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História Unbreakable Vow - Capítulo 5


Escrita por: fercarol03

Capítulo 5 - Capítulo 5


-Vossa majestade ainda precisa responder às cartas de congratulações por sua coroação. -Draco falou lendo sua longa lista de afazeres no pergaminho. -Depois disso tem uma reunião com os membros do parlamento e deve receber os membros da corte na sala do trono.

Hermione havia sido acordada com os primeiros raios de sol e, logo após seu desjejum, a criada havia aparecido para ajudá-la a vestir suas roupas e se arrumar para seu dia de afazeres. Agora, definitivamente coroada, Hermione sentia que sua vida havia caído em um ciclo tedioso em que tudo o que fazia eram atividades nas quais não tinha o menor interesse. 

-Outra vez? Isso é tudo o que eu faço? Respondo cartas e recebo membros da corte? -Hermione resmungou mal humorada. 

-Vossa majestade tem a reunião com os membros do parlamento também. -Draco repetiu erguendo uma sobrancelha. -É esperada a sua presença no almoço em homenagem…

-Recuse o convite. -Hermione falou rapidamente, espiando pelas janelas do corredor. 

-Majestade…

O conselheiro deu um longo suspiro. Uma mão branca subindo até seu rosto e coçando a testa de forma cansada. Hermione havia percebido que, desde que havia se tornado definitivamente rainha, o conselheiro parecia exausto, como se não tivesse tido uma noite sequer de sono. Ela sabia que, parcialmente, a culpa era dela e de sua falta de experiência em tudo que envolvia a vida da monarquia. 

Estavam no escritório privativo da rainha. Hermione fingia prestar atenção no que o homem falava enquanto lançava olhares curiosos para a cidade que começava a ganhar vida além dos portões do castelo. Por um instante, Hermione imaginou qual seria a sensação de ter a mesma liberdade que todas aquelas pessoas que começavam seus dias com compromissos banais e mais interessantes que os dela.

-Eu não quero fazer nada disso hoje. -Hermione murmurou com os olhos fixos nas cidades movimentadas. -Eu não quero ter que falar com toda aquela gente.

-Majestade, você precisa identificar seus aliados e inimigos para formar uma estratégia de ação.

-Ação do que? -Hermione sacudiu a cabeça. -Conselheiro, o único interesse que eu tenho naquele bando de homens enfadonhos é mantê-los bem longe de mim. Posso dizer que o sentimento é mútuo.

-Majestade, você é a rainha agora. Deve conhecer todos os seus vassalos.

-Eu sei. -Hermione virou-se caminhando até a cadeira de madeira ornamentada e se sentando. Draco havia parado de olhar sua lista e a observava com cuidado. A menina parecia ainda mais melancólica após a cerimônia de coroação. -Sei que não há escapatória.

-Essas são as consequências de seu ofício, majestade. Não são apenas rosas, como se deve ter imaginado. -Draco voltou a abaixar a cabeça para seu pergaminho. Seu tom parecia impaciente, mas os olhos acinzentados continuavam a observar a soberana. Hermione apoiou a cabeça de forma triste em sua mão. 

(...)

Cada articulação de seus dedos estava endurecida e doía pelo trabalho repetitivo. Havia uma mancha de tinta na área entre seu dedo mínimo e seu pulso, causada pelo atrito da pele com o papel e a tinta ainda molhada. Hermione havia perdido as contas de quantas cartas precisou refazer por ter manchado o papel com borrões. 

Desta vez, Draco não permitiu que ela usasse magia para responder às cartas recebidas. Segundo ele, cartas de respostas oficiais precisavam de um toque pessoal, além de que usar magia dentro do castelo era perigoso e arriscado.

Hermione pousou a pena sobre a mesa de madeira escurecida e flexionou os dedos, tentando livrar-se do endurecimento de seus membros. A posição do sol lhe indicava, embora estivesse trabalhando há um bom tempo, que ainda tinha uma ou duas horas até o horário em que seu almoço seria servido.

Tomada por uma repentina sensação de urgência, Hermione levantou-se em um salto e abriu uma fresta da porta. O conselheiro havia saído dizendo que precisava resolver algumas coisas na biblioteca e que voltaria logo para conferir se Hermione precisava de sua ajuda. A verdade é que a monarca começava a achar que o homem julgava sua companhia tediosa e Hermione não podia culpá-lo. Ela mesma começava a se sentir constantemente entediada em sua própria presença.

Olhando de um lado para o outro no corredor, Hermione se colocou a caminhar. Não tinha certeza até onde iria antes de ser pega. Descobriu recentemente que, ao se tornar a rainha, havia perdido a habilidade de passar despercebida em qualquer lugar. Embora desejasse caminhar pelas ruas da cidade, tal atividade era praticamente impossível sem mobilizar toda a guarda real e sua cavalaria. Hermione agora era tão livre quanto um pássaro engaiolado.

Ainda assim, talvez contando com um pouco de sorte e um bom tanto com sua astúcia para desviar das criadas que ameaçavam cruzar seu caminho, Hermione chegou até os jardins sul da propriedade.

Os jardins do castelo eram algo bonito de se ver. Ali estava o resultado de diversos jardineiros talentosos que haviam dedicado suas vidas para fazer aquelas roseiras florirem de forma tão bela por tanto tempo. O caminho feito de pedras levava até uma bela fonte. Em alguns pontos, árvores haviam sido plantadas nas laterais do caminho e suas copas floridas formavam um belíssimo túnel florido que fazia sombra para quem passava por ali.

Hermione parou por um instante, olhando de um lado para o outro, decidindo que caminho deveria tomar. Se fosse até a fonte, era possível que o conselheiro a visse pela janela ou que algum outro nobre intrometido a interceptasse e a arrastasse de volta para seus afazeres. Se tomasse o caminho coberto pelas copas das árvores, corria o risco de topar com um jardineiro ou alguma outra criada que passasse pela região. 

Ela pensou por um instante. Não havia dúvidas que os funcionários do castelo lhe traziam mais simpatia naquele momento, por isso, sem pensar uma segunda vez, ela virou a direita, encaminhando-se para o estreito caminho coberto por pétalas de flores roxas.

Hermione deu um longo suspiro ao perceber que as paredes do castelo ficavam cada vez mais distantes conforme ela avançava em seu passeio clandestino. A cada minuto, os sons que vinham da propriedade se tornavam mais distantes. Hermione se viu encantada com a possibilidade de ouvir o canto dos pássaros e sentir o cheiro das flores. 

Fazia um mês que havia chegado ao castelo e até então só havia se sentido como uma forasteira, uma intrusa que chegou para desorganizar a ordem pacífica do país. Definitivamente o mundo não era um lugar justo. Certamente havia pessoas mais adequadas do que ela para aquela posição, mas Hermione ocupava o cargo unicamente por ter nascido na família correta. Família essa que havia feito questão de mandá-la para o mais longe possível por toda a sua vida. A garota suspirou. Tudo o que desejava era poder se recolher em frente à lareira de sua cabana com uma xícara de chá nas mãos.

-Majestade?! -A voz surpresa fez com que Hermione se sobressaltasse. Conforme foi se distanciando do castelo, foi relaxando, certa de que não encontraria ninguém em seu caminho. Porém, sem perceber, seus passos haviam a levado direto para a direção da guarda real.

-Comandante Potter. -Hermione forçou um sorriso, disfarçando o descontentamento em encontrá-lo. -Não sabia que estava por aqui.

-Eu estava treinando na arena com os demais soldados. Não sabia que vossa majestade desejava sair. Peço perdão por minha falha. -O homem fez uma reverência sem jeito parecendo uma mistura de surpresa e preocupação.

Hermione desceu os olhos pelo homem. De fato, o comandante não estava com seu uniforme habitual. Naquele dia, ele usava uma camisa branca simples, calças de algodão e botas. O cabelo estava molhado e despenteado, o tecido claro da camisa estava levemente umedecido pelo suor. Ele parecia constrangido em ser visto daquela maneira pela monarca. 

-Não há falha alguma, comandante. Sinto que o meu passeio seja… hm… Um pouco inesperado. -Hermione olhou de um lado para o outro, agora perguntando-se se havia mais pessoas por perto que pudessem estar à sua procura. Provavelmente o conselheiro apareceria nos próximos minutos com correntes e grilhões se ela não se apressasse.

-Inesperado? -O comandante franziu a testa. -Vossa majestade está sozinha?

-Eu apenas desejava dar uma volta pelo jardim. -Ela deu um sorriso culpado. -A verdade é que eu estou fugindo do conselheiro. Se o ver por aí, poderia, por favor, não dizer que me viu?!

-Ele a incomoda de alguma forma? -O olhar do homem se tornou sombrio. Hermione tratou de sacudir a cabeça.

-De forma alguma. Imagino que eu o incomode mais ao não me concentrar em meus afazeres. -Hermione deu de ombros, um sorriso de pesar nascendo devagar. O homem deixou escapar um sorriso.

-Imagino que mesmo a rainha precise de uma folga às vezes.

-O conselheiro provavelmente discordaria do senhor. Ele diria que não há qualquer descanso para o monarca. -Hermione meneou a cabeça. -Essa é a consequência do posto que eu ocupo.

-Tenho certeza que o conselheiro está exagerando. -O comandante sorriu. -Mas, caso ele me pergunte, eu direi a ele que há algo nos jardins que exige a total atenção da rainha imediatamente.

-E o que seria? -Hermione franziu a testa interessada, seus olhos correndo pelo ambiente tentando encontrar algo fora do lugar. O sorriso do homem se alargou.

-Eu não sei. Mas acredito que vossa majestade terá que andar por toda a propriedade para conferir. Além disso, eu faço questão de escoltá-la em uma tarefa tão importante.

Hermione abriu os olhos e a boca em surpresa, tomada por um sentimento de doçura. O homem fez mais uma reverência, mostrando o caminho coberto por pétalas novamente e incentivando Hermione a voltar a caminhar.

-Me acompanhar não causará nenhum problema a você, comandante?

-Também é papel do monarca acompanhar o treino da guarda real. -o homem pareceu dar de ombros. Naquele dia o comandante tinha um estranho ar casual.

-É? -Hermione ergueu uma sobrancelha curiosa.

-Nunca ouvi falar de um único rei que tenha assistido ao treino de um soldado. -Potter falou em tom de confissão. -Mas quem melhor do que vossa majestade para julgar os homens que serão responsáveis por sua própria segurança?!

-Tenho certeza que há pessoas muito mais competentes do que eu. -Hermione sorriu, embora seu tom de voz estivesse carregado de amargura. O homem a observou, seus olhos verdes iluminados pelo sol.

-Há quanto tempo vossa majestade foi coroada rainha? -Comandante Potter perguntou parecendo genuinamente interessado. 

-Duas semanas. -Hermione umedeceu os lábios, de repente constrangida. Sua vida parecia girar apenas em torno de sua coroação, como se a cerimônia tivesse sido a coisa mais importante de sua vida.

-Duas semanas… -O homem repetiu em voz baixa. -Sabe, uma semana antes da tragédia, o Rei Robert III pediu que eu o acompanhasse numa viagem de caça. Naquele fim de semana, ele deveria comparecer a um baile em sua homenagem no Ducado do norte e ele jamais enviou uma carta para justificar sua ausência. 

Hermione caminhou em passos lentos ao lado do homem que parecia tranquilo e despreocupado. Tinha um sorriso constante em seus lábios, como se estivesse apreciando o momento. Hermione abaixou a cabeça ao ouvir a história, desviando o olhar.

-Acredito que a falta de interesse com seus compromissos seja algo em meu sangue.

-O que eu quis dizer, vossa majestade, é que seu pai teve décadas para aprender a como ser um rei e ainda assim ele cometeu erros até o fim de sua vida. Vossa majestade é nossa rainha há apenas duas semanas. Não se preocupe, haverá tempo para se acostumar às suas responsabilidades.

-Você é muito gentil, comandante. -Hermione sorriu de forma singela, sentindo uma estranha ternura pelo homem ao seu lado. O comandante deixou que seu sorriso se alargasse e olhou para a monarca.

-Estou apenas encarando a realidade. -Ele deu de ombros. -E, sempre que precisar, pode contar comigo para fugir do conselheiro.

-Isso é algo louvável. -Hermione deixou um sorriso de canto escapar, dando-se conta que o caminho coberto pelas copas das árvores acabava em uma grande e barulhenta arena. Hermione piscou os olhos curiosamente.

-Infelizmente não consigo protegê-la dele por muito tempo. -O homem murmurou parecendo contrariado, chamando a atenção da menina. 

Ao seguir o olhar do comandante, Hermione encontrou o conselheiro Malfoy marchando entre as árvores. Seus movimentos faziam com que as pétalas das flores rodopiassem no ar.

O homem parecia algo entre a irritação e a indignação. Os olhos claros estavam cravados na menina e ele não parecia ter percebido que ela estava acompanhada. Hermione sentiu o comandante ficar tenso ao seu lado.

-Majestade, estava a procurando. -Malfoy falou parando em sua frente, os braços cruzados em suas costas. -Quando não a encontrei no escritório privativo, fiquei preocupado.

-Eu pedi que Vossa Majestade me acompanhasse até a arena de treinamento. -O comandante falou colocando-se em frente a Hermione. Draco o olhou com uma sobrancelha levantada como se notasse sua presença pela primeira vez.

-Vestido desta forma, comandante?

-Eu... 

-Eu achei ter visto algo pela janela e, sem querer, atrapalhei o treino do comandante. -Hermione ergueu as sobrancelhas, saindo de trás do militar. -Imagino que tenha vindo me buscar para dar seguimento às minhas tarefas. 

-Vim avisá-la que cancelei o almoço no ducado Watergate. -Ele falou carrancudo. -Eu mandei preparar o almoço para vossa majestade e gostaria de saber se você gostaria de fazer sua refeição na sala de jantar ou se prefere ser servida em seus aposentos. 

-Eu… comerei em meus aposentos.

-Tudo bem. -O conselheiro fez uma reverência, ainda muito sério. -Eu também desmarquei os compromissos desta tarde, como vossa majestade me pediu.

-Eu pensei que isso não era possível. -Hermione ergueu as sobrancelhas, surpresa.

-Vossa majestade é a rainha, afinal. Ninguém irá se opor caso queira desmarcar alguns compromissos. 

Hermione assentiu agradecida, ainda muito surpresa para se expressar de qualquer outra forma que não fosse por acenos de cabeça. Despedindo-se com um aceno do comandante Potter, Hermione voltou em direção ao castelo na companhia do conselheiro.

Ambos ficaram no mais profundo silêncio, embora a menina provasse a sensação de tranquilidade repentina. Ela estava bem ciente dos olhares que o homem lançava em sua direção, mas não se importava. Havia tido bons minutos de uma caminhada agradável e agora teria a tarde de folga. Não sabia o que havia feito o homem mudar de ideia, mas certamente não questionaria seus motivos. 

 -Vossa majestade teve uma caminhada agradável? -O conselheiro falou após limpar a garganta para atrair a atenção da menina.

-Sim, o comandante Potter é surpreendentemente uma boa companhia. -Hermione sorriu passando as mãos pela saia do vestido. -E você, conselheiro? Encontrou o que buscava nos arquivos da biblioteca?

Hermione viu que os olhos do homem faiscaram em sua direção. Malfoy desviou o olhar, fitando o caminho, parecendo incomodado com algo. Hermione franziu a testa, o observando.

-Confesso que eu ainda não tenho certeza.

-Não tem certeza se encontrou o que buscava? -A garota franziu a testa, confusa.

-De fato eu tive algum progresso em minha tarefa, mas ainda não sei o que esse progresso quer dizer. -Ele meneou a cabeça. -Preciso refletir por algum tempo para tirar algumas conclusões.

-Entendo. -Hermione assentiu uma vez. -Se eu puder ajudá-lo de alguma forma, conselheiro, ficarei feliz em fazê-lo.

O homem lançou um olhar de canto para a menina, um pouco surpreso e um pouco intrigado. Os olhos castanhos da menina, normalmente tão doces, o encaravam com o canto dos olhos, astutos.

-Eu avisarei, caso seja necessário, majestade.

 


Notas Finais


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