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História Seu rosto - Desenhando você


Escrita por: DiLunari

Notas do Autor


A preguiça me pegou de jeito essa semana, mas aqui está o cap kk

Capítulo 2 - Desenhando você


Fanfic / Fanfiction Seu rosto - Desenhando você

Mais um dia, mais um sonho com ele — e assim — mais uma pintura na parede de Marinette. Curiosa, ela observava os traços feitos com o lápis; não sabia o porquê de tê-lo desenhado parcialmente envergonhado, mas gostou do perfil novo. Sorriu divertida e tombou a cabeça para o lado, talvez seria melhor realçar os vermelhos da bochechas dele hoje. 

Com a caneca de café em mãos, deixou o lápis em cima da mesa e subiu pela pequena escada até a parte de cima do cômodo, assim pegando uma nova tela entre os armários; queria poder capturar novas feições. Não deveria ter o luxo de bisbilhotar seu vizinho, mas sua curiosidade sempre vencia.

Nevava forte ao lado de fora e o vento gelado entrava pelo ateliê sem dó alguma. Era um péssimo dia para começar a deixar as janelas abertas, principalmente porque não estava com casacos suficientes para o frio de Paris, porém, apesar de tudo, queria poder ver Adrien de novo.

A janela dele também estava aberta, assim como na noite passada, mas algo mais chamou a atenção de Marinette. O som do piano pelo seu ateliê era constante nesse último mês; todos os dias era possível ouvi-lo, contudo nunca procurou saber de onde vinha. Gostava daquilo, relaxava-a como um bom remédio e ajudava com as pinturas. 

A azulada, sem pressa, pegou um cavalete para o quadro e espalhou os pincéis pela mesa ao lado. Começou o esboço sem medo e deu as primeiras formas ao que seria um rosto, mas logo parou ao perceber o aumento das notas do piano; Adrien trocava realmente bem e parecia querer chamar sua atenção.

Marinette, um pouco relutante, levantou e escorou o corpo contra a janela. Inclinou-se levemente para frente e conseguiu ver o pouco do piano e seu dono, que tocava despercebido — parecia ser um só com a música.

A visão alegre do homem deu-lhe uma boa ideia em como continuar seu quadro. As feições dele, ali naquele momento, eram mais claras que em seus sonhos e Adrien parecia totalmente sereno com a música. Marinette o observou por mais alguns minutos e concluiu sua ideia para a tela, assim voltando até o cavalete.

Molhou o pincel em uma das cores e começou a marcar as sobras do rosto, deixando o traçado firme e acabando com o contorno do maxilar. Eram tantos os desenhos dele, tantas repetições, que já sabia de todos os cantos do rosto de seu vizinho — agora — nada desconhecido. 

 

“Seria loucura dizer que o rosto dele estampa uma parede inteira do meu ateliê?” , disse para si mesma em um tom baixo, quase que apenas em sua mente.

 

Marinette tingiu seus dedos com a cor verde e retocou os olhos de seu modelo, assim, sem querer, sujando a manga da blusa de frio fina. Limpou os dedos no pano em cima da mesa e arregaçou as mangas; retirar tinta óleo de qualquer tecido era um grande desafio para sua máquina de lavar.

 

— Um belo dia hoje, não? — A voz de Adrien passou pelos ouvidos de Marinette, não tinha notado o cessar da música.

— Para quem gosta de neve? Sim — Ela sorriu, reparando nos dentes alinhados dele. Não tinha percebido antes; talvez seus sonhos não mostrassem tudo. — Você toca bem! — falou com os olhos na tela, desviando-os logo depois para Adrien.

— Obrigado — ele respondeu com os braços escorados na janela. — Gosta dos clássicos?

— Ah, não sou uma ouvinte fervorosa, mas às vezes eu coloco enquanto pinto, me ajuda a pensar. — Marinette deu de ombros.

— E o que está pintando hoje? — perguntou curioso.

— Coisas aleatórias da minha cabeça. — Ela rapidamente escondeu o rosto atrás da tela por causa de suas bochechas, que ganharam a cor rubra.

— Tipo… O quê? — Adrien insistiu alegre.

— Coisas da minha cabeça — respondeu, e em seguida riu.

— Não quer me contar, tudo bem! Aceito a derrota. — Levantou as mãos em rendição e procurou continuar o assunto — Vive de arte?

— Sim, tenho muitos clientes, mesmo não parecendo — disse ao limpar um dos pincéis.

— Por que não pareceria? — Adrien se esforçava para encontrar o rosto dela atrás da tela.

— Porque a maioria das pessoas acha difícil sobreviver de arte — respondeu séria.

— Mas você se esforçou o suficiente para provar o contrário? — Ele debruçou-se na janela e esperou alguma resposta.

— Tenho uma loja online, gosto do que faço e não preciso provar isso pra ninguém — suspirou.

— Acho que te irritei — Adrien voltou a ficar em pé. — Não era essa a intenção — concluiu ainda à procura dos olhos dela.

— Não! Não me irritou, eu só… Sei lá!  — bufou nervosa, não sabia o porquê de ter ficado daquela maneira tão ranzinza de repente. — Desculpa.

— Aceito as desculpas, mas só se me fizer um quadro. — O homem brincou.

— Como é? — Marinette dobrou o pescoço para o lado, vendo o sorriso que tanto gostava, eram iguaizinhos aos dos seus sonhos. 

— Eu pago por ele se achar melhor — Adrien disse risonho, finalmente tinha conseguido ver o rosto dela de novo.

— Vou pensar nisso. — respondeu convencida e capturou os olhos dele, assim transmitindo para o quadro. 

 

Sem saber como continuar aquele diálogo, Marinette continuou a pintar à espera das demais palavras dele, que — para a infelicidade dela — não chegaram aos seus ouvidos. Suspirou pelo silêncio e deu a última pincelada sobre a tela, assim usando a força de seus pés para empurrar o banco com rodinhas para trás; precisava ver sua arte de longe.

Olhou por toda a extensão da tela e sorriu pelo resultado, estava realmente de seu agrado e com certeza colocaria em algum canto de seu ateliê em um futuro próximo. Limpou as mãos mais uma vez e então pensou em seu vizinho, que deveria ter voltado ao seus afazeres, porém provou-se errada. Demorou para perceber os olhos dele em cima de si.


 

— Ainda está aí — disse assustada. — Precisa de alguma coisa? — perguntou curiosa.

— Não, só estava vendo os quadros ali no fundo. — Adrien apontou com a cabeça

— São trabalhos não finalizados — falou com um sorriso. — Preciso terminar ainda essa semana.

— Você é boa no que faz.

— Obrigada! — Marinette realmente sentiu-se feliz pelo elogio.

— Sua bochecha. — Adrien sorriu e apontou.

— O quê? — Marinette passou os dedos sobre a pele e sentiu a tinta. — Droga! Sempre me sujo. — Pegou um dos panos e passou no rosto. — Preciso de um banho.

— Acho que sua gata também — Ele deu uma risada baixa e cruzou os braços, assim vendo a mulher sair com pressa do banco.

— Tikki, não! Vai ter que tomar mais um banho nesse frio — resmungou. — Eu vou ter que começar a te deixar para fora! — Tirou-a de cima da mesa e viu suas mãos marcarem o pelo dela. — Que meleca! — bufou irritada, hoje não era seu dia de sorte.

— Tadinha — Adrien riu. — Ela gosta de ficar perto da dona, só isso. — Tentou defender o animal, mas não conseguiu segurar a risada pela cena.

— Não tente amenizar para o lado dela! — Marinette bufou de novo e em seguida suspirou, seu ateliê e sua gata estavam completamente sujos de tinta. — Eu ainda faço um tapete com você, Tikki! — Esfregou o rosto e viu as patas dela marcarem o chão com a cor rosa.

— Suas mãos, Marinette! — Adrien gritou com os olhos arregalados e tentou segurar a risada em seguida. A azulada, além de manchar sua gata, tinha manchado seu rosto ao esfregá-lo por causa do ocorrido desastroso.

— Eu desisto — ela resmungou baixo, pano nenhum tirava toda a tinta a óleo de suas mãos. — Sou um completo desastre — suspirou envergonhada e fechou os olhos.

 

Adrien balançou a cabeça em negação, era impossível não rir. Marinette estava totalmente derrotada e a gata ainda passava para todos os lados com as patas sujas. Tentou parar de rir das duas, assim recompondo-se e ouvindo seu celular tocar.

 

— Talvez seja um charme só seu — Adrien comentou, mostrando o celular e acenando, precisava trabalhar.

— Talvez!? —  choramingou baixo e acenou derrotada, ele já tinha desaparecido. — Eu devo ser muito trouxa para querer a atenção do meu vizinho gato recém descoberto que aparece nos meus sonhos, Tikki? — perguntou baixo para ela. — Todo mundo tem um amor platônico pelo cara do ônibus ou pelo gatinho da loja de conveniência, não é? — perguntou de novo para a gata, que permaneceu totalmente alheia à situação e miou pela hora do almoço.

 

Mais uma vez, Marinette suspirou derrotada e seguiu rumo ao seu quarto, assim cumprindo o desejo de sua gata — que também não fugiria de um belo banho mais tarde. Encheu o potinho de ração, jogou-se ao chão de madeira e esfregou o rosto de novo ao lembrar da vergonha que tinha passado; era um completo desastre.

 

— Droga! — gritou ao tirar as mãos do rosto e ainda vê-las manchadas. — Eu quero sumir do mapa! — concluiu ao olhar para o pote de ração e também vê-lo manchado pela tinta.


 

[...]


 

A gata branca estava esparramada pela cama de casal de Marinette, enquanto a mulher terminava de secar seus cabelos. Era fim de tarde e as duas finalmente estavam limpas de toda a tinta a óleo, assim como a ateliê, que precisou de boas horas para se ver livre da tinta rosa do chão. 

A azulada deixou o secador em cima da cama e acendeu a luz do quarto, precisava continuar um dos seus trabalhos ainda hoje. Pegou seu  sketchbook dentro da cômoda branca e arrumou o casaco preto; a temperatura no período da noite sempre castigava o corpo da Marinette muito mais do que a da amanhã.

 

— Droga, deixei os lápis no ateliê — falou desacreditada e suspirou. — Preciso começar a ser mais organizada! — Levantou irritada e ouviu Tikki miar pelo seu remelexo.

 

Colocou o caderno embaixo do braço e subiu até o ateliê sem ânimo algum, estava cansada demais para ficar subindo e descendo escadas. Abriu a porta e tremeu as pernas pelo vento gelado que ainda passava, tinha deixado a janela aberta para o chão de madeira secar; o que era bem difícil em tempos de inverno. Colocou o sketchbook na mesa e correu para puxar o vidro e as cortinas, mas parou pela visão de Adrien escorado no batente; ele parecia cansado assim como ela.

 

— Vou começar a achar que está deixando a janela aberta por minha causa — Adrien disse convencido. — Você não costuma deixar aberta.

— Claro que não — Marinette negou envergonhada e esfregou os braços pelo frio.

— Ainda trabalhando? — Ele quis puxar assunto.

— Desenho o dia todo. — Sorriu e pegou o caderno em cima da mesa, assim mostrando para ele. — Em todo lugar da minha casa tem um desses — riu.

— Deve acabar com as folhas bem rápido — Adrien comentou.

— É, esse mês acabou bem rápido! — Marinette riu. — Já comprei mais dois. — Sentou no banco com rodinhas.

— Isso é bom! Deve estar com muitos clientes. — Adrien sorriu ao vê-la sentar, ela provavelmente ficaria por ali.

— Sim, muitos! — respondeu e desviou os olhos, era ele quem estava acabando com suas folhas esse mês. — E você? — perguntou curiosa, ele parecia bem cansado.

— Dia cheio no trabalho — Adrien umedeceu os lábios e suspirou. 

— Percebi — Marinette sussurrou para si mesma e abriu seu caderno.

— Pareço muito mal? — perguntou com o cenho franzido.

— Não, claro que não — ela respondeu e mordeu os lábios. — Não quis dizer isso. —  Não era para ele ler ouvido.

— Vai ficar por aqui? — Ele mostrou a caneca de café e tomou um gole.

— Eu moro aqui, então… Sim? — riu com o lápis na mão e começou um esboço rápido.

— Quis dizer aqui na janela — ele riu de volta.

— Talvez. — Marinette sorriu e encarou a boca dele, assim passando os traços para o papel.

 

Mesmo não estando com muito tempo para desviar de seus trabalhos, Marinette deu-se o luxo de poder capturar Adrien mais uma vez em seu sketchbook. A aparência dele era realmente cansada, mas isso não o impedia de sorrir para ela, que passava os olhos por todo o seu rosto durante a conversa.

 

— O que está desenhando? — perguntou curioso.

— Nada demais, apenas um esboço de um cliente. — Mentiu e mirou seus olhos.

— Tenho outro palpite. — Adrien deu mais um gole no café e a olhou convencido. 

— Que seria? — Ela franziu o cenho, ele nunca tinha mostrado aquele olhar.

— Assim como hoje de manhã, você olha para algum ponto diferente do meu rosto e seus dedos param — falava com um sorriso. — E logo depois voltam ágeis para o papel! Sem dúvida alguma você está me desenhando — concluiu ainda convencido.

— Como… — Marinette piscou atônita e sentiu as bochechas arderem.

— Precisa deixar a janela aberta para me ver, certo? — Adrien continuava a sorrir, mas seus olhos mostravam uma confiança excessiva. — Acertei? — perguntou.

— Ah… É, sim — respondeu envergonhada e fechou os olhos por um momento.

— Posso ver? — O loiro estendeu a mão em direção para fora da janela.

— Pode. — Concordou com a cabeça e se levantou, ele já tinha descoberto; não tinha o porquê de negar.

 

Marinette esticou o braço com seu caderno e o entregou um pouco relutante, assim voltando ao lado de dentro e olhando de relance para Adrien, que observava o esboço atentamente. Os dois permaneceram em silêncio, mas a mulher —  diferente dele —  estava realmente nervosa com a situação; não sabia se queria alguma resposta negativa ou positiva sobre seu trabalho.

 

— Não faça isso! — Marinette pediu ao ver Adrien querer virar a página.

— Tudo bem, não faço! Perdão — ele disse com um sorriso. — Você é realmente boa no que faz… Eu poderia ficar com esse desenho?

— Ficar? — Espantou-se com a pergunta. — Mas eu não terminei. — Não queria entregar para ele.

— E depois que terminar? — Adrien insistiu.

— Por que quer um desenho seu? — Marinette tentou argumentar.

— Porque sou eu, e não tenho nada desse tipo aqui em casa, poderia me emoldurar depois. — Fechou o caderno e esticou para ela de volta.

— Não sei se gosto da ideia…

— Então façamos assim. — Adrien começou a falar animado. — Vou fazer um pedido em sua loja.

— Vai querer um quadro seu? — Ela franziu o rosto.

— Pode me chamar de narcisista se quiser — riu. — Mas eu gostei dos seus traços, são gostosos de olhar.

— O quê? —  Era um elogio diferente para Marinette.

— Pode ou não fazer isso? — Adrien perguntou animado.

— Acho que… Posso? — respondeu em tom de pergunta. — Posso, posso sim —  concluiu ainda desacreditada.

— Posso escolher como vou querer também? Sei que deve ter um preço diferente para cada tamanho.

— Você está animado demais com isso. — Ela cruzou os braços.

— Acho que vou gostar da experiência de ter seus olhos em mim por algumas horas, afinal, você precisa me ver para passar para o papel.

— Preciso? — Marinette pensava em seus sonhos, não precisava dele ali de verdade para desenhar seu rosto.

— Podemos combinar um dia desses — Adrien disse animado, vendo a gata aparecer ao lado da dona e miar. — A Tikki pareceu concordar, só falta você! — riu.

 

Marinette o encarou brincalhona, podia estar pensando demais, mas era um flerte bem diferente dos que já tinha passado. Não estava achando ruim de verdade, queria saber quem ele realmente era; descobrir o porquê dos sonhos — e bem lá no fundo — queria conhecê-lo de verdade e concretizar alguns de seus sonhos.

 

— Tá bem! Você venceu, podemos combinar algo. — Ela sorriu desconfiada.

— Que tal amanhã à noite? — perguntou para a mulher.

— Rápido assim?

— Tem compromisso? 

— Bom, eu iria sair com uma amiga, mas não dei certeza. — Pensou em Alya.

— Posso chegar mais cedo então, tem algo de tarde? — Adrien insistiu.

— Não. — Confirmou para ele.

— Ótimo! — Ele sorriu largamente e deu um último gole no café. — Te vejo amanhã à tarde, vizinha. — Acenou para ela antes de dizer que precisava ir, assim sumindo atrás das cortinas negras.

— Seria o início de um sonho, Tikki? — Marinette pegou a gata no colo e suspirou em nervosismo; precisava se preparar psicologicamente para o dia seguinte. — Talvez… — respondeu para si mesma e sorriu boba, assim, finalmente, fechando a janela.

 


Notas Finais


Até a próxima!


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