriormente, talvez ele tivesse. Ele sorriu quando seus olhos se encontraram.

Ace se sentiu um pouco idiota, percebendo que tinha comparado os dois novamente, isso era cansativo, quantas vezes ele podia fazer isso até Marco desistir? Droga, ele não queria continuar complicando as coisas.

- Você passou esse último mês recuperando sua independência, me machuca saber que você pensou em desistir disso agora. – continuou.

- Eu... – tentou falar, mas estava frustrado consigo mesmo. Marco segurou sua mão.

- Estamos namorado, quero que você procure minha opinião, sei que você vai respeitar e ouvir. Eu vou respeitar e ouvir a sua também. Mas você não precisa de permissão para nada.

- Eu não era assim – começou Ace envergonhado – Eu era mais forte, eu mudei nesses dois anos com Kid.

- Você é um homem forte Ace, eu quero você, não uma versão editada sua.

- Você pode não gostar.

- Seja mais egoísta, seja quem você quer ser. Eu vou amar, eu vou amar cada pedacinho de você. Qualidades e defeitos. – O coração de Ace deu um pulo com a escolha de palavras, ele estava emocionado e um pouco incrédulo.

- Não me culpe se você está criando um monstro – Disse Ace com uma risada tensa, tentando aliviar o clima. Marco riu com ele, baixo e sem graça.

- Meu monstrinho – Disse dando um beijo na bochecha de Ace.

Seus olhos se encontraram, e Marco o olhava com tanto carinho que Ace se sentiu mais calmo.

- Podemos começar de novo essa conversa? – perguntou esperançoso ao mais velho.

Marco riu e estendeu os braços, Ace aceitou o convite e deitou em seu peito. Eles ficaram um momento, se aconchegando, Marco voltou a fazer carinho no cabelo dele beijando sua cabeça, um braço firme em sua cintura. Sua respiração gaguejou quando Ace beijou seu peito, mas nenhum deles comentou sobre isso.

- Você está nervoso de encontrar com Kid – Disse Marco, não era uma pergunta, ele apenas deu a chance de Ace reiniciar o assunto.

- Caso ele vá na reunião, eu não sei se quero conversar com ele – Marco permaneceu em silêncio, brincando com os fios na nuca de Ace – Eu não quero, mas eu sinto que devo uma explicação, ele pensou que eu estava deixando ele por você, e agora estamos juntos.

- Você não deve nada a ele, e... – Ele hesitou – Anjo... você sabe que não foi só por isso que você terminou. Você realmente acha que ele pensa isso?

Ace já tinha pensado nisso antes, tinham tantas coisas erradas no relacionamento deles, mas isso era o pior, a forma como Kid manipulou Ace, como começou pequeno e cresceu, até que Ace cedia a tudo.

- Não sei, mas pode pensar agora – Ele deixou isso afundar um pouco – Eu sei que não preciso falar com ele, mas as vezes eu sinto que preciso. Não sei.

- Eu entendo – Marco o abraçou – Faça o que parecer mais certo no momento, eu não vou me importar se você escolher conversar. Só não se force.

- Obrigado Marco.

- Não precisa agradecer.- era mais fácil conversar sobre isso assim, nos braços de Marco, sem precisar encarar o olhar dele. – Mais cedo, quando você se encolheu, me fez pensar... Kid já te bateu?

Óbvio que Marco não estava bravo naquele momento, ele estava apenas preocupado e Ace estava muito tenso para perceber.

- Eu achava que não, eu não sei mais. Ele nunca me bateu diretamente, mas ele era agressivo verbalmente e as vezes me segurava de formas que ficariam roxos, ou me forçava a olhar pra ele, ou me segurava no lugar. Mas é bastante minha culpa também, eu sou mais forte que ele, mas eu nem tentava sair...

- Shhh, não é sua culpa. Nada disso é sua culpa. Não é sua culpa por permitir, ele não deveria fazer nada - quando Ace não respondeu Marco continuou – Eu li sobre isso, sei que você pode simplesmente congelar em situações assim. Não é sua culpa, é só um mecanismo de defesa.

Ace sorriu, porque Marco era maravilhoso, e Ace queria beija-lo.

- Você pesquisou? – perguntou levantando a sobrancelha.

- Queria te ajudar – falou tímido e continuou, ignorando o assunto – Eu estou com medo de te deixar sozinho com ele. Promete, que se ele fizer qualquer coisa, e você não conseguiu revidar, você vai chamar ajuda?

- Eu prometo amor.

Marco o abraçou novamente, ele não estava mentindo quando disse que gostava de apelidos carinhosos, Ace espera conseguir dize-los com mais frequência no futuro.

Eles conversaram mais um pouco sobre Ace pensar mais em si mesmo, sobre não ter medo de dizer o que pensa, e principalmente, sobre como isso não devia mudar só porque passaram de amigos para namorados.

Conversaram enquanto faziam o café da manhã/almoço. Depois conversaram sobre Thatch, que aparentemente tinha o hábito de abastecer a geladeira de Marco para que ele não se esquecesse de comer.

O tempo todo Marco o tocava, Ace estava praticamente derretendo com tanto carinho, algumas vezes queria apenas se enrolar em Marco. Ace era muito carente, Kid costumava dizer isso e ele sabia que era verdade, mas Marco era tão carente quanto ele, ou gostava de mimar Ace.

Marco disse para ele ser egoísta, então Ace não se importa com o motivo, ele apenas amava cada vez mais esse homem bonito, carinhoso e gentil.

Ace nem percebeu no início o quão carinhoso estava sendo também, a atitude de Marco lhe dando permissão, e incentivando. Mas o sorriso lindo de Marco quando Ace o abraçou por trás pela primeira vez era a coisa mais bonita que Ace já viu.

Ele saiu para o próprio apartamento, pensando sobre tudo que ele aprendeu sobre Marco, sobre o relacionamento de Merda com Kid, e sobre si mesmo.

Marco não tinha aprofundado nenhum beijo essa manhã, e Ace sentiu a vontade de fazer isso antes de sair. Se o sorriso idiota de Marco significou alguma coisa, era que ele amou quando Ace tomou as rédeas e buscou o que desejava.

"Eu realmente amo esse homem."

 

 

Ele era um idiota, depois de ler tanto sobre como lidar com vítimas de relacionamentos abusivos ontem a noite, depois de ler centenas de vezes a necessidade de garantir que a vítima não tinha culpa, ele simplesmente culpou Ace na primeira oportunidade.

Marco teve medo de vê-lo sofrer, de que Kid o manipulasse de volta para o abuso, e por isso tentou alerta-lo que não devia permitir Marco ditar com que ele fala. Mas claro, ao invés de deixar claro que não era culpa de Ace e que era Marco quem não devia ser estúpido, ele disse que Ace não devia permitir.

Inferno, não faz diferença o que ele permite, nunca vai ser culpa dele se Kid foi ridículo, não é culpa dele ter sido agredido, não era função dele fugir. O estômago de Marco embrulha só de pensar que era necessário uma fuga em primeiro lugar.

Mas o passado não pode ser mudado. E ficar se lamentando não adianta nada. Com esse pensamento ele saiu do carro em direção ao prédio da Companhia Newgate.

Ele não esperava encontrar um Ace envergonhado sendo abraçado por Vista e Jozu, os dois muito mais altos que ele. Eles são irmãos biológicos e um dos motivos do Pai adota-los era para que não fossem separados. Era cômico o quão pequeno Ace ficava entre eles.

Então Izo tinha sido rápido em espalhar as novidades, com certeza todos os seus irmãos já sabiam.

Mesmo sendo esmagado pelos seus irmãos, Ace não parecia chateado. Quando seus olhos encontraram Marco ele abriu um sorriso lindo, e Marco nem tentou evitar, ele caminhou até Ace e o abraçou pelos ombros, ganhando provocações de todos próximos.

 

Foi fácil tira-lo de lá para irem ver Haruta e organizar a reunião que se aproximava na sala de reuniões. Faltavam dez minutos para as duas quando Vista, Jozu e Rakuyou entraram pela porta, alegando que precisavam assistir a reunião. Ace, sempre profissional, alegremente explicava para os irmãos o que seria discutido, já Marco não se deixava enganar, independentemente de serem acionistas e membros do concelho, seus irmãos não entravam em uma reunião de outro setor sem serem convidados, e ele tinha certeza que eles não foram.

O sorriso de Haruta, olhando com carinho para Ace explicava bem mais, que não foi apenas o status do relacionamento deles que Izo espalhou. Marco respirou fundo, tentando manter a compostura enquanto buscava um café no canto da sala, ele só esperava que Ace não se sentisse sufocado com a proteção do seus irmãos.

A risada de Ace ecoou alta na sala, e todos sorriram com ele, para um homem inteligente Ace podia ser bem inocente as vezes, Marco tinha quase certeza que ele não percebeu o que seus irmãos estavam fazendo, e eles não eram sutis.

Eram exatamente duas horas e três minutos quando quatro pessoas entraram na sala. Duas Marco tinha conhecido antes, Eustass Kid e Drake, tinha também uma mulher de cabelos tingidos de rosa e um homem de cabelos longos e loiro.

Ele precisou de todo seu controle para apertar a mão deles educadamente enquanto Kid os apresentava, indo direto para Marco e ignorado toda sala. Ele viu Ace se levantar e Vista ao seu lado na sua visão periférica.

Deus, ele queria tanto que essa não fosse uma reunião de negócios, que ele não precisasse fingir que o sorriso presunçoso no rosto de Kid não lhe dava ânsia.

O segundo que Kid percebeu Ace na sala todo o clima mudou, Marco viu seu sorriso se distorcer em uma careta de desgosto enquanto a mulher,  Bonney o nome dela, cumprimentava animada o ex-colega. Em segundos ele estava na frente de Ace, praticamente rosnando, em um tom que ele parecia pensar que era baixo.

- O que você pensa que está fazendo aqui – falou muito perto de Ace, que se encolheu e deu um passo pra traz.

Marco viu o medo puro nos olhos de Ace, e como ele gaguejou suas próximas palavras, os olhos fixados em Kid.

- Muito prazer senhor Eustass – disse Vista em um tom que não mostrava nenhum prazer, se colocando entre Kid e Ace, quando ele foi forçado a recuar um passo e parecia assustado pelo tamanho no homem na sua frente Marco teve que conter um sorriso de escárnio, "então você só é o poderoso contra os menores que você?" – Eu sou Vista Newgate – continuou inabalável, como se nada estranho estivesse acontecendo – Essa é nosso consultor Portgas D Ace, desculpe a confusão, sabemos que vocês trabalhavam juntos há pouco tempo – com isso Ace apenas acenou para ele, se recuperando do choque inicial mas ainda abaixando o olhar.

- Eu sou Jozu Newgate – O outro irmão passou a frente enquanto Vista guiava Ace sentado com uma mão em suas costas.

Marco amava seus irmãos, ele pensou, enquanto Jozu e Rakuyou se apresentavam.

A reunião teve início, a equipe de Kid explicando tudo com algumas interferências de Ace. Já o ruivo não disse nada, apenas olhava fixamente para Ace, era desrespeitoso, ameaçador e Marco tinha que cravar as unhas na palma da mão para não dizer nada.

Um toque em sua perna foi a forma de Haruta dizer que ele também estava encarando, mas cada vez que o discurso Ace, geralmente confiante, gaguejava, Marco doía para confortar seu parceiro.  

 

Foi uma reunião proveitosa, o melhor que poderia no sentido profissional, mas Marco sentiu que as quase duas horas duraram dois dias, tamanha a tensão naquela sala. Em algum momento as cordialidades diminuíram, com Jozu chamando a atenção de Kid por observar Ace, e criticando quando sua fala não acrescentava. Marco se lembrou daquela primeira reunião, onde Kid interrompeu Ace o tempo todo, mas todos na mesa permitiram pelo bem da cortesia, claramente isso não acontecia mais, e Kid parecia pronto para atacar cada pessoa naquela mesa, até mesmo seus próprios funcionários.

Quando acabou Ace continuou sentado, Marco só podia imaginar o quão cansativo foi isso para ele, suas mãos tremiam enquanto ele organizava os papéis na mesa com Haruta se despedindo e dispensando os “convidados”. Ela foi a última a sair, fechando a porta da sala com um aceno e deixando os dois sozinhos.

Ele puxou Ace em uma abraço.

 

 

Ace estava mais calmo, ainda não podia acreditar que congelou daquela forma quando viu Kid, não fazia sentido o medo que sentiu. Ele viveu dois anos com o homem, pelo amor de Deus. Mas ele estava em pânico, não conseguiu falar com ele, e o tempo todo durante a reunião ele estava apavorado.

Ele sabia que seria ruim, mas não tão ruim. Depois que ele percebeu o quão abusivo o relacionamento deles era seu medo cresceu de forma irracional. Era frustrante e fazia Ace se sentir fraco.

 

Mas sua surpresa ao entrar na sua sala foi a pior parte do seu dia, Kid estava sentado em uma cadeira, esperando calmamente por ele.

- O que você está fazendo aqui? – perguntou, já sentindo seu coração correndo e tentando empurrar o medo para baixo.

- Essa é minha pergunta – respondeu debochado. Ele se levantou em direção a Ace, que recuou até a porta, que tinha se fechado atrás dele – Ace, vamos parar com a pose de donzela indefesa e conversar direito – completou com raiva.

Ace engoliu o medo, respirou fundo, e tentou parecer calmo. Ele já fez isso dezenas de vezes, não tinha porquê essa discussão ser diferente. Ele caminhou até a mesa passando por Kid, que segurou o braço dele no caminho.

Ele apenas puxou com força, saindo do aperto, Kid pareceu surpreso, e ainda mais irritado.

- Vou perguntar de novo Kid, o que você está fazendo aqui?

- Eu vim falar com você.

- Quem deixou você entrar aqui? – perguntou desconfiado.

- Foi fácil, só perguntar qual era sua sala e dizer que eu era da Supernovas, várias pessoas me apontaram o caminho – Disse com um sorriso pretensioso, ainda de pé, em frente a mesa de dele, Ace recusou atrás dela, se sentindo claustrofóbico em sua pequena sala.

Talvez ele devesse ter aceitado que Marco o levasse pra casa, faltavam apenas alguns minutos para o final do turno mesmo.

- É você achou que podia entrar na minha sala e esperar? – falou firme, deixando claro sua insatisfação.

- Que tipo de jogo você está jogando Ace? O que você está fazendo aqui? – falou levantando a voz.

- Eu estou como consultor desse projeto. – respondeu simplesmente.

- Foi pra isso que você dormiu com Marco? – perguntou com raiva, deixando Ace sem fala – Você ficou se fazendo de inocente, dizendo que meu ciúme era possessivo, e está fodendo com ele um mês depois? Há quanto tempo você estava me traindo?

- Isso não é verdade – Ace também levantou a voz – Não faz nem uma semana que estou com ele.

- MENTIRA! – bateu a mão na mesa – Eu perguntei, você trabalha aqui desde que saiu da empresa.

- Uma coisa não tem nada a ver com a outra Kid...

- Não? Você é uma vagabunda Ace! Toda aquela história de não gostar de sexo, reclamando Cada Maldita Vez, para se vender como uma prostituta na primeira oportunidade!

Ace estava chocado, isso não podia ser real, Kid não estava sequer dando a oportunidade para ele se defender. Ele sempre foi assim?

- Cala boca Kid! Meu relacionamento com Marco não é assim...

Kid o cortou com uma risada cruel, passando a mesa puxando seu cabelo e o empurrando na parede, mais uma vez Ace estava chocado, e com dor, mas o espanto o manteve parado olhando nos olhos cheios de ódio de Kid.

- Não é assim? Então você faz o mesmo joguinho com ele? Quanto tempo vai demorar para você perceber que ninguém nunca vai querer você? Quando ele não conseguir te foder vai perceber que você não serve para merda nenhuma!

Então veio a parte mais inesperada, Kid o beijou, duro, para machucar.

Ace o empurrou e acertou um soco no queixo dele, o derrubando, quando colocou a mão na boca sentiu o sangue e o lábio ferido.

Kid se levantou rindo, com a mão na mandíbula.

- Vai lá contar o que você fez! Conta para o seu namoradinho que você beijou outro homem, conta para ele a merda que você é.

- Você é louco? Eu não fiz nada, você que me beijou.

- Ace, você é um homem adulto, você me deixou te beijar porque você quis.

"O que? Não!"

- Eu não te traí, e eu não trai o Marco também – ele estava confuso, ele estava tonto, ele queria sair dali, apenas sumir.

- Eu ia te dar outra chance Ace, mas você não vale a pena – Ace nem conseguia ver Kid mais, ele estava hiperventilando – Você não vale nada, quando Marco perceber isso nem adianta vir me procurar.

Ele escutou a porta batendo, sentiu o chão embaixo dele enquanto tentava respirar, tocando o lábio machucado.

Marco o odiaria, ele era gentil e perfeito, e Ace acabou de foder com tudo.

 

[...]


Notas Finais


Eu quero passar por toda a angustia, já esta acabando, pretendo me afogar em fofura em breve!

Obrigada por ler!
Comente, se quiser. Adoro ler a opinião de vocês.


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