História Undercover Villain - Uma estrela na noite solitária

PASSADO...

O menor entrava na sala, tentando ao máximo não ser percebido. Vestia sua pequena mochila vermelha, que se comparada ao seu tamanho era relativamente grande, lhe dando um ar infantil.

Entrara pela porta de trás da sala, próxima aos armários.

-Woozi-si, você pode pegar minha bolsa por favor? -Uma menina lhe disse.

Woozi levantou o rosto e observou que a bolsa se encontrava no alto dos armários, onde ele jamais alcançaria sem a ajuda de uma cadeira. Apenas ignorou como sempre fazia e foi para seu lugar─ a primeira carteira da terceira fileira contando a partir da janela do lado esquerdo.

Era assim todo dia, seus colegas sempre o provocavam, tentavam irritá-lo, feri-lo falando de sua altura, cabelo e até das lentes redondas que usava, mas o pequeno apenas ignorava. Seus professores já não mais o defendiam há tempos e na ausência de amigos para o fazer, Woozi se distraía das provocações e apelidos lendo um livro ou ouvindo um pouco de música.

O professor entrou na sala e todos, exceto Woozi, correram rapidamente para seus lugares. Mr. Kim era muito rigoroso e a bagunça que a sala estava rendeu uma bela bronca de cinco minutos. Após o término da repreensão ele limpou a garganta e recomeçou:

─Muito bem. Hoje temos um aluno transferido –todos começaram a prestar atenção no professor- embora estejamos no meio do semestre, nossa escola foi boa e resolveu aceitá-lo –as garotas cochichavam entre si e os alunos próximos a porta tentam espiar para ver quem era o tal aluno. Woozi apenas olhava para o professor, sem expectativas. Ou melhor, esperava que este aluno não o incomodasse mais que os outros.- Você já pode entrar –o professor olhou para sua esquerda e fez um sinal com a mão.

Um garoto entrou, seus sapatos eram muito bonitos. Foi a primeira coisa que Woozi notou nele. As garotas de sua sala exclamavam surpresas. Com calma Woozi foi levantando o olhar até ver o rosto do outro.

─Olá, eu sou o Kwon Soonyoung. Podem me chamar de Hoshi. –O garoto de cabelos castanhos sorriu e seus olhinhos inclinados se fecharam formando riscos pretos em sua face. Woozi o encarou e quando Hoshi fez o mesmo, ele desviou o olhar.

O aluno novo sentou-se na carteira vazia nos fundos da sala e as garotas não paravam de cochichar e de olhar para ele, fazendo com que alguns garotos tivessem raiva do desconhecido.

Woozi não podia evitar de olhar para trás algumas vezes para observar o aluno novo. Não foi notado nenhuma das vezes que fez isso, por outro lado já estava acostumado a isso.

A aula acabou e logo todos os alunos saíram da sala para o almoço deixando Woozi e Hoshi sozinhos. O menor ia se levantar quando escutou passos indo em sua direção.

─Quer almoçar comigo? –Lá estava Hoshi com aquele sorriso novamente- Eu percebi que você ficou olhando para mim a aula inteira... talvez queira conversar um pouco?

Woozi acenou afirmativamente, arrumou seu material e saiu acompanhado por Hoshi.

No refeitório, enquanto aguardavam sua vez de pegar a comida na fila, ouviram, literalmente todos ali, cochichar coisas ruins sobre Woozi e sobre aquele que o acompanhava. Hoshi ignorava, não entendo muito a situação e tentava puxar conversa as vezes, não obtendo muito sucesso.

Finalmente pegaram seu almoço e foram se sentar. Muitas pessoas acenavam para Hoshi juntar-se a seus grupinhos. O moreno ficou parado no meio do refeitório e ao ver o baixinho se afastar e sair da área coberta, seguiu-o prontamente.

─Você não fala muito, né? –Começou Hoshi quando alcançou Woozi.

─É melhor assim, desse jeito eles não me atacam mais ainda.

Acharam uma mesa vaga no pátio e sentaram-se. Um de frente para o outro.

─Qual seu nome? –Hoshi o olhava curioso com comida na boca.

─Lee Jihoon.

─Que formal. Você não tem um apelido?

─Woozi. –Hoshi colocou mais comida na boca e sorriu, gostando de como o nome soava.- Tem comida na sua boca.

─Oh, claro. Eu estou comendo.

─Não... do lado –mostrou na própria boca onde os grãos de arroz estavam grudados. O outro fez uma expressão confusa e limpou (do lado errado) - Aqui –Woozi esticou-se e limpou para Hoshi, se arrependendo logo em seguida. Seu rosto ficou vermelho, nunca teve muito skinship com alguém que acabara de conhecer.

─Gostei dos seus óculos. –Havia sinceridade no elogio feito por Hoshi, era evidente.

─Obrigado –disse tímido, inclinando a cabeça para baixo fazendo as lentes escorregarem um pouco.

Hoshi prontamente esticou a mão livre e ajeitou as lentes alheias fazendo Woozi se encolher e

ruborizar ainda mais.

Hoshi apenas riu da situação e continuou a comer. Foi um dia muito agradável para ambos.

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Com o tempo, gradativamente, eles foram se aproximando. Hoshi com sua personalidade sociável fez vários amigos naquela escola, até mesmo alguns professores estavam na sua longa lista de amigos. Ele era uma pessoa agradável e engraçada, todos se davam bem com ele. E isso era muito ruim para Woozi, pois, as vezes ele queria ter Soonyoung só para si. Queria apenas passar um dia inteiro com seu único amigo como fizeram no primeiro dia de aula, sem ser interrompido por garotas que chamavam o moreno para almoçar ou sair depois da aula com elas e seus grupos.

Pelo menos eles ainda se encontravam todos os dias pela manhã na porta da escola, essa era a parte mais feliz do dia para Woozi. Ele podia ver os olhos riscados de Hoshi naquele sorriso que adorava antes de começar cada dia.

Aquela manhã, porém, seria diferente.

Woozi percebeu ecos em seus passos, constatando que estava sendo seguido quando olhou para trás, fingindo atravessar a rua. Apressou seus passos, mas suas pernas curtas não ajudavam no processo. Os garotos que o seguiam começaram a correr e logo alcançaram Jihoon, o cercando.

─Woozi-ya, que coincidência encontrarmos você por aqui- um deles provocou.

─Pois é, estávamos passando por aqui por coincidência e vimos você- continuou outro.

─Vocês não podem me deixar em paz, só hoje?

─Por que iríamos?

─É seu aniversário ou dia da pátria por acaso? Por que deveríamos ser bonzinhos hoje?

─Porque o Hoshi vai ficar com raiva caso vocês me ataquem...- o menor confiava em Hoshi o suficiente para achar que o outro faria algo contra as pessoas que o machucassem. Ele constantemente defendia-o.

O que aparentava ser líder deles se estressou e pegou no colarinho de Woozi, fazendo-o estremecer internamente.

Os cinco garotos ali eram bem mais altos que ele, até os que eram mais novos que si. E mais fortes também.

─Como se atreve a falar assim? Não sabe o que podemos fazer. Você acha mesmo que o 10:10 vai vir te proteger? – Disse debochado, enfatizando o apelido que Hoshi ganhara no colégio nos últimos meses. Woozi também ganhara um apelido: Cérebro, o qual não gostava. Ele era o aluno mais inteligente daquela escola, ficando em primeiro lugar na mais recente lista de classificação. O que era para ser um orgulho para Woozi, acabou virando motivo de apelidos e risadinhas pelos corredores.

O garoto o soltou e outro maior arrancou a mochila de suas costas, arrebentando uma alça. Revirou o objeto, despejando seus componentes na calçada suja.

─Que tipo de pessoa não tem um celular? –Um dos mais novos questionou.

─O Cérebro. –Outro respondeu, sendo seguido por risadas dos outros quatro.

─Deixa, gente. É melhor assim. Ninguém poderá rastrear ele –o maior fez uma cara sádica e os outros entenderam a ideia. Woozi também sabia o que ia acontecer e, quando dois deles pegaram seus braços o guiando para uma parte afastada dali, ele apenas rezava para sair daquilo vivo.

Ele era tão pequeno e fraco que não poderia se defender ou impedir que seu corpo fosse guiado pelas calçadas. Ele foi arrastado até um beco sujo onde recebeu vários tapas, socos e chutes.

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Na entrada da escola Hoshi esperava pelo menor. Olhou o relógio mais uma vez.

Uma das qualidades que amava em Woozi era sua pontualidade impecável e agora o menor estava incríveis 10 minutos atrasado. Ele achou estranho então resolveu fazer o caminho de Woozi, talvez alguma coisa tivesse acontecido.

Há uma quadra de distância da escola, Hoshi viu a mochila de Jihoon revirada e arrebentada no chão.

─Essa não. –Se preocupou e começou a correr desesperadamente para o lugar que conhecia bem.

A verdade era que nas últimas duas semanas Hoshi deixou seus outros amigos de lado para ficar mais com Jihoon. As provas finais estavam se aproximando e ter um amigo que era o número um era uma vantagem e tanto. Seus professores não iam aliviar para ele como sempre faziam nos outros semestres. Ele havia faltado demais na escola e estava se arriscando a repetir caso não passasse nas últimas provas do ano.

Isso havia irritado um grupo regular com que Hoshi saía. Os rapazes, como ele chamava o grupo, poderiam ser bem agressivos quando algo os irritavam e Hoshi sabia bem disso.

Ao chegar no beco, Soonyoung viu o que imaginava ter acontecido. Woozi estava encolhido num canto recebendo pontapés, tapas e sendo agressivamente xingado.

─YA! O QUE ACHAM QUE ESTÃO FAZENDO?! –Hoshi cuspiu as palavras em direção aos agressores que pararam seus movimentos no mesmo instante.

Woozi reconheceu a voz de seu salvador e uma última lágrima solitária escorreu por seu rosto, pondo fim a seu choro.

─COMO SE ATREVE A GRITAR COMIGO, KWON SOOYOUNG?

─EU GRITO QUANDO EU QUISER. Você não é ninguém Kim Ra Guk! - se aproximou do grupo- Deixe ele fora de suas birras infantis. Ele não tem culpa de você ser um bebê mimado.

─Mimado? Eu?- cuspiu no chão e se aproximou com o indicador levantado desafiando o outro- YA! Veja como você fala comigo! Quer acabar como seu amiguinho aqui? Estamos em maior número e-

─E você sabe que isso não é desvantagem alguma para mim. –interrompeu.

O outro irritado, tentou desferir um soco no rosto alheio, mas Hoshi desviou prontamente.

─Péssima escolha, meu caro.

Uma verdadeira pancadaria se iniciou. Woozi ficou encolhido no seu canto apenas observando os vultos brigarem, suas lentes foram as primeiras a sentir o peso dos pés dos garotos, porém, não viu o término de tal cena. Estava tão fraco e machucado que acabou desmaiando.

Acordou depois numa cama de hospital com curativos em seus machucados e uma agulha na parte de cima de sua mão através do qual recebia soro.

Olhou para o relógio de ponteiro da parede e viu ser 7 da manhã. Ficou confuso no começo, mas depois entendeu que devia ter ficado inconsciente um dia inteiro. Woozi retirou a agulha de seu pulso e levantou-se da cama.

Ao sair do quarto foi surpreendido por Hoshi. O maior dormia nas cadeiras de espera já que não havia lugar para tal dentro do quarto de hospital que Woozi estava. Haviam alguns curativos no mais alto também, ele aparentava estar bem apesar de tudo.

Observou a expressão relaxada do maior. Ele parecia estar em paz. Os cortes perto de seus olhos e em seus lábios tornavam seu rosto ainda mais bonito aos olhos de Woozi. Tais machucados davam um ar másculo ao garoto alegre de sorriso fofo. Seus lábios o chamavam e Woozi atenderia seu pedido se Hoshi não se mexesse para arrumar sua posição.

O menor se afastou rapidamente quando um dos braços de Hoshi esbarrou em si. O moreno acabou acordando com tal ato. Ainda deitado e com a visão turva disse um “bom dia” cheio de sono e mal hálito matutino.

Woozi respondeu prontamente e riu do maior, ele parecia tão fofo de manhã ao acordar.

─Woozi! Você acordou! –Despertou rapidamente e sentou-se na cadeira ao constatar tal fato –Você está melhor?

O baixinho sorriu e acenou afirmativamente. Gostava da preocupação do outro.

Woozi teve alta naquele mesmo dia e alguns minutos depois já estava na escola novamente, embora estivesse 10x mais desconfiado dos outros. Uma mania de perseguição ficou após aquilo, ele olhava para trás constantemente.

Com o passar do tempo, conforme os dias avançavam, não conseguia nem ao menos ficar na sala sem se lembrar daquele dia. Ele ficava ansioso com as memórias e o ar lhe faltava, fazendo-o desmaiar algumas vezes. Ele se fechou ainda mais de modo que era difícil até para Hoshi se comunicar com o baixinho.

Depois de um desses episódios, Soonyoung o convenceu a ver um psicólogo.

Ele foi diagnosticado com fobia social, uma condição que o fazia temer/desconfiar de desconhecidos e/ou amigos e familiares. Por causa daquele dia ele não confiava mais nas pessoas e pensava que aquilo poderia acontecer de novo a qualquer momento.

Woozi conseguiu um atestado de vários meses. Teria que se afastar da escola por um tempo enquanto se tratava. Os médicos se esforçaram ao máximo mas depois de quatro meses Woozi não havia progredido o quanto eles esperavam. Executar uma tarefa simples como pegar um copo d’água na sala de espera era difícil. Ele tinha falta de ar e chorava copiosamente quando algum estranho o encarava demais ou dirigia a palavra a si.

O semestre de aulas havia acabado, ou seja, ele só poderia concluir o ensino médio no próximo ano.

Hoshi, que sempre acompanhou o “progresso” do menor, se apiedou da situação do baixinho e ofereceu seu apartamento para que ele pudesse se esconder da sociedade. Ele não tinha mais seus pais ou irmãos para se apoiar já que ambos haviam falecido no final do ano anterior, desde então Woozi vivia na companhia de uma tia, mas agora ela se mudaria para o Japão devido uma oferta de emprego irrecusável.

E assim se passaram três anos..
Woozi mudou-se para a nova casa de Hoshi que era maior e bem mais espaçosa. O que só enfatizava sua solidão diária até que o outro chegasse em casa. Ele passava seu tempo estudando, era a única coisa que ele era realmente bom.

Possuía uma coleção de certificados e estava começando a aprender uma quarta língua, mandarim. Ele também já era quase fluente em inglês e sabia japonês muito bem. O único problema, melhor dizendo, um dos problemas enfrentados era que sua doença o impossibilitava de sair e conhecer estrangeiros para praticar sua pronuncia. Com japonês foi fácil já que Hoshi sabia o idioma e sempre praticava nas horas vagas. O mais jovem adorava a cultura japonesa, tanto que Hoshi significa estrela em japonês.

Jihoon adorava quando ambos praticavam japonês já que ele podia conversar abertamente com Soonyoung e se divertir também. Muitas vezes eles começavam a assistir algum anime ou filme japonês e passavam o dia todo juntos falando sobre o tema.

Infelizmente tudo o que é bom dura pouco e quando Soonyoung acordava ele era uma pessoa diferente. Frio e antipático. Muitas vezes saindo sem se despedir (ou responder a despedida de Woozi), outras vezes saindo quando o outro ainda estava dormindo.

Mas o pequeno não se importava. Ele sabia que Hoshi era assim por causa de seu trabalho, coisa que ele tinha plena consciência sobre e também o ajudava frequentemente em algumas tarefas.

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─COMO ASSIM ELE AINDA NÃO APARECEU?- o jovem nervoso ao celular, bate o punho contra a mesa de vidro fazendo um som alto e assustando quem estava no mesmo cômodo consigo

-Se acalme, os móveis de vidro não vão suportar suas agressões. Eles ainda são delicados..

-Não me estresse mais ou então.. O QUE? Porque não foram ainda então?! Faz mais de uma semana que Dino está desaparecido e vocês ainda não o acharam.

-Que bando de incompetentes..- comentou sua companhia

-Procurem por Seoul inteira, pela Coreia inteira se necessário. Achem o Dino ou então quem desaparecerão serão vocês!!- desligou a ligação.- Onde é que está o..

-No mesmo lugar de sempre, ao lado da geladeira. –interrompeu o outro.

O ser de cabelos loiros pegou a garrafa de rum, colocou algumas pedras de gelo num copo característico para a bebida e encheu até a metade. Tomando quase todo o conteúdo e fazendo uma careta no final.

-Será que podemos continuar o que estávamos fazendo, Hoshi?- Woozi o encara sentado no sofá da casa de ambos.- seu celular sempre toca nas piores horas.. –disse chateado

-Não, não posso. –Se aproxima do menor e olha para a tela do computador do mesmo- desculpe Naruto-kun, nos encontramos na próxima vez. Beijou dois dedos e encostou na tela, na testa do personagem congelado na tela.

Woozi apenas fechou o computador e se enrolou mais ainda nas cobertas. Estava de noite e um pouco frio. Mesmo com vários aquecedores e cobertas Jihoon não se sentia quente o suficiente, ele precisava de algo, ou melhor, alguém para esquentá-lo.

Ele olhou para o mais alto, em pé ao seu lado, e lhe questionou:

-O que você vai fazer agora? Vai focar no trabalho de novo?

-Sim. Levante-se preciso que você cheque as planilhas para mim

-Aah, porque? Já é tarde. Por que você não relaxa um pouco? Eu consigo ouvir sua respiração pesada daqui.

-Woozi-si, não, Jihoonie. Eu preciso de você –sentou-se no sofá e acariciou os cabelos lisos castanho médio do menor.

Relutante, abriu o computador novamente e abriu as planilhas que o outro tanto queria

-O que você quer saber?- Jihoon falou com uma voz séria.

-Devedores. Mais alto valor e menor prazo. Vencimentos de prazos e também a lista negra.

-Okay, Okay. Eu vou separar e imprimir para que vo-

-Não, faça melhor. Envie a lista com os endereços e informações dos clientes para os rapazes- interrompeu, Hoshi.

-O que você pretende fazer?

Woozi tirou o foco da tela brilhante do computador para encarar o maior ao seu lado.

─Estou ligando para o JuHo, aqueles inúteis têm que agilizar nossos serviços. Estou cansado de perder tempo e dinheiro por causa de imbecis preguiçosos.

Ambos ficaram em silencio até que a ligação fosse completada

Após ir morar com Hoshi, Jihoon descobriu várias coisas sobre o mais novo que jamais imaginaria. Seu olhar amigável, sorriso doce e jeito engraçado escondiam um homem misterioso, ganancioso e frio. Ao completar um ano e meio que estavam morando juntos Hoshi finalmente contou ao menor sobre seu trabalho, trazendo-lhe a notícia que fora efetivado. Durante o tempo que estavam no ensino médio, Hoshi trabalhava como garoto de entregas para um grupo de mafiosos da cidade. Ele era tão bom que foi “subindo de posição” e agora seria o braço direito do chefe da máfia coreana (alguns meses depois com a morte do chefe, Hoshi assumiu seu cargo e tinha Woozi como braço direito e administrador dos negócios).

─Olá, vice-presidente, como vai o senhor? O que o fez nos ligar nesta tão maravilhosa noite?-disse o subordinado com uma voz doce forçada típica.

-Fique quieto Kim Ra Guk! Eu quero falar com o JuHo.

─Sim, vice-presidente. Só um instante.

....

-Olá, senhor. Em que posso ser útil?

─Poderia começar agilizando sua equipe para fazer as cobranças necessárias e ser realmente útil ao menos uma vez na vida. –cobriu o telefone com as mãos- Woozi? E ai?

-Já terminei e estou enviando para todos os contatos agora.

-JuHo!

─Sim, vice-presidente.

─Estou enviando para você e todos os outros uma lista dos devedores e a lista negra. Agilize os trabalhos se não quer acabar como o Dino.

Ouviu resmungos dos outros rapazes ao fundo. Dizendo que estava tarde e frio demais para isso.

─Ah, e diga para eles que o expediente na agiotagem não tem hora para se findar. Se vocês não me trouxerem, pelo menos cinco mil, amanhã de manhã seus nomes entrarão na lista negra.

Desligou a ligação.

-Aish, essa lista negra não passa de uma lista com os “inimigos mortais” –fez as aspas com os dedos- do seu bando. E outra, para que fazer eles te chamarem de vice-presidente? Isso nem é legalizado. Além do mais, até parece que você não se embebeda com eles toda noite.

-Não começa Lee Jihoon! Você bem sabe que eu vivo de aparências. Meu antecessor foi morto pois se mostrava demais como um chefe poderoso, os outros rapazes tinham um ódio tão grande dele.-bebeu um gole de sua bebida- Eu não acreditei quando recebi a notícia que ele havia sido morto no estacionamento. Eu tenho certeza que ele foi assassinado por seus empregados e eu bem sabia que eu seria o próximo. É graças a essas bebedeiras de noite que eu os convenci que era uma pessoa legal e inofensiva e ganhei a confiança deles.

-Confiança essa que foi traída quando você matou todos no mesmo estacionamento de negociações que seu chefe morreu.

-Háh, é a vida. Eu aprendi que era melhor viver de aparências. É melhor atacar do que ser atacado. Com você represando o presidente para eles mas comigo dando todas as ordem nós podemos viver bem e confortáveis nesta casa. Você se esconde do mundo e eu continuo vivo por muito mais tempo.

-De que adianta isso? Você nunca mais conversou comigo, nem mesmo nossos programas juntos você aproveita. Sempre que tentamos passar um tempo juntos alguém liga e nos interrompe E VOCÊ SEMPRE VAI! –seus olhos começaram a se umedecer- Parece eu eu estou de volta ao 3° ano –murmurou.

Jihoon expos seus pensamentos já que estava bravo e irritado. Hoshi ficou irritado também mas sabia que não adiantava discutir. Ele foi até a cozinha pegou a garrafa de álcool e foi se trancar em seu quarto como sempre.