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História Uma Semana de Natal - 22 de Dezembro


Escrita por: anna_voeg

Notas do Autor


❤️

Capítulo 4 - 22 de Dezembro


CAPÍTULO QUATRO

"Oh, I won't ask for much this Christmas

I won't even wish for snow"

("Oh, eu não vou pedir muito neste Natal

Eu não vou nem desejar neve") 


[Quinta-Feira, 22 de Dezembro]

 Eram 10h00 quando Sarah conseguiu uma vaga no estacionamento do shopping. Ao estacionar, ela desceu do veículo e caminhou furiosa até a entrada do lugar, onde encontraria Connor. Depois de uns cinco minutos ele apareceu, como sempre com um bom humor invejável. 

 — Como pode estar sorrindo em meio a todo esse caos? Eu levei meia hora para conseguir uma vaga neste lugar, você tem noção disso? 

 — Não, porque eu vim a pé — respondeu ele, com um sorriso debochado nos lábios. 

 — A pé? Por que veio a pé? Você mora tão perto do shopping assim? 

 — Não exatamente. Mas, primeiro, gosto de caminhar de vez em quando e, segundo, sabia que aqui estaria um caos. Por isso evitei o estresse. 

 — Sabia? — ela perguntou indignada.

 — Ah, por favor, Sarah, não me diga que você não sabe que em época de final de ano todos os estabelecimentos ficam desse jeito? 

 — Por acaso você se esqueceu que eu não comemoro as festas de final de ano e que eu nunca vivi tudo isso? 

 — E você não tem televisão na sua casa? 

 Sarah revirou os olhos. Não ia discutir com Connor porque sabia que ele estava certo. Precisava só ter se esforçado um pouquinho para se lembrar de como as coisas ficavam naquela época. Respirando fundo, ela tentou fazer com que todo seu estresse fosse embora pelos ares. 

 — Certo. Agora me diga por que viemos até aqui. Ontem você disse que os planos para hoje era fazer coisas bem divertidas e eu estou até agora tentando entender o que há de divertido em um shopping. 

 Connor sorriu novamente, dessa vez um sorriso genuíno, repleto de empolgação. 

 — Vamos fazer compras. 

 Sarah não respondeu de imediato porque achou que tinha escutado errado. Como num passe de mágica, foi como se todo o estresse jogado nos ares tivesse voltado e penetrado seu corpo novamente. 

 — Você está brincando comigo, não está? Rhodes, não posso acreditar que me tirou da minha cama na manhã de vinte e dois de dezembro para fazer compras em um shopping caótico.

 — Qual foi, Sarah? Está falando como se isso fosse o fim do mundo. 

 — E é! Eu odeio fazer compras. Vou ao mercado por obrigação, imagina vir ao shopping comprar futilidades. 

 — Não são futilidades — Connor rebateu, levemente ofendido. — Eu estive observando e não temos roupas boas o bastante para passar o Natal. Não vamos a uma festa chique, então não faz nenhum sentido eu usar terno, e é só o que tenho. E você está sempre com roupas de cores neutras, e não que eu esteja julgando, você fica muito bem nelas, mas que tal comprarmos algo mais… a ver com a data? 

 — Definitivamente você está brincando comigo. 

 — Não seja careta, quando topamos fazer isso, combinamos de entrar totalmente no clima. E é isso que vamos fazer. Não vai ser tão ruim, no máximo compramos uns suéteres ou então um pijama, sei lá. 

 Ele dobrou o braço e fez um sinal para que Sarah entrelaçasse o dela no dele. Com uma animação deprimente, assim ela fez e então os dois entraram juntos no shopping. O lugar realmente estava cheio, mas por serem muitas lojas, nada estava tão lotado quanto Sarah havia imaginado, já que todos estavam bem distribuídos nos mais diversos estabelecimentos. Aquilo fez com que ela criasse mais coragem para encarar aquela programação. 

 — Olha só — disse ela, fingindo empolgação. — Gorros de Papai Noel. Será que você, o Senhor Natal, não vai querer um? 

 — Viu só, você é boa nisso — Connor respondeu, fazendo com que Sarah ficasse em choque. 

 Não era a reação que ela esperava, mas ele sequer notou o desespero em seu olhar e apenas a puxou até a loja para comprar os benditos gorros. 


➤➤➤➤➤

 Uma hora e meia tinha se passado e os dois já tinham comprado tudo aquilo que julgavam necessário para o dia de Natal. Na verdade, surpreendendo a si mesma, Sarah tinha comprado além daquilo que julgava necessário. Quando Connor percebeu isso, ela disse que só estava gastando muito porque tinha que dar alguma utilidade a todo o dinheiro que sua mãe lhe enviava mensalmente. Mas claro que aquilo era só desculpa furada.

 Cheios de sacolas e levemente cansados daquele ambiente, eles já estavam se encaminhando para a saída do shopping. Foi quando Connor parou de andar e fez um sinal de como quem tinha lembrado de algo. 

 — Pode me esperar aqui? Eu preciso comprar uma última coisa. 

 — Tudo bem — Sarah respondeu dando de ombros. Seu momento de fúria já tinha passado e ela estava bem mais paciente.  — Mas eu posso ir com você, sem problemas. 

 — Não. Eu não quero que você venha. Fique aqui, por favor. Ou vá para seu carro e eu te encontro depois. 

 A psiquiatra franziu as sobrancelhas, estranhando tal comportamento. O     que Connor faria de tão secreto que não poderia tê-la como companhia? 

 — Qual foi, Connor? Não precisa ter vergonha. O que quer que vá comprar, eu juro que não vou rir ou te julgar. 

 — De qualquer forma, fique aqui. Volto num minuto. 

 Enquanto ele se afastava, Sarah continuou parada por uns quinze segundos, tentando entender o que estava acontecendo e por que Connor parecia tão ansioso. Ela poderia ter continuado ali por muito mais tempo, se outra coisa não tivesse tomado conta de seus pensamentos. Sem exitar, ela saiu andando apressada, em busca de um presente de Natal para Connor. Não era uma coisa que estava em seus planos, até porque ela não tinha o menor costume de presentear as pessoas, mas era como ele tinha dito: quando toparam comemorar a data, combinaram de entrar completamente no clima. E, não somente por isso, mas também porque ela achava que Connor merecia ganhar algo, ainda mais por estarem passando por toda aquela loucura juntos. 

 Não sabia ao certo o que comprar, afinal é difícil escolher algo para quem provavelmente já tem de tudo. Mas uma coisa veio à sua cabeça e por ser algo extremamente útil, ela resolveu que seria o presente ideal, embora não fosse nada natalino. Procurou pela loja e a encontrou vazia, pouca era a procura daquele tipo de coisa, principalmente naquela época do ano. Por isso, sua missão foi executada com muita rapidez e Sarah voltou ao seu lugar de antes em poucos minutos. 

 Por sorte, passaram-se apenas uns dez minutos até Connor aparecer. Sarah procurou por algo diferente nele, nem que fosse uma sacola a mais, mas a única coisa que encontrou foi um enorme sorriso em seu rosto. Resolveu que não perguntaria nada, e em silêncio os dois seguiram até o estacionamento. 

 Já dentro do carro, Rhodes estava no banco do passageiro esperando que Sarah desse partida, quando ela o encarou séria.

 — Você está bem agasalhado? Com luvas, botas, cachecol, touca? — perguntou analisando-o de cima a baixo, tentando encontrar nele os itens citados. 

 — Estou. As luvas e o cachecol estão aqui. E eu comprei um par de botas e umas toucas. Mas de que isso importa? 

 — Então vá até o porta-malas e pego-os. Vamos em um lugar em que você vai precisar usá-las. 

 Connor franziu as sobrancelhas, sem entender o motivo daquilo. Analisou Sarah e percebeu que ela já usava botas de neve, cachecol, luvas e um casaco bem grosso. A touca estava em seu colo, pronta para ser colocada. 

 — O que está aprontando, Reese? Achei que íamos para casa guardar as compras e planejar a ceia. 

 — Sim. Mas isso era antes de você me obrigar a passar a manhã inteira no shopping. Agora pensei em uma coisa divertida de verdade, e exijo que façamos. 

 — E você não vai me contar o que é? 

 — Não — ela respondeu sorrindo. — Apenas pegue suas coisas e em menos de uma hora chegaremos lá. 

 Rhodes resolveu que não discutiria. Se Sarah estava dizendo que fariam uma coisa divertida, ele acreditava nela. Por isso, pegou em suas sacolas os itens necessários para que ficasse melhor agasalhado e, com isso, os dois saíram do shopping. 

 Sarah dirigiu por um tempo e assim que estacionou o carro, alegando que tinham chegado ao destino final, Connor não esperou muito para descer, ansioso para saber o que esperava por ele. Foi então que percebeu que estavam em um dos parques de Chicago. O lugar era um cenário perfeito para filmes de Natal. Com as típicas decorações em vermelho e dourado, estava coberto de neve e com muitas famílias aproveitando cada espaço. Havia uma enorme pista de patinação no gelo, e ao redor algumas pessoas tentavam fazer bonecos, outras desenhavam no gelo das árvores e alguns até se atacavam com bolas de neve. 

 — Me trouxe para um parque? — perguntou quando viu Sarah ao seu lado. — Por que eu estou surpreso com isso? 

 — O que foi? Não gostou? Eu imaginei que a gente tinha que fazer algo na neve, afinal neve e Natal tem tudo a ver, não é? 

 — Sim, claro. É só que eu não esperava mesmo. A cada dia que se passa vejo que você é muito mais natalina do que qualquer um poderia achar, Sarah. Ou você tirou tudo isso de algum filme da Disney? 

 Ela fez um bico e revirou os olhos enquanto cruzava os braços. Connor sorriu e a puxou levemente pelos ombros, num meio abraço. 

 — Eu adorei, Reese. Não me lembro da última vez que brinquei na neve, se é que brinquei. Mas acho que vai ser bem divertido. 

 Sarah também sorriu e então os dois caminharam para dentro do parque. Logo de cara descartaram a ideia de se arriscarem na pista de patinação, já que a fila estava enorme. Com isso, foram até a parte onde a neve estava mais alta e fofa, a ponta de afundar os pés. 

 — Será que seremos crianças demais se tentarmos fazer um boneco de neve? — Sarah perguntou enquanto pegava um pouco de neve nas mãos. 

 — Que nada. Só deixaremos o Papai Noel ainda mais orgulhoso de nós. Além de que, não podemos deixar que as pessoas que estão neste parque percam a oportunidade de verem o boneco de neve mais feio do mundo. 

 A gargalhada que Sarah soltou foi tão espontânea que Connor até se impressionou. Era tão difícil vê-la sorrir daquela maneira que, de certa forma, presenciar tal acontecimento o deixava encantado. Ela também se impressionava quando não conseguia se conter com as palavras dele, mas não tinha culpa se achava que ele sempre dava as melhores respostas de todas. 

 Nos próximos trinta minutos, os dois se dedicaram a fazer um boneco, o que não deu muito certo. Mesmo com todo o esforço, tudo o que conseguiram foram algumas bolas totalmente assimétricas, que não duravam nem um minuto no formato e logo se desmanchavam. 

 Cansados, eles se sentaram no chão e ficaram observando as outras pessoas que pareciam ser especialistas em bonecos de neve. Para eles era tão satisfatório assistir tudo o que acontecia ao redor, que só saíram do transe quando sentiram novos flocos de neve começarem a cair do céu. 

 — Meu Deus, não acredito que já está nevando de novo — Sarah quebrou o silêncio. — Será que devemos ir embora? Vai que a nevasca vem muito forte. 

 — Ah, até parece — Connor disse, se levantando. — Ir embora na melhor parte? 

 E antes que Sarah pudesse perguntar que parte seria a melhor, sentiu uma pancada gelada atingir seu rosto, fazendo com que seu corpo caísse para trás. Ao abrir os olhos, ela encontrou Connor rindo de sua cara e entendeu que ele tinha lhe atacado com uma bola de neve. 

 — Ah, mas você me paga! — foi o que ela disse antes de encher a mão de neve e arremessar nele. Não foi o melhor arremesso de todos, já que pela posição em que ela estava, o máximo que conseguiu atingir foi o joelho de Connor, mas foi o suficiente para que uma guerra de bolas de neve fosse iniciada. 

 Ao contrário de como tinham se saído com o boneco de neve, na guerrinha eles foram muito bem. Atacavam um ao outro sem parar, e riam na mesma proporção. Estavam parecendo crianças brincando no quintal de casa, mas sequer se importaram com isso. Em anos, nunca tinham se divertido tanto quanto estavam se divertindo naquele momento. 

 Quando o cansaço bateu, ambos se jogaram no chão, lado a lado, e ficaram deitados olhando para o céu cinzento. Poucos flocos de neve ainda caíam, porém isso já não os incomodava. 

 — Isso foi muito legal — ela disse olhando para ele. 

 — Sim, muito — ele respondeu, também virando o rosto para olhá-la.

 Antes que o clima ficasse constrangedor, Sarah desviou o olhar e voltou a encarar o céu, Connor fez o mesmo. Mas os sorrisos em seus lábios não foi possível de serem escondidos. 

 Tudo estava perfeito ali, naquela bolha que eles tinham criado em volta deles sem perceberem, até que um homem, com uma câmera na mão, se aproximou, chamando a atenção dos médicos. Os dois se sentaram para ouvi-lo melhor.

 — Com licença, não quero atrapalhar vocês. É que sou fotógrafo e estou aqui no parque para tirar umas fotos para um projeto pessoal meu e acabei tirando essa foto de vocês. Eu queria guardá-la para mim, mas achei que ficou tão bonita e tão cheia de significado que gostaria de presenteá-los com ela. 

 O homem estendeu uma foto estilo polaroid na direção de Connor, que a aceitou de bom grado. Os dois olharam, encontrando o registro de seus corpos lado a lado, em meio a todo aquele cenário branco da neve, enquanto observavam o céu, sorrindo. Realmente era uma foto muito bonita. 

 Sarah e Connor agradeceram imensamente e, assim, o homem saiu contente com sua câmera, fazendo registros de outras pessoas. 

 Voltaram a encarar a fotografia. Não sabiam dizer o que estavam sentindo diante daquilo. O fotógrafo tinha razão quando disse que era uma foto com significados, porque só algo assim para mexer tanto com duas pessoas (ou três, contando com o autor dela), mas eles não conseguiram decifrar o que aquilo significaria. E muito menos o motivo de estarem tão emotivos com uma simples foto. 

 — Eu posso ficar com ela? — Connor perguntou. 

 — Sim, se faz questão — Sarah respondeu, tentando mostrar uma indiferença que não existia. Ela sempre agia assim quando era tomada por sentimentos que não conseguia decifrar. 

 Rhodes assentiu e guardou a foto no bolso. Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, até que ele resolveu quebrá-lo. 

 — Sabe, Reese… Você tem sido uma das melhores companhias que eu já tive na vida. 

 Ela o olhou com uma expressão carregada de surpresa. Não esperava ouvir aquilo. Não sabia como reagir àquilo. Mas seu coração se amoleceu inteiro, fazendo com que os muros de indiferença caíssem por terra. 

 — Você também — respondeu numa timidez absoluta. — Aliás, eu não sabia que podia me divertir tanto. Ainda mais com uma coisa tão simples… Obrigada, Connor. 

 Seus olhos azuis brilharam, mas ele apenas sorriu e assentiu. Por alguns minutos ficou pensando no que falaria a seguir. Não tinha o costume de falar sobre sentimentos com ninguém, muito menos com Sarah, então não era uma situação tão simples quanto parecia. 

 — Eu estava pensando — ele voltou a dizer. — E não sei como será quando voltarmos para a nossa rotina normal, no hospital. Estamos vivendo essa semana tão intensamente que chega a ser estranho imaginar que, daqui uns dias, não terei sua companhia o tempo inteiro. Não sei se estou preparado para deixar tudo isso passar. 

 — Não vamos pensar nisso agora. Até porque, talvez quando voltarmos a nossa rotina, estaremos tão satisfeitos que nem lembraremos de tudo isso — Reese respondeu, fria. E por notar sua própria frieza e se incomodar com ela, ela resolveu dizer — Mas, caso queira se lembrar, você tem a foto. É uma recordação que pode levar para a vida toda. 

 Sarah estava carregada de sentimentos. Tantos que chegava a se confundir e discutir internamente com todos eles. Eram essas discussões que faziam com que ela dissesse aquilo que não queria dizer, e que soasse de formas que não pretendia. A verdade é que tudo aquilo que fora dito por Connor, ela sentia da mesma maneira. E ela sabia disso.

 Novamente, Connor só assentiu. Não sabia ao certo como devia prosseguir, já que as reações de Sarah o deixavam confuso, às vezes até um pouco frustrado. Sentia-se num breu total ao estar com o peito tão carregado de sentimentos e sensações, enquanto ela, numa hora parecia tão aberta e sensível e depois parecia tão indiferente, impenetrável e fria. 

 Porém, surpreendo-o positivamente, de repente ele a ouviu dizer

 — Mas, se você puder fazer uma cópia da foto para mim, eu ficaria muito feliz. Embora eu saiba que nunca vou me esquecer de tudo isso, quero ter uma recordação concreta. Ainda mais uma tão bonita quanto essa. 

 Ela o encarou com os olhos brilhando, falando muito mais do que aquilo que tinha sido dito. E ali ele soube que sua indiferença e frieza eram só barreiras que a protegiam de coisas que ela não sabia sentir. Mas ele percebia que ela estava tentando. E ele também estava, afinal, aquela era a primeira vez em muito tempo que ele não fugia de coisas que atingiam seu coração. 

 Era uma coisa tão clichê que parecia até lenda de Natal.

 E, sendo ou não, sabiam que estavam no mesmo barco. E os próximos dias seriam cruciais para que a magia natalina decidisse se eles seguiriam pelo mesmo destino.

 



Notas Finais


Se você chegou até aqui, obrigada por ler!


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