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História Undercover - Adore you


Escrita por: loudestecho

Notas do Autor


Oi, gente! ❤️

Capítulo 10 - Adore you


Demorei longos minutos para conseguir abrir os olhos sem que a claridade latejasse ainda mais minha cabeça. Resmunguei enquanto levantava da cama e tentei me lembrar de algo da noite anterior, mas nada era muito claro. Parecia que estava misturando um sonho esquisito com partes que realmente aconteceram e... nossa, eu estava um caos. Me despi e esperei a água do chuveiro ficar bem quente, então senti uma das melhores sensações: a água quente levando toda a minha dor de cabeça e minha tensão. Apoiei o braço no boxe e ao sentir o jato de água na minha perna, quase escorreguei ao lembrar o que tinha acontecido. 

Puta. Que. Pariu.

Eu beijei o Travis! Meu Deus, meu Deus, meu Deus! Como... por que eu fiz isso?! E o pior: como ele deixou? Eu fiquei só de roupas íntimas na frente dele! Como eu ia olhar para ele agora? Ou melhor, será que ele ia se lembrar? Eu me lembro muito bem do que aconteceu na casa de Sophie. Ele bebeu todas, deu em cima de mim várias vezes - inclusive tentou me beijar -, mas eu o mandei ficar quietinho e dormir enquanto eu pegava um travesseiro e um cobertor. Quando voltei ele estava mexendo no meu celular e fuçando todas as minhas conversas, inclusive as com Owen. Ele disse várias baboseiras quando peguei o celular da mão dele, mas eu nem conseguia entender. Ele falava tudo embargado e depois começava a rir, então quando olhei novamente ele estava dormindo. Entrei em pânico e apaguei todas as minhas conversas... inclusive as com Owen. Não estávamos nos falando há muito tempo mesmo.

Meu Deus, como eu perco o foco quando estou nervosa. Eu beijei o Travis! E agora vou ter que olhar nos olhos dele e dizer... e dizer o que?! Ele também bateu no Aiden! Ok, eu precisava me desculpar com Aiden e ao mesmo tempo que queria que Travis esquecesse... não queria que ele esquecesse. Ele disse que sentia algo por mim e os bêbados sempre dizem a verdade. Certo? 

- Jasmin? Está acordada? - ouvi batidas na porta e me enrolei na toalha. 

- Acabei de sair do banho, Harry! Espera só um pouco. 

Vesti as roupas íntimas e um vestidinho preto, então abri a porta com a toalha enrolada na cabeça. 

- Oi. - sorri. - A sua ressaca também melhora depois do banho? É incrível como a minha passa totalmente. 

- Eu preciso tomar um remédio e dormir muito. - disse e eu ri. - Está com fome? 

- Não sei dizer. Que horas são?

- Quase meio dia. - respondeu. 

Por um momento achei tão estranho Harry estar aqui. Ele estava me olhando de um jeito e fiquei me perguntando se Travis pediu para ele vir ver se eu estava bem. 

- Travis está lá embaixo? - perguntei baixo. 

- Não. - ele balançou a cabeça. - Ele acabou discutindo com Aiden de novo, sem violência e foi dar uma volta. Faz umas três horas. 

- Ele disse algo sobre... sobre nós?

- O que sobre vocês? 

Merda, ele não lembra! Ele contaria para Harry se lembrasse. 

- Nada. - suspirei. - Eu não quero comer nada. Obrigada por vir aqui. - sorri. 

- Tem certeza? Sobrou pizza de ontem. 

- Acho que vou pegar um pedaço, então. 

Desci com a toalha na cabeça mesmo e agradeci tanto por Aiden não estar entre os meninos. Eles ficaram puxando assunto comigo, mas pararam ao ver que eu estava incomodada com algo. Claro que eles sabiam o motivo da briga de Aiden e Travis. Era eu. Eu causei um transtorno em uma irmandade... sou uma péssima pessoa. Mentira, nem sou. Não fiz nada de errado e se Travis ficou com ciúmes... o problema é exclusivamente dele. Eu não bati na Tracy... ou bati? Não, não bati. Algumas coisas eram borrões em minha mente, mas eu não bati em ninguém. Só me estabaquei na piscina com meu melhor amigo. Isso sim é péssimo, Jasmine. 

- Eu vou voltar para o seu quarto, tá? - sussurrei para o Harry. - Desculpa mesmo por pegar seu quarto, nós vamos embora hoje. 

- Tudo bem, Jasmin. Eu gosto de você. - ele sorriu e deu um beijo carinhoso na minha têmpora. Sorri pra ele. 

Voltei para o quarto e tranquei a porta. Sequei meu cabelo, vesti uma roupa mais quente e confortável, então me joguei na cama para pensar direito no maravilhoso desastre de ontem à noite. Era isso mesmo. Um desastre, mas um desastre incrível. Ao mesmo tempo que eu estava arrependida por causa da situação, eu estava satisfeita pelos acontecimentos. Tudo se encaixou tão bem... ele disse que sentia algo por mim. Sua voz naquele tom baixo e rouco de "sim" e os seus olhos nos meus. Merda, Travis! Mil vezes merda.

Fiquei conversando com Melanie por longos minutos sobre a festa na casa de Leon, mas ouvi batidas na porta. Pelo gelo que senti, percebi que era Travis mesmo sem abrir a porta. E o momento que percebi que realmente estava ferrada foi o que senti no momento em que ele me olhou. Eu estava ferrada. Meu coração disparou, minha boca ficou seca e tinha aquela sensação bizarra dentro do meu estômago, como se tudo estivesse se remexendo. Mas de uma forma boa. Não sei quanto tempo ficamos nos olhando sem dizer nada, mas pareceu uma eternidade. Juro, eu podia tocar na tensão. 

- Posso entrar? - ele foi o primeiro a dizer algo. 

Assenti e dei espaço para ele entrar, então fechei a porta. Isolamento acústico seria bom para nossa discussão - que com certeza iria acontecer. 

- Não sei como começar a dizer. - sua voz preencheu o quarto novamente. 

Respirei fundo enquanto sentava na cama e abracei meus joelhos. Travis sentou na beira da cama e ficou encarando o chão por longos segundos. 

- Dizer o que? - consegui falar alguma coisa, finalmente! - Você se lembra?

- Mais ou menos. Nada está muito claro na minha cabeça. 

- Do que você se lembra exatamente? Desde que saímos juntos do quarto até o final da festa?

- Nós descemos, eu encontrei a Tracy e você saiu de perto. Confere? - assenti. - Você ficou com Aiden e eu fiquei puto. Confere? 

- Não sei. Você disse ontem que brigou com ele porque ele estava "me desrespeitando".

- É mentira, eu estava com ciúmes e puto por ter deixado você sozinha. - quase fiquei boquiaberta ao ouvi-lo dizer aquilo sóbrio. Completamente sóbrio. Ou talvez ele tenha bebido depois da discussão com Aiden de hoje. - Depois disso você ficou muito brava comigo e foi para o quarto. 

- Confere. - assenti. 

- Bom, depois disso nada está muito claro para mim.

A tensão entre nós era porque ele pensava que eu estava brava por causa do Aiden! Ele não lembra de todo o resto? 

- Eu lembro que bebi mais, bebi muito mais. Quis brigar com Aiden de novo, mas Harry não deixou. - ele olhou para cima, como se tentasse lembrar de mais coisas. - Dois caras começaram a brigar feio perto da piscina... - meu corpo todo se arrepiou quando ele disse piscina. Piscina... - Um deles estava quase matando o outro e como já era quatro da manhã, todo mundo travado, Harry expulsou todos da festa porque estavam querendo chamar a polícia para mandar os dois para a delegacia. Enfim, todos foram embora e eu fui para o quarto do Peter. 

- Ok...

- Você me mandou mensagem. Confere?

- Sim. 

- Minnie, me tira dessa agonia. Eu não lembro de muita coisa depois que bebemos aquela vodca com refri, mas tem alguns reflexos de nós... você me beijou? Ou eu sonhei? Porque não consigo diferenciar o que é real e o que não é.

- Sim, eu beijei você. - falei baixo e o encarei. - E você não correspondeu. - resolvi brincar um pouco. 

- Que?! Como não? Eu me lembro da pegação, Minnie. Caralho, como eu me lembro. - ele disse como se estivesse lembrando e fiquei tensa quando ele me olhou mordendo o lábio inferior.

- Tudo bem, você correspondeu. Eu estava brincando com você. 

- Claro que eu correspondi. Mesmo se não lembrasse, eu saberia que tinha correspondido. 

- Por que? Sabia que pessoas bêbadas demais tem dificuldade no processo de ereção? 

- E eu tive dificuldade? - ele levantou as sobrancelhas. 

- Ah, não. Não mesmo

- Como aconteceu? Por que eu entrei na piscina e você não? O resto é tudo uma imagem vazia. 

Ele não se lembra do verdade e consequência. Nem que admitiu que sentia algo por mim. Será que deveria acreditar nas palavras de um bêbado, muito bêbado? 

- Nós jogamos verdade ou consequência. Você parou na água e eu de roupa íntimas. - comecei a dizer. - Você me provocou, eu acho. Eu estava sentada na borda e você se apoiou para ficar cara a cara comigo. Não me contive, foi mal.

Silêncio. Mais silêncio.

- O que nós falamos no verdade ou consequência? 

- Algumas perguntinhas. 

- Tipo...?

- Perguntei se você ficou com ciúmes, você perguntou se eu fiquei com ciúmes da Tracy...

- E você respondeu...?

- Que sim. 

Percebi que ele tentou conter o sorriso, mas não conseguiu e desviou o olhar. 

- O que estamos fazendo, Travis? Estamos estragando tudo. 

- Você quer estragar tudo? 

- Não. Você quer?

- Não... 

- O que vamos fazer? - perguntei. - Quais são as opções? 

- Fingir que nunca aconteceu. - me doeu ouvir isso. Será que era isso que ele queria? - Amizade com benefícios. - não mesmo. - Ou conversar sobre isso e decidir que não vai mais acontecer. Aconteceu sim, mas não vai acontecer de novo. 

- Qual das opções você quer?

- Sinceramente? Amizade com benefícios.

- Não. Não quero ser seu novo sexo fixo, Warner. - me irritei. 

Ele não colocou nenhuma opção dizendo "Assumir que sentimos algo um pelo outro e tentar algo a mais para ver no que dá". Eu aceitaria essa opção de primeira. 

- O que você quer, então? 

- Dentre essas opções? Conversar sobre e decidir que não vai mais acontecer. Aconteceu sim, mas não vai mais acontecer. 

- Tudo bem. Como você quiser. 

- Você entende por que não quero o que você quer, né? Não quero me igualar aquelas garotas do colégio. Tenho uma posição na sua vida diferente de todas elas. 

- Sim, você tem... - ele se aproximou e olhou nos meus olhos ao dizer: - Você é muito importante pra mim, Minnie. 

- Você também é muito importante pra mim, Travis. - engoli toda a vontade de chorar. 

Eu já estava ferrada. Aiden estava certo. Se eu ter sentimentos por Travis, eles nunca serão correspondidos. E o pior de tudo é que Valerie também estava certa: não tem mais volta.

- Às vezes fico com vontade de conversar com meu amigo sobre isso... sobre essas coisas. - falei, mas me arrependi no mesmo momento. 

- Amigo? Qual amigo?

- É o único que ainda mantenho contato do internato. - dei de ombros, mentindo. Travis piraria se soubesse que converso sobre minha vida com um desconhecido. - O nome dele é Owen. 

Travis se afasta subitamente com uma ruguinha no meio das sobrancelhas. 

- Owen? 

- Sim. Por que essa cara de surpreso? 

- Nada... - ele relaxou e se aproximou novamente. - Posso te abraçar sem clima, Minnie?

- Pode. 

Ele se arrastou para perto de mim e me cobriu no meio de seus braços. Olhei para cima e percebi que ele estava pensativo demais. Sério demais. Parecia estar com a mente longe. Quando percebeu que eu estava olhando, mexeu no cabelo e me puxou pela nuca em sua direção. Por um momento pensei que ia me beijar, mas seus lábios demoraram-se em minha testa. 

- No que você está pensando? - perguntei me afastando. 

- Nada. - ele pigarreou e me olhou. - Então, não podemos mais nos beijar? 

- Não. 

- Nem uma última vez?

- Não vou ser sua amiga colorida, Travis.

- Tudo bem, tudo bem. - ele ergueu os braços em forma de rendição. - Podemos voltar para Atlanta? Eu não quero mais trombar com o Aiden. 

- Não acredito que estão brigados. 

- Não acredita? Ele sabia que eu sent... - Travis se interrompeu e eu franzi o cenho. 

- Sabia que você sentia o que, Travis? - cruzei os braços. 

- Nada. Vamos? 

- Vamos.

Terminei de arrumar as minhas coisas e nós descemos as escadas, encontrando todos os meninos na sala jogando vídeo game. Inclusive Aiden. Me despedi de todos eles e passei mais tempo abraçada ao Harry, agradecendo pelo quarto e por tudo. Aiden e Travis nem ao menos se cumprimentaram, e eu quis dar um tapa na cara dos dois. Ridículo!

(...)

Fingi que dormi durante a viagem inteira de volta para Atlanta. Percebi que Travis estava quieto demais, pensativo demais e eu não queria que outro assunto sobre o que aconteceu surgisse, então peguei no sono. Dormi por algumas horas, mas mesmo depois que acordei, fingi que ainda estava dormindo. Era constrangedor demais ficar no mesmo carro que ele depois do que aconteceu. Por que tudo parece tão confuso? Talvez seja coisa da minha cabeça, eu sei. Talvez eu esteja quase perdendo a cabeça enquanto Travis está supernormal. Era isso que me deixava um pouco pilhada em relação a ele... Travis nunca demonstrava afeto intenso. Afeto amoroso. Éramos amigos e ele nunca tinha ultrapassado esse muro - só algumas vezes que estava bêbado, mas penso que só é por causa dos hormônios masculinos querendo uma fêmea. Fui eu quem ultrapassei aquele muro. E o meu medo de que ele desse o próximo passo era imenso, mas fui eu quem me joguei em cima dele. Droga, Jasmine. 

- Obrigada por ter me levado para longe como pedi... - falei baixo quando ele parou na frente da minha casa. 

- Sempre que quiser. Sério. - ele tirou meu cabelo do rosto e sorriu sem descolar os lábios. 

- Acho que não é uma boa ideia voltar para Orlando novamente. Sabe, deixa os nossos hormônios muito malucos. - falei e ele riu baixo. 

- Sei... - e ele ficou me olhando com um sorrisinho no canto dos lábios. 

- Não, não me olha assim. Ou melhor, eu não olho pra você. - desviei o olhar para a janela e Travis riu, levantando um pouco do banco. 

- Por que não pode me olhar?

- Se eu olhar pra você, vou querer te beijar. E a bebida não vai poder ser usada como desculpa porque estou perfeitamente sóbria. - fechei os olhos arrependida assim que parei de falar. - Tchau. - ia sair do carro, mas ele puxou a porta de volta. - Travis, me deixa sair. 

- Por que você aceitou aquela opção se não é aquilo que quer?

- Porque não quero ser seu sexo fixo. 

- Você nunca terá esse posto na minha vida, Minnie. Você sempre vai ser bem melhor do que isso. 

Suspirei e o encarei. 

- Não quero meio termo. Ou é tudo ou é nada. E "amizade com benefícios" está exatamente no meio termo. 

- E o que seria tudo ou nada? - não respondi. - Nada seria sem amizade e tudo seria um... namoro?

- Não! Não. - balancei a cabeça. - Não quero namorar com você, se é isso que está pensando. 

- Não estou pensando em nada. - ele balançou a cabeça. - Só quero que você me fale o que quer. 

Você. Eu quero você. 

- Travis... - suspirei. - Eu vou entrar, tudo bem? 

Não quero mesmo sofrer. Sei como Travis trata todas as garotas com quem se relaciona e eu não quero ser uma das que choram por ele no banheiro feminino do colégio. Não mesmo! 

- Tudo bem, então. - disse e se aproximou. - Pensa a respeito, Minnie. - Travis disse no meu ouvido e beijou minha têmpora. 

- Eu pensar a respeito? Você precisa pensar a respeito. 

- Eu?

- Quer saber? Acho melhor nós não falarmos mais disso. Às vezes eu falo antes de pensar e escapa, mas vou aprender a me controlar. 

- E se eu não quiser que você se controle?

- Aí o problema é seu, meu bem. 

- Auch. - ele se fingiu de ofendido. 

- Vejo você amanhã. - beijei sua bochecha e saí do carro rapidamente. 

Sabia que iria ouvir muito quando pisasse em casa, mas eu realmente não estava me importando. A única coisa que estava me tirando do sério era essas merdas de sentimentos pelo galanteador. Se eu estivesse apaixonada apenas pelo melhor amigo... tudo bem, mas antes de ter esse posto na minha vida, ele é o maior cafajeste que só pega e nunca se apega. 

- Uau, você nem vai me dar uma bronca? - cutuquei meu pai. Ele me viu subindo e simplesmente voltou a assistir televisão. 

- O que é seu está guardado, Jasmine. 

- Estou morrendo de medo. - sussurrei para mim mesma e subi as escadas correndo. 

Não queria ficar sozinha porque meus pensamentos se voltariam para aquela pessoa e eu não quero mesmo ficar desse jeito por causa dele. Nem por causa de ninguém. 

- Valerie, posso ir aí? - Valerie atendeu bem rápido a minha ligação. 

- Pode. O que aconteceu?

- Te conto quando chegar aí.

Tomei um banho rápido, troquei de roupa e saí pela porta da frente mesmo. Sério, era tão estranho não sair pela janela. Eu tinha me acostumado. 

- Oi, Jazzy! - Jamie abriu um sorriso assim que abriu a porta e me abraçou. 

- Oi, tia. - beijei sua bochecha. - Quero muito conversar com você e com a Valerie. 

- Estou indo, minha única paciente! - Valerie gritou do andar de cima. - Meu consultório está sendo reformado, a sessão terá que ser na sala. - brincou enquanto descia as escadas e eu gargalhei. 

- Obrigada. 

Comecei a rir ainda mais quando elas esperaram eu sentar na poltrona reclinável. Elas eram loucas, mas eu as amava com todo meu coração. 

- Começa, Jasmine. O que está sentindo? - Valerie disse.

- Travis e eu nos beijamos. Ou melhor, eu o beijei. Eu me joguei em cima dele! 

- Ai. Meu. Deus! - minha psicóloga pulou do sofá e se jogou em cima de mim. Ela era mais louca que eu. - Mentira! Quando? Aonde? Como foi? E como ficou o clima hoje? Vocês transaram? Conta logo!

- Eu te contei até a parte que ele brigou com Aiden e eu fui para o quarto, certo? - Valerie assentiu e percebi que ela tinha contado para Jamie, que também assentiu. - Eram umas cinco da manhã e mandei mensagem para Travis, dizendo para irmos até o jardim. Pegamos bebida e ficamos mais bêbados do que já estávamos. - falei. - Eu, maluca, sugeri que jogássemos verdade ou consequência. Ele admitiu que sente algo por mim, mas não se lembra disso hoje. 

- É só fachada. 

- Não é. 

- Tudo bem, conta a parte do beijo. 

- Ele teve que entrar na piscina e se aproximou, me provocando e eu não me segurei. Me joguei na piscina também e teve uma pegação do caramba, mas ele parou um tempo e eu saí da piscina. Ele veio atrás, me beijou de novo, mas os meninos acordaram e eu voltei correndo para o quarto. 

- Meu Deus! - Valerie estava com os olhinhos brilhando. - E como ficou o clima hoje? Vocês se beijaram novamente? Vocês conversaram a respeito?

- Foi tenso. - suspirei. - E eu percebi que estou meio... - me interrompi. 

- Apaixonada? - Jamie sorriu abertamente e eu grunhi. 

- Não sei, mas senti uma coisa diferente quando o vi parado na porta do quarto. - falei. - Conversamos e ele queria uma amizade com benefícios.

- Claro que ele queria. - Valerie revirou os olhos. - Você não vai se tornar o sexo fixo dele. 

- Exatamente! Não aceitei. - falei. - Concordamos que não vai mais acontecer, mas... eu não sei se consigo me segurar. 

- Você precisa se segurar! - Jamie disse. - Ele precisa tomar o próximo passo, Jazzy. Meu Deus, você está prestando atenção, né? - assenti. Tia Jamie tinha se animado de um jeito... - Olha, homens tem um lance estranho de quererem ainda mais quando são rejeitados. 

- Ah, então já era porque eu não o rejeitei. Não mesmo. - falei. 

- Olha, me escuta. Você vai ter que ignorar os seus sentimentos, fingir que nada aconteceu, sem aqueles climas e agir do mesmo modo que agia antes do beijo acontecer. - olhei para Valerie e ela estava assentindo como se dissesse: escuta a expert. - Você não pode ficar apaixonada sozinha. Não o beije mais, se segure até ele admitir que sente algo por você. 

- Ele vai ficar muito louco se eu agir normalmente. Acho que ele está gostando de me ver desse jeito por causa dele. 

- Exatamente! - Valerie disse. - Ele precisa sofrer um pouquinho agora. Você não vai ser o próximo sexo fixo de Travis Warner. 

- Então preciso agir normalmente? Descontraída? 

- Sim. Consegue ignorar seus sentimentos? 

- Acho que sim. Ignorei durante meses e não percebi. 

- Ótimo. Quero saber dos detalhes do romance, Jazzy. - Jamie disse e eu ri. 

- Você vai saber, tia. - sorri. De repente fiquei animada. - Agora me conta como foi a festa do Leon, Valerie. Perdi muita coisa?

- Perdeu. Sophie flagrou o namorado pegando outra garota e ela ficou muito bêbada, fez um striptease

- Mentira! O Greg traiu ela?! Filho da puta. 

- Seríssimo! Ele ficou muito puto quando a viu fazendo o strip, a tirou lá de cima e tal. Ela ficou ainda mais brava e tacou bebida na cara dele... nossa, foi uma novela!

- Ela está bem agora? Vou mandar mensagem. 

- Ela não quer ser incomodada. Conversa com ela amanhã, vai estar melhor. - assenti. - E adivinha só quem Melanie pegou?

- Meu Deus, o Parker?! 

- Como você sabe?!

- Parker me contou que estava de olho nela. - sorri. - Ainda bem que ela também quis. 

- Nossa, ele contou pra você e não contou pra mim?!

- Você só fica com o Leon. - falei rindo. 

- E você só fica com o Travis!

Revirei os olhos. 

- Tem algum ato mais burro do que beijar o seu melhor amigo? E o pior: ainda se apaixonar por ele. 

- Então você admite que está apaixonada? 

- Não sei o que eu sinto, mas conheço alguns sintomas. - dei de ombros. - Lembra de Aaron, Valerie? 

- Como eu poderia esquecer? - ela bufou. - Ouvi dizer que ele também saiu do colégio interno. No mês passado. 

- Sério? Puta merda, Valerie, ele é da Flórida! Estado vizinho da Georgia! 

- Cuidado para ele não vir te procurar, hein Minnie?

- Deus me livre! - joguei as mãos para cima. - Sério, chega de problemas. 

- E quando você vai dizer para o Owen que já saiu do internato e que está na mesma cidade que ele? 

- SE ele realmente morar aqui, né? E não sei. Faz mais de um mês que não nos falamos... acho que ele cansou, sei lá. 

- Você o enrolou demais? - Jamie perguntou. 

- Não enrolei, é que... sei lá. A nossa relação era muito estranha e complicada. - falei. - No começo contávamos tudo um para o outro, mas acho que nós dois começamos a sentir algo e isso era perigoso, né? Nem ao menos nos conhecíamos de verdade. E eu ficava péssima de mentir para ele, mas eu ainda não quero arriscar. Antes eu até queria mais, mas agora? Não sei se vai ser uma boa ideia. 

- Por causa do Travis?

- Aí, sei lá... - dei de ombros. - Não sei mesmo. 

Fiquei na casa da Valerie até escurecer e depois voltei para a minha. Travis e eu nem ao menos nos falamos como fazíamos sempre e fiquei pendurada no celular, mas o outro celular vibrou em cima da cômoda. O celular que eu tinha antes de voltar para Atlanta e não consegui me desfazer dele pelo número de Owen estar nele. 

"Owen: Skye? Está aí ou vai continuar sumida desse jeito?"

"Skye: Oi, Owen... não estou sumida. Você que está. E admito que estou achando estranho... por que está falando comigo agora?"

"Owen: Senti saudades. Muita saudades. Saudades de conversar com você e... você sabe."

"Skye: Saudades? Sei. Você quer desabafar, te conheço. Não conseguiu conquistar aquela menina difícil?" 

"Owen: Porra, você não faz ideia. A gente ficou." 

Era tão estranho não sentir mais nada quando ele dizia isso. Será que eu estava gostando tanto de Travis a esse ponto? Eu lembro que sentia tanto ciúmes de Owen. 

"Skye: Hm... então, agora vocês estão juntos?"

"Owen: Não exatamente. Ela não quer."

"Skye: Entendi." 

"Owen: Vem cá, você já voltou para Atlanta?"

Engoli em seco. 

"Skye: Não. Por que está me perguntando isso?"

"Owen: Não sei. Você disse que adiaria, mas não tantos meses assim. Por que tenho a sensação de que você está mentindo e não quer me encontrar?"

"Skye: Não estou mentindo. Eu ainda estou na Inglaterra, Owen. Aliás, acho que deveríamos parar com certos passos totalmente. Agora você quer alguém."

"Owen: Eu ainda quero você."

"Skye: Você o que?! Está maluco?! Ou melhor, desde quando você me quer?!"

"Owen: Qual é, Skye, você sabia que não éramos só amigos. Acho que deveríamos nos encontrar só pra ver no que dá." 

"Skye: Qual parte do "ainda não saí do internato" você não entendeu? Juro que te aviso quando sair. Meu pai está tentando me deixar mais tempo, mas ele não vai conseguir."

"Owen: Ok. Então me manda uma foto da onde você está agora."

Não acredito nisso. Ele estava desconfiando! 

Procurei alguma foto na galeria e encontrei uma que tirei escondido da minha ex-colega de quarto maluca.

"Skye: Viu? Para de ser louco. Se ela ver eu tirando foto, me mata enquanto eu durmo."

"Owen: Hm, ok então. Acredito em você."

"Skye: Obrigada."

"Owen: O que tem feito aí? Algum outro babaca deu em cima de você? Aquele que você disse que se sentia atraída, mas não podia?"

"Skye: Não, estou solteiríssima. Não estou mais atraída por esse garoto, estou de boa."

"Owen: Bom saber..."

"Skye: Lá vem você com esses flertes..."

"Owen: Ok, sem flertes. Estou meio que gostando daquela garota difícil."

"Skye: Sério?! Gostando pra valer?! Você está apaixonado?" 

"Owen: Cara, sei lá. É muito confuso e muito maluco. Mas sinto que estou me afundando cada vez mais." 

"Skye: Se apaixonar não é sinônimo de se afundar, Owen!"

"Skye: Ok, talvez seja. Masss, a vida é assim."

"Owen: Senti mesmo sua falta, Skye."

"Skye: Eu também senti a sua."

"Owen: Mas eu concordo com você sobre aquilo de não nos falarmos por um tempo. Além de eu estar querendo uma outra garota, ainda sinto algo por você e isso pode atrapalhar tudo. Quando você sair do colégio interno, me avisa. Por favor."

Skye encontra-se boquiaberta. 

"Skye: Você sente alguma coisa por mim? Meu Deus, Owen!" 

"Owen: Vai dizer que você não? Talvez não sinta agora, mas já sentiu."

"Skye: É, você tem razão. E eu te aviso sim quando sair daqui."

"Owen: Tudo bem. Adoro você, Skye." 

"Skye: Não faz isso!"

"Owen: Isso o que?"

"Skye: Tudo bem. Também adoro você e um dia nós vamos nos ver. Prometo." 

"Owen: Beijo, Skye..."

Desliguei o celular antigo e voltei a mexer no novo para ver se tinha novas mensagens. Zero. Zero além do nosso grupo de amigos que não paravam de falar da festa de Halloween do Leon. Por que Travis falava no grupo e não falava comigo? Aí, esse lance de não dar mais nenhum passo e deixá-lo dar o próximo passo é difícil!

(...)

Travis não perdeu o hábito de vir me buscar todos os dias de manhã. Pensei que ele não viria, até ia chamar um táxi, mas vi seu Mustang parado na frente da minha casa. Ignorei toda a minha tensão e entrei no carro toda sorridente e confiante. Ele franziu o cenho. Ótimo sinal! 

- Que alegria toda é essa? Parece que seu dia começou bem diferente do meu. - Travis murmurou. 

- Com certeza! Hoje vai ter o jogo de basquete do meu irmão, lembra? Eles vão chegar e ir direto para lá. 

- Ah, tinha esquecido. - disse. - Seu irmão ainda me odeia?

- Sim. E ele não sabe que somos amigos. Vai pirar quando descobrir. 

- Imagina se descobrir que você me deu um beijo? Caralho, ele vai ficar irado. - disse com divertimento e eu comecei a rir.

- Vai mesmo! Totalmente irado. - e Travis me olhou estranho mais uma vez. Devia estar se perguntando como eu não fiquei nervosa e o mandei ficar quieto.

Jamie era definitivamente a melhor!

- Então, você ficou sabendo dos babados da festa? - perguntei. - Cara, nós devíamos ter ficado aqui. Claro que foi triste pela Sophie ter sido traída, mas parece que teve a maior confusão! 

- Tá legal, qual é a sua? - ele parou o carro no acostamento do nada e eu franzi o cenho. 

- Como assim qual é a minha? Estamos conversando, ué. 

- Você toda alegre e descontraída. O que está tentando fazer?

- Nada! O mundo e meu humor não gira em torno do seu próprio umbigo, Warner. - falei séria. 

- Tudo bem, então. 

Ele ligou o carro e ficamos em silêncio o resto do caminho. Será que íamos acabar brigando por eu não deixar na cara que quero de novo? Ele é ridículo! Quer que eu fique aos seus pés? Ah, se pensa que vou ficar comendo na mão dele... está muito enganado. 

- Então vocês se pegaram? Eu sabia! - foi a primeira coisa que Nolan disse quando me viu.

- Ele te contou?

- Sim. Ele só conseguia falar disso. 

- Sério?

- Sim, mas não posso falar o que mais ele falou senão ele acaba comigo. 

- Isso é verdade. - ri. - Mas só me diz se ele se arrependeu de ter correspondido. 

- Você acha mesmo? Ele quer ficar com você desde a primeira vez que te viu. 

- Ele o que?! 

- Para de ser burra, Jazzy. - comecei a rir pelo modo que ele falou. - Ele só não queria mais ficar com você porque vocês viraram amigos. Quem diria que você daria o primeiro passo, não é mesmo? - ele sorriu e eu revirei os olhos.

- Não conte pra ninguém. 

- Ele contou no grupo dos caras. Aposto que Parker contou para Melanie e Sophie. 

- Então todo mundo sabe que eu agarrei Travis Warner?

- Todo mundo. 

- Merda. - murmurei. 

- Todo mundo do nosso grupo. O resto não, fica tranquila. 

- Não deixa de ser constrangedor. 

- Não mesmo. Agora vão zoar vocês dois ainda mais. - disse. Sim, eu sabia disso. - Prometo que vou tentar me conter. 

- Obrigada, Nolan. Você é o meu mozão número 2. 

- Travis é o número 1, então? - ele sorriu safado. 

- Não. Valerie é a número 1. - falei e sorri. - Toma essa, Griffin. 

- Toma essa Warner, na verdade. - disse fazendo cara de paisagem e eu ri. 

- O que tem eu aí? - Warner apareceu e me abraçou de lado. Pensei em me afastar, mas lembrei da Jamie e também o abracei de lado. 

- Você é o mozão número 134875 da Jazzy. - Nolan disse e Travis franziu o cenho e olhou para baixo, para mim. 

- Eu sou o número 1.

- Valerie é a número 1.

- Então, sou o número 2.

- Eu sou o número 2. - Nolan disse e eu assenti olhando para Travis. 

- Ta fácil que Nolan está na minha frente. Você não o beijou na piscina também, né?

Me irritei subitamente com aquele comentário desnecessário. 

- Se você continuar falado sobre essa bosta de beijo a cada dez minutos, não vou mais aguentar olhar para sua cara. - despejei. 

- Não vai mais aguentar olhar para minha cara porque não vai conseguir resistir? - fiquei com vontade de jogar o meu caderno na cabeça dele. De novo. 

E foi isso que eu fiz. De novo. Ele me encarou indignado. 

- Olha aqui, não me tire do sério só porque está irritadinho por eu não ter aceitado a sua proposta de ser seu novo sexo fixo! 

- Meu novo sexo fixo? Olha, admito que ontem eu queria, mas agora? Não quero ter porra de sexo nenhum com você. Nem sei como fui sugerir uma amizade colorida. 

- Vai. Se. Foder! 

Dei as costas para os dois. Sério, isso estava me tirando mesmo do sério. Ele estava usando aquilo contra mim! E o pior: na frente das pessoas. Acabamos de discutir na frente de vários alunos como se fôssemos um casal com problemas e nem ao menos somos um casal. 

Passei o resto do dia evitando-o e nem era por causa do nervosismo, dos sentimentos ou da vergonha. Era pelo simples fato de que quando Travis queria me irritar, ele conseguia. Ele conseguia muito. Se ele não quer mais como disse, então por que permanece falando daquilo? Que droga! Esquece e bola pra frente então, caramba! Nossa, eu estava com tanta raiva. Tanta. Queria quebrar uma garrafa de cerveja na cabeça dele e ainda não chamar a ambulância. 

- Sabia que vocês estão agindo igual antes da amizade, né? - Valerie queria me infernizar também. - Vocês usavam aquela implicância para ficarem perto um do outro e esconderem o desejo. Ficaram amigos para ficarem perto de outro jeito que chegasse mais próximos dos seus sentimentos e agora... agora que se beijaram, querem disfarçar a paixão nas brigas de novo. Só parem!

- Você ouviu quando eu te contei o que ele me falou?! 

- Tá, ele disse que não queria mais transar com você. E aí? Não era isso que você queria?

- O modo que ele falou! Ele nunca falava comigo daquele jeito quando estávamos muito amigos. Eu disse que ia estragar tudo, Valerie! Eu disse! E é tudo culpa minha. 

- Amiga, isso aconteceria de uma forma ou de outra. Vocês querem ficar desde que se viram pela primeira vez... - abri a boca para negar, mas ela não deixou. - E não diga que não, porque você queria sim! Vocês mataram a vontade... a questão agora é outra: será que era só desejo mesmo? 

- Da parte dele, sim. - murmurei. - Só vamos embora, tá? 

- Amiga, não sei se você reparou, mas não acha que a Alexia está muito quieta? - Valerie disse enquanto estávamos no carro dela. 

- Como assim?

- Ela não fez nada para separar você e o Travis. Não puxou seus cabelos... só deu um aviso de nada e isso é muito estranho. 

- Eu já pensei nisso, mas o que ela poderia fazer? Travis já me contou que ela apareceu na casa dele várias vezes, já pediu pra voltar várias vezes. 

- É estranho que ela, sei lá, não tente te matar enquanto você dorme. Tranque a porta à noite E preste atenção nas conversas dela. 

- Até parece. Se eu brigar com a Alexia, quebro ela no meio. 

- Isso é verdade. - ela riu.

(...)

Os dias se arrastaram e o inverno chegou, trazendo junto o desânimo de levantar cedo. Fazia duas semanas que Travis e eu estávamos... brigados. Quero dizer, nos falávamos na escola quando era necessário, mas nada como antes. Eu estava fingindo que aquele beijo não tinha acontecido e estava toda alegre mesmo sem sua presença. Acho que isso o afetou. Ver que posso ficar bem sem ele, ver que eu posso fazer outras amizades e me aproximar delas do mesmo jeito que me aproximei dele. Mas essa distância estava me matando, não tinha como negar. Eu queria abraçá-lo, mas não podia. Eu queria beija-lo, mas podia menos ainda. O pior era que ele não se desfez mesmo dos seus lances com as garotas do colégio e eu deveria ter esperado por isso. Eu sabia que ele não se apaixonava por ninguém, quem dirá por mim. Chegava até a ser cômico. 

- Tchau, Valerie! Obrigada pela carona! - acenei para ela, que me mandou um beijo. 

Meu pai e Alexia viajaram de manhã e eu ficaria sozinha com Max o final de semana inteiro! Tinha como ser melhor? Não mesmo. E Max surtou completamente quando descobriu que eu estava próxima ao Travis, mas ele nem teve oportunidade de nos ver juntos. Max achou é bom que paramos de nos falar, ele sabia que eu poderia acabar magoada e com o coração partido. E eu também sabia. 

- Jazzy, você também vai sair hoje? - Max apareceu na porta do quarto. 

- Não. 

- Por que? Hoje é sexta e podemos fazer tudo. 

- Não estou no clima e não quero ver o Warner. - respondi. - E guarde seus comentários maldosos para si mesmo. Travis pode ser um péssimo com mulheres e sentimentos, péssimo namorado, mas ele é uma pessoa boa e um ótimo melhor amigo. 

- Não acredito que isso tudo aconteceu enquanto eu estava fora.

- É, e eu ainda fui burra de dar um beijo nele. 

- Me surpreende que ele não tenha feito isso antes. Será que ele tem alguma lógica estranha de dar em cima de quem pouco liga e se privar de quem realmente gosta?

- O que você está dizendo? Que Travis gosta de mim? Qual é, você sabe que ele não se apaixona. 

- Admito que estou achando isso estranho. Teoricamente, ele fugiu de você de uma forma diferente que foge das outras meninas. 

- Ok, tchau Max! - acenei para ele, que riu. 

- Boa noite, Jazzy. 

Max foi para alguma festa e eu liguei a televisão do meu quarto, preparada para fazer uma maratona de Pretty Little Liars na Netflix. Valerie ainda insistiu para que eu fosse na casa do Parker, mas eu inventei que além de não querer ver o Travis, estava me sentindo meio enjoada. Não era completamente mentira... estava me sentindo desse jeito desde que consigo ver Travis, mas não posso abraçá-lo. Não posso tê-lo, na verdade. 

Bufei e levantei para pegar algo para comer, mas escutei um barulho estranho na sacada. Não precisei nem abrir a cortina para saber quem era. 

- Sério isso, Romeu? - cruzei os braços e o encarei séria. 

- Eu precisava ver minha Julieta.

Revirei os olhos. O que ele queria?! Ouvir e ver meu coração pulando para fora do peito?

- Entra. - dei espaço para ele entrar e fechei a porta de vidro novamente. - O que você veio fazer aqui?

- Você sabe o que eu vim fazer aqui. 

- Lamento dizer, mas eu ainda não sei ler mentes. - ironizei e ele me encarou sério. Mas desviou segundos depois. 

Por que ele não queria me olhar? 

- O que você realmente veio fazer aqui, Travis? - eu só queria uma resposta sincera. 

- Não sei, eu... eu senti sua falta e fui dar uma volta de moto. Parei aqui. - ele deu de ombros ainda sem me olhar. 

- Você está bêbado. - afirmei incrédula. - Você andou de moto bêbado? Ficou maluco?

Ele soltou uma risada e se jogou na minha cama. Ficou me olhando por longos segundos e me aproximei para tirar seus sapatos. 

- Eu não consigo olhar para você, Minnie. 

- Por que, Travis?

- Se eu olhar pra você, vou querer te beijar. 

- Então por que não beija? 

Ele abriu a boca preparado para responder a um "cala a boca" e me encarou sério ao assimilar o que eu disse. 

- Você é lerdo até bêbado, né? - soltei uma risada e sentei ao seu lado. - Eu sei que você... - e ele simplesmente me puxou pela nuca e me beijou. 

Correspondi na mesma hora e ele me induziu a sentar em seu colo, então assim eu fiz. 

- Não quero só te beijar, Minnie. - Travis sussurrou enquanto beijava meu pescoço, mas parou e me olhou nos olhos.

Por um momento pensei que ele estava dizendo que queria sexo, mas estava enganada. 

- Eu quero que você seja só munha, quero que você se entregue só pra mim. 

- Eu não posso ter você, Travis. - sussurrei olhando-o. 

- E se você já me tem? 

- Por que você só consegue dizer o que sente quando está bêbado? Por que não me olha sóbrio e diz o que sente?

- Porque eu nunca me apaixonei. Não sei o que é isso, não sei como é a sensação e isso me aterroriza pra caralho. 

- Ainda não posso ter você. - balancei a cabeça. - Você nunca vai se desfazer de todas as suas transas diárias por minha causa. 

- O que você quer, Minnie?

- Eu não sei o que eu quero. - admiti. - Eu sei o que eu não quero. Sei que não quero perder você. Amigo. 

- Nós não somos amigos, Minnie. Nunca fomos. 

Suspirei e soube que Valerie estava certa. Estávamos tentando disfarçar esse tempo todo. 

- Nós podemos deixar rolar? - perguntei e ele assentiu devagar. - Mas por favor, não fique mais duas semanas sem falar comigo. 

- Nunca mais. - e ele me beijou novamente. 

- Você vai se lembrar disso amanhã, né? - interrompi o beijo. 

- Não estou bêbado. - disse rindo. - Bebi só duas latas de cerveja. - o olhei incrédula e dei um tapa em seu braço.

- Por que você não me disse?! 

- Estava preocupada comigo andando de moto por aí? - ele sorriu enquanto me puxava para mais perto pela cintura. Não queria sair do colo dele nunca mais. 

- Claro que estava. Você fica muito louco quando está bêbado. 

- Você também. 

- Mas eu ainda tenho consciência do que estou fazendo. Mais ou menos. 

- Então o que aconteceu na piscina não foi a bebida? 

- Você sabe que não. 

- Só queria ter certeza. - ele deu de ombros. - Me diz o que mais nós falamos no verdade ou consequência... - murmurou enquanto beijava meu pescoço e eu precisei pensar no que falar. 

- N-nós falamos... ok, para de beijar meu pescoço senão eu não vou conseguir dizer nada. - sussurrei, mas ele não parou. - Você disse que sentia algo por mim. 

E ele parou de beijar na mesma hora. Levantou o rosto e me encarou. 

- Eu perguntei se você sentia algo por mim e você respondeu curto e grosso "sim".

- Porra...

- Não quero falar sobre sentimentos porque eu não quero me abrir ainda, então podemos só curtir?

- Mudou de ideia sobre o lance de não ter amizade colorida?

- Não, mas... eu não sou de ferro. Além de que você não é o único que tem contatinhos. - sorri e ele fechou a cara na mesma hora. 

- Você não vai ficar comigo e com os outros caras. 

- Você não vai ficar comigo e com outras garotas. 

- Beleza. 

- Ótimo!

- Perfeito. 

- Duvido. 

- Duvida de que? - ele rebateu. 

- Que você consiga ficar sem as suas gatas. Elas fazem parte de Travis Warner. 

- Travis Warner não é Travis Warner sem sua Minnie. - ele me deu um beijo no maxilar e outro nos lábios. 

- Tudo bem. Não vamos titular isso aqui, ok? Só... curtição. 

Percebi que preferia continuar ficando com ele com esses riscos do que brigada com ele. Se ele vai se aproveitar do meu corpinho, também posso me aproveitar do dele. Com sentimentos nós lidamos quando - e se - estiverem intensos o suficiente. Por enquanto... ah, por enquanto eu só o quero por perto. As circunstância não interessam. Já contemos desejos demais e eu estava mesmo me sufocando com aquilo. 

- Você quer curtir comigo, então?

- Não vamos transar. - tirei seu cavalinho da chuva e saí de seu colo. 

- Não quero só transar com você. - arqueei uma das sobrancelhas pra ele. - Tudo bem, eu quero. Caralho, como eu quero. Mas sei esperar. 

- Ótimo. - sorri. - Pode ficar aí, vou ao banheiro rapidinho.

- Fazer o que no banheiro? - Travis franziu o cenho. 

- Não sei, acho que comer ou tomar um ar. - dei de ombros sarcástica e Travis revirou os olhos. 

Ok, eu não ia mesmo fazer nada no banheiro. Eu só estava nervosa. Fazia um tempo que eu não ia para cama com ninguém e sei que a minha vida sexual não é tão ativa quanto a do Travis, mas não conseguia compreender esse nervosismo. Eu já fiz isso antes várias vezes. Por que estava nervosa com ele? 

- Posso passar a noite aqui? - Travis perguntou quando saí do banheiro. 

- Sim.

Peguei o controle remoto e deitei ao lado dele na cama. 

- Você vai assistir Pretty Little Liars comigo. - sorri e ele arqueou uma das sobrancelhas. 

- Tudo bem, então. - ele abriu os braços para eu deitar em seu peito e assim eu fiz. 

Podia sentir seu coração disparado cada vez que eu respirava contra seu peitoral ou quando acariciava sua mão e sorri com isso. Era tão estranho e ao mesmo tão bom saber que eu tinha esse efeito sobre ele. E também saber que ele nem ao menos tentaria nada a mais comigo... isso quer dizer muito. Quer dizer que ele gosta de mim o suficiente para mostrar que não quer apenas sexo. 

- Minnie... - ele sussurrou um tempo depois. Talvez pensando que eu estava dormindo. 

- Oi?

- Você é muito importante para mim. 

- Eu sei... você também é. - beijei seu peitoral e ele me abraçou mais forte. - Tenho uma sensação estranha de que te conheço há muito, muito tempo. 

Travis suspirou de um jeito estranho. 

- É, não é?

- O que quer dizer com isso?

- Nada. Só tenho essa sensação também. - disse baixo. - Não queria que essa situação toda tivesse acontecido. 

- O que? - levantei para encara-lo. 

- Não nesse sentido, mas... porra, Minnie, você deixa minha cabeça toda virada. Desde a primeira vez que eu te vi. 

- Poderia ter começado diferente se você não fosse namorado da Alexia. 

- No bom sentido?

- Sim.

- Mas se eu não fosse namorado da Alexia nunca teria pulado na sua janela aquela noite.

- É... - sorri e encostei em seu peito novamente. - Boa noite, Travis. 

- Boa noite, Minnie. 


Notas Finais


Lembrem-se: Travis está desconfiando de que Jasmine é Skye e que Skye é Jasmine. Quero só ver a tretaaaaaa!

E um aviso: semana que vem não vai ter capítulo porque é a minha última semana de aula, ou seja, prova todos os dias. Começa na terça-feira e termina na outra segunda. Se eu já tivesse escrito o próximo capítulo postaria amanhã, mas ainda nem comecei, então vou esperar entrar de férias!

Beijos ❤️


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