Escrita por: EternaLight
Ter Chihiro novamente ao seu lado era como se fosse um sonho para Kohaku, um sonho que se tornou realidade apesar de tantos obstáculos e da improbabilidade de acontecer. Quantas vezes sonhou que ela estava bem na sua frente e em seguida ela se desvanecia em pleno ar como se jamais tivesse existido? Quantas vezes seu coração partido se apertou em agonia e desespero sempre que bradava por ela? Quantas vezes chorou por ela?
Incontáveis vezes.
Mas agora ela estava de volta, em seu abraço protetor, e ele sentia vontade de rugir para os céus e os deuses para demonstrar sua alegria e gratidão em tê-la de volta. Porém ele poderia esperar, afinal Chihiro poderia se assustar facilmente com tal atitude e interpretar mal. Admitia ter culpa, principalmente com a perseguição e o susto que deu à ela nos jardins da casa de banhos, mas não faria aquilo de novo nunca mais, pois não queria causar medo na menina.
Ele poderia simplesmente abraçá-la e roçar seu focinho suavemente contra o dela, assim como estava fazendo naquele momento enquanto tentava acordá-la sem assustá-la. Ela tinha adormecido ali mesmo na noite anterior e desde então esteve em seu abraço relaxada e, ousava ele dizer, sã e salva.
E imaginar que na noite anterior um espírito miserável tentou matá-la com uma lança. Nunca mais teria que se preocupar com o espírito, já tinha lidado com ele, mas se preocupava com Chihiro. Talvez por ser um dragão jovem e inexperiente a tenha tornado alvo daqueles que ansiavam por poder, agora mais do que nunca já que suas habilidade estavam desabrochando. Ninguém poderia fazer-lhe mal com Kohaku por perto, sua fama por ter um coração partido e estar extremamente feroz lhe dava vantagens e uma certa proteção, e apenas espíritos muito poderosos ofereceriam um risco verdadeiro para ele. Chihiro, por outro lado, era um alvo fácil.
Como se permitisse que a ferissem outra vez.
Ao sentir que ela despertava, Kohaku afrouxou seu abraço e permitiu que ela se espreguiçasse e mudasse de posição livremente. Dando-lhe um ronronado como “bom dia”, ficou feliz ao receber uma resposta. E então, escamas douradas e pétalas de flor se desprenderam de seu corpo, e Chihiro estava outra vez em sua forma de humana, mas claro que ela não era mais humana.
Mas um espírito imortal, um dragão, assim como ele próprio.
- Bom dia, Haku. - ela disse, esfregando os olhos.
O dragão respondeu encostando sua testa com a dela em um gesto de carinho, ganhando um riso da menina.
- Por algum motivo eu me lembro do seu nome, quer dizer, uma parte dele. - disse Chihiro. - Mas não consigo me lembrar de mais nada.
Aquilo chamou a atenção de Kohaku.
- Sinto que já estive aqui em Aburaya antes e que conheço os espíritos que vivem aqui, mas eu não consigo me lembrar de ninguém. - ela acariciou o focinho dele com uma mão. - Você me deu um grande susto ontem, mas uma parte de mim já te conhece e sabe que você jamais me machucaria. Agora eu sinto de coração que você é alguém muito importante na minha vida, mesmo que eu não me lembro dos detalhes.
Então isso explicava do porquê ela reagiu como se não o conhecesse, como se ele de fato fosse um estranho e ambos jamais tivessem se encontrado antes. Talvez fosse o efeito colateral de sua travessia do mundo dos humanos para o mundo dos espíritos? Era uma possibilidade, mas nada definido. Por ora Kohaku só poderia aguardar o que tinha por vir.
Até lá, ele poderia provar para Chihiro de novo e de novo que ele não era nenhuma ameaça para ela.
Abraçando-a novamente com seu corpo serpentino, Kohaku sentiu-se privilegiado em ver Chihiro abraçá-lo de volta sem medo nenhum e sem duvidar de sua segurança.
Não trocaria aquele momento por nada no mundo.
…
Nas águas rasas que cercavam a casa de banhos, em meio aos grous selvagens, Yasu e os grous de Midori no Mori estavam admirando o céu azul. Se outros soubessem que eram os guarda-costas de Aisuru Hikari diriam que eles estavam fazendo um péssimo trabalho, pois aquela que deveriam proteger foi atacada por um espírito mal-feitor e levada para o “covil” de Nigihayami Kohaku Nushi, mas na verdade eles sabiam muito bem o que estavam fazendo.
Yasu sabia que Kohaku protegeria Hikari com própria vida se assim fosse preciso, e que embora ela e os demais grous juntos não seriam páreo para o espírito encapuzado o dragão seria, ainda mais protegendo seu tesouro mais precioso. Foi por isso que não interferiram, além do fato que as novas interações entre sua pequena mestra e o dragão poderiam abrir portas para as lembranças que a menina queria tanto lembrar.
E estavam certos.
Não demoraria e Hikari recuperaria suas memórias bem antes do esperado.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.