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História Uma segunda chance - Décimo sexto


Escrita por: makkachin

Capítulo 16 - Décimo sexto


2015

Ainda antes de o médico liberar Stiles do seu quarto, Derek foi atrás da enfermeira que havia tomado conta de Stiles na cama logo pela manhã. A segunda enfermeira que veio ao quarto não fazia ideia de quem ela era, por isso mesmo Derek foi pelos corredores a procurar pela senhora, pois ele não poderia deixar ela escapar.

Claro que ele não a achou.

Derek tinha quase certeza que não encontraria ela depois do que havia acontecido, principalmente com tudo que a velha senhora tinha dito aos dois, mas Derek queria encontrar ela outra vez para pedir o que ela era e o que sabia sobre Stiles. Só com as palavras dela era óbvio que tinha alguma coisa sobre a enfermeira que era bastante suspeito--por todo o tempo que ela ficou no quarto parecia certo que ela tinha alguma mensagem para os dois, ainda que eles não tenham entendido no começo.

Só que Derek correu e correu, apenas para chegar a lugar nenhum.

Pensando sobre o que havia acontecido agora, ficava óbvio que a senhora estava dizendo que tudo entre eles ficaria bem, que eles tinham um futuro juntos. Parecia que tudo o que ela disse era uma grande mensagem de coisas boas a vir no futuro. Derek não queria muito pensar naquilo, mas a cada segundo que aquelas palavras apareciam outra vez em sua cabeça ele queria mais e mais mergulhar naquele futuro.

Mergulhar naquele futuro bom e nunca mais voltar.

Ele ainda não sabia o motivo certo de o Stiles voltar do passado e aparecer no corpo desse Stiles. Derek nem sabia o motivo desse Stiles existir, afinal de contas ele não tinha pai ou mãe, não tinha um passado certo, nada além de ter uma data de nascimento igual da data de morte do Stiles do passado.

Era tudo parte de um grande mistério, e no fim das contas Derek ficou apenas com seus pensamentos na cabeça, já que ele não conseguiu encontrar a mulher que havia falado sobre o futuro deles. Derek chegou até a pensar bem se essa mulher sequer existia, afinal ninguém sabia dela pelo hospital todo, o que fazia ele parecer mais maluco a cada minuto.

Ao voltar finalmente ao quarto, Stiles já o esperava na cadeira de rodas. No começo o garoto não queria ficar sentado, mas o enfermeiro acompanhando eles disse que era uma norma do hospital, por isso Derek tomou as rédeas e levou Stiles até a porta. Chegando finalmente ao lado de fora, o enfermeiro ajudou Stiles a se levantar, desejando a ele uma boa melhora antes de levar a cadeira de volta para dentro do hospital.

Por um momento os dois ficaram ali no estacionamento do hospital, sozinhos e em silêncio.

“Pra onde a gente vai?” Stiles pediu, pegando na mão de Derek com a que não estava engessada.

“A gente tem o seu apartamento pra ver. Ou pode ir pro meu. Eu prefiro o meu,” Derek disse. “A gente não tem que decidir muita coisa hoje, sabe, mas eu não quero perder você de vista.”

Derek parecia meio envergonhado em admitir aquilo, o que parecia ainda mais estranho sendo que ele não era assim tão jovem, já um homem nos seus quarenta anos. Stiles viu o nervosismo nele, mas apenas sorriu. Com calma ele se virou para Derek.

“Eu não quero ficar longe de você, também,” ele disse.

Derek assentiu.

“E eu tenho tempo mais tarde para decidir o que quero fazer da minha vida, se tem alguma coisa a se fazer dela. Eu nem sei direito o que eu tenho que fazer comigo mesmo,” disse Stiles. “Eu estou no corpo de alguém que é eu, mas não é eu. Ele teve uma vida diferente da minha, e eu simplesmente tomei conta do corpo dele. Eu acho...”

Derek não soube muito o que dizer para aquilo. Ele até olhou em volta para ver se alguém estava ouvindo os dois, afinal de contas aquela conversa parecia uma maluquice, e ele não queira que ninguém achasse que ele era mais louco do que ele já achava que era.

“Será que alguém vai sentir falta do outro Stiles?” Esse Stiles pediu.

Derek ainda não sabia direito o que dizer. Ainda assim ele tentou falar.

“Olha, ele não tinha família, mal tinha um amigo, que eu nem sei se é amigo de verdade, porque ele nunca mais falou dele. E também ele foi criado por freiras, e uma das mais antigas que acolheu ele já morreu. Que acolheu você… bom, que acolheu o outro você.” Derek bufou. Ele não sabia como conduzir aquela conversa.

Stiles riu dele. “Eu sei que isso tudo é muito estranho. Eu só sei que isso é um pouco do que aconteceu com esse outro Stiles, mas é tudo como se fosse um sonho. Como se eu lembrasse pouco dele, quase nada, mas tivesse certeza que ele existe. Ou existiu. Não sei.”

Derek suspirou.

“Acho que a gente pode ter essa conversa mais tarde, lá em casa. Dá pra gente relaxar, pra você trocar essas roupas e comer alguma coisa. Acho que a gente precisa também de um banho, e um saco de plástico pra esse seu braço.”

“Sim, sim. Eu vou ter que me ensacar pra tomar um banho. E aguentar umas semanas pra sobreviver isso,” Stiles riu de si mesmo.

Os dois então caminharam para o carro de Derek, de mãos dadas. Durante grande parte de viagem foi engraçado de ouvir as perguntas de Stiles, fascinado com as coisas diferentes ao ver um mundo vinte anos a frente de seu tempo. Ele disse que tinha alguma coisa do mundo atual em suas memórias, assim como o outro Stiles, mas tudo parecia um sonho, como ele mesmo disse.

Derek foi contando para ele como era o mundo em 2015, ainda que ele não tivesse tantas diferenças assim com o de 1995, a não ser pela tecnologia. Eles conversaram facilmente, o que até surpreendeu Derek, que sentiu como se a sua vida estivesse entrado no lugar certo, no caminho certo e na hora certa.

Quando eles chegaram ao apartamento de Derek, Stiles sorriu.

“Você ainda mora no mesmo lugar?”

Derek assentiu para ele, sentindo uma espécie de orgulho do apartamento dele, ainda que aquele mesmo rubor de antes se espalhasse pelas suas bochechas. Claro, não era o mesmo exato apartamento; Derek comprou o prédio inteiro e transformou todos os apartamentos, incluindo o dele. Mas alguns traços do antigo quarto em que ele e Stiles viveram dias e noites de amor ainda estava ali.

“Tudo aparece quase igual,” Stiles falou, andando com calma pela sala, tocando nos discos nas prateleiras. Aquela sala era uma vez o apartamento inteiro, mas depois de algumas paredes quebradas e refeitas, tudo era maior. No entanto, ela conservava ainda algumas coisas do passado--Stiles sorriu ao ver as fitas que ele havia gravado com Derek, intactas, do mesmo jeito que elas estavam há vinte anos.

“Isso pode parecer um pouco estranho, eu sei,” Derek disse.

“E talvez não muito saudável,” Stiles completou. Derek só levantou os ombros. Stiles caminhou de volta para ele. “Eu não consigo imaginar o que você passou por todo esse tempo.”

Stiles colocou seus dedos no rosto de Derek e tocou ele com calma, sentindo os contornos do rosto do homem, a barba dele e sua pele. Derek deixou seus olhos se fecharem e aproveitou para apenas sentir.

“Eu não quero te ver mais sofrendo,” Stiles sussurrou.

“Eu não quero te ver morrendo outra vez, “ Derek deixou escapar ao abrir seus olhos.

Stiles arregalou os seus.

“Eu não vou morrer de novo,” ele disse rapidamente. “Quer dizer, não vou deixar isso acontecer de novo. Pelo menos não do jeito que foi antes.”

Derek assentiu com calma.

“Eu espero que não. Não sei se aguentaria. Eu já tive que assistir meu rosto no espelho depois de contar pro seu pai que você tinha morrido, eu não quero ter que fazer aquilo de novo.”

Stiles ficou quieto por um instante. Mas então seu rosto se abriu em um olhar de esperança.

“Meu pai?” Ele pediu. “Será que… Será que ele ainda…” O garoto não conseguia terminar a frase. Seu olhos ainda estavam arregalados, e pelo seu rosto Derek já sabia o que ele queria pedir.

“Eu não sei como ele está. Mas sei que ele está vivo, Stiles.” E ele quase confessou que havia ajudado o pai de Stiles com dinheiro, ainda que o próprio pai de Stiles não soubesse.

Os olhos de Stiles começaram a se marejar. As lágrimas vieram junto com um sorriso. Ele parecia aliviado, mas feliz. Uma felicidade que se mostrou ainda maior quando ele pediu a Derek para ver o pai.

“Eu quero ver ele,” Stiles falou. “Eu preciso.”

Derek estava indeciso.

“Será que é uma boa ideia? Eu não sei como ele vai reagir, não que eu não queira que você veja ele,” Derek disse.

Stiles mordeu o lábio. “Eu sei. Quer dizer, não sei se é uma boa ideia ou não, mas olha como nós estamos. Você iria gostar de perder a chance de ver alguém que você ama por uma última vez?”

E Derek não precisava responder a aquela pergunta, a resposta estava óbvia na forma como ele não conseguia tirar os olhos de Stiles. Ele nunca iria perder uma chance, nem que fosse para ter apenas um segundo com Stiles.

Que bom que agora parecia que eles tinham uma vida inteira.

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1995

Derek tentou fazer de tudo para o pai de Stiles chegar ao hospital, tentou acalmar Stiles, já que o garoto não queria chamar o pai logo que foi ao hospital, mas quando as coisas começaram a piorar ele pediu para Derek o fazer. E Derek, bem, ele estava em desespero tentando procurar um homem que ainda nem conhecia para contar a ele que o filho não poderia nem falar com o pai à beira de uma morte esperada.

Quem sabe o Stiles sobreviveria a essa. Quem sabe… Derek não podia nem pensar naquilo.

John chegou ao hospital apenas no final da tarde, depois de ter corrido como um louco, segundo o que ele havia contado.

Onde está meu filho?” O homem pediu.

Derek, que estava o lado de uma enfermeira, apenas apontou para o quarto.

E quem é você?” John ainda pediu.

Derek ficou com medo da voz do homem, por isso ele demorou um pouco para responder.

Fui eu quem ligou pra você, por causa do Stiles.”

John deu uma boa olhada para Derek, antes de assentir. Logo ele entrou no quarto, vendo o filho todo entubado. Os sintomas de pneumonia tinham se agravado durante o dia, requerendo um coma induzido para que Stiles pudesse tentar deixar seu corpo combater a doença, no que os médicos não estavam muito confiantes. E daquele jeito ele não falava e nem abria os olhos. Derek não conseguia nem imaginar como aquilo tinha acontecido por causa de uma gripe, que o levou ao hospital onde ele contraiu a bactéria. Ainda que o coma fosse induzido pelos médicos para que ele pudesse ao menos tentar ter uma esperança de vida, Derek ainda estava bastante apreensivo.

Mas ele conseguiu ver como ele não era o único.

Ao ver o filho naquela cama o pai dele se dissolveu em lágrimas. Ele não conseguia nem falar, ou sequer controlar o choro. Derek foi até o lado dele e, com medo, colocou uma mão em torno do homem, sabendo que não havia nada que ele pudesse fazer. Derek apenas não conseguia ver ele daquele jeito

Instantaneamente, John o abraçou de volta, procurando conforto nele. Por alguns minutos eles ficaram ali, abraçados. Derek tentou não deixar o homem sem aquele momento de carinho, afinal o próprio Derek sabia o quão importante era ter alguém naqueles momentos, já que ele não teve ninguém.

Quando se soltaram, John olhou nos olhos de Derek.

Você ama meu filho?” O homem pediu.

A pergunta pegou Derek desprevenido, fazendo o ar escapar de seus pulmões. O olhar de John era tão acolhedor que Derek tento respirar fundo para responder.

Sim. Eu amo ele,” Derek disse. Ele sentiu uma lágrima cair pelo seu rosto. “ Amo ele com todas as minhas forças.”

John assentiu para ele, colocando uma mão sobre o ombro de Derek. Por um momento ele olhou para o filho, sedado em sua cama, e depois voltou a olhar para Derek.

Eu sei que esse não é o melhor momento pra gente se conhecer, mas o Stiles me falou vagamente de você, ainda que ele conversasse muito pouco comigo nos últimos meses. Eu também não conseguia me manter sem chorar ao lado dele sabendo que isso…” Sabendo que isso aconteceria.

Derek apenas confirmou com sua cabeça que havia entendido o que John não conseguia dizer. Por muitos momentos o próprio Derek não sabia como ele havia aguentado ficar ao lado de Stiles sabendo que logo ele iria morrer. Mas durante os momentos felizes tudo parecia tão perfeito que Derek não conseguia entender tudo aquilo.

Agora, sentindo tudo na pele, tudo tomava uma nova perspectiva.

Eu tentei fazer ele feliz nesses poucos dias,” Derek disse. “Eu tentei ser feliz junto com ele. Não imaginei que seria tanto.”

Um pequeno sorriso se abriu nos lábios do pai de Stiles.

Ele foi feliz também?”

Derek apenas assentiu.

Eu acho que ele fez de tudo que queria, e fez sem nem pensar. Talvez não fosse a melhor maneira de viver a vida, mas quem somos nós pra julgar alguém que decide fazer o máximo do pouco tempo que tem, não?” Derek falou.

John concordou com um movimento de cabeça.

Então pra mim já é o bastante.” E as lágrimas voltaram aos olhos do homem.

Derek se sentia perdido com todas aquelas emoções no rosto de John, mas o abraçou de novo. Os dois eram praticamente estranhos, não haviam sequer se visto antes, mas parece que uma tristeza em comum tinha os colocado um no mundo do outro.

Uma pena que tinha que ser assim.

 



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