História Uma Princesa Entre Nós - Rei Robert

POV MARIA

minutos Antes

Os nossos nomes foram chamados e Hikiniek tomou a minha frente esbarrando o seu cavalo em Menry. Ele parou em frente a estreita porta

-Você nunca vai ganhar isso -diz ele arrastando e fechando a porta

-O que você está fazendo, Erick! Abra isso! ABRA ESSA PORTA AGORA! -eu socava a porta de madeira

-Pré uso manter o meu legado, alteza! Espero que você entenda -responde Hikiniek. Escuto o trinco da forta sendo fechado

Desci de Menry e tentei com toda a minha força derrubar aquela porta que era incrivelmente resistente. Pra que fizeram um porta tão dura daquele jeito!

Tentei gritar por socorro, mas do lado de fora as torcidas estavam na maior euforia

-AI QUE ÓDIO! -grito chutando a porta e sentindo o meu dedo latejar -Puta merda... -digo pulando igual um saci

Carreguei Menry para o cercado e me sentei no monte de feno

Sempre que tem alguma coisa caminhando certo na minha vida, acontece algo pra desinstabiliza-la

Chegamos tão perto de ganhar...fizemos tudo tão perfeito

-Perdemos Menry -digo deixando as lágrimas deslizar em pelo meu rosto

Eu fiquei ali por longos minutos. Ah como eu chorei naquele momento

-Mas que droga! Quem diabos fechou isso? -perguntava alguém empurrando e abrindo a porta

Me levantei imediatamente e vi Léo entrando no estábulo, provavelmente tinha se esquecido de algo no seu cercado

-LÉO! -grito secando minhas lágrimas e correndo puxando o cabresto de Menry -Que bom que você voltou eu....

-Alteza, estão todos te procurando! -responde ele sem entender o que eu estava fazendo ali

-Muito obrigado! -digo finalmente o abraçando -Preciso ir -me desvencilho dele e subo em Menry

Cavalgo o mais rápido possível até a pista. Já estava de noite e logo que ali sai meus olhos foram atingidos pelas luzes fortes

Locutor: O vencedor do Torneio Anual Europeu de Hipismo é Erick...

-HEY! ESPERA AÍ! -grito entrando parando ao lado de Hikiniek que me olhava espantado, confuso e raivoso -A competição ainda não acabou -falo olhando em seguida para Erick

Público: Aplausos e gritos

Meu avô junto com Edine na arquibancada pulavam e acenavam

Menry relinchava para o cavalo de Hikiniek. Ela ficava sobre suas patas

-Quietinha Menry...-falo a alisando

-Nao adiantou nada você voltar! Só irá passar vergonha em público -cochicha Erick sorrindo -Espero que esteja preparada para perder

-Espero que você também esteja

Locutor: A nossa final tem tudo pra ser acalorada, valendo o primeiro e o segundo lugar...Erick Hikiniek tenta defender o seu histórico de quatro torneios invictos, contra a alteza Maria d'la Chermont que nos agraciou com a sua doçura e técnica. Estou narrando esse tipo de jogo a mais de vinte anos e NUNCA vi uma competição tão calorosa como está. Deixa eu parar de falar e vamos começar... Primeiro as damas

-Acho que ele está falando com você -falo e o locutor da risada -Eu prefiro ir por último, senhor

-Claro, deixa eu mostrar pra você como se faz -diz Hikiniek açoitando o seu cavalo, o fazendo andar ligeiro?

A torcida de Hikiniek era bem grande, quase toda forma por suas primas espalhafatosas que adoravam fazer barulho. Elas tinham trago até cartazes, isso sim que era apoio -risos

Em uma volta completa Erick deixou cair apenas duas traves. Algo muito difícil de se superar

-Duvido você fazer melhor -diz ele me mandando beijinho na ar

Eu respirei fundo tentando conter minha ansiedade

Olhava pra aquela arena cheia de areia e gente me olhando...minhas mãos nas rédeas suavam frio

A minha vó...era pra ela estar ali, torcendo por mim. Consigo até imaginar o seu desespero e alegria ao me ver acertar cada obstáculo

POV REI ROBERT

Maria cavalga até o início da pista de areia. Menry parecia sambar de tão lindo que era o seu andado

-Sinto-me mal por ter duvidado dessa égua -falo a Edine

-Ainda bem que alteza é turrona -diz ele rindo

Havia uma torcida por Maria do lado de fora do castelo. Parecia até a final da Copa, todo mundo concentrado e em silêncio. Já do lado de dentro todos já pareciam saber o fim daquela competição e que o invicto ganharia mais uma

Menry iniciou pulando certeiramente as traves sem deixar nenhuma cair, até mesmo as mais altas!

Porém logo mais a frente sua pata travesseiro encostou em um dos obstáculos o fazendo balançar e cair no chão

Mesmo visivelmente decepcionada Maria continuou o circuito, e quando Menry se preparou para pular um assobio forte e fino acabou a assustando. Menry se enroscou no obstáculo caindo feio no chão e lançando longe Maria que saiu bolando na areia

-MARIA! -gritou o soldado ao meu lado

Maria não se movia naquela areia

Eu tentei descer a arquibancada, mas tinha muita gente e todos quariam saber o que estava acontecendo. Um velho como eu não podia sair empurrando e pulando tudo que havia pela frente

Quando procurei Henry do meu lado ele já estava pulando o cercado e correndo pela pista

-Investiguem de onde veio esse assobio -falo para os outros soldados

POV MARIA

Meu corpo estava todo dolorido, minhas vistas estavam zonzas. Acho que bati forte minha cabeça

-Maria? Maria? Fala comigo por favor...Maria! -Henry batia levemente em minhas bochechas

-Cadê Menry? -pergunto com dores -Ela está bem?

Henry olha pro lado e depois me encara. Sua afeição não era boa

Me apoio no chão e me levanto.

Menry relinchava de dor estirada no chão. Alguns veterinários chegaram e a cercaram

Olho para a minha calça branca e a vejo toda rasgada

-É por isso que eu defendo o uso de calças -digo soltando um leve riso e sentindo minha cabeça quase explodir

Um médico chegou e me examinou bem rapidamente, como aqueles médicos que tem na beira dos gramados de futebol

-Ela está bem? -pergunto vendo os veterinários enfaixarem sua pata traseira

-Bem ela na está. Pra essa aqui a competição acabou -responde o doutor

Menry se levantou e saiu da pista mancando

-Para a alteza a competição também acabou -fala um médico -Precisamos fazer exames. A senhorita bateu forte a cabeça...

Locutor: Aparentemente a nossa alteza não poderá mais concorrer

-Pelo menos levamos o segundo lugar -diz Henry me ajudando a se levantar

-Pode ir ao pódio. Esperamos a senhorita na ambulância daqui a alguns minutos -diz o doutor se distanciando

-Você está bem mesmo? -pergunto Henry me olhando

-Estou! Pode ir -digo o fazendo me dar um beijo no topo de minha cabeça e se distanciar

O segundo lugar? Mas eu queria o primeiro! Parece ganância ou manha, mas não era. Queria o primeiro lugar para provar para aqueles paspalhos que eu podia, que meninas podiam, que mulheres podiam MUITO BEM competir aquele torneio!

Rapidamente foi preparado um pódio no meio da pista, com os três degraus em ordem

Turner, eu e Hikiniek ficamos parados um do lado do outro, de frente para o público. Eu era uma chacota para eles

Nas caixas de som soou uma musica suave, entraram três mulheres muito bem vestidas com bandejas em mãos. Em cada bandeja se tinha uma medalha (Ouro, Prata e Bronze) e uma coroa de oliveira

-Eu disse que nenhuma nunca ganhou! -cochichava Hikiniek exalando um ar de superioridade

Locutor: Vamos começar pelo terceiro lugar...uma salva de palmas para o cavalheiro Robson Turner

O público bateu uma palma leve quase que nula

Turner foi agraciado por uma medalha de bronze em seu pescoço e um quantia em dinheiro

Locutor: Agora vamos anunciar o primeiro lugar, o segundo já vai ser diretamente estabelecido -ele lê o seu papel o resultado que não era mistério para ninguém -E o grande prêmio de 1,5 milhões de reais e prestígio de ser o vencedor do nosso torneio anual vai para...

Hikiniek sorria largamente

Eu só queria socar a cara daquele peste

Locutor: Erick Hikiniek!

As suas fãs começaram a gritar enlouquecidamente. Até fogos tiveram e como já estava a noite ficou tudo muito lindo no céu

Meu vô balança a cabeça inconformado. Lá fora o povo ficou em silêncio, eles tinham esperança em mim. Isso me deixou extremamente triste.

O que meu vô estava pensando? O que minha vó iria pensar? Desonrei o nome do reino. Agora é que não vão mais apostar em mulheres

-Eu estraguei tudo...

Eu não fazia nenhuma questão daquele prêmio. Eu só não queria que aquele atropelador ganhasse!

Hikiniek com sua coroa de oliveira e sua medalha de ouro brilhante passeava pela pista acenando para o seus fãs. Cinco anos invicto

Locutor: Desculpe gente, houve um equívoco! Os jurados decidiram, por uma série de acontecimentos, desclassificar o cavalheiro Erick Hikiniek...sendo assim o primeiro lugar passa a ser MERECIDAMENTE da alteza Maria d'la Chermont!

O povo lá do lado de fora começou a gritar freneticamente como se eu tivesse feito um gol. Meu avô pulava feito louco junto com Henry

Eu ainda não estava acreditando. Eu não sabia se ria ou se chorava de emoção

-COMO ASSIM ELA GANHOU? -pergunta Erick caminhando até o corpo de jurados -Ela derubou mais traves do que eu! Ela derrubou TODO O OBSTÁCULO! Essa alteza nem deveria ganhar o SEGUNDO LUGAR! Ela nem deveria estar aqui! -dizia ele

-Senhor se acalme -pedia um dos juizes

-Se acalme nada! -grita Erick em fúria prestes a voar no pescoço do jurado

-Senhor já foi desclassificado -fala outro juiz

-Mas eu não fiz nada!

O jurado se levanta e caminha até mais perto de Hikiniek e diz bem baixinho:

-Descobrimos que foi você o culpado do assobio que quase ocasionou uma tragédia. Soubemos também que antes disso prendeu a sua concorrente no estábulo

Como eles sabiam da história do estábulo?

-Léo -digo sorrindo

-É melhor você aceitar a sua derrota ou será banido do torneio pra sempre -conclui o jurado dando três tapinhas no ombro de Erick

-QUERO QUE VOCÊS SE DANEM! -gritou Hikiniek jogando a medalha na areia. Ele saiu esbravejando

POV REI ROBERT

Povo: Maria! Maria! Maria!

O jurado colocou a medalha no pescoço de Maria merecidamente. O sorriso em seu rosto era encantador e a sua felicidade contagiante. O amor que o pessoal tinha por ela era inigualável

Já conseguia imaginar a sua coroação. Uma linda Rainha estava sendo preparada

-Vamos lá Majestade? -me chama Henry

Me levanto e sinto uma leve tontura

De uma hora pra outra a tosse ficou incontrolável

-Pode ir soldado! Irei depois -digo rouco

Quando ele já estava distante eu tornei a pegar novamente o meu lenço, mas sangue começou a sair, além de minha boca pelo meu nariz

POV MARIA

-Eu falei que você iria conseguir -diz Henry correndo em minha direção

Henry me abraça e me gira no ar. O seu abraço era tão apertado e gostoso que eu não queria sair mais dele

-Cadê meu vô?

-Ele est... -ia falando Henry

Na arquibancada, no lugar onde meu vô estava, tinha um monte de gente amontoado. Depois de alguns minutos vejo uma maca sendo carregada as pressas

-É o meu vô? -pergunto

-Acho que sim

Eu larguei de mão toda aquela comemoração. A minha felicidade já tinha ido embora

Corri para ir atrás daquela maca, mas fui cercada por uma multidão daqueles que torciam por mim. Todos queriam uma foto, um abraço ou qualquer coisa

-Espera gente eu prec...eu prec...gente, pera! -tentava cruzar a multidão

Não tinha geito, teria que atendê-los. Talvez se eu saísse correndo meu vô comeria o meu fígado novamente. Eu atendi uma parte deles e depois corri para o palácio junto com Henry

-Cadê meu vô? -pergunto ao abrir a porta -Thomas? THOMAS?

Thomas aparece no topo da escada

-Meu vô? -pergunto subindo -Cadê ele?

-Lá em cima alteza -responde Thomas com um olhar triste

Saio correndo para o seu quarto, abro a porta com tudo e paro ali mesma

Meu vô estava deitado na cama agonizando e tossindo sem parar. Só pela sua feição dava pra ver que ele não estava nada bem. As lágrimas tomam conta do meu olho, mas me mantenho firme

Henry chega atrás de mim e entra junto comigo

-Vô? O que aconteceu?

-(tosse) Eu não sei querida (tosse) talvez uma pneumonia, eu não sei (tosse)

-Eu falei pro senhor ir ver o que era essa tosse -digo entrando em seu quarto

-Eu sei...mas agora não adianta mais...não tem como voltar atrás...a minha hora chegou

-Não! Não diz isso! -digo me ajoelhando na cabeceira de sua cama e segurando sua mão -O senhor não vai morrer...a-a-a-a gente pode tratar isso...

-Você estava tão linda naquela arena Maria -ele alisa meu rosto fazendo minhas lágrimas aumentarem -Será uma ótima rainha...vou com a consciência limpa

-Eu não quero que o senhor vá...

-Mas eu preciso ir querida -diz ele rouco -Sua vô me espera...quero a reencontrar e viver a eternidade junto dela...você não sabe o quanto eu estou feliz (tosse)...iremos poder fazer nossas viagens...

-Vô...não

-Estou morrendo feliz

-Eu preciso do senhor aqui do meu lado... -digo deixando as lágrimas deslizarem pelo meu rosto

-E eu sempre estarei, querida -responde ele voltando a ter uma crise de tosse ainda mas forte, com sangue saindo pela sua boca

-Soldado, eu deixo minha neta em sua proteção...cuide e proteja ela de tudo, não importa o que aconteça, se preciso de a sua vida por ela (tosse)

-Vô o senhor não pode me deixar aqui sozinha. O senhor não pode morrer -digo em meio ao choro

-Fique calma querida, você será uma ótima rainha -repetia ele -Nunca se esqueça, o povo vem sempre em primeiro lugar...

-Vô não me deixe aqui sozinha...

Sentia sua mão folgar da minha e perdendo aos poucos o seu calor

-Vô!...Vô! -o chamo as prantos

No rosto de meu avô os seus olhos já estavam fechados. Ele tinha se ido, me abandonado...