História Undercastle - Castle One

“Embora achamos que a vida possa estar pregando uma peça conosco, ainda virá muitas coisas boas; talvez até um novo mundo e mágico.”

— Por que está demorando tanto, sua peste?! —

— M-me desculpe... —

— Não quero saber de desculpas, limpe logo isso. —

— S-sim, senhor... —

Mais uma cintada foi desferida nas costas no albino, que se encontrava limpando o chão de sua sala com uma escova de dente. Sua escova. Seu rosto estava molhado pelas lágrimas que insistiam em sair de seus olhos, junto ao suor por estar fazendo a mesma coisa repetida vezes enquanto era acertado pelo cinto de Rover, em pé ao seu lado com uma cara furiosa.

— Pronto, senhor... — Falou, assim que viu que o chão estava “limpo”, negando encarar seu tio. Rover iria reclamar, se não fosse pela companhia que tocava repetidas vezes.

— Você não escapa... Vá para seu quarto e fique lá até eu voltar, ou você vai ver... — Ameaçou, antes de ir até a porta, ainda com a companhia tocando. — Já vai, porra! — Gritou, irritado, abrindo a porta, não demorando muito para ser recebido com um soco no rosto, fazendo-o cair no chão, incrédulo.

Um rapaz alto, forte e ruivo encontrava-se na frente de Rover; uma expressão furiosa tomava conta de sua face, assim como a do mais velho.

— O que pensa que está fazendo, seu imbecil?! Quem é você?! — Proferiu, irritado, tentando levantar, porém sendo impedido pelo pé do ruivo agora em cima de seu peitoral, pressionando-o.

— Onde. Está. Lynn? — A voz grave e irada do ruivo se fez presente, dando mortais pausas, fazendo Rover engolir em seco, não demorando mais que dois segundos para responder, com medo:

— L-l-lá em cima, segundo quarto à direita. — Disse rapidamente, sendo recebido com um chute na nuca, fazendo-o desmaiar, enquanto andava em direção ao quarto predestinado.

Chegando perto já pôde ouvir o choro baixo do albino e, de alguma forma, isso esmagou seu coração, que não demorou muito para começar a bater fortemente, nervoso. Entrou no quarto rapidamente, fazendo Lynn encolher-ser por pensar que era seu padrasto, porém, logo após ouvir a voz suave do ruivo, olhou para o mesmo confuso e assustado.

— Fique calmo, está tudo bem, irei protegê-lo. — Aproximou-se do albino choroso, que tentava falar algo, mas nada saía, apenas soluços pelo choro sofrido. — Ora, ora. Calma, estou aqui agora, vai ficar tudo bem. Ninguém vai mais te fazer mal. — Falou, abraçando-o fortemente, porém com cuidado para não machucar ainda mais o corpo do pequeno, sendo surpreendido ao ser retribuido.

— Q-quem é você? — Finalmente conseguiu perguntar, molhando a camisa do mais velho pelas lágrimas, enquanto o ruivo tentava limpá-las. — Por que está aqui? Como sabe que... — Foi interrompido pelo dedo indicador do mais velho em seus lábios, fazendo-o, de alguma maneira, corar levemente, algo muito raro desde que se conhece por gente.

— Shh, irei explicá-lo tudo, mas antes, por favor, venha comigo. Me chamo V i c k t o r. — Falou, dando um selo na testa do menor, que apenas corou, confuso, porém decidiu que qualquer coisa que o ruivo fosse fazer, seria bem melhor do que com seu padrasto.

— Eu vou sim... — Murmurou, completamente imerso em pensamentos, recebendo um sorriso alegre do ruivo, que abraçou-o com força, fazendo o menor reclamar pela dor dos ferimentos, recebendo um “desculpe” de Vicktor.

— Por favor, feche os olhos. — O ruivo falou, colocando sua mão delicadamente na frente dos olhos do albino.

— Por quê? Onde está... meu padrasto? —

— Shh, apenas relaxe. Explicarei tudo depois, sweet. — Corou com o apelido, apenas assentindo e fechando os olhos, tentando relaxar, ignorando as dores de seu corpo.

Por um momento sentiu-se mais leve, como se estivesse voando; tentou abrir os olhos, porém, ouviu a voz de Vicktor dizendo que ainda não podia, e não ousou desobedecer.

Assim que sentiu algo segurando-o e o ruivo dizendo que poderia abrir os olhos, não poderia estar mais maravilhado com a visão que estava tendo.

Um mundo fantástico onde dragões voavam livremente junto às pessoas que pareciam ser sempre sorridentes, naquele mundo verde e florido.

Percebeu que estava sentado no colo de Vicktor e corou, porém não ligou tanto assim, já que o mundo que via era bem mais interessante.

Talvez ele não tenha tanta má sorte assim.