Marco:
Paramos o beijo com alguns selinhos. Meu coração batia fora peito, eu estava numa alegria que não conseguia conter, a saudade que eu estava de seus beijos, toques e carinhos era indescritível. Naquele beijo eu a senti, lembrei de nosso primeiro beijo e a sensação foi a mesma, por um momento foi como se ela nunca tivesse me esquecido, como se eu tivesse voltado a ser seu marido, o cara que ela amava e por alguns minutos eu senti como se tudo fosse como antes, antes de tudo, do dinheiro, da empresa, do poder. Antes de tudo. Quando era apenas eu e ela.
Nos olhamos por alguns segundos e nenhum de nós diz uma palavra. Beijo seu rosto e próximo à seu pescoço, ela solta uma respiração pesada.
— Seu... Celular.— Ela diz ao ouvir o toque que interrompeu o momento.
— É da empresa. Eu preciso atender.
— Vai lá. — Ela diz se consertando na cama.— Boa noite.
— Boa noite.
Me afasto para atender.
— Por favor, Ligia, me diz que é um caso de vida ou morte. — Digo sentindo uma frustração tomar conta de mim.
— Então... Eu só queria saber se você vai cancelar a viagem até o Rio para falar com o diretor da filial de lá. Estava marcada pra depois de amanhã.
Solto um suspiro longo.
— Eu tenho mesmo que ir, né?
— Sim, não dá pra mandar ninguém no seu lugar. Ou vai ou cancela.
— Amanhã eu te dou uma resposta.
— Tudo bem. Boa noite e desculpa te atrapalhar.
— Imagina, Lígia! Tchau, boa noite.
Desligo o celular e passo no quarto dela. A luz estava apagada e Paolla deitada.
Encosto a porta do nosso quarto(que agora era meu) e me sento, colocando o notebook no colo para trabalhar na empresa daqui mesmo. Fico algumas horas alí e depois finalmente apago a luz do abajur.
* * *
Acordo um pouco mais tarde do que o habitual, eu não iria à empresa pela manhã, passaria lá somente a tarde e mesmo assim não ficaria por muito.
Me levanto e tomo um banho rápido antes de ver se Paolla estava de pé. Caminho pelo corredor usando apenas uma calça folgada, Paolla abre a porta no extato momento em que passo por lá. Ela usava um shorts e uma camisa larga, os cabelos estavam presos num coque bagunçado.
— Bom dia! Achei que já tinha saído. — Ela diz e me dá um beijo rápido no rosto.
— Não, eu sou vou lá a tarde. Vou te acompanhar na fisioterapia.
— Vai ser bom. — Ela diz e seguimos até a cozinha.
— Bom dia!— Salete nos cumprimenta.
— Bom dia!
— Bom dia, Salete! Eu disse que podia vir mais tarde hoje.— Digo e ela meneia a cabeça.
— Eu fiquei sabendo que a Paolla estava aqui e fiz as panquecas que ela adora, trouxe as geléias, o queijo e também o suco de goiaba. Jamais deixaria passar. — Ela diz gentilmente e Paolla sorri.
— Obrigada, Salete. Você é um amor.
— Espero que ainda goste.
— A sua torta continua divina, amo do mesmo jeito, eu acho... Pelo menos isso não mudou, e essa geléia... Tá com cheiro ótimo.
— Bom, com licença. — Ela diz fazendo menção de se retirar.
— Senta com a gente, come aí. — Paolla chama.
— Obrigada, minha querida, mas eu já tomei café.
— Tem certeza?
— Absoluta.
Ela se retira e sentamos à mesa.
— Então, mais cedo eu falei com a dona do estúdio de dança e ela perguntou se a gente não queria fazer uma aula experimental hoje a noite, umas oito da noite.
— Pode marcar, aí eu te encontro lá, vou direto da empresa.— Digo me servindo.
— Você quer mesmo fazer isso? Eu não quero que faça nada que não goste só pra se aproximar de mim.
— É claro que eu quero.
— Você não tem pinta de quem gosta de dançar. É sério demais, tem uma postura muito dura, firme.
— Tá certo, eu não tenho um gingado invejável que você tem, mas... Eu posso tentar. Vai ser um programa divertido pra nós dois.— Digo e ela dá um sorriso travesso, provavelmente imaginando a cena cômica futura.
— É... Vai ser bem divertido mesmo. — Ela diz em tom forte de provocação.
— Olha só, não ta liberado rir da minha cara, não, viu!
— Ah, veremos!— Ela diz limpando a boca com un guardanapo. — E aí, já que vai ficar em casa a manhã toda, tá a fim de dar uma caminhada comigo depois da fisio?
— Achei que a fisio já era um exercício.
— Pra mim, né, bonitão! Mas você também precisa preparar esse corpinho, que apesar de aparentemente em forma sofre com seu sedentarismo e hoje vamos remexer ele todinho a noite, ele tem que estar preparado.
— Sei disso não. — Digo me retirando da mesa após ela fazer o mesmo.
— Mas eu sei! Vamos sim! Eu vou me trocar pra gente sair que ta quase na hora. — Ela diz andando até o banheiro.
— Eu não vou pra lugar nenhum depois do hospital, ouviu? Ninguém me convence do contrário!
( . . . )
— Vem, Marco! Deixa de moleza, não acredito que você já parou! — Ela diz de braços cruzados ao me ver sentado no rodapé da calçada. — Só faz cinco minutos que a gente começou.
— Duas horas no meu relógio biológico! O sol ta forte e você já me fez andar de mais, fora que viemos andando até o hospital!
— Quinze minutos à pé! — Ela diz como se tivéssemos ido da sala para o quarto.
— E tu acha isso pouco?!? Já deu, né? Por favor, vai.— Peço e ela sorri suspirando de leve, sentando ao meu lado.
— Tá bom, preguiça! Vamos pra casa, tomar um banho e deitar um pouco antes de você ir pra empresa.
— Aí, eu gostei...
Ainda fizemos uma boa caminhada até em casa, cheguei lá mortinho com farofa, não aguentava nem ficar em pé para o banho, porém Paolla parecia que havia acabado de voltar de um spa, tá certo que ela tem uma vida muito mais ativa do que a minha, o que também contribuiu para que seus músculos voltassem com mais facilidade, ela sempre fez caminhadas, corria, dançava e fora que no hospital ía de um lado para o outro sem parar, era raro ve-la sentada em dia de trabalho, já eu sempre foi sala e notebook, o dia todo, agora e apesar da genética me favorecer por fora, por dentro meu corpo sofria por isso, não aguento nem uma caminhada direito.
— O que é isso?— Pergunto ao chegar na sala e me deparar com lençóis esticados no chão e almofadadas espalhadas.
— Ué, a gente não ía relaxar antes de você ir para a empresa? Vem deitar enquanto a gente assiste filme.— Ela diz apalpando o local. Me lembro de quando fazíamos isso na nossa antiga casinha, deitavamos para assistir à algum filme na tv e sempre terminávamos do mesmo jeito: nus e abraçados, trocando carinhos depois de fazermos amor.
— Finalmente um programa que me cabe.— Brinco me deitando ao seu lado.
~ ~ ~
— Marco... Marco, acorda!— Paolla me chama, cutucando meu braço.
— Hm... O que?
— Uma Lívia quer falar com você. E é insistente.— Ela diz me entregando o celular de qualquer jeito.
— Oi, Lívia! Aconteceu alguma coisa?
— Oi, seu Marco, boa tarde... A Lígia pediu pra você confirmar se vai na viagem.
— Olha eu já estou saindo daqui de casa, assim que eu chegar, falo com ela.
— Tá bom, tchau. Desculpa o incômodo.
— Imagina. Tchau!
— Quem é Lívia? — Ela pergunta após eu desligar.
— Ela trabalha agora como minha secretária junto com a Lígia.
— Hm... E ela costuma te ligar sempre? — Ela pergunta em tom seco, totalmente diferente da Paolla de mais cedo.
Espera aí... Ela estava com ciúmes?
— Não, amor, é que eu ela precisava confirmar uma viagem só isso. Aliás, eu ía te perguntar mais cedo, você que ir comigo até o Rio?
— Quero.
— Ótimo, então amanhã cedo a gente parte. Agora eu preciso ir, até às oito.
— Até! — Ela diz com um olhar atravessado, em seguida ela me beija no rosto e vai arrumar a bagunça que fez na sala.
Meia hora depois saí de casa, mal cruzo a porta ao chegar no local e Lígia me aborda.
— E aí? Eu preciso confirmar a estadia.
— Um quarto pra dois. A Paolla vai também.
— Dois quartos, na verdade. A Lívia vai também.
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