História Uma Surpresa Inesperada! - Capítulo 06

Natal!!

Sem dúvidas, essa é uma das minhas datas preferidas no ano. Sempre adorei o clima natalino, e a magia que vem junto a ele..

Desde os meus 4 anos, sempre fiz questão de participar de todos os preparativos pré-natalinos. Desde as compras da decoração e os presentes, até os preparativos da ceia de natal no dia 24, que meus pais sempre fizeram em nossa casa, para a família.

E foi assim, até o ano em que Henry e eu fomos morar juntos, após nosso casamento. Desde então, os feriados tem sido divididos entre alguns com os pais e irmão dele, e outros com os meus pais.

Mas independente de qualquer coisa, algo me diz que esse natal será diferente.. Ou melhor, já está sendo diferente...

[...]

Ao acordar naquela manhã de natal, a primeira coisa que sinto, é um intenso enjôo, me fazendo saltar da cama, correndo até o banheiro.

Depois de colocar tudo que nem havia comido ainda para fora, faço minha higiene matinal e troco de roupa. Pego o notebook que estava em cima da penteadeira, e me sento na cama, ligando para mamãe e papai pelo Skype..

– oi.. – digo sorrindo, assim que os vejo pela tela do computador.

– Olá meu amor, como está a viagem? Você está bem? – pergunta mamãe, sorrindo..

– eu estou bem, mamãe.. a viagem está ótima, a casa é bem bonita e aconchegante.. e com vocês, como estão?

– Estamos bem, filha.. só seu pai que está aqui, louco de saudade da menininha dele.. – riu meigamente, acariciando a mão dele.

– Não só eu, como você também, querida.. O natal sem você por perto, não é o mesmo, filha.

– eu sei, papai.. eu também estou sentindo falta de vocês, mas prometo que logo estou de volta. são só alguns dias.

– Eu sei, meu anjo. E aproveite bem seus dias aí, mas quando voltar, vamos estar esperando você aqui para passar o dia conosco..

– tabom, papai urso.. assim que chegar em Londres, eu vou só guardar minhas coisas em casa e depois vou direto ver vocês..

– E nós vamos estar esperando por você, meu amor.. – sorriu docemente.

– Mas mudando um pouco o assunto, você está mesmo bem, filha? Está dormindo e se alimentando direito? Você parece um pouco pálida..

– sim papai, eu estou bem sim.. não precisa se preocupar.. – digo e ouço a porta abrir, e Henry entrar.. – enfim, é melhor eu ir.. eu ainda não comi nada, e o Henry acabou de chegar aqui..

– Tudo bem, filha, pode ir..  E olá Henry, cuida bem da minha menina aí..

– Pode deixar, Richard. Irei cuidar muito bem dela sim, e feliz natal para vocês..

– Feliz natal, querido.. Aproveitem bem a viagem, e não esqueça o protetor solar, filha..

– tabom mamãe, e feliz natal.. vejo vocês logo..  amo vocês. – digo me despedindo deles, e desligo a chamada..

– Seus pais como sempre muito protetores.. Está sentindo falta deles, não é?

– sempre sinto falta deles.. você sabe que sou bem apegada aos meus pais, principalmente depois de....

– Eu sei.. Eu sei, meu anjo. Não precisa dizer nada.. – disse se sentando ao meu lado, me abraçando...

– desculpa, eu....  eu estou estragando seu feriado, e ainda é de manhã..

– Hey, não se preocupe.. Você tem todo direito de sentir falta dos seus pais, e se sentir triste por não ter mais seu irmão aqui. – disse limpando uma lágrima solitária do meu rosto.. – e eu estou aqui para cuidar de você, mesmo nos momentos tristes..

– obrigada, por sempre estar comigo, seja nos bons ou nos maus momentos.. – sorri colocando minha mão sobre a dele. – Henry, já imaginou se.. tivéssemos um filho...  algum dia?

– Amor, não podemos ter filhos. Você sempre toma a injeção, e também criança gera muitos gastos.. Não vê como é com meus irmãos? Todo ano eles gastam uma fortuna com roupas, sapatos, brinquedos, mensalidades do colégio, entre outros gastos que eles tem..

– eu sei, eu...  enfim, vamos descer? as crianças já desceram para abrir os presentes deles?

– Sim, eles já estão na sala, sentados perto da árvore de natal. O café da manhã já está pronto, vamos descer.. Você precisa se alimentar, não quero que minha querida esposa se sinta mau de novo..

– e como sempre exagerado.. tabom, marido preocupado.. vamos descer. – digo segurando sua mão, e logo descemos ao andar de baixo..

[...]

O dia passou rápido. Logo após o café da manhã, as crianças começaram a rasgar as embalagens de seus presentes, em seguida os guardando em seus quartos, e logo em depois, cada um segue seu caminho..

Enzo, acaba ficando em seu quarto, como sempre acompanhado de seus livros. Liv está sentada abaixo da sombra de uma árvore com sua nova câmera em mãos. E a doce Emma, correndo pelo jardim com seu novo cachorrinho. É tão fofo, vê-la assim.. Tão inocente, em seu mundinho cor de rosa (azul, roxo, seja lá qual for)!

E eu, como toda tia babona, passo praticamente a tarde toda admirando seus sobrinhos. Na verdade, apenas a Emma, já que Olivia e Enzo já são dois adolescentes de 13 e 15 anos.

Ao entardecer, enquanto os três, juntos de Sienna e Andrew, se sentam a frente da tv para assistir à um filme, o restante de nós, nos reunimos na cozinha, começando a preparar o jantar.

– Arthur, quer sair desse celular e me ajudar aqui?

– Desculpa querida, só estava resolvendo um problema. Mas eu já vou te ajudar.

– Pelo jeito, excesso de trabalho é mesmo de família..

– Até que não. Não gosto de ser incomodado quando estou com minha família, mas por que diz isso?

– Por nada, é só que o Henry as vezes passa tempo demais no celular. – digo, o observando de longe, enquanto abre uma garrafa de vinho..

– Ele só deve estar ansioso, sabe como ele é com os pacientes, e está sempre querendo ajudar quem precisa.. – diz Eliza, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

– Eu sei, mas dessa vez é diferente..  No dia que chegamos ele estava nervoso e irritado, e durante a madrugada encontrei ele no jardim resmungando no telefone, disse que era o Ethan, dizendo que encontrou algum erro na contabilidade..

– Estranho, pensei que o Ethan tivesse ido passar o natal com os pais da noiva dele, em Lyon.. – diz Arthur confuso.

– Como assim? – pergunto mais confusa ainda.

– Antes de virmos, eu encontrei com o Ethan, e ele disse que estava indo para a França passar o feriado com os pais da noiva, só voltaria depois do dia 6.

– Então ele não está em Londres?

– Bom, que eu saiba não..

– então ele...  ele mentiu para mim.. – sussurro com os olhos marejados. – por que ele mentiu para mim?

– Leah? Por que está chorando, meu anjo? Você está bem? – pergunta se aproximando, tocando em meu rosto.

– não encoste em mim.. – digo com a voz falha, tirando sua mão de meu rosto e me afasto..

– Mas...  Por que você está assim, meu anjo? O que aconteceu?

– você mentiu para mim.. você nunca fez isso antes, por que agora? – indago com a voz embargada..

– O que? Como assim? De onde você tirou isso?

– você disse que estava conversando com o Ethan, olhou nos meus olhos e mentiu para mim..

– Mas Leah, eu não menti. Por que mentiria para você?

– Me diz você, pensei que confiasse em mim.

– Mas eu confio, é claro que eu confio em você.. Leah, acredite em mim, eu não faria nada que magoasse você. – diz tentando se aproximar.. – Por favor, vamos conversar com calma..

– Não temos o que conversar. Eu tentei salvar nosso casamento, mas você conseguiu acabar com tudo, com suas mentiras.. – digo limpando as lágrimas com as costas da mão.

– Leah, não..... – disse, tentando segurar meu pulso..

– Já disse para não tocar em mim.. Para o seu bem, não venha atrás de mim. – digo por fim subindo as escadas, em direção ao quarto..

Em meio as lágrimas, começo a guardar minhas coisas. Tudo o que sinto agora é mágoa, e medo.. Medo do que ainda posso descobrir, vai saber o que ele ainda esconde e há quanto tempo ele me esconde coisas.

Pode parecer exagerado e precipitado, mas eu preciso ir para o mais longe possível dele. Preciso de um tempo apenas para mim, colocar os pensamentos em ordem.. Quando estou quase terminando de arrumar minha mala, ouço a porta sendo aberta.

– Já disse que não quero conversar, Henry..

– E é exatamente por isso que o Arthur está segurando o idiota do nosso irmão lá embaixo, ele não vai subir.

– Sienna, eu....

– Não se preocupe, Leah. Não tiro sua razão, eu no seu lugar, acho que teria feito até pior..

– Como isso aconteceu? Estava tudo bem entre nós, por que ele mentiria para mim? O que tanto esconde de mim? – indago entre as lágrimas que não cessam, colocando as mãos entre os fios do meu cabelo.

– Sinceramente, eu não faço ideia. Mas isso vai passar, não se preocupe.. – diz, se sentando ao meu lado na cama. – Vai ir embora?

– Sim, eu..  eu não estou mais no clima de festividades, vou voltar para Londres. Preciso de um tempo só para mim..

– Tudo bem. Eu vou falar com o Arthur, acho que até amanhã a tarde, ele consegue fazer com que preparem o jatinho para você..

– Não precisa se preocupar com isso, Sienna. Eu vou ver se consigo alguma passagem de última hora no aeroporto..

– Precisa sim, não vou deixar você sair por aí assim..

– É sério, não se preocupe.. Eu....  eu acho que vou.... – digo colocando a mão na boca, me sentindo enjoada, e corro até o banheiro, colocando tudo para fora..

– Leah, você está bem? – pergunta preocupada, se aproximando..

– sim, eu estou.. eu só...  estou um pouco enjoada.. – digo acionando a descarga, e fico de frente ao espelho, lavando minhas mãos e minha boca..

– Tem certeza? Há quanto tempo você está assim?

– já deve ter alguns dias, não sei..

– Me espere aqui, eu vou pegar uma água para você e já volto.. – diz saindo do quarto, fechando a porta, me deixando sozinha..

Me sento novamente na cama, pensando em tudo o que vivemos em todos esses anos. Já passamos por tantas coisas que nos uniu ainda mais, será que esse vai ser mesmo o fim?

– Aqui Leah, tome esse remédio, vai te ajudar com o enjôo. – disse me entregando um copo com água e uma cartela de comprimidos.

– obrigada Sienna. – digo pegando em suas mãos, tomando o comprimido..

– De nada. Sabe como fazer? – pergunta me entregando uma caixinha.

– um teste de gravidez? mas....

– Apenas faça, tudo bem? E independente de qual for o resultado, isso fica apenas entre nós..

– como tem um teste de gravidez guardado?

– Andrew. Longa história, ele é meio surtado as vezes..

– okay, eu foi fazer isso então.. – digo entrando no banheiro, fechando a porta, e faço o teste. Aguardo alguns minutos, até que o resultado sai.. "Grávida 3 "..

Não tem como negar. Eu estou mesmo grávida, e eu acabei de brigar com meu marido. O que vou fazer agora? Saio do banheiro, e vejo Sienna ao lado da porta, me esperando..

– E então?

– Positivo. – digo a entregando o teste.. – eu estou grávida, e nem conversando com meu marido estou..

– Sabe que vai ter de contar a ele, não sabe?

– eu sei, eu vou contar. mas agora, eu só quero descansar um pouco, para voltar para casa amanhã..

– Tudo bem, pode ir descansar. E não se preocupe, não vou contar nada para ele, e nem deixá-lo entrar.. E eu já falei com o Arthur, ele vai deixar o jatinho disponível para você no horário que quiser..

– obrigada, Sienna..  de verdade, por tudo.

– Não precisa agradecer, agora vai descansar.. Qualquer coisa, pode me chamar. – disse, saindo do quarto, me deixando sozinha novamente..

Deixo minhas coisas arrumadas ao lado da poltrona, e logo me deito na cama, pensativa.. tentando encontrar uma luz, em todo esse caos que está prestes a acontecer..

– eu sei que você deve ser bem pequenininho ainda, e não entenda o que estou dizendo.. mas eu prometo cuidar de você, e resolver toda a bagunça aqui fora..  você não foi planejado, mas prometo que será sempre amado.. – sussurro, enquanto acaricio minha barriga, que nem forma tem ainda, esperando o sono chegar, até que finalmente consigo adormecer..