História Unexpected Love - Quarenta e sete

Mudanças.

Estava andando pelo corredor ansiosa com o que estaria por vir. O destino era uma loucura.

Talvez tenha sido apenas aquele perfume doce que a secretária estava usando.

Eu não podia parar.

-Ok, meu amor. Na próxima sessão você me conta o nome de cada um dos seus dinossauros, quem sabe você possa me trazer um.-Falei com o menino de sorriso banguela. Sua mãe sorriu ao se despedir e eu corri para o banheiro.

Segundo vômito em menos de 24 horas.

Limpei a boca e voltei para atender o próximo paciente, mas Lee me parou no corredor.

-Amiga, Gaara prefere doce ou salgado?

Franzi a testa.

-Você mora com ele faz uns dois anos.

Ele encolheu os ombros.

-Mas não faço ideia. Por favor, você conhece ele desde à infância.

Rolei os olhos.

-Ele prefere doce, mas tem que ter algo diferente, tipo um azedo. Como torta de limão.

Ele balançou a cabeça.

-Entendi!

-Agora preciso atender a menina que bateu em outra na escola.

-Nossa, eu amo esses casos.-Lee comentou.-Até depois!

-Até!

Continuei passeando pelo corredor até minha sala. O hospital infantil era um lugar fofo e nem sempre tão triste. As crianças me faziam rir durante as sessões, mas o que me dava estresse eram os pais que de vez em quando não colaboravam com o tratamento.

Tomei água antes de entrar no consultório, sim agora eu era formada e estava consultando crianças. Como o tempo passa rápido!

Enquanto minha paciente não entrava, admirei uma foto na minha mesa. Eu, Luna e Sasuke na praia tomando sorvete. Ele a colocou nos ombros e eu estava ao lado deles sorridente. Como era doce olhar nossos momentos em família.

Falando nisso, morávamos juntos ao lado da casa dos meus tios, que foram viajar semana passada, logo estariam de volta. Eles acompanhavam cada passo que eu dava, como na vez que chorei porque tive que deixar de trabalhar na confeitaria para fazer estágio (Hinata estava mais animada que eu), ou quando me preparei para mudança e na primeira vez que fui tomar banho no meu banheiro, eu escorreguei e quebrei o braço. Foi constrangedor ir ao pronto socorro de roupão e roupas íntimas.

Eu amava tanto meus tios.

Minha mãe fazia uns meses que não via, mas sei que a vida no campo rejuvenesceu ela.

Já Ino, estava a caminho do seu primeiro bebê, ela insistia que seria um menino porque ela queria. Espero que seja mesmo. Sai a mimava como se fosse uma rainha. Café na cama, yoga especializado para mães de primeira viagem. Um sonho.

Lee e Gaara estavam juntos e praticamente estabilizados, casariam no ano seguinte e já pensavam em filhos. Gaara estava publicando seu livro além de ser sócio de Jiraya (que casou com Tsunade!) numa das maiores editoras da cidade.

E o meu casal favorito estava reabrindo a confeitaria. Sim, eles aumentaram a confeitaria, era quase um mercado! Havia mais de dez funcionários que entendiam tudo sobre doces. Fizeram tanto sucesso que resolveram tirar férias também, mas voltariam logo.

Já Tenten estava para voltar esse ano, mas sem notícias. Neji sequer parava quieto em um lugar, estava sempre saindo e bebendo. Eu diria que isso aconteceu depois que Tenten se foi.

Tomei um remédio antes de continuar a próxima consulta. O dia seria cheio.

***

A última consulta do dia e eu já estava tomando outro remédio, que agonia.

Esperei Lee no estacionamento, hoje ele me daria uma carona, porém eu não iria pra casa. Não direto.

Quando ele chegou entramos no carro e assim que ele ligou tomei a liberdade de ligar o rádio. Estava tocando coldplay paradise.

-Pode me deixar em frente aquela lanchonete perto do hospital feminino?

-Claro, eu te espero.

Gelei. Não queria isso.

-Na verdade, preciso ir numa consulta.-Falei pausadamente, mas Lee não captou a mensagem.- Ginecológica.

Ele balançou a cabeça.

-Entendi. Coisas do universo feminino.

-Exato.-Falei rindo.-Falando nisso, Tenten tem te respondido?

Ele negou.

-Já faz um mês. Estou preocupado. Ela está tão sumida.

Fiz que sim.

Não exigíamos de Tenten sua atenção,  afinal sabíamos bem como era sua responsabilidade. E ela respeitava a nossa também, mas um mês sem notícia? Era preocupante.

Além disso, ela não respeitou a promessa que fizemos há 4 anos atrás. Será que não queria mais nossa amizade?

Lee parou no último sinal antes de me deixar no hospital.

-Não somos os únicos preocupados. Neji semana passada bebeu tanto na festa que fomos juntos que começou a dizer o nome dela na piscina de bolinhas.-Ele voltou a dirigir.-Foi difícil tirar ele de lá.

Dei uma risada nasalada. Olhei para minhas coxas pensando no quanto está sendo difícil para todos nós ficarmos sem ela.

Lee estacionou em frente ao hospital espelhado.

-Tem certeza que não quer que eu te espere?

-Não precisa, vá preparar o doce para o Gaara.

Ele riu.

-Obrigada, mande um beijo para Luna.

Abracei ele como agradecimento e saí do carro.

-Vou falar, até amanhã!

Ele se despediu com um sorriso e seguiu em frente.

Sem coragem, olhei para meu reflexo ajeitando meu fios rosados e grandes preso num rabo de cavalo. Respirei fundo desejando aos céus que tudo estivesse bem comigo.

Entrei no consultório vendo que havia apenas uma moça lendo uma revista. A recepcionista falava algo no telefone, mas logo se dirigiu a moça da revista.

-A doutora está te esperando.

-Ah, obrigada!-A moça deixou a revista na mesa de centro enquanto eu me dirigia a recepcionista.

-Olá, eu marquei a ultrassonografia para as 16h30.

-Vou verificar!

Não demorou muito e logo a recepcionista disse apenas para aguardar a paciente que não demorou mais que dez minutos.

Meu estômago revirou quando entrei no consultório e vi tudo preparado.

-Olá,  Sakura Haruno?

-Exato.-Sorri educada.-Boa tarde.

-Boa tarde, por favor, tire a roupa e pode pôr naquela estante.

Assim fiz, começando pela blusa e por fim o jeans. Fiquei apenas com o roupão oferecido pela médica e me deitei ao lado de máquinas barulhentas que mostravam a doutora tudo o que eu não entendia.

Ela passou o gel e logo pôs a máquina gélida em meu abdômen.

-Algum motivo especial para essa ultrassom?

-Enjoos.-Respondi como se isso fosse a resposta para tudo. Ela balançou a cabeça indicando que entendia muito bem.-Trouxe o exame de sangue?

Fiz que sim.

-Mas não tive coragem de olhar.

Ela riu.

-Bem, espero que não desmaie quando eu disser o que estou vendo aqui.

Minha ansiedade foi a mil. Não aguentava mais esperar, ou melhor, não saber o que estava esperando.

-Quer ouvir?-Ela perguntou.

Nesse momento tive certeza do que esperava.

Ela apertou alguns botões e de repente ouvi batimentos cardíacos vinham da minha barriga, para ser mais exata, do meu útero.  Mas algo me deixou incomodada.

-Essas batidas são minhas?

Ela fez que não.

-Parabéns, Sakura, você é mãe de gêmeos.