A noite de Mione foi muito mal dormida, apesar de seu corpo clamar desesperadamente por descanso, sua mente dizia que não poderia pregar os seus olhos até saber em que ano se encontrava. (E a garota não confiava em ninguém daquela casa, ninguém mesmo).
Estava mais do que nervosa, desesperada era uma palavra que a definia, ficou falando consigo mesma a noite inteira, dizendo a si e passando a confiança de que acharia esse vira-tempo e sairia dali o mais rápido possível.
Agora Tom sabia quem ela era, mas ele não sabia o que ele faria a ela e aos próximos anos dela futuramente. Isso era bom, Hermione achou. Mas o pior de tudo era Tom ter descoberto tão facilmente que Mione não era Madelyn Schade, o garoto era muito mais esperto do que ela pensará, e ela temeu mais ainda por isso.
Porém, mesmo que Mione estivesse com raiva e desesperada, seus sentimentos pareceram se revirar, a ponto dela questionar a si mesma sobre sua sanidade mental.
Ela sentia muita falta de casa, de Harry, de Rony... De Ronald principalmente, sentia falta do jeito ao qual ele a fazia rir e não se preocupar com nada, sentia falta da burrice de Rony e do modo ao qual ele lidava com as aulas e o professor ao qual mais detestavam: Snape. Mione sentia falta até de Malfoy enchendo a sua paciência, (a garota riu consigo mesma sobre a última parte). Será que seus dois amigos estariam dando um jeito de achá-la?
Ela verdadeiramente esperava que sim. Mione saí de seus pensamentos assim que ouve uma voz chamar pelo nome Madelyn, ela vira o rosto e levanta o corpo da cama, Anastácia estava esperando-a na porta, Mione se questiona mentalmente do por quê.
— O que é Anastácia?
A morena deu uma risada baixa e então olhou de relance para as outras estudantes adormecidas, Anastácia fez um aceno com a mão como se estivesse chamando por Mione, a castanha teve de se aproximar da outra e falar baixo.
— Tom e Abraxas estão nos esperando na sala.
Mione espantou-se com essa notícia, será que Riddle havia contado aos outros dois que ela era uma impostora?
— E o que eles querem? — pergunta ela esfregando os braços, ao sair da cama ela sentiu um clima extremamente frio, como se a temperatura tivesse diminuído de repente.
— Não faço ideia. Querem nos mostrar alguma coisa, só não sei o que é. Vamos?
Não teve como negar, pois no minuto seguinte Anastácia puxava a garota escada abaixo, Mione desceu os degraus apressadamente, quase tropeçando nos próprios pés, assim que as duas finalmente se encontravam no local marcado, viram Tom e Abraxas sentados nas poltronas confortáveis em frente a lareira. Os dois falavam discretamente sobre alguma coisa que as duas meninas não puderam ouvir mesmo que se aproximassem de verdade, Anastácia foi a primeira a se aproximar dos garotos, que logo notaram as suas presenças.
— Nos siga — Tom disse apenas isso, seu olhar foi curto e rápido para Mione, ela sentia receio, mas mesmo assim seguiu-o assim como Anastácia fazia. Os dois garotos iam na frente, enquanto mentalmente as outras duas se matavam para tentar adivinhar o que eles mostrariam. Primeiro, atravessaram um extenso corredor de pedra e com quadros antigos, algumas pessoas dos quadros reclamavam dos barulhos que seus passos faziam, outras reclamavam da luz forte e brilhante que saia da ponta da varinha de Abraxas. Foram três as vezes que os garotos passaram pelo mesmo corredor, Mione já começando a sentir medo começou a soar frio, e se todos tivessem descobrido que ela não era a tal Madelyn? Com certeza ela estaria encrencada e tinha se metido numa enrascada e tanto, o medo a fez temer por tantas coisas, seria agora o momento em que Tom Riddle cujo Lorde Voldemort mataria ela?
Bem, ela só tinha quinze anos de idade, não tinha vivido metade da sua vida, não tinha nem enchido o saco o bastante de Harry e Rony, não tinha respondido todas as perguntas semanais dos seus professores, e muito menos: não tinha admitido para si mesma que gostava, pelo menos um pouco do garoto ruivo que tanto infernizava a sua vida.
Estaria tudo arruinado mesmo?
Todas essas dúvidas logo se esvaíram da mente de Hermione quando os quatro pararam em frente à uma parede, não havia nada nela, nada mesmo, o corredor estava vazio e as janelas escuras, haviam apenas dois quadros também vazios naquele local. O que Tom estaria aprontando desta vez? Mione iria ter uma participação neste plano?
Então, como se fosse em um passe de mágica, a parede de pedras se abriu, as pedras se deslocaram uma de cada lado, separando-se instantaneamente e abrindo uma nova visão para uma porta negra de mármore escuro e detalhado. Mione se surpreendeu ao vê-la, lembrando-se rapidamente de uma leitura que ela havia feito em uma dessas noites passadas, quando ainda se encontrava no ano certo. Uma parte dela se acendeu por ter, finalmente, visto de perto a Sala Precisa, a que tanto outros alunos gostariam de achar mas nunca conseguiam.
Mas o errado era ela estar ali. Naquele ano. Com aquelas pessoas, e com ele.
— Que incrível! — Anastácia foi a primeira em dizer, Mione apenas ficou calada, as portas se abriram e então quase todos entraram, porém Mione fica ao lado de fora, nervosa.
— Entre — pede Tom notando que a castanha estava parada, Mione o olha com certa raiva e medo, mas mesmo assim o obedece.
A Sala Vai e Vem se transformou exatamente naquilo que Tom Riddle poderia cogitar em pensar: um refúgio que absolutamente ninguém iria suspeitar que existisse. As paredes eram escuras, mal se dava para enxergá-las de fato, a sala somente se iluminava por conta dos archotes flamejantes que se espalhavam pelas paredes negras da mesma, um grande tapete se estendia pelo chão liso, uma chaminé estava ao fundo da sala, Mione pôde ver de deslumbre uma mesa de madeira cheia de pergaminhos e um caderno de capa grossa e marrom. Um assento estava atrás da mesa, este foi logo ocupado por Tom, Mione constatou o óbvio: era aqui que Tom Riddle planejara todos os ataques e arranjos em Hogwarts. Bem aqui, nesta sala. Era nesta sala que tudo poderia acontecer, tanto de ruim quanto de bom.
Os olhos castanhos da garota se levantaram rapidamente, a atenção sendo posta no moreno de olhos claros em sua frente, ele parecia muito concentrado no que fazia, por outro momento ela pôde ver quão belo e maligno aquele ser era. Um sentimento estranho se apossou da menina, como se ela estivesse sentindo uma coisa ao qual não saberia definir em palavras mesmo que tentasse; ela estava muito concentrada nos movimentos que Tom Riddle fazia, cada mínimo detalhe parecia ser importante para os seus olhos, cada coisinha que ele fazia, nem que seja pegar uma pena ou anotar algo em um pergaminho. Isso se seguiu por longos minutos, até o garoto notar estar sendo observado e sorrir com isso, Tom levantou seus grandes olhos claros e viciantes, devolvendo um olhar para a mais nova.
Hermione não podia negar: Tom Riddle sabia muito bem como ser atraente quando queria, ela também não podia negar que sempre que ficava perto do rapaz o ar parecia se esvair e seu coração bater mais forte. Não era a mesma coisa que sentia por Rony, muito pelo contrário, não se dava nem para comparar, era algo mais... quente, fervente e viciante.
Ela tenta espantar estes pensamentos balançando a cabeça, porém eles continuam a rodando mesmo quando Abraxas chama a sua atenção.
— Madelyn, mostre sua marca.
Agora era que Mione se sentia mais do que desesperada, qual desculpa ela daria se os outros dois descobrissem que ela não tinha a marca de Agoureiro no pulso?
Porém, para a surpresa da garota, Tom interviu se aproximando.
— Não é necessário — diz ele. Então o mesmo olha para ela, fazendo-a perder o ar mesmo que sem querer. — Você pode começar mostrando a sua, Abraxas.
Abraxas concordou mesmo estranhando, então levantou a manga da sua blusa e uma espécie de marca negra com um símbolo nada atencioso apareceu nas vistas da garota, ela parecia se mexer de uma forma não muito agradável. Em seguida, Anastácia faz a mesma coisa e a marca dela se mexe também. Os dois colocam os braços em cima de um cálice grande o suficiente para Hermione o estranhar, Tom pega uma adaga com a lâmina extremamente afiada e corta em uma linha reta, fina e pequena cada braço estendido; o sangue dos dois comensais é derramado sob o cálice, que arde em chamas ao sentir o contato do líquido fervente e vermelho.
Mione acha aquilo medonho, nunca se sentiu tão assustada em toda a sua vida. Tom fala palavras finas, sussurrantes e de arrepiar até o último fio de cabelo da garota, o sangue borbulha no cálice, então ele corta o próprio braço e é quando os seus comensais começam a sentir uma dor tremenda e ardente em seus pulsos.
— O que você está fazendo? — sussurra Hermione com receio, ele a olha com um meio-sorriso.
— Estou dando uma nova marca a eles.
De seguida, a marca em seus pulsos que antes era um Agoureiro se transformará numa ao qual Mione conhece muito bem (e até demais): uma caveira com uma cobra saindo de sua boca. Era tão negra que era semelhante a uma tatuagem.
Abraxas e Anastácia ainda sentiam dor, porém sabiam disfarçar muito bem.
— Podem ir — manda Tom. — Tenho assuntos a resolver com Madelyn.
— Por que ela não ganhou sua marca? — Abraxas pergunta, porém logo se arrepende com o olhar que lhe é recebido. — Tudo bem, estamos indo. Até mais.
Assim que os outros dois se foram, a parede de pedras se fechou e os outros ficaram sozinhos ali dentro. Desespero era uma coisa que se encaixava exatamente ao que Hermione sentia naquele momento, Tom estendeu a mão para a castanha pegar, ela relutou em fazê-lo, mas por fim a pegou. Tom a guiou até a velha mesa que se encontrava ali no canto, fez-a sentar na mesma para ver tudo o que o garoto tinha em mente.
— Pode ver sem pressa alguma — diz ele calmo, os seus olhos claros encaravam a garota em sua frente com muita atenção e devoção.
— Que é tudo isso? — ela perguntou em um fio de voz, o rosto do garoto se abaixou a altura do dela, ficando muito próximo.
— Estes são todos os meus segredos.
— E por que você quer me mostrar eles?
— Porque eu confio em você.
Dito isso, os dois pararam o que estavam fazendo para se olharem, Hermione não sabia descrever o que sentia, porém sabia que àquilo não era nada bom.
Nada bom mesmo.
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