História UMA SIMPLES BABÁ (Kim Taehyung) - Periwinkle. - Capítulo 33- Um presente da morte, para mamãe.

Capítulo 33- Um presente da morte, para a mamãe.

Aquele beijo estava ótimo, tudo correndo perfeitamente bem. Eu sabia o que me esperava e, para ser sincera, eu não estava preparada. E se você se pergunta, não, eu nunca dei liberdade para Bambam tocar em mim dessa maneira.

Eu nunca fui feliz no nosso relacionamento, e como minha mãe disse... Essas coisas, tipo casamento, tem que ser realizado com aquele pessoa que, quando você vê, sente um friozinho na barriga... E sente o coração bater bem rápido, sabe? Por mais que Taehyung fosse essa pessoa, eu não me sentia preparada.

Ao ver que as suas intenções eram outras e, que aquele beijo estava tomando outros caminhos, decidi romper.

-Taehyung, acho que já está bom, certo? - o empurrei, com jeitinho, apenas para que ele não se assustasse.

-Por que? -me olhou, com sua respiração ofegante, assim como a minha- Você não quer?

-Na verdade, não agora... Sabe? Não nesse momento.

-Tudo bem... Eu entendo. 

-Não vai ficar bravo comigo, vai? -apertei seus ombros.

-Não... -sorriu- Nossa primeira vez tem que ser especial e, inesquecível! Quando quiser, estarei aqui.

Selou minha testa calmamente e saiu de cima de mim, voltando a se deitar do meu lado.

-Taehyung... Posso falar uma coisa? -o olhei.

-Sim, pode... -despauzou o filme.

-É que... Eu... Eu ainda não fiz isso -disse baixo.

Ele me olhou em silêncio. Era tão vergonhoso assim? Uma garota de 20 e tantos anos ainda não ter tido relações sexuais com ninguém?

-Você...Nunca...? -gesticulou as mãos.

Balancei a cabeça, negando.

-Ah... -disse simplista.

-Espero que não seja um problema para você... -me sentei na cama.

-Não, claro que não! Isso é você quem escolhe...Se quer fazer e, com quem fazer.

Segurou uma de minhas mãos e a levou para perto do seu rosto, dando um beijinho na mesma

-Fique tranquila, encerramos esse assunto aqui e só tocamos quando quiser falar sobre.

Assenti com a cabeça, sentindo-me aliviada pela sua compreensão.

-Agora venha aqui... Nosso abraço estava tão aconchegante -sorriu para mim.

-Hm... -me deitei ao lado dele, abraçando seu corpo mais uma vez.

-Aliás, quando conhecerei seus pais?

Mas já? Aquilo estava indo bem rápido.

-A-ah, você já quer conhecê-los?

-Gostaria... -disse, passando a mão pelos meus cabelos.

-Bem, podemos marcar... -dei de ombros- Mas não sei se minha mãe estará disposta...

-Está doente, né?

-Sim... -suspirei- Eu queria estar lá...Talvez assim pudesse acompanhar tudo melhor

-Você podia tirar uma férias quando quisesse... Assim poderia visitar seus pais.

Levantei a cabeça, o encarando

-Mesmo? -perguntei.

-Mesmo. -diz ele, sorridente.

-Obrigada! -sorri- De verdade...

Me sentia tão mais aliviada. Ter um homem compreensível ao meu lado tornava as coisas mais leves... Obrigada Deus!

Continuamos a assistir o filme, enquanto conversávamos sobre coisas aleatórias. Aqueles minutos com ele estavam sendo incríveis, mesmo que por pouco tempo. Oque realmente estragou foi o barulho de notificações do meu celular, oque confesso que me deixou extremamente irritada com a pessoa que ousou interromper nosso simples momento.

-Aish... -peguei meu celular que estava em cima da cômoda.

## ####-####: S/N? Sou eu, a Chae!

Chae era a minha irmã mais velha, eu não fazia ideia de porque ela havia me mandado mensagem, já que ela nunca ligou para o meu bem estar.

📲Chae, oi!

📲 ## ####-####: Posso te ligar? É rápido, atenda!

📲Sim, pode...

Segundos depois da minha resposta, ela me ligou e eu atendi.

-Oi?

- Oi! Você está em Seul, não está?

-Sim estou, mas o que tem? -me levantei- Por que está me ligando? Você nunca me liga...

- Isso não interessa, garota! Oque interessa é que a mãe está muito doente e você está ai, de boas!

-C-chae eu...Eu não posso estar ai neste momento por causa do meu trabalho...

- Problema teu! Você nunca se importou conosco!

- Isso é mentira! Eu sempre me importei com vocês e, sempre mandei um dinheirinho para nossos pais enquanto estive aqui -tentei falar baixo para Taehyung não ter que ouvir toda discussão.

- Ah, é? Pois eu quero ver só se vai dizer isso quando a mãe estiver MORTA! Você não vai estar aqui nem para o enterro -esbravejou a mesma do outro lado da linha.

-Não diga isso! Não fale algo assim, Chae!

Taehyung me olhava confuso, ele não parecia entender absolutamente nada sobre oque eu falava, e com quem falava.

-Afinal, o que ela tem, Chae?! O papai disse que me diria quando os resultados dos exames já estivessem prontos!

- S/N... A mamãe está com leucemia!

-O-oque? Está brincando, não está?

 - Acha que eu brincaria com algo assim, idiota?

-Quando descobriu?

- Alguns dias... -disse tranquila.

-Dias? O papai me disse que ainda fariam exames...

Já fizeram a tempos...Você era a única que não sabia até agora.

Naquele momento, o celular caiu da minha mão, aquela frase começou a ecoar na minha cabeça. Eu não acreditei, eu não conseguia acreditar! A mamãe era tão forte... O que seria de mim se ela se fosse?

-S/N... -Taehyung veio em minha direção, pegando o celular que havia caído aos meus pés- A chamada ainda está ligada...

-E-eu não quero falar, desliga... -respirei fundo, tentando segurar as lágrimas.

Aparentemente ele desligou, assim como eu havia pedido e me entregou. Eu ligaria para Chae depois, não conseguiria me manter calma falando com ela após saber daquela notícia

-O que foi? -perguntou o mais velho- Com quem estava falando?

Comecei a ficar eufórica, eu não sabia oque dizer, nem oque pensar. A única coisa que consegui fazer foi sair correndo daquele quarto em direção ao meu, entrar e fechar a porta. Eu não me importei no momento com a preocupação de Taehyung, nem se ele viria atrás de mim.

Saber que meu pai nem se importou em me contar, machucou! Todos sabiam menos eu? Era a MINHA mãe!

-Não é possível, não é possível que as coisas estejam dando todas erradas denovo! -senti meus olhos pesarem por conta das lágrimas.

"S/N!" -ouvi a voz de Taehyung.

-Me deixa, eu não quero conversar agora!

"Por que saiu daquela forma? O que houve?"

-Taehyung, agora não, apenas me deixe quieta!

"S/N eu me preocup-"

-SAI, Taehyung! -balbuciei ao tentar gritar.

O mesmo se manteu em silêncio, talvez ele tivesse saído, pelo menos foi oque pensei.

Eu não queria dividir todos os meus problemas com ele, já que o mesmo não poderia me ajudar nem se quisesse. Além do mais, ele já tinha seus próprios problemas, não podia encher sua cabeça com os meus.

Digitei os números de telefone de meu pai no celular e liguei para ele, andando de um lado para o outro esperando que ele me atendesse.

- S/N? -disse o mais velho ao atender o telefonema.

-Pai! Pai eu quero falar com a mamãe!

- Filha, ela está descansando agora, mas ela está bem ok?

-Eu sei que não está! Ela está com leucemia não é? -falei baixo, até porque não queria que ninguém ali soubesse, mesmo que todos estivessem dormindo, preferi não escandalizar.

- S/N...

-Quando ia me contar? Você disse que faria os exames logo! Mas pelo visto todos já sabiam do resultado a dias, menos eu! -disse com um pingo de irritação na voz.

- Filha, quem te contou?

-A Chae, pai...Ela nunca se importou comigo e me contou! Oque você poderia ter feito!

O mesmo suspirou

- S/N, nós sabemos que você é frágil, sensível...Quisemos esconder por um tempo para não te prejudicar tanto

-Frágil? -ri ironicamente- Eu sou algum tipo de criança para vocês? Pai eu sou adulta! Sei lidar com os problemas! A minha mãe pode morrer e eu sou a última a saber?

- Filha se acalma...

A lágrimas começaram a descer dos meus olhos. As mesmas se multiplicavam ainda mais quando eu tentava dizer alguma coisa

- Tudo ficará bem...Sua mãe é forte, filha!

-E-ela é tudo para mim, pai... -solucei- Se ela morrer eu morro junto!

- Não diga algo assim! Sei que você é apegada a ela...Tente se acalmar ok? Conversamos mais tarde, fique bem.

-Não! Pai não desliga! -insisti; na esperança de que ele me ouvisse.

Como se ele ligasse para os meus pedidos, não é? Ele desligou, me deixando falar sozinha.

Joguei o celular em cima da cama e me sentei no chão, encostando as costas na parede.

-Tudo dá errado, eu não aguento mais isso... -murmurei baixo.

Comecei a chorar silenciosamente, um choro forte que doía até a alma. Era como se meu coração fosse sair pela minha boca. Apenas grunhidos eram capazes de serem ouvidos. Abracei minhas pernas, apoiando a cabeça sobre meus joelhos.

Eu não era feliz a tanto tempo, as coisas sempre davam erradas para mim. As pessoas sempre me julgando e apontando dedos, me dizendo oque fazer e oque não fazer!

Eu estava totalmente quebrada por inúmeros motivos, eu só queria forças mas, acho que o mundo estava contribuindo para que eu desistisse mais fácil de tudo.

Taehyung POV'S.

S/N estava conversando com alguém, e não parecia muito feliz. Comecei a me preocupar definitivamente quando a garota deixou seu celular cair, ela parecia espantada com oque supostamente havia ouvido. Me levantei da cama e me dirigi até ela

-S/N... -abaixei e peguei o seu celular, analisando a tela- A chamada ainda está ligada...

-E-eu não quero falar, desliga...

Encerrei a chamada assim como pedido e a entreguei o celular

-O que foi? -perguntei- Com quem estava falando?

Ela ficou em silêncio, ouviamos apenas o barulho da sua respiração ofegante, que por poucos minutos durou naquele quarto, já que a garota saiu correndo dali, me deixando sozinho mais uma vez.

Preocupado, resolvi ir atrás dela e etender a situação. Foi tudo muito repentino; estávamos bem e, depois começou toda aquela confusão.

Como previ, a porta estava fechada. Com toda paciência e calma do mundo, a chamei

-S/N!

"Me deixa, eu não quero conversar agora!" -exclamou a mais nova de dentro do seu quarto.

-Por que saiu daquela forma? O que houve? -a ignorei e insisti em saber.

"Taehyung, agora não, apenas me deixe quieta!"

-S/N eu me preocup-

"SAI T-Taehyung" -sua voz falhou.

De certa forma, resolvi obedecer, não insisti para entrar, mas fiquei do lado de fora. Alguns segundos depois a ouvi conversando com alguém.

"Pai! Pai eu quero falar com a mamãe!"

A partir dali, provavelmente eles começaram a falar em cochicho, pois não estava ouvindo nada. Poucos minutos depois, ouvi passos até a porta, pensei que ela abriria a porta, mas não. De dentro do quarto eu ouvia apenas grunhidos, fungos, ela estava chorando. De algum jeito aquilo era como uma faca no meu peito, o barulho do seu choro me machucava.

Ao ver que a porta não estava trancada, resolvi quebrar as regras que ela impôs e abri a porta devagar. A garota estava sentada no chão, abraçando suas pernas enquanto chorava em silêncio.

S/N POV'S.

Ouvi o barulho da porta se abrindo, mas não me dei o trabalho de olhar quem era, fiquei quieta, continuando a chorar, mesmo que eu derramasse toda água que havia dentro do meu corpo.

Ouvindo passos, senti alguém se aproximar de mim, se sentando ao meu lado.

-É a primeira vez que vejo você chorar e, está doendo em mim...

A voz grossa, porém meiga de Taehyung, ecoou baixinho pelo quarto escuro. Elevei meus olhos para ele, o vendo encarar o chão

-Eu não queria que me visse chorando... -exuguei os olhos com as mãos.

-Por que? -me olhou.

Dei de ombros, sentindo meus olhos pesarem novamente. Como aquilo havia se transformado de: romântico para triste, tão rápido?

Continua...