História Uma Nova Chance - Cap.84

                             Paolla:

É, eu confesso, não consigo dormir longe do homem que eu amo. Não dá. Dormir nesse quarto não é a mesma coisa, o colchão parece mais duro, esse quarto parece mais claro, mais barulhento... Ou era falta do Marco mesmo, sei que com ele eu dormiria até no chão de uma praça movimentada. E pelo visto nem a Julinha curtiu muito, eu estava sentindo azia, desconforto e a insônia veio me dar um "alô", me sento na cama e respiro fundo.

Depois de meia hora tentando arrumar uma posição boa para dormir, resolvo me levantar e caminhar um pouco, ver se minha filha se cansa e resolve me deixar dormir. Vou até a cozinha bebo uma água, tento assitir à alguma série mas nada me prendia.

— Ótimo... Além de sofrer com essa insônia, ainda to agitada.— Resmungo comigo mesma.

Agora de volta ao corredor entre o quarto de hóspedes e o nosso, fico em duvida se entro ou não, eu queria seu abraço, seu beijo, sentir o calor de seu corpo no meu, mas eu estava com raiva e não irei ceder. Posso passar a noite acordada, mas não irei ceder.

— Amor?— Marco diz abrindo a porta e quase me fazendo ter um infarto.

— Oi! Tá fazendo o que acordado?— Pergunto cinicamente, sei que eu acabei lhe acordando.

— Eu que te pergunto, acordei com você caminhando pra lá e pra cá praticamente abrindo uma cratera aqui na porta.

Droga... Foco, Paolla, foco... Não vá fraquejar agora, lembre-se que ele foi rude com você.

— Eu? Eu... Eu nada. Achei que tinha ouvido um barulho e pensei que podia ser você.

— Sei...

— Além de louca, sou mentirosa também...

— Então... Já que não é nada, eu vou dormir. Boa noite pra você.

— Boa noite. Aliás, uma excelente noite, até amanhã!

Ele fecha a porta e eu suspiro entrando novamente no quarto. Sinto novamente a pressão no estômago, sei que é Júlia como se quisesse me convencer à força de que deitar com o pai dela é a melhor opção.

— Filha, tenta entender, estamos muito bravas com seu papai... Ele foi rude com a gente mais cedo, nos recusou um sanduíche e você ouviu isso muito bem!— Digo acariciando minha barriga, que não estava enorme, mas já era perceptível que aqui dentro de mim uma vida estava sendo gerada.

Me deito novamente na cama e nada do sono chegar, eu até me sentia cansada, mas não conseguia relaxar para dormir.

Que saco!

— Quer saber, Julinha? Você venceu! Eu vou dormir com seu pai.— Digo me levantando.

Entro no quarto e Marco acorda imediatamente. Ele sorri e faz um gesto para que eu me deite ao seu lado.

— Sabia que você voltaria, meu bem.— Ele diz e eu reviro os olhos.

— Calado! Estou apenas fazendo a vontade da Júlia.— Digo me aconchegando em seus braços. Ele beija o topo da minha cabeça e é impossível não sentir paz alí ao seu lado, mesmo estando irritada.

— Já está mimando nossa filha? — Ele questiona me fazendo carinho. Marco não pareceu dar a mínima para meu chilique mais cedo. Chilique com motivo, devo reforçar, onde já se viu renegar um sanduíche para uma mulher grávida? Depois aparece com um tersol no olho e não sabe da onde veio.


* * *


Acordo com Marco falando ao telefone, eu não sei bem do que se tratava, mas deveria ser algo em relação ao trabalho, parecia ser sobre um alguém que ele receberia muito bem, parecia ser uma mulher e tal pessoa, mas eu não tinha certeza e também estava cansada demais pra questionar sobre algo que nem sei o que ouvi e também não me importava.

— Bom dia, meu amor!— Ele diz me olhando através do espelho após encerrar a ligação.

— Bom dia!— Digo sorrindo, eu já estava bem mais calma, não havia nenhum resquício de irritabilidade, muito pelo contrário, estava calma, leve e feliz.

Me sento na beirada da cama e amarro os cabelos num coque e já sinto e escuto meu estômago roncar.

— Eita! — Marco diz se aproximando. Ele beija meu rosto e pescoço.— A neném acordou nervosa, hoje, hein!

— Pois é, vai ver é pelo sanduíche negado.— O provoco e ele sorri, beijando meus lábios.

— Ainda tá com vontade do sanduíche?— Ele questiona me fazendo carinho e beijando meus lábios em seguida.

— É, eu to... Mas deixa pra lá. — Digo e forço um sorriso.

Caminhamos até a cozinha e apesar de estar com fome, eu queria o tal sanduíche, mas depois do meu show de ontem eu não seria nem louca de pedir outro.

— Não vai comer, amor?— Ele questiona abrindo a geladeira para pegar o leite.

— Não sei... Não to com vontade.

— Hm... E disso aqui? Está com vontade?— Ele questiona me mostrando o sanduíche.

Na hora fiquei boquiaberta e sinto meu coração pesar. Meu Deus, eu fui horrível com ele ontem, fiquei brava, o deixei dormindo sozinho, fui grossa e ele ainda guardou meu sanduíche! Eu realmente não mereço esse homem, olha o que ele fez por mim!

Sem ao menos me dar conta, eu estava chorando e chorando muito. Marco me olha confuso por um instante.

— O que foi amor? — Ele questiona vindo me abraçar.

— Me perdoa... Eu não mereço tudo isso, não mereço.— Digo com todo o drama que existe em mim.

— Oh, meu Deus... Lá vamos nós.